{"id":148858,"date":"2018-11-29T12:00:22","date_gmt":"2018-11-29T14:00:22","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=148858"},"modified":"2018-11-28T23:27:43","modified_gmt":"2018-11-29T01:27:43","slug":"brasil-conseguira-equilibrar-agronegocio-e-sustentabilidade","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/11\/29\/148858-brasil-conseguira-equilibrar-agronegocio-e-sustentabilidade.html","title":{"rendered":"Brasil conseguir\u00e1 equilibrar agroneg\u00f3cio e sustentabilidade?"},"content":{"rendered":"
\"Pastos
PASTOS OCUPAM MAIS DA METADE DA \u00c1REA VOLTADA PARA A PRODU\u00c7\u00c3O DE ALIMENTOS NO BRASIL. (FOTO: ILUSTRA\u00c7\u00c3O: GUILHERME HENRIQUE)<\/figcaption><\/figure>\n

B<\/span>rasil, temos uma excelente oportunidade de neg\u00f3cios pela frente. Poderemos multiplicar a produtividade de nossa principal fonte de renda e ainda proteger a natureza.
\n\u00c9 a chance de lucrar mais enquanto regeneramos florestas, cuidamos da \u00e1gua, melhoramos a fertilidade do solo e, de quebra, ajudamos a salvar milhares de vidas. E acredite: tal perspectiva n\u00e3o \u00e9 um mero golpe de publicidade. Por\u00e9m, para entender essa oferta imperd\u00edvel \u00e9 preciso voltar um pouco no tempo.<\/p>\n

Muito antes de a Floresta Amaz\u00f4nica ter esse nome, ela n\u00e3o era um bioma intocado. Havia muita gente na regi\u00e3o, milh\u00f5es de pessoas que viviam em comunidades permeadas pela mata. Para n\u00e3o precisar caminhar quil\u00f4metros em busca de alimento, elas come\u00e7aram a plantar perto das aldeias. Terminaram cercadas por florestas cheias de cacau, batata-doce, abacaxi, mandioca, a\u00e7a\u00ed, cupua\u00e7u, castanha. Bateu a fome, era s\u00f3 dar um pulo ao supermercado org\u00e2nico pr\u00e9-hist\u00f3rico mais pr\u00f3ximo.<\/p>\n

Por meio de tentativa e erro, os ind\u00edgenas que habitavam o que seria o Brasil desenvolveram a agricultura utilizando as plantas e o ambiente ao redor.<\/p>\n

Com os portugueses veio outra agricultura, de outra regi\u00e3o, com outros vegetais. Quando boa parte do pau-brasil tinha virado tinta para tecido na Europa, foi a vez de a cana-de-a\u00e7\u00facar dominar a paisagem da Mata Atl\u00e2ntica, com gigantescos monocultivos movidos a m\u00e3os escravizadas para ado\u00e7ar os pa\u00edses mais desenvolvidos. Caf\u00e9, algod\u00e3o, milho e muita soja depois, esse modelo tornou-se convencional em todo canto.<\/p>\n

Trocar floresta por plantas ex\u00f3ticas tem suas consequ\u00eancias. O solo perde fertilidade, as plantas ficam doentes, as pragas s\u00e3o cada vez mais frequentes e a produ\u00e7\u00e3o cai. Por s\u00e9culos, o problema foi resolvido com a abertura de novas \u00e1reas. At\u00e9 que, no final da d\u00e9cada de 1960, a ci\u00eancia p\u00f4s fim \u00e0 quest\u00e3o com o pacote de fertilizantes qu\u00edmicos, pesticidas e maquin\u00e1rios pesados.<\/p>\n

Com a chamada Revolu\u00e7\u00e3o Verde, a produtividade explodiu. E o Brasil se deu bem nesse processo. Com terra e clima bons, o pa\u00eds virou uma pot\u00eancia mundial do agroneg\u00f3cio, com a pecu\u00e1ria tamb\u00e9m entrando em cena.<\/p>\n

Da Am\u00e9rica do Sul para o mundo, o Brasil \u00e9 um dos maiores exportadores de commodities agr\u00edcolas \u2014 vendas que representaram 23,5% do PIB nacional em 2017.\u00a0Temos 158 milh\u00f5es de hectares de pastos, segundo o mais recente Censo Agropecu\u00e1rio do IBGE. S\u00e3o tr\u00eas territ\u00f3rios que compreendem a Espanha dedicados para os bois. Outros 63 milh\u00f5es de hectares para planta\u00e7\u00f5es, pouco menos de uma Fran\u00e7a, sendo mais da metade (36 milh\u00f5es de hectares) para gr\u00e3os. Uma Su\u00ed\u00e7a de milho e soja. Um processo que levou 20% da Amaz\u00f4nia brasileira e 50% do Cerrado, trocados por capim e gr\u00e3os de outros cantos do mundo.<\/p>\n

