{"id":147465,"date":"2018-10-11T03:00:43","date_gmt":"2018-10-11T06:00:43","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=147465"},"modified":"2018-10-10T21:20:22","modified_gmt":"2018-10-11T00:20:22","slug":"marfim-parece-estar-perdendo-o-encanto-na-china","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/10\/11\/147465-marfim-parece-estar-perdendo-o-encanto-na-china.html","title":{"rendered":"Marfim parece estar perdendo o encanto na China"},"content":{"rendered":"
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O n\u00famero de elefantes africanos despencou em 30% de 2007 a 2014, em grande parte devido \u00e0 ca\u00e7a para o com\u00e9rcio do marfim. (FOTO DE MICHAEL NICHOLS, NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE)<\/figcaption><\/figure>\n

O com\u00e9rcio do marfim na China\u00a0tornou-se ilegal\u00a0h\u00e1 nove meses, e parece que menos pessoas est\u00e3o interessadas em comprar marfim. Uma nova\u00a0pesquisa com mais de 2 mil pessoas na China\u00a0realizada pela GlobeScan, consultoria de pesquisa de opini\u00e3o p\u00fablica, e financiada pela World Wildlife Fund (WWF), constatou que 72% dos entrevistados n\u00e3o comprariam marfim, comparados aos 50% da pesquisa conduzida no ano passado, antes da proibi\u00e7\u00e3o dom\u00e9stica ter sido implementada.<\/p>\n

Acredita-se que a China seja o maior mercado ilegal de marfim do mundo e, at\u00e9 31 de dezembro de 2017, tamb\u00e9m era o maior mercado legal de marfim do mundo. Mas, com a press\u00e3o crescente como resultado da crise da ca\u00e7a ilegal, com aproximadamente 30 mil elefantes africanos mortos em raz\u00e3o do marfim a cada ano, o presidente Xi Jinping e o ent\u00e3o presidente americano Barack Obama\u00a0acordaram em 2015\u00a0que ambos os pa\u00edses implementariam planos para acabar com as vendas legais de marfim.<\/p>\n

\u201cN\u00f3s dizemos h\u00e1 anos que a proibi\u00e7\u00e3o chinesa mudaria o jogo. E parece ser verdade. J\u00e1 vemos efeitos positivos\u201d, disse Jan Vertefeuille, da WWF, que lidera o trabalho da organiza\u00e7\u00e3o relacionado ao marfim.<\/p>\n

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Compradores admiram um ornamento de marfim em um estabelecimento de propriedade estatal em Guangzhou, China, em 2012. Este casal comprou 15 pe\u00e7as de marfim ao custo de mais de 16 mil d\u00f3lares. (FOTO DE BRENT STIRTON, GETTY\/NATIONAL GEOGRAPHIC)<\/figcaption><\/figure>\n

Al\u00e9m de uma maior quantidade de pessoas na China rejeitando em absoluto o marfim, menos chineses compraram o produto desde janeiro de 2018. Em uma pesquisa realizada antes da proibi\u00e7\u00e3o, mais de um quarto dos entrevistados afirmaram ter comprado marfim nos \u00faltimos seis meses. Na nova pesquisa, apenas 12% responderam o mesmo.<\/p>\n

Mas nem tudo s\u00e3o boas not\u00edcias. Desde a proibi\u00e7\u00e3o, um grupo de pessoas se tornou mais propenso a comprar marfim: as pessoas que viajam para o exterior regularmente. \u201cIsso \u00e9 algo sobre o qual pretendemos conduzir mais pesquisas\u201d, disse Vertefeuille. Mas n\u00e3o est\u00e1 claro no momento por que os viajantes especificamente t\u00eam uma maior inten\u00e7\u00e3o de compra.<\/p>\n

