{"id":148043,"date":"2018-10-29T12:45:31","date_gmt":"2018-10-29T14:45:31","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=148043"},"modified":"2018-10-29T00:11:47","modified_gmt":"2018-10-29T02:11:47","slug":"marte-pode-ter-oxigenio-suficiente-para-sustentar-microbios-e-esponjas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/10\/29\/148043-marte-pode-ter-oxigenio-suficiente-para-sustentar-microbios-e-esponjas.html","title":{"rendered":"Marte pode ter oxig\u00eanio suficiente para sustentar micr\u00f3bios e esponjas"},"content":{"rendered":"
\"Poss\u00c3\u00adveis
Poss\u00edveis rastros de \u00e1gua l\u00edquida em Marte, fotografados pela sonda \u2018MRO\u2019 NASA<\/figcaption><\/figure>\n

Os primeiros her\u00f3is da\u00a0Terra\u00a0foram micr\u00f3bios. H\u00e1 2,7 bilh\u00f5es de anos, a atmosfera come\u00e7ou a acumular oxig\u00eanio produzido por cianobact\u00e9rias que viviam nos oceanos e eram capazes de realizar fotoss\u00edntese. O oxig\u00eanio foi fundamental para a apari\u00e7\u00e3o de vida mais complexa, incluindo os primeiros animais, e hoje sustenta o tipo de metabolismo mais habitual no\u00a0planeta.<\/p>\n

Agora, um novo estudo sugere que em algumas zonas de Marte tamb\u00e9m pode haver oxig\u00eanio suficiente para manter alguns seres vivos terrestres. Vlada Stamenkovic, pesquisador da NASA, e seus colegas do Instituto Tecnol\u00f3gico da Calif\u00f3rnia desenvolveram um modelo que calcula a quantidade de oxig\u00eanio que poderia ser encontrada na dissolu\u00e7\u00e3o nas \u00e1guas salgadas que podem existir em algumas zonas do planeta. Os sais presentes nessas salmouras permitem que a \u00e1gua permane\u00e7a l\u00edquida a temperaturas abaixo de zero. Segundo o estudo,\u00a0publicado nesta segunda-feira, 22, na revista\u00a0Nature Geoscience<\/em>, aproximadamente 6,5% da \u00e1rea do planeta seria capaz de abrigar quantidades de oxig\u00eanio na superf\u00edcie ou a alguns cent\u00edmetros abaixo dela, em quantidades semelhantes \u00e0s que na Terra bastam para sustentar alguns micr\u00f3bios e esponjas.<\/p>\n

Estudos recentes mostram que os primeiros ancestrais dos animais atuais eram esponjas, e que esses seres vivos podem proliferar em concentra\u00e7\u00f5es de oxig\u00eanio baix\u00edssimas. As zonas com poss\u00edvel oxig\u00eanio est\u00e3o acima dos 50 graus de latitude, em torno dos polos marcianos. Entre as miss\u00f5es que esse estudo analisa, s\u00f3 uma explorou tais regi\u00f5es: a miss\u00e3o\u00a0Phoenix<\/em>, que aterrissou sobre o que poderia ser gelo de \u00e1gua em 2008.<\/p>\n

Naquele mesmo ano, descobriu-se em\u00a0Marte<\/strong>\u00a0um\u00a0grande lago de \u00e1gua salgada oculto sob o gelo do polo sul. O novo estudo especula que a concentra\u00e7\u00e3o de oxig\u00eanio em seu interior poderia ser \u201celevada\u201d se houver um contato tempor\u00e1rio com a superf\u00edcie ou se houver radia\u00e7\u00e3o suficiente para que o oxig\u00eanio e o hidrog\u00eanio se separem. Os respons\u00e1veis pelo trabalho consideram que estes resultados te\u00f3ricos podem explicar o estado de oxida\u00e7\u00e3o de algumas rochas marcianas e implicam \u201cque h\u00e1 oportunidades para a vida baseada no oxig\u00eanio no Marte atual ou em outros corpos planet\u00e1rios gra\u00e7as a fontes de oxig\u00eanio alternativas \u00e0 fotoss\u00edntese\u201d.<\/p>\n

V\u00edctor Parro, pesquisador do Centro de Astrobiologia do Conselho Superior de Pesquisas Cient\u00edficas da\u00a0Espanha\u00a0(CAB-CSIC), destaca que at\u00e9 agora a presen\u00e7a de oxig\u00eanio em Marte foi \u201cmenosprezada\u201d devido \u00e0s baixas concentra\u00e7\u00f5es. Embora se trate de um estudo te\u00f3rico que ainda precisaria ser confirmado com medi\u00e7\u00f5es reais, o cientista destaca que \u201cesses modelos ressaltam o papel que o O2<\/sub>\u00a0(g\u00e1s oxig\u00eanio) dissolvido pode desempenhar, inclusive atualmente, tanto para a respira\u00e7\u00e3o de micro-organismos como na oxida\u00e7\u00e3o de metais\u201d.<\/p>\n

\u201cOs micro-organismos n\u00e3o necessitam do O2<\/sub>\u00a0para respirar\u201d, explica, \u201cmas o oxig\u00eanio molecular permite obter maior energia nos processos de respira\u00e7\u00e3o, e sua presen\u00e7a em Marte em concentra\u00e7\u00f5es adequadas aumenta as possibilidades de novos metabolismos e mais eficientes.\u201d. Permitiria, por exemplo, \u201ca exist\u00eancia de bact\u00e9rias como as que se encontram no rio Tinto [Espanha], que oxidam o ferro da pirita para obter energia. E algo que abunda em Marte \u00e9 o ferro\u201d, destaca.<\/p>\n

\u201cOs autores escolhem o grupo de organismos terrestres que s\u00e3o capazes de viver com concentra\u00e7\u00f5es mais baixas de oxig\u00eanio dissolvido em \u00e1gua, que s\u00e3o basicamente certos tipos de bact\u00e9rias e as esponjas, e concluem que as concentra\u00e7\u00f5es de oxig\u00eanio que calculam existir nas salmouras marcianas seriam suficientes para que esses organismos pudessem crescer em Marte hoje\u201d, explica Alberto Gonz\u00e1lez Fair\u00e9n, pesquisador do CAB e da Universidade Cornell. \u201cClaro, \u00e9 s\u00f3 uma compara\u00e7\u00e3o gr\u00e1fica para ressaltar como \u00e9 elevado o n\u00edvel de oxig\u00eanio dissolvido nessas salmouras, e os autores n\u00e3o insinuam que possam existir esponjas em bols\u00f5es de l\u00edquido escondidos nos gelos de Marte. Os poss\u00edveis habitantes das salmouras n\u00e3o s\u00f3 dependeriam do oxig\u00eanio dispon\u00edvel para respirar: as temperaturas baix\u00edssimas, a alt\u00edssima concentra\u00e7\u00e3o salina e a radia\u00e7\u00e3o n\u00e3o permitem a exist\u00eancia de vida similar \u00e0 terrestre perto da superf\u00edcie de Marte atual\u201d, acrescenta.<\/p>\n

\n

Outra das perguntas sem resposta nesse trabalho \u00e9 se realmente h\u00e1 salmouras de \u00e1gua l\u00edquida na superf\u00edcie de Marte, j\u00e1 que as provas acumuladas at\u00e9 agora n\u00e3o s\u00e3o concludentes.<\/p>\n<\/div>\n

Fonte: El Pa\u00eds<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"