{"id":148865,"date":"2018-11-29T11:59:52","date_gmt":"2018-11-29T13:59:52","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=148865"},"modified":"2018-11-28T23:36:05","modified_gmt":"2018-11-29T01:36:05","slug":"desistencia-do-brasil-em-sediar-evento-sobre-o-clima-gera-criticas-2","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/11\/29\/148865-desistencia-do-brasil-em-sediar-evento-sobre-o-clima-gera-criticas-2.html","title":{"rendered":"Desist\u00eancia do Brasil em sediar evento sobre o clima gera cr\u00edticas"},"content":{"rendered":"
\"Seca
SECAS S\u00c3O MAIS INTENSAS A MEDIDA QUE A TEMPERATURA AQUECE. (FOTO: DIVULGA\u00c7\u00c3O\/ GOVERNO DE NSW)<\/figcaption><\/figure>\n

A\u00a0<\/span>uma semana da 24\u00aa Confer\u00eancia das Partes (COP-24), a confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre as Mudan\u00e7as do Clima, o Programa das ONU para o Meio Ambiente d\u00e1 sua contribui\u00e7\u00e3o ao debate. Publicado anualmente desde 2010, o\u00a0Emissions Gap Report\u00a0acompanha como a humanidade est\u00e1 na caminhada para evitar o aumento da temperatura m\u00e9dia do planeta em 2 \u00baC, ou o mais prudente 1,5\u00baC, conforme concordaram os pa\u00edses no Acordo de Paris.<\/p>\n

A conclus\u00e3o vai ao encontro com as defini\u00e7\u00f5es do\u00a0Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas\u00a0em seu \u00faltimo relat\u00f3rio, mas com detalhes ainda mais alarmantes.\u00a0 Ainda \u00e9 poss\u00edvel manter o aquecimento global abaixo de 2 \u00b0 C, mas a viabilidade t\u00e9cnica de evitar o aumento m\u00e9dio da temperatura em\u00a0 1,5 \u00b0 C est\u00e1 diminuindo.<\/p>\n

Isso porque, apesar de alguns esfor\u00e7os concentrados, na escala e urg\u00eancia do problema que a humanidade tem \u00e0 frente, estamos fazendo muito, muito pouco para reverter esse quadro. Ap\u00f3s um per\u00edodo de tr\u00eas anos em que o volume total de emiss\u00f5es de gases de efeito estufa pararam de crescer, voltaram a aumentar em 2017 a ponto de\u00a0bater o recorde\u00a0de milh\u00f5es de anos atr\u00e1s, quando a vida humana n\u00e3o era poss\u00edvel.<\/p>\n

De acordo com o relat\u00f3rio, as emiss\u00f5es globais atingiram n\u00edveis hist\u00f3ricos de 53,5 gigatoneladas de CO2 e n\u00e3o apresentam sinais de que v\u00e1 deixar de subir. Dos 193 pa\u00edses reconhecidos pela ONU, apenas 57 est\u00e3o no caminho certo na meta de reverter o padr\u00e3o de emiss\u00f5es. Mas esses representam somente 60% das emiss\u00f5es.<\/p>\n

Dos pa\u00edses membros do G20, apenas Brasil, China e Jap\u00e3o est\u00e3o cumprindo com o que foi prometido no Acordo de Paris. \u00cdndia, R\u00fassia e Turquia chegam perto, com proje\u00e7\u00e3o de chegar menos de 10% abaixo da meta em 2030. J\u00e1 Argentina, Austr\u00e1lia, Canad\u00e1, Rep\u00fablica
\nda Cor\u00e9ia, Ar\u00e1bia Saudita, \u00c1frica do Sul e EUA e os 28 pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o est\u00e3o no caminho de cumprirem o que prometeram.<\/p>\n

Vale ressaltar que as promessas do Acordo de Paris n\u00e3o foram de nenhuma forma impostas. Cada pa\u00eds pode prometer o que queria, da forma que queria, fazendo as contas que queria. Assim, se o Brasil se destacou positivamente com promessas de redu\u00e7\u00f5es das emiss\u00f5es de forma ao mesmo tempo ambiciosas e realistas, os maiores emissores, como EUA e China prometeram muito pouco, e os EUA nem isso conseguem cumprir.<\/p>\n

E, mesmo se cumprissem tudo o que prometeram direitinho, o mundo chegaria ao ano2100 3\u00baC mais quente, o que na pr\u00e1tica transformaria o planeta em um lugar bem menos apto para a sobreviv\u00eancia humana.<\/p>\n

\u201c\u00c9 importante notar que um pa\u00eds que provavelmente v\u00e1 atingir seus NDCs (Contribui\u00e7\u00e3o Nacionalmente Determinada) com base nas pol\u00edticas atuais n\u00e3o est\u00e1 necessariamente assumindo uma a\u00e7\u00e3o de mitiga\u00e7\u00e3o mais rigorosa do que um pa\u00eds que n\u00e3o est\u00e1 no caminho certo\u201d, diz o relat\u00f3rio.<\/p>\n