Para os viajantes chineses, a Tail\u00e2ndia \u00e9 um dos destinos estrangeiros mais populares onde ainda se compra marfim. Para combater isso, a WWF lan\u00e7ar\u00e1 um programa piloto na pr\u00f3xima semana. Do dia 1\u00ba ao dia 8 de outubro, ocorre a Golden Week [ou semana dourada] na China, um per\u00edodo de feriados que inclui o Ano Novo chin\u00eas, sendo a \u00e9poca de maior movimento tur\u00edstico do ano. Atrav\u00e9s da geolocaliza\u00e7\u00e3o e das m\u00eddias sociais, como o WeChat e Weibo, a WWF enviar\u00e1 mensagens para turistas chineses que chegam \u00e0 Tail\u00e2ndia para lembr\u00e1-los da proibi\u00e7\u00e3o e para que \u201cviajem sem marfim\u201d.<\/p>\n

Causa e efeito<\/strong><\/h3>\n

A grande quest\u00e3o para os conservacionistas e para aqueles lutando contra o com\u00e9rcio de vida selvagem \u00e9 o quanto desta mudan\u00e7a comportamental pode ser atribu\u00edda \u00e0 proibi\u00e7\u00e3o. A pesquisa sugere que apenas 8% dos chineses tenham conhecimento da nova legisla\u00e7\u00e3o. Embora seja o dobro da quantidade do ano passado antes da implementa\u00e7\u00e3o da proibi\u00e7\u00e3o, ainda \u00e9 muito baixo, diz Vertefeuille.<\/p>\n

\u201cN\u00e3o podemos dizer [que os resultados] sejam definitivamente devido \u00e0 proibi\u00e7\u00e3o, uma vez que a conscientiza\u00e7\u00e3o sobre ela \u00e9 ainda baixa\u201d, disse ela. \u201cParte desse resultado \u00e9 devido \u00e0 conscientiza\u00e7\u00e3o dos consumidores. Mas eles est\u00e3o entendendo o recado de alguma forma, o que \u00e9 animador\u201d.<\/p>\n

Vanda Felbab-Brown, especialista em com\u00e9rcio ilegal de vida selvagem e crime organizado na Brookings Institution, diz que um pr\u00f3ximo passo importante ser\u00e1 investigar o grupo de pessoas que passaram de poss\u00edveis compradores de marfim em 2017 para reprovadores em 2018. \u201cQueremos saber quem s\u00e3o as pessoas que mudaram de opini\u00e3o e perguntar: Foi devido \u00e0 proibi\u00e7\u00e3o? Foi devido \u00e0 campanha [de conscientiza\u00e7\u00e3o]? Foi porque \u2018minha av\u00f3 disse para salvar o inocente beb\u00ea elefante?\u2019\u201d, ela diz.<\/p>\n

Felbab-Brown tamb\u00e9m estudou o tr\u00e1fico de drogas e examinou os efeitos de proibi\u00e7\u00f5es em determinadas atividades. \u201cAs proibi\u00e7\u00f5es causam efeitos\u201d, ela diz. \u201cA quest\u00e3o da dimens\u00e3o dos efeitos depende dos indiv\u00edduos, das sociedades e das culturas. As pessoas propensas a comprar marfim s\u00e3o suscet\u00edveis ao elemento moral e legal de cumprir as leis?\u201d.<\/p>\n

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Antes da proibi\u00e7\u00e3o do marfim, a China contava com muitas f\u00e1bricas de entalhe e distribuidores de marfim. Esta f\u00e1brica em Pequim esculpia mais de 725 quilos de marfim por ano e empregava mais de 20 artes\u00e3os em 2011. (FOTO DE BRENT STIRTON, GETTY\/NATIONAL GEOGRAPHIC)<\/figcaption><\/figure>\n

Para que uma proibi\u00e7\u00e3o realmente funcione, ela diz,\u00a0fazer cumprir a lei \u00e9 essencial: \u201cEu diria que um grande impeditivo seria a realiza\u00e7\u00e3o de grandes a\u00e7\u00f5es policiais por agentes chineses. N\u00e3o apenas uma vez, mas uma s\u00e9rie de investidas contra os comerciantes\u201d, al\u00e9m de puni\u00e7\u00e3o para os compradores.<\/p>\n

