{"id":147550,"date":"2018-10-15T17:00:52","date_gmt":"2018-10-15T20:00:52","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=147550"},"modified":"2018-10-15T17:00:52","modified_gmt":"2018-10-15T20:00:52","slug":"femeas-preferem-gorilas-que-se-dedicam-aos-filhotes-aponta-estudo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/10\/15\/147550-femeas-preferem-gorilas-que-se-dedicam-aos-filhotes-aponta-estudo.html","title":{"rendered":"F\u00eameas preferem gorilas que se dedicam aos filhotes, aponta estudo"},"content":{"rendered":"
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Machos de esp\u00e9cie encontrada em Ruanda dedicam bastante tempo cuidando dos filhotes da comunidade, sendo eles de sua prole ou n\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n

H\u00e1 um consenso no mundo cient\u00edfico de que, no mundo animal, o cuidado parental por parte de machos \u00e9 raro entre mam\u00edferos. Eles at\u00e9 podem se preocupar com alimenta\u00e7\u00e3o ou mesmo, como \u00e9 o caso dos le\u00f5es, prote\u00e7\u00e3o – mas \u00e9 um comportamento que j\u00e1 teriam mesmo se n\u00e3o houvesse filhotes no grupo.<\/p>\n

Uma exce\u00e7\u00e3o que salta aos olhos dos pesquisadores \u00e9 o caso dos gorilas. Estudos anteriores realizados com os da esp\u00e9cie montanhesa que vive em Ruanda, na \u00c1frica, j\u00e1 havia constatado que os machos dedicam bastante tempo em fun\u00e7\u00f5es de cuidado com filhotes da comunidade, sendo eles seus filhos ou de outros.<\/p>\n

Isto faz deles os \u00fanicos grandes s\u00edmios em que machos desenvolvem fortes la\u00e7os com os filhotes, conforme ressaltam autores de um estudo publicado nesta segunda-feira pela Universidade Northwestern, em Illinois, Estados Unidos.<\/p>\n

O artigo, que est\u00e1 na mais recente edi\u00e7\u00e3o do peri\u00f3dico Scientific Reports, procura entender os motivos deste comportamento.<\/p>\n

E a resposta est\u00e1 no sexo – e na reprodu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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Os gorilas machos que gastaram maiores porcentagens de seu tempo com filhotes – ainda que n\u00e3o os seus – tiveram maior prole<\/figcaption><\/figure>\n

O m\u00e9todo<\/h2>\n
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Conforme explicou \u00e0 BBC News Brasil a antrop\u00f3loga e psic\u00f3loga Stacy Rosenbaum, pesquisadora do Departamento de Antropologia da universidade e principal autora da pesquisa, os cientistas utilizaram 100 horas de observa\u00e7\u00e3o do comportamento de um grupo de gorilas-da-montanha.<\/p>\n

“Ent\u00e3o, calculamos a porcentagem do tempo que cada macho passou cuidando, tratando, ensinando filhotes e descansando com eles”, explica a pesquisadora.<\/p>\n

Em seguida, esses dados foram analisados em compara\u00e7\u00e3o com o n\u00famero total de descendentes que cada macho havia produzido em sua vida.<\/p>\n

“(E a conclus\u00e3o foi que) os gorilas machos que gastaram maiores porcentagens de seu tempo envolvidos em tais comportamentos geraram maior prole do que os outros, que se dedicaram menos”, diz Rosenbaum, enfatizando que, para o estudo, ajustes de controle foram feitos para que o grau de domin\u00e2ncia do membro do grupo, a idade e a longevidade n\u00e3o interferissem no resultado final da amostra.<\/p>\n

Os dados mostram um cen\u00e1rio um pouco diferente do que o imagin\u00e1rio padr\u00e3o sugere quando se pensa em um grupo de gorilas. Sai a ideia de que a reprodu\u00e7\u00e3o, no grupo, \u00e9 dominada por um macho-alfa. E entra o poder de escolha feminino.<\/p>\n

Conforme ressalta o antrop\u00f3logo Christopher Kuzawa, coautor do trabalho e professor do Instituto de Pesquisa Pol\u00edtica da mesma universidade, uma interpreta\u00e7\u00e3o prov\u00e1vel \u00e9 que “as f\u00eameas optam por se acasalar com machos com base nessas intera\u00e7\u00f5es”, ou seja, os machos que “passam muito tempo com grupos de filhotes, que cuidam e descansam com eles, s\u00e3o os que t\u00eam mais oportunidades reprodutivas”.<\/p>\n

Rosenbaum lembra que h\u00e1 muito tempo se sabe que os gorilas-das-montanhas competem entre si, dentro do grupo, para ter “acesso \u00e0s f\u00eameas” e conseguirem boas “oportunidades de acasalamento”.<\/p>\n

“Mas esses novos dados sugerem uma estrat\u00e9gia mais diversificada”, comenta. “Os machos que cuidam dos filhotes s\u00e3o muito mais bem-sucedidos.”<\/p><\/blockquote>\n

