{"id":149533,"date":"2019-01-04T12:01:16","date_gmt":"2019-01-04T14:01:16","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=149533"},"modified":"2019-01-03T20:54:26","modified_gmt":"2019-01-03T22:54:26","slug":"por-que-o-taj-mahal-corre-o-risco-de-desaparecer","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/01\/04\/149533-por-que-o-taj-mahal-corre-o-risco-de-desaparecer.html","title":{"rendered":"Por que o Taj Mahal corre o risco de desaparecer"},"content":{"rendered":"
\"Fotografia
Taj Mahal, a constru\u00e7\u00e3o mais famosa da \u00cdndia, pode desaparecer<\/figcaption><\/figure>\n

Shamshuddin Khan organiza visitas para o Taj Mahal, na\u00a0\u00cdndia, h\u00e1 mais de 30 anos e foi guia tur\u00edstico de mais de 50 chefes de Estado de todo o mundo. Durante esse tempo, viu seu cabelo embranquecer e o Taj Mahal ficar mais escuro. Ao se aproximar da constru\u00e7\u00e3o, Khan mostra as rachaduras e o m\u00e1rmore danificado da edifica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

“H\u00e1 momentos vergonhosos, em que os turistas estrangeiros me perguntam porque o Taj Mahal n\u00e3o \u00e9 mantido como deveria. Tamb\u00e9m nos perguntam por que est\u00e1 perdendo sua cor e brilho. N\u00f3s, os guias, n\u00e3o temos as respostas”, diz Khan.<\/p>\n

O Taj Mahal \u00e9 um dos principais pontos tur\u00edsticos da \u00cdndia. De 2010 a 2015, recebeu entre quatro e seis milh\u00f5es de turistas, segundo o Minist\u00e9rio de Turismo e Cultura do pa\u00eds. Foi constru\u00eddo na cidade de Agra, no s\u00e9culo 17, pelo imperador Shah Jahan. Era um mausol\u00e9u para sua rainha favorita, Mumtaz Mahal, que morreu ao dar \u00e0 luz o d\u00e9cimo quarto filho do casal.<\/p>\n

Para construir o edif\u00edcio, o imperador encomendou m\u00e1rmore do Rajast\u00e3o, que tem uma caracter\u00edstica singular: parece rosa pela manh\u00e3, branco \u00e0 tarde e leitoso \u00e0 noite.<\/p>\n

Problemas estruturais<\/h2>\n

Mas o Taj Mahal come\u00e7ou a perder seu brilho. Suas funda\u00e7\u00f5es est\u00e3o danificadas e as rachaduras est\u00e3o cada vez maiores e mais produndas na c\u00fapula de m\u00e1rmore do monumento. Diz-se que as partes superiores dos minaretes est\u00e3o \u00e0 beira do colapso. No come\u00e7o deste ano, ventos fortes provocaram a queda de dois pilares do lado exterior.<\/p>\n

Em julho de 2018, o ambientalista e advogado MC Mehta apresentou uma peti\u00e7\u00e3o para o Supremo Tribunal da \u00cdndia solicitando novos esfor\u00e7os para salvar o Taj Mahal. Os ju\u00edzes concordaram e ordenaram audi\u00eancias peri\u00f3dicas com os respons\u00e1veis pela conserva\u00e7\u00e3o do edif\u00edcio.<\/p>\n

A corte criticou a letargia dos funcion\u00e1rios p\u00fablicos a respeito do destino da constru\u00e7\u00e3o mais famosa da \u00cdndia. “O Taj Mahal deve ser protegido. Por\u00e9m, se a indiferen\u00e7a dos funcion\u00e1rios continua, ent\u00e3o, deve fechar. Inclusive, se as coisas n\u00e3o forem feitas corretamente, as autoridades deveriam demol\u00ed-lo”, disse a senten\u00e7a.<\/p>\n

Se por um lado muito poucos est\u00e3o dispostos a tolerar a demoli\u00e7\u00e3o do Taj Mahal, por outro lado a mera men\u00e7\u00e3o desta ideia pelo Supremo Tribunal indica que h\u00e1 uma verdadeira interroga\u00e7\u00e3o sobre seu futuro.<\/p>\n

