{"id":148436,"date":"2018-11-13T12:10:13","date_gmt":"2018-11-13T14:10:13","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=148436"},"modified":"2018-11-12T20:09:53","modified_gmt":"2018-11-12T22:09:53","slug":"os-efeitos-das-mudancas-climaticas-nos-alpes-bavaros","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/11\/13\/148436-os-efeitos-das-mudancas-climaticas-nos-alpes-bavaros.html","title":{"rendered":"Os efeitos das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas nos Alpes B\u00e1varos"},"content":{"rendered":"
\"Turistas
Alpes B\u00e1varos em setembro deste ano, m\u00eas que h\u00e1 algumas d\u00e9cadas j\u00e1 era marcado por temperaturas congelantes<\/figcaption><\/figure>\n

Trinta anos atr\u00e1s, temperaturas congelantes e as primeiras nevascas j\u00e1 eram registradas na montanha mais alta da Alemanha, a Zugspitze, no m\u00eas de setembro. Hoje, turistas vestindo shorts e camisetas ainda exploram uma paisagem pedregosa\u00a0e sem neve nessa \u00e9poca.<\/p>\n

Muita coisa mudou na montanha nas \u00faltimas tr\u00eas d\u00e9cadas, diz Toni Zwinger, de 33 anos, que cresceu na Zugspitze, no estado da Baviera, no sul da Alemanha. A fam\u00edlia dele administra\u00a0a M\u00fcnchner Haus, uma pousada a 2.959 metros de altitude, pertinho do cume, desde 1925, quando somente alpinistas intr\u00e9pidos conseguiam alcan\u00e7\u00e1-la.<\/p>\n

Quando menino, Zwinger brincava em volta das geleiras e viajava para o lado austr\u00edaco da montanha em busca de batata frita. Na \u00e9poca, ele conhecia quase todo mundo por l\u00e1, mas agora h\u00e1 muitas pessoas no cume \u2013 um fluxo constante de turistas e trabalhadores, conta, ainda usando um avental de brim azul\u00a0logo ap\u00f3s concluir mais um dia de tarefas.<\/p>\n

Os glaciares da sua inf\u00e2ncia desapareceram. O Schneeferner do Norte encolheu para apenas 25% do volume que tinha em 1950. No Schneeferner do Sul, a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 ainda pior: restam apenas 6% do antigo volume.<\/p>\n

“Este ano foi o mais quente dos \u00faltimos 25 anos”, disse Zwinger \u00e0 DW, sentado em uma sala da pousada, decorada com pain\u00e9is de madeira e vigas. “Voc\u00ea pode ver pela geleira. Est\u00e1 diminuindo.”<\/p>\n

Durante a noite, ele ouve as pedras do lado de fora se deslocando \u2013 algo que os cientistas que pesquisam as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas na Zugspitze e nas montanhas ao redor tamb\u00e9m observaram.<\/p>\n

\"Toni
Toni Zwinger, cuja fam\u00edlia opera uma pousada nos Alpes B\u00e1varos, relata efeitos das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/figcaption><\/figure>\n

\u00c0 medida que as temperaturas aumentam, o permafrost \u2013 uma camada de sedimentos, rocha ou solo que permanece congelada por mais de dois anos consecutivos e que estabiliza a rocha da montanha \u2013 tamb\u00e9m recua. Isso e o aumento das chuvas t\u00eam feito com que as rochas percam\u00a0sua estabilidade, levando a mais de mil quedas de rochas nos Alpes no ano passado, aponta Michael Krautblatter, professor de pesquisa de deslizamentos da Universidade T\u00e9cnica de Munique (TUM).<\/p>\n

“As pessoas v\u00eam aqui e esperam que eu lhes diga algo sobre o futuro”, disse Krautblatter em um hotel que virou esta\u00e7\u00e3o de pesquisa ao lado da Zugspitze. “\u00c9 s\u00f3 vir aqui e ver como o permafrost mudou nos \u00faltimos 20 anos. As mudan\u00e7as clim\u00e1ticas j\u00e1 est\u00e3o aqui.”<\/p>\n

