{"id":148124,"date":"2018-10-31T12:00:56","date_gmt":"2018-10-31T14:00:56","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=148124"},"modified":"2018-10-30T23:36:15","modified_gmt":"2018-10-31T01:36:15","slug":"combate-a-malaria-como-caes-farejadores-podem-se-tornar-arma-em-paises-pobres","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/10\/31\/148124-combate-a-malaria-como-caes-farejadores-podem-se-tornar-arma-em-paises-pobres.html","title":{"rendered":"Combate \u00e0 mal\u00e1ria: Como c\u00e3es farejadores podem se tornar arma em pa\u00edses pobres"},"content":{"rendered":"
\"Freya,
Freya, cachorrinha Springer Spaniel, que foi treinada para sentir o cheiro de mal\u00e1ria<\/figcaption><\/figure>\n

C\u00e3es farejadores est\u00e3o sendo treinados para ajudar a diagnosticar mal\u00e1ria em locais com dificuldade de acesso a sistema de sa\u00fade, com bons \u00edndices de sucesso. A ideia, segundo os cientistas, \u00e9 conseguir an\u00e1lises r\u00e1pidas em um processo simples e barato – sem necessidade de exames de sangue.<\/p>\n

O trabalho foi apresentado nesta segunda-feira no congresso anual da Sociedade Americana de Medicina e Higiene Tropical, em Nova Orleans, nos Estados Unidos.<\/p>\n

“As principais vantagens desse m\u00e9todo com c\u00e3es \u00e9 que os testes s\u00e3o muito r\u00e1pidos, n\u00e3o requerem coleta de sangue e podem funcionar facilmente em \u00e1reas remotas”, afirmou \u00e0 BBC News Brasil o entomologista Steve Lindsay, especialista em Sa\u00fade P\u00fablica, professor da Universidade de Durham, da Inglaterra, e principal autor do trabalho.<\/p>\n

A pesquisa foi financiada pela Funda\u00e7\u00e3o Bill e Melinda Gates, institui\u00e7\u00e3o filantr\u00f3pica criada pelo fundador da Microsoft para fomentar projetos de melhoria \u00e0 qualidade de vida, principalmente em solu\u00e7\u00f5es de sa\u00fade e combate \u00e0 pobreza.<\/p>\n

Participam do projeto, al\u00e9m da Universidade de Durham, a institui\u00e7\u00e3o Medical Detection Dogs, a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, a Universidade de Dundee, tamb\u00e9m brit\u00e2nica, e o Programa Nacional de Controle da Mal\u00e1ria da G\u00e2mbia, pa\u00eds da \u00c1frica Ocidental.<\/p>\n

C\u00e3es podem farejar pessoas infectadas com mal\u00e1ria<\/h2>\n

A nova t\u00e9cnica ainda est\u00e1 em fase de estudos. “Mas, em princ\u00edpio, demonstramos que os c\u00e3es podem ser treinados para detectar pessoas infectadas com a mal\u00e1ria pelo seu odor”, diz Lindsay.<\/p>\n

Os cientistas acreditam que, com o m\u00e9todo n\u00e3o invasivo de an\u00e1lise, seja poss\u00edvel diagnosticar um maior n\u00famero de pessoas, ajudando assim a impedir a dissemina\u00e7\u00e3o da mal\u00e1ria e ampliando o tratamento precoce da doen\u00e7a.<\/p>\n

“Os c\u00e3es s\u00e3o treinados com uma meia de uma crian\u00e7a com forte infec\u00e7\u00e3o por mal\u00e1ria”, explica o pesquisador.<\/p>\n

“Durante o treinamento, o animal \u00e9 treinado a recuperar a meia e a tarefa progressivamente vai se tornando mais dif\u00edcil, escondendo a meia da vista do c\u00e3o. Gradualmente, os animais come\u00e7am a distinguir meias infectadas e n\u00e3o infectadas.”<\/p>\n

Conforme ele contou \u00e0 reportagem, dois c\u00e3es – um mesti\u00e7o labrador e golden retriever chamado Lexi, e Sally, da ra\u00e7a labrador – foram treinados para fazer isso. “Um levou 19 semanas para estar treinado, outro, 24”, diz.<\/p>\n

No processo, eles utilizaram meias de n\u00e1ilon que foram vestidas por crian\u00e7as e adolescentes aparentemente saud\u00e1veis, com idades entre 5 e 14 anos, todos moradores na regi\u00e3o do rio G\u00e2mbia.<\/p>\n

As mesmas crian\u00e7as tamb\u00e9m foram submetidas a um exame de sangue convencional para detec\u00e7\u00e3o do parasita da mal\u00e1ria, o\u00a0Plasmodium falciparum<\/i>.<\/p>\n

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O olfato super sens\u00edvel de Freya pode ajudar a realizar o primeiro teste de mal\u00e1ria n\u00e3o invasivo<\/figcaption><\/figure>\n

No total, foram 175 amostras. Trinta crian\u00e7as foram diagnosticadas como portadoras do parasita, 145, n\u00e3o.<\/p>\n

Os cientistas lembram que o m\u00e9todo, pela facilidade, possibilita verdadeiros mutir\u00f5es de an\u00e1lises, j\u00e1 que exames de sangue acabam sendo invi\u00e1veis em grandes popula\u00e7\u00f5es remotas – pelas dificuldades de coleta e transporte do material.<\/p>\n

