{"id":147632,"date":"2018-10-17T00:15:08","date_gmt":"2018-10-17T03:15:08","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=147632"},"modified":"2018-10-16T23:16:02","modified_gmt":"2018-10-17T02:16:02","slug":"pesquisas-espaciais-revelam-sobre-nutricao-e-vitaminas-para-a-vida","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/10\/17\/147632-pesquisas-espaciais-revelam-sobre-nutricao-e-vitaminas-para-a-vida.html","title":{"rendered":"O que as pesquisas espaciais revelam sobre nutri\u00e7\u00e3o e vitaminas para a vida cotidiana na Terra"},"content":{"rendered":"
\"Astronauta
Esfor\u00e7os para melhorar a nutri\u00e7\u00e3o de astronautas e compreender seus efeitos tamb\u00e9m beneficiam quem fica na terra, dizem especialistas<\/figcaption><\/figure>\n

Por milhares de anos, a nutri\u00e7\u00e3o tem sido um fator determinante do sucesso ou fracasso da aventura humana.<\/p>\n

Isto \u00e9 especialmente verdadeiro em se tratando de voos espaciais.<\/p>\n

\u00c9 essencial evitar que os astronautas fiquem desnutridos durante as miss\u00f5es, que muitas vezes duram meses.<\/p>\n

Mas a nutri\u00e7\u00e3o espacial moderna vai al\u00e9m disso. O objetivo \u00e9 maximizar o desempenho da tripula\u00e7\u00e3o, reduzindo os efeitos prejudiciais do voo espacial e protegendo o grupo contra riscos de sa\u00fade a longo prazo, como c\u00e2ncer e doen\u00e7as card\u00edacas.<\/p>\n

Pode parecer exagerado despender tanto esfor\u00e7o na nutri\u00e7\u00e3o de um punhado de gente que se aventura no espa\u00e7o.<\/p>\n

\n

Mas, como acontece com a maioria das pesquisas espaciais, qualquer avan\u00e7o que eles consigam tem implica\u00e7\u00f5es claras para quem fica na Terra.<\/p>\n

Problemas de vis\u00e3o e fertilidade: qual \u00e9 a rela\u00e7\u00e3o?<\/h2>\n

Alguns astronautas est\u00e3o retornando do espa\u00e7o com problemas de vis\u00e3o.<\/p>\n

Isso inclui consequ\u00eancias na parte de tr\u00e1s dos olhos, como incha\u00e7o do nervo \u00f3ptico.<\/p>\n

Em outras palavras: alguns deles deixaram o planeta com a vis\u00e3o perfeita, mas voltaram para casa precisando de \u00f3culos.<\/p>\n

Os efeitos da microgravidade no sistema circulat\u00f3rio j\u00e1 foram considerados culpados tamb\u00e9m por mudan\u00e7as no fluido corporal e aumento da press\u00e3o sobre o c\u00e9rebro.<\/p>\n

\"Espa\u00c3\u00a7o\"
Astronautas que vivem na Esta\u00e7\u00e3o Espacial Internacional precisam lidar com problemas espec\u00edficos ligados \u00e0 falta de gravidade<\/figcaption><\/figure>\n

Mas essas teorias n\u00e3o explicam por que apenas de 30% a 40% dos astronautas desenvolvem problemas nos olhos. Poderia haver outra raz\u00e3o por tr\u00e1s disso?<\/p>\n

Nossa teoria \u00e9 de que diferen\u00e7as gen\u00e9ticas podem afetar o funcionamento dos vasos sangu\u00edneos.<\/p>\n

Quando combinado com um fator desencadeante durante o voo espacial – como mudan\u00e7as no fluido corporal – isso causa mais vazamentos nos vasos sangu\u00edneos dentro ou ao redor do olho.<\/p>\n

Isso faz com que a press\u00e3o aumente, levando a problemas oculares.<\/p>\n

Membros da tripula\u00e7\u00e3o afetados demonstraram ter concentra\u00e7\u00f5es significativamente maiores de uma subst\u00e2ncia qu\u00edmica chamada homociste\u00edna, n\u00e3o s\u00f3 durante e ap\u00f3s o voo, mas tamb\u00e9m antes dele.<\/p>\n

A homociste\u00edna \u00e9 parte de uma via bioqu\u00edmica que existe em praticamente todas as c\u00e9lulas do corpo e requer muitos tipos diferentes de vitamina B para funcionar.<\/p>\n

Astronautas que relatam problemas oculares podem precisar de uma dose maior dessas vitaminas B do que outros, devido \u00e0 sua composi\u00e7\u00e3o gen\u00e9tica.<\/p>\n

\"Astronauta
Problemas de vis\u00e3o t\u00eam sido identificados em alguns astronautas e podem requerer doses maiores de vitaminas B<\/figcaption><\/figure>\n

