{"id":147882,"date":"2018-10-24T01:00:11","date_gmt":"2018-10-24T03:00:11","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=147882"},"modified":"2018-10-23T23:17:12","modified_gmt":"2018-10-24T01:17:12","slug":"a-astronoma-brasileira-que-chegou-a-nasa-e-ao-guinness-estudando-luas-e-vulcoes","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/10\/24\/147882-a-astronoma-brasileira-que-chegou-a-nasa-e-ao-guinness-estudando-luas-e-vulcoes.html","title":{"rendered":"A astr\u00f4noma brasileira que chegou \u00e0 Nasa e ao Guinness estudando luas e vulc\u00f5es"},"content":{"rendered":"
\"Rosaly
Rosaly no vulc\u00e3o Marum, em Vanuatu, pa\u00eds insular na Oceania; carioca tem carreira internacional como astr\u00f4noma e vulcan\u00f3loga<\/figcaption><\/figure>\n

Da ensolarada e quente praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, onde os term\u00f4metros podem alcan\u00e7ar 40\u00baC, a um dos pontos mais frios do sistema solar, a lua Tit\u00e3, de Saturno, onde a temperatura gira em torno de 200\u00baC negativos. Essa s\u00e3o, por enquanto, as duas pontas – com muito trabalho no meio – da carreira da astr\u00f4noma, ge\u00f3loga planet\u00e1ria e vulcan\u00f3loga brasileira Rosaly Lopes, que desde 1991 trabalha como\u00a0pesquisadora\u00a0do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa, em Pasadena, na Calif\u00f3rnia.<\/p>\n

A carioca nasceu no dia 8 de janeiro de 1957 e vem de uma fam\u00edlia de classe m\u00e9dia, com pai dono de empresas de engenharia e m\u00e3e formada em m\u00fasica, mas que trabalhou como corretora.<\/p>\n

Rosaly realiza pesquisas sobre a Tit\u00e3 – a maior lua de Saturno e a segunda do sistema solar, atr\u00e1s de Ganimedes, sat\u00e9lite natural de J\u00fapiter – a partir dos dados recebidos da nave Cassini-Huygens. Lan\u00e7ada em 15 de outubro de 1997, ela entrou em \u00f3rbita em 1\u00ba de julho de 2004 e terminou sua miss\u00e3o em 15 de setembro de 2017.<\/p>\n

At\u00e9 chegar nesse ponto da carreira, foi uma longa caminhada, na qual contou com o apoio decisivo da fam\u00edlia. Rosaly conta que, embora nunca tenha tido parentes cientistas, ela teve entre os familiares\u00a0mulheres\u00a0pioneiras nos estudos.<\/p>\n

“Minha av\u00f3 materna, nascida em 1900, era professora, e a m\u00e3e dela foi a primeira mulher brasileira a completar o ensino secund\u00e1rio”, orgulha-se. “Uma irm\u00e3 de minha av\u00f3 foi uma das primeiras enfermeiras do Brasil, treinada nos Estados Unidos. Ent\u00e3o, havia uma tradi\u00e7\u00e3o de membros femininos da fam\u00edlia estudarem, mesmo sendo dif\u00edcil na \u00e9poca.”<\/p><\/blockquote>\n

\"Representa\u00c3\u00a7\u00c3\u00a3o
Tit\u00e3 \u00e9 a maior lua de Saturno e a segunda do sistema solar<\/figcaption><\/figure>\n

Seu gosto pelo espa\u00e7o e pela astronomia surgiu, no entanto, antes dos estudos. Ela tem lembran\u00e7as dessa atra\u00e7\u00e3o desde os quatro anos, quando, em 1961, o cosmonauta russo Yuri Gagarin se tornou o primeiro ser humano a entrar em \u00f3rbita da Terra, no dia 12 de abril.<\/p>\n

“Eu me lembro dos meu pais falando que esse russo tinha ido ao espa\u00e7o e achei aquilo uma maravilha”, conta. “Eu n\u00e3o sabia nem o que era um russo, ainda mais como ele tinha subido l\u00e1 em cima.”<\/p><\/blockquote>\n

‘Mulher, brasileira e m\u00edope’<\/h2>\n

Decidiu ent\u00e3o que seria astronauta. Logo percebeu, no entanto, que era quase imposs\u00edvel realizar este sonho.<\/p>\n

