{"id":148425,"date":"2018-11-12T11:55:21","date_gmt":"2018-11-12T13:55:21","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=148425"},"modified":"2018-11-11T22:05:35","modified_gmt":"2018-11-12T00:05:35","slug":"o-projeto-que-levou-um-exercito-de-cacadores-de-tempestades-a-argentina","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/11\/12\/148425-o-projeto-que-levou-um-exercito-de-cacadores-de-tempestades-a-argentina.html","title":{"rendered":"O projeto que levou um ex\u00e9rcito de ‘ca\u00e7adores de tempestades’ \u00e0 Argentina"},"content":{"rendered":"
\"Imagem
Um dos ve\u00edculos utilizados pelos pesquisadores do projeto Rel\u00e2mpago para estudar as tempestades na Argentina<\/figcaption><\/figure>\n

Cerca de 160 pessoas, incluindo meteorologistas, estudantes, engenheiros e t\u00e9cnicos, est\u00e3o na Argentina em busca de tempestades.<\/p>\n

E eis que, segundo os cientistas, as tempestades que ocorrem no centro-norte do pa\u00eds “s\u00e3o realmente as melhores das melhores”.<\/p>\n

“Acreditamos que as tempestades na Argentina produzem mais granizo e mais raios do que em qualquer outro lugar do mundo”, diz Stephen Nesbitt, que lidera o projeto Rel\u00e2mpago, que \u00e9 a sigla em ingl\u00eas para Detec\u00e7\u00e3o Remota de Processos de Eletrifica\u00e7\u00e3o, Raios e Mesoescala\/microescala com Observa\u00e7\u00f5es de Campo.<\/p>\n

Agora, um ex\u00e9rcito de cientistas quer estudar de perto as tempestades “\u00fanicas” produzidas no pa\u00eds para, com base nos resultados, melhorar as previs\u00f5es do tempo.<\/p>\n

Mas o que eles procuram? Como fazem isso? E o que faz da Argentina o lugar ideal para esse tipo de trabalho?<\/p>\n

Rel\u00e2mpago-CACTI<\/h2>\n
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Os pesquisadores fazem parte de dois projetos que trabalham em conjunto.<\/p>\n

Do projeto Rel\u00e2mpago participam a Funda\u00e7\u00e3o Nacional da Ci\u00eancia dos Estados Unidos, a NASA, a Ag\u00eancia Oce\u00e2nica e Atmosf\u00e9rica dos EUA (NOAA), a Secretaria de Ci\u00eancia, Tecnologia e Inova\u00e7\u00e3o da Argentina, a Secretaria de Ci\u00eancia da Prov\u00edncia de C\u00f3rdoba, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (Inpe) e a Funda\u00e7\u00e3o de Amparo \u00e0 Pesquisa do Estado de S\u00e3o Paulo (Fapesp).<\/p>\n

Pesquisadores do projeto usam o Twitter, por exemplo, para divulgar fotos do que ocorre na Prov\u00edncia de C\u00f3rdoba e disponibilizar um canal para que a popula\u00e7\u00e3o envie suas pr\u00f3prias imagens para publica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\"Twitter<\/p>\n

O projeto CACTI, por sua vez, \u00e9 um estudo financiado pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos, projetado para melhorar a compreens\u00e3o do crescimento, organiza\u00e7\u00e3o e decomposi\u00e7\u00e3o das nuvens em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s condi\u00e7\u00f5es ambientais, descreve a p\u00e1gina do Rel\u00e2mpago-Cacti na internet.<\/p>\n

No total, h\u00e1 cerca de 160 pesquisadores da Argentina, dos Estados Unidos e do Brasil que t\u00eam Villa Carlos Paz, em C\u00f3rdoba, na regi\u00e3o central da Argentina, como base de trabalho de campo, e a partir dali partem diariamente em busca dessas tempestades intensas.<\/p>\n

\"Ve\u00c3\u00adculos
O experimento Rel\u00e2mpago est\u00e1 sendo realizado na Argentina entre os meses de novembro e dezembro de 2018<\/figcaption><\/figure>\n

“Todos os dias, \u00e0s 6 horas da manh\u00e3 e \u00e0s 9 horas da noite, n\u00f3s (pesquisadores) nos reunimos e, com base na previs\u00e3o, decidimos o que fazer naquele dia ou no dia seguinte”, disse \u00e0 BBC News Mundo, o servi\u00e7o em espanhol da BBC, Paola Salio, doutora em Ci\u00eancias Atmosf\u00e9ricas da Universidade de Buenos Aires, que participa do projeto.<\/p>\n

“Ent\u00e3o, partem diferentes ve\u00edculos contendo diferentes tipos de instrumentos (em busca dessas tempestades). Alguns (dos ve\u00edculos) s\u00e3o verdadeiras esta\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas”, descreve Salio.<\/p>\n

O que eles medem?<\/h2>\n

Essas esta\u00e7\u00f5es medem temperatura, umidade, press\u00e3o atmosf\u00e9rica, vento e instrumentos lan\u00e7ados na atmosfera – chamados de “r\u00e1dio-sondas”.<\/p>\n

“Em geral, duas (medi\u00e7\u00f5es com) r\u00e1dio-sondas s\u00e3o feitas por dia, mas podemos chegar a 8 em um per\u00edodo de 4 horas. \u00c9 muito”, diz a cientista.<\/p>\n