Marfim \u00e0 venda<\/strong><\/h3>\n

As lojas que vendiam marfim de forma regulamentada parecem ter entendido o recado. A organiza\u00e7\u00e3o de monitoramento do com\u00e9rcio de vida selvagem TRAFFIC, uma ramifica\u00e7\u00e3o da WWF, conduziu visitas em 2018 a 71 lojas que haviam sido licenciadas para vender marfim antes da entrada em vigor da proibi\u00e7\u00e3o. Eles constataram que 17 delas foram fechadas e confirmaram que as demais 54, que vendiam marfim al\u00e9m de outros itens, n\u00e3o ofereciam mais o material proibido em suas prateleiras.<\/p>\n

\u201c\u00c9 muito animador saber que lojas legalmente credenciadas n\u00e3o ofere\u00e7am o marfim\u201d, disse Vertefeuille, mas \u00e9 importante ficar de olho em vendas por debaixo dos panos.\u00a0A pesquisa de mercado da TRAFFIC\u00a0tamb\u00e9m encontrou muito marfim \u00e0 venda ilegalmente em outras lojas, embora isso tamb\u00e9m tenha diminu\u00eddo ligeiramente.<\/p>\n

Um novo trabalho de campo mostra que novos centros de compra e venda de marfim est\u00e3o surgindo na China, e que h\u00e1 potencialmente novos grupos de compradores, observa Felbab-Brown. Isto \u00e9, embora as pessoas que anteriormente mostravam interesse em comprar marfim possam ter mudado de ideia, \u00e9 prov\u00e1vel que haja novas pessoas deslocando-se para a cidade e para a classe m\u00e9dia que n\u00e3o tenham visto nenhuma das campanhas de conscientiza\u00e7\u00e3o ou que n\u00e3o tenham conhecimento da proibi\u00e7\u00e3o, ela diz.<\/p>\n

O governo chin\u00eas\u00a0ainda mant\u00e9m uma reserva de marfim, a qual vinha liberando em quantidades definidas para f\u00e1bricas de entalhe e distribuidores antes da proibi\u00e7\u00e3o. E, at\u00e9 o momento, n\u00e3o foram institu\u00eddas campanhas de recompra que visem retirar o marfim remanescente dos dep\u00f3sitos das lojas antes licenciadas.<\/p>\n

J\u00e1 em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 diminui\u00e7\u00e3o da ca\u00e7a ilegal, Felbab-Brown diz ainda ser muito cedo para saber se a proibi\u00e7\u00e3o ajudou a salvar elefantes na \u00c1frica. Em seus estudos sobre pol\u00edticas de drogas, ela aprendeu que \u00e9 normal haver um intervalo de aproximadamente dois anos entre os esfor\u00e7os de redu\u00e7\u00e3o da demanda e quaisquer mudan\u00e7as significativas nas ruas.<\/p>\n

Por enquanto, promover a conscientiza\u00e7\u00e3o sobre a proibi\u00e7\u00e3o e fazer cumprir a lei s\u00e3o as prioridades. Vertefeuille acredita que mais jovens adultos estejam entrando na categoria de \u201crejeitadores do marfim\u201d. Para haver progresso, ela disse, defensores precisam incentivar os jovens a espalhar a mensagem aos seus colegas. Ademais, o governo chin\u00eas tamb\u00e9m precisa trabalhar de forma mais direta com as campanhas das ONGs, e o setor privado, principalmente a ind\u00fastria do turismo, precisa se envolver para ajudar a combater o com\u00e9rcio internacional entre os viajantes chineses.<\/p>\n

Fonte:\u00a0\u00a0Rachael Bale – National Geographic<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Desde a implementa\u00e7\u00e3o da proibi\u00e7\u00e3o do produto no pa\u00eds asi\u00e1tico no fim de 2017, mais chineses dizem n\u00e3o querer comprar o material. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":147467,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[697,1607,1593,2657],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/147465"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=147465"}],"version-history":[{"count":3,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/147465\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":147468,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/147465\/revisions\/147468"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/147467"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=147465"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=147465"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=147465"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}