“Os c\u00e3es identificaram corretamente 70% das amostras de meias utilizadas por crian\u00e7as infectadas com mal\u00e1ria e 90% de crian\u00e7as n\u00e3o infectadas”, conta Lindsay. Pelos padr\u00f5es da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade (OMS), os diagn\u00f3sticos de mal\u00e1ria precisam ter uma precis\u00e3o superior a 75% em testes com amostras acima de 200 parasitas por microlitro.<\/p>\n

“Considerando apenas essa propor\u00e7\u00e3o, nossos c\u00e3es obtiveram 82% de \u00eaxito”, diz o cientista. “Portanto, acima do padr\u00e3o.”<\/p>\n

Ele ressalta, contudo, que novos testes precisam ser feitos, com uma amostragem maior. “Estamos bem adiantados no projeto. Calculo que dentro de 3 a 5 anos poderemos ter o m\u00e9todo aplicado como um programa”, planeja.<\/p>\n

C\u00e3o \u00e9 bem-vindo pelas comunidades, diz o estudo<\/h2>\n

Neste caso da pesquisa, as amostras foram transportadas para a Inglaterra, onde o procedimento foi feito. Mas numa situa\u00e7\u00e3o em que a t\u00e9cnica seja implantada como pol\u00edtica de sa\u00fade p\u00fablica, animais treinados podem ser levados para as comunidades, facilitando, assim, os testes.<\/p>\n

Por isso, em paralelo ao estudo principal, pesquisadores fizeram um teste com um c\u00e3o farejador n\u00e3o treinado, que foi levado at\u00e9 vilarejos da G\u00e2mbia. O objetivo era testar sua aceitabilidade pelas popula\u00e7\u00f5es locais. Segundo os pesquisadores, a maioria absoluta das pessoas foi favor\u00e1vel ao m\u00e9todo.<\/p>\n

De acordo com a psic\u00f3loga Claire Guest, cofundadora e diretora da institui\u00e7\u00e3o Medical Detection Dogs, o uso de c\u00e3es neste tipo de trabalho \u00e9 algo que deve ser “muito utilizado no futuro”.<\/p>\n

“J\u00e1 registramos resultados positivos no treinamento de c\u00e3es para diversas doen\u00e7as, incluindo c\u00e2ncer e diabetes. Eles podem perceber altera\u00e7\u00f5es de a\u00e7\u00facar pelo odor”, afirma. “Esta foi a primeira vez que treinamos os animais para detectar infec\u00e7\u00e3o parasit\u00e1ria. Estamos muito satisfeitos com os resultados iniciais.”<\/p>\n

Ela vislumbra possibilidade de utilizar m\u00e9todo semelhante para diversas outras doen\u00e7as tropicais, como a leishmaniose e a tripanossom\u00edase, sobretudo em pa\u00edses com dificuldades de diagn\u00f3stico.<\/p>\n

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O estudo mostrou que os cachorros podem ser treinados para sentir cheiro de mal\u00e1ria em meias de crian\u00e7as infectadas. A imagem mostra peda\u00e7os das meias em um laborat\u00f3rio.<\/figcaption><\/figure>\n
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Identificar o parasita da mal\u00e1ria tem sido um desafio<\/h2>\n

A mal\u00e1ria \u00e9 uma doen\u00e7a causada por protozo\u00e1rios parasit\u00e1rios, os\u00a0Plasmodium falciparum<\/i>, transmitidos para pessoas por meio de picadas de mosquitos do tipo anopheles.<\/p>\n

Os sintomas mais comuns s\u00e3o febre, calafrios, fadiga, v\u00f4mitos e dores de cabe\u00e7a – no princ\u00edpio, facilmente confundidos com uma gripe forte. Casos graves podem evoluir com convuls\u00f5es, icter\u00edcia e at\u00e9 coma.<\/p>\n

Em geral, os sintomas come\u00e7am a se manifestar de 10 a 25 dias depois da picada do inseto.<\/p>\n

\u00c9 uma doen\u00e7a de clima equatorial, com regi\u00f5es end\u00eamicas na Am\u00e9rica, na \u00c1frica – o continente contabiliza mais de 85% das mortes por mal\u00e1ria no mundo – e na \u00c1sia.<\/p>\n

No Brasil, 99% dos registros ocorrem na regi\u00e3o amaz\u00f4nica. No ano passado, foram registrados 194 mil casos da doen\u00e7a – mas, no pa\u00eds, a principal forma da doen\u00e7a \u00e9 a vivax, mais branda e com menos risco de vida do que a vers\u00e3o africana.<\/p>\n

O grande desafio tem sido identificar o parasita em pessoas que ainda n\u00e3o apresentam sintomas. Estas precisam ser tratadas para que a dissemina\u00e7\u00e3o da doen\u00e7a seja evitada.<\/p>\n

De acordo com o \u00faltimo relat\u00f3rio mundial sobre a doen\u00e7a divulgado pela OMS, em 2016 houve 216 milh\u00f5es de casos de mal\u00e1ria – um n\u00famero 5 milh\u00f5es maior do que no ano anterior. Cerca de 450 mil pessoas morrem, por ano, em consequ\u00eancia da doen\u00e7a.<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n

Fonte: BBC<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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