A vista de cima<\/strong><\/p>\n

H\u00e1 mais de uma d\u00e9cada, Krautblatter visita regularmente a esta\u00e7\u00e3o Schneefernerhaus para estudar as mudan\u00e7as no permafrost dos Alpes alem\u00e3es, onde se encontra a Zugspitze.<\/p>\n

Ele e uma pequena equipe de cientistas carregam equipamentos em um pequeno telef\u00e9rico particular para uma breve pesquisa de campo na esta\u00e7\u00e3o, a qual ir\u00e1 envolver a escalada de um dos lados da montanha para instalarem equipamentos de medi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Parte do trabalho envolve colocar eletrodos dentro da rocha para medir a condutividade el\u00e9trica \u2013 onde ela n\u00e3o est\u00e1 mais congelada, a condutividade el\u00e9trica \u00e9 boa, explica Krautblatter. Isso permite que os pesquisadores vejam como o “peda\u00e7o congelado da rocha” muda com o tempo.<\/p>\n

Segundo o pesquisador, a Zugspitze registrou um aquecimento de cerca de 1 grau Celsius desde 1985. As temperaturas antes chegavam a -20 \u00b0C em janeiro, e agora atingem m\u00ednimas de apenas -10 \u00b0C ou -5 \u00b0C.<\/p>\n

“Isso n\u00e3o \u00e9 gelado o suficiente para que [o permafrost] se sustente durante o ver\u00e3o”, explica Krautblatter, que prev\u00ea que dentro de dez a 15 anos, n\u00e3o haver\u00e1 mais permafrost.<\/p>\n

Uma vertente de sua pesquisa analisa como isso provocar\u00e1 uma queda nos recursos h\u00eddricos. As previs\u00f5es de sua equipe est\u00e3o ajudando a regi\u00e3o a se adaptar \u00e0s mudan\u00e7as e a melhorar os sistemas de alerta antecipado para deslizamentos de terra.<\/p>\n

Uma s\u00e9rie de cabanas alpinas j\u00e1 come\u00e7ou a ceder \u00e0 medida que o solo sob elas se desloca, disse o pesquisador. \u00c2ncoras para telef\u00e9ricos e outras infraestruturas tamb\u00e9m precisam ser estabilizadas. Por raz\u00f5es de seguran\u00e7a, algumas rotas tradicionais de escalada tamb\u00e9m foram fechadas.<\/p>\n

“Acho que precisamos ser muito \u00e1geis na compreens\u00e3o desses sistemas de permafrost em muta\u00e7\u00e3o. Porque a \u00fanica maneira de torn\u00e1-lo seguro \u00e9 entender onde as coisas acontecem e tentar evitar a presen\u00e7a de pessoas no local”, acrescentou Krautblatter.<\/p>\n

A vista de baixo<\/strong><\/p>\n

A aldeia de Schwaigen-Grafenaschau fica a nordeste da Zugspitze. Os deslizamentos de terra sempre foram um problema para essa pequena comunidade de pouco mais de 600 pessoas, aninhada no sop\u00e9 de uma pequena montanha. Mas eles est\u00e3o se tornando mais frequentes, explica Hubert Mangold, o jovial e en\u00e9rgico prefeito da cidade, vestindo shorts jeans e uma camisa quadriculada de manga curta.<\/p>\n

Em 2016, depois de fortes chuvas, uma lenta corrente lamacenta de pedras e rochas arrasou uma \u00e1rea de 30 hectares, enterrando \u00e1rvores de 40 metros de altura, disse Mangold, falando com um forte sotaque b\u00e1varo t\u00edpico da regi\u00e3o.<\/p>\n

“Foi o maior deslizamento de lama na Alemanha. E ainda \u00e9”, disse ele, apontando para um ponto vazio no meio da encosta florestal.<\/p>\n