Um elemento intrigante desta pesquisa \u00e9 que mulheres com s\u00edndrome dos ov\u00e1rios polic\u00edsticos (SOP) – um dist\u00farbio endocrinol\u00f3gico caracterizado, por exemplo, pelo aumento da produ\u00e7\u00e3o de horm\u00f4nios masculinos e ciclos menstruais irregulares – tamb\u00e9m tendem a ter concentra\u00e7\u00f5es acima da m\u00e9dia de homociste\u00edna e problemas circulat\u00f3rios semelhantes aos detectados em astronautas homens com problemas nos olhos.<\/p>\n

A SOP afeta o funcionamento dos ov\u00e1rios. \u00c9 a principal causa de problemas de fertilidade e acredita-se que atinja at\u00e9 20% das mulheres.<\/p>\n

Esta condi\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 bem compreendida e atualmente n\u00e3o h\u00e1 cura. Mas \u00e9 poss\u00edvel que, ao compartilharem uma qu\u00edmica sangu\u00ednea parecida, mulheres com SOP tamb\u00e9m possam se beneficiar com suplementos de vitamina B.<\/p>\n

Ainda n\u00e3o h\u00e1 provas concretas, mas a Nasa e m\u00e9dicos da Mayo Clinic, em Minnesota, est\u00e3o fazendo estudos para investigar a potencial rela\u00e7\u00e3o que existe.<\/p>\n

Esta pesquisa tem o potencial n\u00e3o apenas de resolver um dos principais riscos \u00e0 sa\u00fade nas miss\u00f5es espaciais, mas tamb\u00e9m de entender melhor uma s\u00edndrome que afeta milh\u00f5es de pessoas.<\/p>\n

Estudar o espa\u00e7o. Da cama<\/h2>\n

Estudos de nutri\u00e7\u00e3o de astronautas nos ajudam a entender como os humanos podem se adaptar a um voo espacial mais longo – e como podemos melhorar nossas vidas na Terra.<\/p>\n

Pesquisas no espa\u00e7o geralmente t\u00eam de ser feitas com recursos limitados e enfrentar os desafios da falta de gravidade, ou da chamada “microgravidade”.<\/p>\n

\u00c0s vezes, estudos relacionados \u00e0 Terra s\u00e3o feitos \u200b\u200bcom indiv\u00edduos saud\u00e1veis \u200b\u200bque ficam em repouso por semanas ou meses em uma posi\u00e7\u00e3o de inclina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Isso recria os efeitos da microgravidade e permite o monitoramento da perda \u00f3ssea e muscular, entre outras mudan\u00e7as.<\/p>\n

\"Dois
Estudos relacionados \u00e0 Terra \u00e0s vezes s\u00e3o feitos \u200b\u200bcom indiv\u00edduos saud\u00e1veis \u200b\u200bque ficam em repouso por semanas ou meses<\/figcaption><\/figure>\n

Defici\u00eancia de luz solar<\/h2>\n

Nossa pele cria vitamina D quando \u00e9 exposta \u00e0 luz solar. Ela \u00e9 necess\u00e1ria para manter ossos, dentes e m\u00fasculos saud\u00e1veis.<\/p>\n

Os astronautas n\u00e3o recebem quantidade suficiente de vitamina D durante as miss\u00f5es espaciais, pois s\u00e3o protegidos da exposi\u00e7\u00e3o solar e s\u00e3o incapazes de obter o bastante dessa vitamina a partir do que comem.<\/p>\n

Para estudar os efeitos da defici\u00eancia de luz solar, trabalhamos com equipes “hibernadas” no centro de pesquisa cient\u00edfica McMurdo na Ant\u00e1rtida, onde o sol fica seis meses sem aparecer.<\/p>\n

\"Ant\u00c3\u00a1rtida\"
Estudos feitos com equipes na Ant\u00e1rtida t\u00eam ajudado a compreender os efeitos da defici\u00eancia de luz solar para os seres humanos<\/figcaption><\/figure>\n

Nesse centro, conduzimos experimentos para identificar se tomar suplementos de vitamina D seria um substituto adequado para a luz solar.<\/p>\n

O estudo inicial descobriu que pequenos suplementos ajudavam a aumentar os n\u00edveis de vitamina D, mas que uma dose maior n\u00e3o trazia muito benef\u00edcio adicional.<\/p>\n

Quando a Academia Nacional de Medicina dos EUA aumentou as exig\u00eancias de vitamina D para os americanos, este estudo e muitos outros serviram como base para essa decis\u00e3o.<\/p>\n

N\u00f3s tamb\u00e9m descobrimos que a resposta aos suplementos foi afetada pelo peso corporal, ou \u00cdndice de Massa Corporal (IMC). Quanto maior o IMC, menos eficazes s\u00e3o os suplementos de vitamina D.<\/p>\n

Isso faz sentido, porque a gordura prende a vitamina D e impede que ela permane\u00e7a no sangue.<\/p>\n