Saldo negativo<\/strong>
\nCedo ou tarde, a conta chega. A vegeta\u00e7\u00e3o ret\u00e9m \u00e1gua no solo, auxilia o l\u00edquido a infiltrar-se no len\u00e7ol fre\u00e1tico para o abastecimento de nascentes e rios. As plantas ainda bombeiam a \u00e1gua de volta para a atmosfera, ciclo essencial para que o ambiente fique fresco e \u00famido. \u201cUma parte bastante desmatada no setor sul do Cerrado mostrou redu\u00e7\u00e3o de 10% nas chuvas. A vegeta\u00e7\u00e3o nativa \u00e9 importante para manter o clima mais est\u00e1vel, aumentar as chuvas e reduzir as temperaturas\u201d, afirma Carlos Nobre, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e especialista em mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n

A influ\u00eancia, por\u00e9m, vai al\u00e9m dos limites de cada bioma. \u201cA chuva que cai no inverno ao sul da Bacia do Prata tem muita rela\u00e7\u00e3o com o fluxo de vapor d\u2019\u00e1gua que sai da Amaz\u00f4nia e abastece o sistema de chuvas na regi\u00e3o.\u201d \u00c9 a floresta que envia chuva ao Sul do Brasil e a boa parte do Sudeste, da Argentina e do Uruguai.<\/p>\n

O resto do mundo tamb\u00e9m sente. \u201cN\u00e3o existe melhor tecnologia para remo\u00e7\u00e3o de carbono na atmosfera do que a fotoss\u00edntese. Ela absorve esse carbono da atmosfera e conserva na biomassa\u201d, explica Paulo Artaxo, f\u00edsico da Universidade de S\u00e3o Paulo e membro do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas da ONU.<\/p>\n

Enquanto a queima de carv\u00e3o mineral \u2014 principalmente por China e Estados Unidos \u2014 para produzir energia el\u00e9trica \u00e9 a principal respons\u00e1vel pelo aquecimento global, por aqui, com mais de 80% de energia renov\u00e1vel, a maior parte dos gases de efeito estufa (GEE) vem da troca de florestas por pastos ou lavouras.<\/p>\n

Devido ao desmatamento, cada morador de Rond\u00f4nia emitiu em 2016 uma m\u00e9dia de 74 toneladas de CO2 equivalente (o c\u00e1lculo de CO2 equivalente converte o potencial de aquecimento de todos os GEE). \u00c9 3,7 vezes mais do que um norte-americano, 2,5 vezes mais do que um australiano e 7,4 vezes mais do que um japon\u00eas. No Par\u00e1, a emiss\u00e3o foi o dobro da verificada no estado de S\u00e3o Paulo. Tudo pelas \u00e1rvores cortadas ou incendiadas, que representam dois ter\u00e7os de todos os GEE liberados pelo pa\u00eds desde 1990.<\/p>\n

Isso ocorre enquanto o mundo precisa tomar medidas dr\u00e1sticas para reduzir a emiss\u00e3o de carbono na atmosfera. Com a colabora\u00e7\u00e3o de milhares de cientistas, inclusive Nobre e Artaxo, um relat\u00f3rio lan\u00e7ado em outubro pelo IPCC alertou sobre os riscos que a humanidade corre se a temperatura subir al\u00e9m de 1,5\u00b0C em compara\u00e7\u00e3o com o in\u00edcio da Era Industrial. O Acordo de Paris j\u00e1 \u00e9 pouco: mesmo se todos os pa\u00edses cumprirem-no, segundo as novas proje\u00e7\u00f5es, a temperatura aumentar\u00e1 3\u00b0C at\u00e9 o ano de 2100. N\u00f3s e o resto do mundo precisamos ent\u00e3o reduzir drasticamente a emiss\u00e3o de CO2 e de outros gases, como o metano, at\u00e9 zer\u00e1-las por volta de 2050. Assim, talvez consigamos impedir que a temperatura ultrapasse 1,5\u00b0C. Para isso, calculam os cientistas, pelo menos 45% desse corte deve ser feito j\u00e1 em 2030.<\/p>\n

O aquecimento atual, de pouco mais de 1\u00b0C, serve como amostra gr\u00e1tis do que est\u00e1 por vir. \u201cTempestades severas est\u00e3o aumentando em todo o Brasil, mas tamb\u00e9m a seca. Tivemos essa seca hist\u00f3rica no Nordeste, de 2012 at\u00e9 2017, que continua em algumas partes, e a seca no Sudeste em 2014 e 2015\u201d, lembra Carlos Nobre.<\/p>\n

\u201cO impacto foi muito maior do que o de uma seca semelhante 50 anos atr\u00e1s. O Sudeste j\u00e1 est\u00e1 1,5\u00b0C mais quente. A evapora\u00e7\u00e3o \u00e9 muito maior, assim como a perda de \u00e1gua no solo. \u00c9 menos \u00e1gua no reservat\u00f3rio, na agricultura, no abastecimento humano\u201d, destaca.<\/p>\n

Fonte: Revista Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Diante das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, pa\u00eds ter\u00e1 um desafio que tamb\u00e9m \u00e9 uma oportunidade: adaptar seu modelo de agropecu\u00e1ria e, de quebra, cuidar do meio ambiente <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":148859,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[313,752,276,823],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/148858"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=148858"}],"version-history":[{"count":2,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/148858\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":148861,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/148858\/revisions\/148861"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/148859"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=148858"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=148858"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=148858"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}