“Ainda era pequena quando fui descobrindo que eu era mulher, brasileira e super m\u00edope”, diz. “Ent\u00e3o n\u00e3o dava para ser astronauta. Por isso, ainda menina resolvi me tornar cientista e trabalhar para a Nasa no programa espacial”.<\/p><\/blockquote>\n

O Programa Apollo, um conjunto de miss\u00f5es espaciais coordenadas pela ag\u00eancia espacial americana entre 1961 e 1972 com o objetivo de colocar o homem na Lua, tamb\u00e9m teve influ\u00eancia decisiva na escolha de Rosaly pela carreira cient\u00edfica, ligada a pesquisas espaciais.<\/p>\n

“Eu cresci lendo sobre esse programa e a corrida para a Lua”, explica. “Al\u00e9m disso, me inspirou uma especialista que vi num jornal, Frances Northcutt, que trabalhou no Johnson Space Center, calculando \u00f3rbitas para as naves Apollo. Ver uma mulher trabalhando l\u00e1 foi uma inspira\u00e7\u00e3o.”<\/p><\/blockquote>\n

\"Rosaly
‘Havia uma tradi\u00e7\u00e3o de membros femininos da fam\u00edlia estudarem, mesmo sendo dif\u00edcil na \u00e9poca’, diz Rosaly sobre a trajet\u00f3ria de suas antepassadas<\/figcaption><\/figure>\n

Com o apelido de Poppy, Frances Northcutt era engenheira da equipe t\u00e9cnica do Programa Apollo e teve papel importante na miss\u00e3o da Apollo 13, a s\u00e9tima do projeto e a terceira com inten\u00e7\u00e3o de pousar na Lua.<\/p>\n

Lan\u00e7ada no dia 11 de abril de 1970, ela n\u00e3o cumpriu seu objetivo, devido a um acidente durante a viagem de ida, causado por uma explos\u00e3o no m\u00f3dulo de servi\u00e7o, que impediu a descida no sat\u00e9lite.<\/p>\n

Ap\u00f3s seis dias no espa\u00e7o, a nave e seus tripulantes conseguiram retornar \u00e0 Terra, em seguran\u00e7a, gra\u00e7as em parte ao trabalho de Poppy, que ajudou nos c\u00e1lculos da rota de retorno da Apollo 13.<\/p>\n

“As reportagens dos dois jornais que eu li no Rio de Janeiro falavam dela”, lembra Rosaly. “S\u00f3 de mostrarem uma mulher, no centro de controle de Houston, foi uma inspira\u00e7\u00e3o muito grande para mim. Engra\u00e7ado, eu nunca a conheci pessoalmente. Ela deixou a Nasa logo depois, foi estudar Direito e se tornou advogada. \u00c9 importante mulheres cientistas fazerem divulga\u00e7\u00e3o para inspirar as pr\u00f3ximas meninas.”<\/p><\/blockquote>\n

Carreira no exterior<\/h2>\n

Com esses antecedentes, Rosaly chegou \u00e0 faculdade decidida a ser astr\u00f4noma. No come\u00e7o, estudou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), logo depois foi selecionada para fazer a gradua\u00e7\u00e3o na Inglaterra.<\/p>\n

Assim, em 1972, tr\u00eas anos depois do encerramento do Programa Apollo, aos 18 anos, ela ingressou no University College London. “Fiz Astronomia e doutorado em Geologia dos planetas naquela institui\u00e7\u00e3o”, revela.<\/p>\n

A ida para a ag\u00eancia espacial americana ocorreu logo depois, quando ela estava completando o doutorado. “Um colega aqui do JPL (Jet Propulsion Laboratory) me falou sobre o programa ‘Nasa Postdoctoral Program’ aberto a estrangeiros”, diz.<\/p>\n

“Eu tinha um emprego fixo na Inglaterra, no Observat\u00f3rio de Greenwich, mas resolvi correr o risco de deix\u00e1-lo e vir para o JPL para um p\u00f3s-doutorado de dois anos. Mas eles gostaram de mim e me ofereceram um trabalho aqui, na miss\u00e3o Galileo (que lan\u00e7ou uma nave n\u00e3o-tripulada para J\u00fapiter).”<\/p><\/blockquote>\n