\"Um
O pod \u00e9 outro dos instrumentos usados \u200b\u200bpelos cientistas para medir as caracter\u00edsticas de um sistema de tempestades<\/figcaption><\/figure>\n

Os pesquisadores, ent\u00e3o, v\u00e3o em busca das tempestades. Eles n\u00e3o chegam a entrar nelas. As observam a uma dist\u00e2ncia de 10 a 12 km.<\/p>\n

“Em geral, ficamos ao lado. N\u00e3o queremos que o granizo caia sobre nossas cabe\u00e7as”, diz Salio.<\/p>\n

Caminh\u00f5es ‘ca\u00e7a-tempestades’<\/h2>\n

Esta \u00e9 a primeira vez que uma campanha t\u00e3o intensa \u00e9 realizada na Argentina com um grande aparato instrumental, dizem os cientistas.<\/p>\n

A pesquisa de campo come\u00e7ou no in\u00edcio de novembro e se estender\u00e1 at\u00e9 o fim de dezembro nas prov\u00edncias argentinas de C\u00f3rdoba e Mendoza.<\/p>\n

“Medimos as tempestades com radares port\u00e1teis. Esses radares permitem chegar muito perto, obter detalhes muito importantes da estrutura destes sistemas e entender como eles s\u00e3o internamente”, diz Salio, que trabalha como pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisas Cient\u00edficas e T\u00e9cnicas (Conicet ), na Argentina.<\/p>\n

Os especialistas usam caminh\u00f5es do tipo Doppler on Wheels, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, que levam os radares para medir a intensidade das tempestades.<\/p>\n

“S\u00e3o caminh\u00f5es muito pesados \u200b\u200bque transportam um radar cujo sinal permite interpretar como \u00e9 a estrutura de uma gota, que tipo de gota \u00e9, se \u00e9 granizo, se \u00e9 cristal de gelo, se \u00e9 grande ou pequena”, explicou Salio.<\/p>\n

Por que a Argentina?<\/h2>\n

A \u00e1rea dessas fortes tempestades engloba as Prov\u00edncias argentinas de C\u00f3rdoba, Chaco, Santa F\u00e9, Entre R\u00edos e Corrientes.<\/p>\n

“Essas tempestades t\u00eam uma grande carga de atividade el\u00e9trica e alcan\u00e7am grandes altitudes, podendo chegar a 19 km de altura, o que n\u00e3o \u00e9 comum. Uma tempestade t\u00edpica das plan\u00edcies centrais dos Estados Unidos, das que produzem tornados, atinge 12 km de altura, com casos muito excepcionais de 15 km “, diz Salio.<\/p>\n

E ainda n\u00e3o se sabe por que elas s\u00e3o assim e por que ocorrem na Argentina.<\/p>\n

“Estamos tentando entender por que estas tempestades extremas s\u00e3o capazes de gerar pedras gigantes de gelo, granizo de 17 ou 18 cm de di\u00e2metro. \u00c9 um absurdo”, acrescenta.<\/p>\n

Os pesquisadores explicaram que, ap\u00f3s observa\u00e7\u00f5es por sat\u00e9lite, um aspecto fundamental identificado nessas tempestades na Argentina foi que elas se formam muito rapidamente.<\/p>\n

“Al\u00e9m disso, muitas delas continuam crescendo e se transformam em grandes sistemas, por isso a partir daqui conseguimos observar diferentes aspectos e v\u00e1rias tempestades”, diz \u00e0 BBC News Mundo, Adam Varble, do programa Cacti, do Departamento de Energia dos EUA.<\/p>\n

\"Caminh\u00c3\u00a3o
Um dos caminh\u00f5es Doppler on Wheels que a equipe do projeto usa para analisar as tempestades<\/figcaption><\/figure>\n
\"Equipe
Diferentes equipes saem diariamente para monitorar tempestades em C\u00f3rdoba<\/figcaption><\/figure>\n
\"\"
De acordo com os especialistas, as tempestades que ocorrem no centro norte da Argentina s\u00e3o \u00fanicas<\/figcaption><\/figure>\n

As tempestades aqui s\u00e3o “poderosas”, observa Stephen Nesbitt.<\/p>\n

O professor do Departamento de Ci\u00eancias Atmosf\u00e9ricas da Universidade de Illinois assegura que este tipo de tempestade tamb\u00e9m ocorre na \u00c1frica Subsaariana, em partes da \u00cdndia e de Bangladesh.<\/p>\n

Mas as da Argentina “s\u00e3o as melhores” em termos de quantidade de granizo e raios, diz ele.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, ele explica que o pa\u00eds tem uma infraestrutura muito boa para estud\u00e1-las em compara\u00e7\u00e3o com os outros lugares do mundo onde essas tempestades intensas se formam.<\/p>\n

Os cientistas acreditam que os primeiros resultados dessas observa\u00e7\u00f5es provavelmente ser\u00e3o obtidos em cerca de seis meses.<\/p>\n

“O objetivo \u00e9 entender as tempestades para prev\u00ea-las melhor e gerar ferramentas para dar respostas \u00e0 popula\u00e7\u00e3o, possibilitando \u00e0s pessoas tomarem melhores decis\u00f5es”, diz Salio.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"