\"Imagem
Experimentos buscam identificar se suplementos de vitamina D seriam substitutos adequados para a luz solar<\/figcaption><\/figure>\n

Em nosso segundo estudo, analisamos a fun\u00e7\u00e3o e o estresse do sistema imunol\u00f3gico, que s\u00e3o preocupa\u00e7\u00f5es tanto para os astronautas quanto para as tripula\u00e7\u00f5es que passam o inverno na Ant\u00e1rtida.<\/p>\n

Descobrimos que esses fatores pareciam interagir uns com os outros. As pessoas que apresentavam sinais qu\u00edmicos de estresse e tinham baixos n\u00edveis de vitamina D eram mais propensas a achar dif\u00edcil bloquear v\u00edrus como o da herpes labial que estavam adormecidos em seus organismos.<\/p>\n

O segredo para ossos fortes<\/h2>\n

A perda \u00f3ssea tem sido uma das maiores preocupa\u00e7\u00f5es dos viajantes espaciais. Os astronautas tendem a perder cerca de 1% de sua massa \u00f3ssea ao m\u00eas – a quantidade que os portadores de osteoporose perdem em um ano.<\/p>\n

A perda ocorre porque o corpo n\u00e3o coloca a gravidade sobre os ossos, e “decide” que voc\u00ea pode viver com um esqueleto menor. Em m\u00e9dia, leva anos para a massa \u00f3ssea se recuperar ap\u00f3s uma miss\u00e3o.<\/p>\n

Ap\u00f3s anos de tentativa e erro, descobriu-se que v\u00e1rias mudan\u00e7as espec\u00edficas na dieta t\u00eam efeito positivo na sa\u00fade \u00f3ssea.<\/p>\n

\"Astronautas
Astronautas fazem refei\u00e7\u00e3o durante expedi\u00e7\u00e3o: Mudan\u00e7as espec\u00edficas na dieta t\u00eam efeito positivo na sa\u00fade \u00f3ssea<\/figcaption><\/figure>\n

Os astronautas que tiveram maior ingest\u00e3o de peixes como salm\u00e3o e cavala perderam menos osso em \u00f3rbita. Tamb\u00e9m descobrimos que as dietas com mais frutas, legumes e verduras eram ben\u00e9ficas para a resist\u00eancia \u00f3ssea.<\/p>\n

Por outro lado, grandes ingest\u00f5es de ferro e s\u00f3dio serviram para acelerar a perda \u00f3ssea.<\/p>\n

Evid\u00eancias subsequentes mostraram que os astronautas que comiam bem tinham vitamina D suficiente e se exercitavam intensamente n\u00e3o sofriam perda \u00f3ssea durante uma miss\u00e3o espacial de seis meses.<\/p>\n

Esta foi a primeira vez em 50 anos de voo espacial humano que os tripulantes conseguiram manter sua densidade \u00f3ssea com nada al\u00e9m de dieta e exerc\u00edcios.<\/p>\n

Essas descobertas tamb\u00e9m t\u00eam implica\u00e7\u00f5es diretas para literalmente todos na Terra, onde as mesmas mudan\u00e7as na dieta podem ajudar a manter nossos ossos saud\u00e1veis.<\/p>\n

\"Astronauta
Astronauta e cenouras no espa\u00e7o: Estudos sobre a nutri\u00e7\u00e3o podem fornecer a chave para miss\u00f5es mais longas e distantes<\/figcaption><\/figure>\n

Preparando o caminho<\/h2>\n

Ao nos aproximarmos da sexta d\u00e9cada da viagem espacial humana, estamos ainda no in\u00edcio das incurs\u00f5es da humanidade no espa\u00e7o. Os riscos associados \u00e0 sa\u00fade s\u00e3o significativos e a nutri\u00e7\u00e3o pode fornecer a chave para miss\u00f5es mais longas e distantes a outros planetas, como Marte.<\/p>\n

Precisamos ousar e expandir nosso conhecimento de nutri\u00e7\u00e3o do s\u00e9culo 21, unindo equipes m\u00e9dicas e cient\u00edficas para possibilitar futuras explora\u00e7\u00f5es, beneficiando simultaneamente a humanidade.<\/p>\n

Sobre este artigo<\/h2>\n

* Este artigo foi encomendado pela BBC a especialistas que trabalham para uma organiza\u00e7\u00e3o externa. O Dr. Scott M Smith e a Dra. Sara R Zwart est\u00e3o \u00e0 frente do Laborat\u00f3rio de Bioqu\u00edmica Nutricional no Centro Espacial Johnson da Nasa em Houston, Texas. O Dr. Smith \u00e9 palestrante na confer\u00eancia Wellcome \/ OMS\u00a0“Transforming Nutrition Science for Better Health”<\/a>\u00a0(Transformando a Ci\u00eancia Nutricional para uma elhor Sa\u00fade, em tradu\u00e7\u00e3o literal), que ocorre at\u00e9 o dia 17.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"