Nesse projeto, que se estendeu por 14 anos, de 18 de outubro de 1989, quando a nave foi lan\u00e7ada, at\u00e9 21 de setembro de 2003, dia em que ela foi arremessada deliberadamente na atmosfera do J\u00fapiter para ser destru\u00edda, Rosaly atuou como especialista na lua vulc\u00e2nica de Io, na equipe do instrumento Near Infrared Mapping Spectrometer – um espectr\u00f4metro de infravermelho, que servia para determinar composi\u00e7\u00f5es das superf\u00edcies e temperaturas das lavas do sat\u00e9lite natural.<\/p>\n

\"Representa\u00c3\u00a7\u00c3\u00a3o
Brasileira atuou como especialista na lua vulc\u00e2nica de Io, sat\u00e9lite de J\u00fapiter<\/figcaption><\/figure>\n

Nessa miss\u00e3o, a pesquisadora brasileira descobriu 71 novos vulc\u00f5es ativos em Io, o que a colocou no Guinness Book of World Records 2006 (edi\u00e7\u00e3o em ingl\u00eas) como a pessoa que encontrou o maior n\u00famero deles do universo.<\/p>\n

Mas n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 em outros mundos que Rosaly estuda essas estruturas geol\u00f3gicas. Ela tamb\u00e9m se dedica \u00e0s da Terra. Tanto que um de seus quatro livros,\u00a0Turismo de Aventura em Vulc\u00f5es<\/i>, \u00e9 sobre elas. Na obra, a autora mostra roteiros para expedi\u00e7\u00f5es a algumas das mais conhecidas.<\/p>\n

Depois da Galileo, a pesquisadora foi para a miss\u00e3o Cassini, trabalhando com o radar, principalmente sobre a geologia de Tit\u00e3. A miss\u00e3o acabou, mas Rosaly recebeu verba de diversas fontes para continuar fazendo pesquisas sobre aquela lua – a mais recente vem do Nasa Astrobiology Institute.<\/p>\n

“A minha foi uma de tr\u00eas propostas escolhidas (para receberem financiamento) e, entre 2018 e 2023, vou comandar um time de 29 pesquisadores, al\u00e9m de v\u00e1rios estudantes de p\u00f3s-doutorado, de diversas institui\u00e7\u00f5es e pa\u00edses, para pesquisar possibilidade de a vida ter se desenvolvido naquele mundo”, destaca.<\/p><\/blockquote>\n

Al\u00e9m disso, recentemente Rosaly se tornou a primeira mulher – e a primeira pessoa n\u00e3o americana – a assumir o cargo de editora-chefe da conceituada revista cientifica Icarus, fundada por Carl Sagan, para publicar pesquisas em ci\u00eancias planet\u00e1rias.<\/p>\n

“Todos os editores-chefes anteriores eram da Cornell University, porque na \u00e9poca os manuscritos sobre ci\u00eancia planet\u00e1ria eram todos enviados para l\u00e1”, explica.<\/p>\n

“O cargo passou de um para outro. Foram poucos, acho que tr\u00eas ou quatro. O \u00faltimo, que ficou mais de 10 anos, e a Sociedade Astron\u00f4mica Americana, que tem uma divis\u00e3o de Ci\u00eancias Planet\u00e1rias, estavam procurando quem queria se candidatar. Eu me interessei e eles me escolheram para a fun\u00e7\u00e3o.”<\/p><\/blockquote>\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Da ensolarada e quente praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, onde os term\u00f4metros podem alcan\u00e7ar 40\u00baC, a um dos pontos mais frios do sistema solar, a lua Tit\u00e3, de Saturno, onde a temperatura gira em torno de 200\u00baC negativos. Essa s\u00e3o, por enquanto, as duas pontas – com muito trabalho no meio – da carreira da astr\u00f4noma, ge\u00f3loga planet\u00e1ria e vulcan\u00f3loga brasileira Rosaly Lopes, que desde 1991 trabalha como pesquisadora do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa, em Pasadena, na Calif\u00f3rnia. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":147883,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[2981,762,2654,371],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/147882"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=147882"}],"version-history":[{"count":3,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/147882\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":147886,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/147882\/revisions\/147886"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/147883"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=147882"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=147882"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=147882"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}