\u201cTamb\u00e9m pode indicar que a ambi\u00e7\u00e3o do NDC atual poderia ser melhorada. Segundo o Acordo de Paris, os pa\u00edses s\u00e3o obrigados atualizar regularmente e fortalecer seus NDCs. A avalia\u00e7\u00e3o realizada nesta se\u00e7\u00e3o \u00e9 baseada em NDCs atuais, reconhecendo que eles devem ser revisados e deve ser consideravelmente refor\u00e7ado at\u00e9 2020 para reduzir emiss\u00f5es globais a n\u00edveis consistentes com a limita\u00e7\u00e3o global aquecimento abaixo de 2\u00b0 C ou 1,5\u00b0 C at\u00e9 2030.\u201d<\/p>\n

Uma atualiza\u00e7\u00e3o pode acontecer a partir da pr\u00f3xima semana, quando representantes de pa\u00edses de todo o mundo v\u00e3o se reunir na cidade de Katowice, na Pol\u00f4nia, em uma reuni\u00e3o que serve justamente para isso, a COP-24. Para os autores n\u00e3o h\u00e1 d\u00favida: a ambi\u00e7\u00e3o das na\u00e7\u00f5es devem ser tr\u00eas vezes maior caso se queiramos evitar o aumento da temperatura em 2\u00baC, e cinco vezes em 1,5\u00baC.<\/p>\n

O relat\u00f3rio do\u00a0IPCC\u00a0concluiu que, mesmo se conseguirmos limitar o aumento da temperatura em 1,5\u00baC, a gente n\u00e3o vai passar ileso. A agricultura perde produtividade, acarretando aumento dos pre\u00e7os dos alimentos, inseguran\u00e7a alimentar e fome. Fortes ondas de calor e inunda\u00e7\u00f5es costeiras podem obrigar deslocamentos de popula\u00e7\u00f5es. Mais de 100 milh\u00f5es de pessoas podem entrar para a pobreza. No entanto, aquecer \u201csomente\u201d 1,5\u00baC evitariam chegarmos no final do s\u00e9culo com 25 milh\u00f5es de pessoas subnutridas a mais no mundo.<\/p>\n

“Se o relat\u00f3rio do IPCC representou um alarme de inc\u00eandio global, este relat\u00f3rio \u00e9 a investiga\u00e7\u00e3o incendi\u00e1ria”, disse Joyce Msuya, vice-diretora executiva da ONU para o meio ambiente. \u201cA ci\u00eancia \u00e9 clara; Por toda a ambiciosa a\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica que temos visto, os governos precisam agir com mais rapidez e urg\u00eancia. Estamos alimentando esse fogo enquanto os meios para extingui-lo est\u00e3o ao alcance.\u201d<\/p>\n

O oitavo Emissions Gap Report foi preparado por uma equipe internacional de cientistas de renome, avaliando todas as informa\u00e7\u00f5es dispon\u00edveis, incluindo aquelas publicadas no contexto do Relat\u00f3rio Especial do IPCC, bem como em outros estudos cient\u00edficos recentes. Juntos, debateram caminhos que possam impulsionar a urg\u00eante transi\u00e7\u00e3o do planeta para uma economia de baixo carbono.<\/p>\n

A conclus\u00e3o, \u00e9 claro, foi apelar para o bolso. \u201cQuando os governos adotam medidas de pol\u00edtica fiscal para subsidiar alternativas de baixa emiss\u00e3o e tributar combust\u00edveis f\u00f3sseis, eles podem estimular os investimentos certos no setor energ\u00e9tico e reduzir significativamente as emiss\u00f5es de carbono”, disse Jian Liu, cientista-chefe do Departamento de Meio Ambiente da ONU.<\/p>\n

\u201cFelizmente, o potencial de usar a pol\u00edtica fiscal como um incentivo \u00e9 cada vez mais reconhecido, com 51 iniciativas de precifica\u00e7\u00e3o de carbono agora em vigor ou programadas, cobrindo cerca de 15% das emiss\u00f5es globais\u201d, continuou Liu. \u201cSe todos os subs\u00eddios aos combust\u00edveis f\u00f3sseis fossem eliminados, as emiss\u00f5es globais de carbono poderiam ser reduzidas em at\u00e9 10% at\u00e9 2030. Definir o pre\u00e7o correto do carbono tamb\u00e9m \u00e9 essencial. A US $ 70 por tonelada de CO\u00b2, redu\u00e7\u00f5es de emiss\u00f5es de at\u00e9 40% s\u00e3o poss\u00edveis em alguns pa\u00edses\u201d.<\/p>\n

Fonte: Revista Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"