\"\u00c3\u0081rea
Rochas e lama aplainaram esta grande \u00e1rea de montanhas cobertas de floresta ap\u00f3s fortes chuvas em 2016<\/figcaption><\/figure>\n

Ningu\u00e9m ficou ferido no desastre, mas o epis\u00f3dio trouxe preju\u00edzos significativos para o servi\u00e7o florestal da Baviera e outros neg\u00f3cios florestais privados que operam no local. Mangold disse que as ruas atingidas pelo deslizamento de terra tamb\u00e9m tiveram que ser reparadas. Para ele, n\u00e3o h\u00e1 d\u00favida de que isso tudo foi influenciado pelas mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n

“Est\u00e1 ligado \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, n\u00e3o porque chove mais, mas porque chove mais num curto espa\u00e7o de tempo”, afirmou, acrescentando que 80 litros de chuva em 30 minutos n\u00e3o \u00e9 uma ocorr\u00eancia incomum nos dias de hoje. “N\u00e3o t\u00ednhamos essas quantidades antigamente.”<\/p>\n

Pesquisadores do vizinho Instituto de Meteorologia e Pesquisa Clim\u00e1tica, situado no popular destino alpino de f\u00e9rias de Garmisch-Partenkirchen, fizeram observa\u00e7\u00f5es semelhantes.<\/p>\n

“Tem havido uma grande influ\u00eancia sobre a neve”, disse Harald Kunstmann, professor da Universidade de Augsburg e vice-diretor do instituto. “Porque a precipita\u00e7\u00e3o que ca\u00eda antes na forma de neve no inverno agora cai na forma de chuva. Isso significa que ela n\u00e3o fica no solo, mas flui diretamente no inverno, aumentando o risco de inunda\u00e7\u00f5es.”<\/p>\n

A longa vis\u00e3o do futuro<\/strong><\/p>\n

Kunstmann tem trabalhado com modelos de computador altamente detalhados para prever como a regi\u00e3o alpina ficar\u00e1 em 2050 com as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, em parte para ajudar as comunidades a se prepararem para o que est\u00e1 por vir. At\u00e9 meados do s\u00e9culo, a regi\u00e3o dever\u00e1 registrar um aumento de 20% nas precipita\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Se o mundo continuar em seu curso atual e ultrapassar o limite de aquecimento de 2 \u00b0C acordado em Paris em 2015, isso significaria um aquecimento de 4\u00a0\u00b0C nas montanhas, afirmou Kunstmann. Historicamente, os Alpes t\u00eam se aquecido duas vezes mais r\u00e1pido do que a m\u00e9dia global. H\u00e1 uma s\u00e9rie de teorias sobre o porqu\u00ea disso, mas o professor acredita que nenhuma explique\u00a0suficientemente o fen\u00f4meno.<\/p>\n

Mas se as previs\u00f5es se concretizarem, uma coisa \u00e9 certa: os Alpes ficar\u00e3o muito diferentes no que diz respeito \u00e0 neve, aos glaciares, \u00e0s\u00a0plantas, aos animais\u00a0e \u00e0 sua pr\u00f3pria superf\u00edcie rochosa. Resta saber se estabelecimentos comerciais, como a pousada administrada pela fam\u00edlia de Zwinger h\u00e1 quase um s\u00e9culo, sobreviver\u00e3o pelos pr\u00f3ximos 30 anos.<\/p>\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Desaparecimento de geleiras, diminui\u00e7\u00e3o da neve e aumento de deslizamentos de terra s\u00e3o sinais de que o aquecimento global j\u00e1 est\u00e1 deixando marcas nos Alpes alem\u00e3es, afetando moradores e turistas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":148437,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[46,823,745],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/148436"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=148436"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/148436\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":148438,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/148436\/revisions\/148438"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/148437"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=148436"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=148436"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=148436"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}