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O estudo d\u00e1 algumas pistas de como foi que os comportamentos paternos podem ter evolu\u00eddo<\/figcaption><\/figure>\n

De onde viemos<\/h2>\n

O estudo d\u00e1 algumas pistas de como os comportamentos paternos podem ter evolu\u00eddo, inclusive no caso dos seres humanos.<\/p>\n

A antrop\u00f3loga lembra que, tradicionalmente, os cientistas relacionam o cuidado parental masculino, de forma geral, a uma estrutura social espec\u00edfica – a monogamia -, “que ajudaria a garantir que os machos cuidassem de seus pr\u00f3prios filhos”.<\/p>\n

“Mas esta pesquisa (em que o comportamento foi observado entre animais n\u00e3o monog\u00e2micos) sugere que h\u00e1 um caminho alternativo pelo qual a evolu\u00e7\u00e3o pode ter gerado este comportamento, em situa\u00e7\u00f5es de grupo em que os machos podem n\u00e3o saber quais filhotes s\u00e3o seus”, comenta.<\/p><\/blockquote>\n

A ila\u00e7\u00e3o, portanto, \u00e9: ser\u00e1 que n\u00e3o foi assim tamb\u00e9m entre os ancestrais humanos?<\/p>\n

O pr\u00f3ximo passo dos pesquisadores \u00e9 analisar se h\u00e1 horm\u00f4nios espec\u00edficos que auxiliam este comportamento – e provoca essa rela\u00e7\u00e3o de causa e consequ\u00eancia.<\/p>\n

Estudos anteriores do qual o antrop\u00f3logo Kuzawa fez parte mostraram que, em humanos, a testosterona diminui \u00e0 medida que os homens se tornam pais. “E acredita-se que isto ajude a concentrar a aten\u00e7\u00e3o nas necessidades do rec\u00e9m-nascido”, pontua.<\/p>\n

No caso dos gorilas, os pesquisadores n\u00e3o sabem se algo semelhante ocorre.<\/p>\n

H\u00e1 d\u00favidas para ambos os cen\u00e1rios. Se os gorilas que est\u00e3o envolvidos particularmente em intera\u00e7\u00e3o infantil experimentam decl\u00ednios de testosterona e isso impediria sua capacidade de competir com outros machos, o n\u00edvel baixo do horm\u00f4nio poderia funcionar como algum atrativo para as f\u00eameas?<\/p>\n

Ou, como eles s\u00e3o bem-sucedidos na atividade sexual, no caso dos gorilas, altos n\u00edveis de testosterona e o comportamento de paternidade ativa n\u00e3o s\u00e3o excludentes?<\/p>\n

Estas novas quest\u00f5es ainda precisam ser estudadas. Rosenbaum adianta que a ideia agora \u00e9 justamente esta: caracterizar os perfis hormonais dos machos ao longo do tempo.<\/p>\n

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Os cientistas acreditam que as f\u00eameas optam por se acasalar com machos com base nessas intera\u00e7\u00f5es<\/figcaption><\/figure>\n
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Poder feminino<\/h2>\n

Se ainda n\u00e3o se sabe ao certo qual \u00e9 o mecanismo biol\u00f3gico que norteia o comportamento dos gorilas machos, o que os cientistas j\u00e1 cravam com seguran\u00e7a \u00e9 que, nas comunidades desses animais, o papel feminino \u00e9 fundamental na hora de escolher quais genes ser\u00e3o passados adiante.<\/p>\n

“N\u00e3o sabemos ainda qual \u00e9 o mecanismo que impulsiona tal correla\u00e7\u00e3o encontrada, mas a explica\u00e7\u00e3o mais plaus\u00edvel \u00e9 que as f\u00eameas preferem machos que cuidam da prole”, define Rosenbaum.<\/p>\n

“Isso sugere que a escolha feminina pode ser um fator muito mais importante do que sup\u00fanhamos anteriormente na condu\u00e7\u00e3o da trajet\u00f3ria evolutiva dos gorilas.”<\/p><\/blockquote>\n

Ela enfatiza que, com base na pesquisa, pode-se dizer que as gorilas f\u00eameas “n\u00e3o s\u00e3o apenas observadoras passivas que acasalam com qualquer macho que ven\u00e7a as lutas”.<\/p>\n

“Elas t\u00eam prefer\u00eancias e as expressam. E suas escolhas t\u00eam importantes consequ\u00eancias evolutivas”, diz.<\/p><\/blockquote>\n

E, enquanto estuda o mundo dos gorilas, a psic\u00f3loga n\u00e3o deixa de pensar nos seres humanos.<\/p>\n

“Um dos mist\u00e9rios da evolu\u00e7\u00e3o humana \u00e9 como foi que formas muito intensas de cuidados masculinos come\u00e7aram, ainda entre nossos ancestrais j\u00e1 extintos. Nossa pesquisa sugere um caminho que a sele\u00e7\u00e3o natural pode ter tomado para obter formas rudimentares desse comportamento zeloso”, aponta.<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n

Fonte: BBC<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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