{"id":149120,"date":"2018-12-10T12:00:09","date_gmt":"2018-12-10T14:00:09","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=149120"},"modified":"2018-12-09T22:36:25","modified_gmt":"2018-12-10T00:36:25","slug":"brasileiros-que-ja-sofrem-com-a-mudanca-do-clima-sao-tema-de-documentario","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/12\/10\/149120-brasileiros-que-ja-sofrem-com-a-mudanca-do-clima-sao-tema-de-documentario.html","title":{"rendered":"Brasileiros que j\u00e1 sofrem com a mudan\u00e7a do clima s\u00e3o tema de document\u00e1rio"},"content":{"rendered":"
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(FOTO: REPRODU\u00c7\u00c3O)<\/figcaption><\/figure>\n

M<\/span>uito se fala sobre o futuro catastr\u00f3fico que nos espera caso a humanidade n\u00e3o tome medidas dr\u00e1sticas para limitar a emiss\u00e3o de gases de efeito estufa e conter o aumento da temperatura. O que nem todo mundo se d\u00e1 conta, por\u00e9m, \u00e9 que as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas j\u00e1 s\u00e3o uma realidade, presente na vida de brasileiros da cidade e do campo em diferentes regi\u00f5es do pa\u00eds.<\/p>\n

Seis dessas hist\u00f3rias ilustram o document\u00e1rio \u201cAmanh\u00e3 \u00e9 Hoje – O Drama de Brasileiros Impactados pelas Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas\u201d, lan\u00e7ado nesta quinta-feira (6\/12) no Espa\u00e7o Brasil da\u00a0COP-24<\/a>, a Confer\u00eancia do Clima da ONU, que est\u00e1 sendo realizada em Katowice, na Pol\u00f4nia.<\/p>\n

S\u00e3o relatos como o da agricultora Maria Jos\u00e9 Pereira da Rocha, de S\u00e3o Jos\u00e9 do Egito, em Pernambuco, que conviveu com uma seca que durou seis anos. \u201cFoi a pior seca que eu j\u00e1 vivi. Por mais que no sert\u00e3o a aridez seja comum, conseguimos aguentar por um ano. Outra, bem diferente, \u00e9 uma estiagem que dure seis anos\u201d, disse.<\/p>\n

\u201cN\u00e3o temos nenhuma condi\u00e7\u00e3o de nos preparar para isso. N\u00e3o morremos porque minha casa tem cisterna, abastecida a cada dois dias por carros pipas\u201d, continuou a agricultora de 37 anos. \u201cAqui na minha terra as plantas n\u00e3o resistiram. N\u00e3o tinha o que dar para alimentar os animais e ningu\u00e9m queria os bichos nem de gra\u00e7a. Vi muitas ovelhas morrerem.\u201d<\/p>\n

J\u00e1 para Celiana Cypcwyk Krikati, moradora e chefe brigadista de inc\u00eandio da Terra Ind\u00edgena Krikati, no Maranh\u00e3o, o fogo \u00e9 o problema. \u201cUm inc\u00eandio queimou 60% da nossa terra. Como as chuvas diminu\u00edram e o calor aumentou, a chama se espalhou r\u00e1pido. As lideran\u00e7as decidiram criar uma brigada ind\u00edgena volunt\u00e1ria para proteger a comunidade e o territ\u00f3rio. Fui a \u00fanica mulher escolhida e me tornei a chefe da brigada.\u201d<\/p>\n

\u201cSem recursos, chegamos a combater o fogo de chinelos\u201d, conta Krikati, que tem 21 anos. \u201cPara alcan\u00e7ar alguns focos de inc\u00eandio, \u00e0s vezes caminhamos dentro do territ\u00f3rio por dias porque n\u00e3o temos viaturas. Fico com medo \u2014 tenho uma filha pequena \u2014 , mas tenho mais medo ainda de ela n\u00e3o ter uma terra protegida para crescer.\u201d<\/p>\n

\"Celiana
CELIANA KRIKATI, UMA DAS ENTREVISTADAS PARA O DOCUMENT\u00c1RIO (FOTO: DIVULGA\u00c7\u00c3O)<\/figcaption><\/figure>\n

Patricia Amado, microempres\u00e1ria da cidade de Santos, observa da janela de casa as mudan\u00e7as no clima. \u201cMoro na beira da praia h\u00e1 20 anos. Nesse tempo, vi as ressacas chegarem cada vez mais fortes e frequentes. Lembro que em 2005 a \u00e1gua entrou na garagem do pr\u00e9dio e tentei salvar meu carro. As luzes foram cortadas, s\u00f3 conseguia sentir o cheiro e o barulho da \u00e1gua invadindo tudo.\u201d<\/p>\n

Amado continuou: \u201cDez anos depois, veio outra ressaca, mais forte ainda. A \u00e1gua inundou a garagem toda de novo e alcan\u00e7ou a portaria do pr\u00e9dio, quebrando v\u00e1rios vidros. Das duas vezes, perdi um carro. Depois da \u00faltima ressaca, decidi que n\u00e3o teria mais autom\u00f3vel enquanto vivesse aqui.\u201d<\/p>\n

Esses s\u00e3o apenas alguns exemplos abordados no document\u00e1rio, que ainda lembra da\u00a0 comunidade cai\u00e7ara centen\u00e1ria do litoral paulista obrigada a mudar de lugar em raz\u00e3o eros\u00e3o causada pelo avan\u00e7o do mar; do comerciante fluminense que testemunhou seu neg\u00f3cio ser destru\u00eddo pelas chuvas e deslizamentos que deixou centenas de mortos em Friburgo (RJ), em 2011; e do produtor de ostras catarinense penalizado pelo aumento da temperatura do mar.<\/p>\n

O document\u00e1rio, dirigido por Thais Lazzeri, \u00e9 uma realiza\u00e7\u00e3o coletiva da\u00a0 Articula\u00e7\u00e3o dos Povos Ind\u00edgenas do Brasil (Apib), Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Engajamundo, Greenpeace, Instituto Alana e Instituto Socioambiental (ISA).<\/p>\n

A pedido das organiza\u00e7\u00f5es, o professor de Economia da USP Ricardo Abramovay, do pesquisador Carlos Souza, do Imazon, e do climatologista Jos\u00e9 Marengo, do INPE, al\u00e9m de contribu\u00edrem com depoimentos para o document\u00e1rio, prepararam dois trabalhos in\u00e9ditos.<\/p>\n

Em “A Amazo\u0302nia precisa de uma economia do conhecimento da natureza”, de Ricardo Abramovay, do Instituto de Energia e Ambiente da USP., e “Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas: impactos e cen\u00e1rios para a Amaz\u00f4nia”, de Jos\u00e9 Marengo, do INPE e Carlos Souza Jr., do Imazon, os especialistas revelam como o desmatamento, em especial da Amaz\u00f4nia, agrava os impactos do clima na produ\u00e7\u00e3o agropecu\u00e1ria, no fornecimento de \u00e1gua do pa\u00eds, na emiss\u00e3o de gases de efeito estufa, nos inc\u00eandios florestais, entre outros, afetando ainda mais brasileiros.<\/p>\n

Fonte: Revista Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"