\"Algumas
Algumas estruturas externas do Taj Mahal, do lado oposto do jardim, foram destru\u00eddas por ventos fortes<\/figcaption><\/figure>\n

Polui\u00e7\u00e3o do ar, chuva \u00e1cida e mudan\u00e7a de cor do Taj Mahal<\/h2>\n

A peti\u00e7\u00e3o que MC Mehta entregou ao Supremo Tribunal este ano n\u00e3o foi a primeira. Desde meados dos anos 1980, o ambientalista e advogado tem cobrado as autoridades indianas para que tomem medidas para preservar o Taj Mahal.<\/p>\n

Naquela \u00e9poca, os ambientalistas estavam particularmente preocupados com uma refinaria de petr\u00f3leo em Mathura, a 50 quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia, que havia come\u00e7ado a funcionar na d\u00e9cada de 1970. Em 1978, um comit\u00ea de especialistas que estudou a qualidade do ar em Agra e seus arredores descobriu n\u00edveis substanciais de di\u00f3xido de enxofre na atmosfera.<\/p>\n

Al\u00e9m do dano para a sa\u00fade p\u00fablica, esta contamina\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m era danosa para o Taj Mahal. O di\u00f3xido de enxofre, junto com outros poluentes, se combina com a umidade na atmosfera, provocando a chuva \u00e1cida.<\/p>\n

Um relat\u00f3rio elaborado pela Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para a Educa\u00e7\u00e3o, a Ci\u00eancia e a Cultura (Unesco) para o governo indiano descobriu que o monumento estava se tornando amarelo devido a “part\u00edculas suspensas e poeira na superf\u00edcie”.<\/p>\n

A amea\u00e7a ao Taj Mahal n\u00e3o prov\u00e9m apenas do ar, mas tamb\u00e9m da \u00e1gua. O trecho do rio Yamuna que passa por Agra \u00e9 um dos canais mais contaminados do mundo. “As ind\u00fastrias ao longo do rio, desde Delhi at\u00e9 Agra, est\u00e3o despejando seus res\u00edduos qu\u00edmicos diretamente no rio”, afirma o ambientalista local Brij Khandelwal.<\/p>\n

Khandelwal ressalta ainda que o esgoto de Agra vai diretamente para o Yamuna, sem nenhum tratamento. Nessas condi\u00e7\u00f5es, os peixes n\u00e3o conseguem sobreviver. Assim, moscas, mosquitos e outros insetos que normalmente seriam comidos pelos peixes acabam proliferando sobre a \u00e1gua suja e infestam o entorno do Taj Mahal.<\/p>\n

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A regi\u00e3o onde fica o Taj Mahal enfrenta um s\u00e9rio problema de polui\u00e7\u00e3o do ar<\/figcaption><\/figure>\n

Falta de \u00e1gua pode prejudicar funda\u00e7\u00f5es<\/h2>\n

Outro problema \u00e9 a falta de \u00e1gua. As funda\u00e7\u00f5es do Taj Mahal est\u00e3o localizadas sobre 180 po\u00e7os de \u00e1gua e bases de madeira, que requerem \u00e1gua durante todo o ano. Se a base n\u00e3o for regada durante todo o ano, a madeira abaixo eventualmente se secar\u00e1, apodrecer\u00e1 e se romper\u00e1.<\/p>\n

Mas o que explica a falta de \u00e1gua? Quando o Taj Mahal foi constru\u00eddo, a maioria dos neg\u00f3cios e das viagens eram feitos ao longo do rio. Por\u00e9m, \u00e0 medida que a popula\u00e7\u00e3o crescia e as ind\u00fastrias floresciam, foram constru\u00eddas represas no Yamuna, reduzindo o fluxo do rio. “O rio Yamuna, que flui atrav\u00e9s do Himalaia, encolhe e se torna um fio d’\u00e1gua no momento em que atinge Agra”, diz o ambientalista Khandelwal.<\/p>\n

Assim, adverte Khandelwal, para salvar o Taj Mahal, o Yamuna precisaria retomar seus n\u00edveis originais. “Se s\u00f3 a c\u00fapula (do Taj Mahal) pesa 12,5 mil toneladas, podemos imaginar quanto pode pesar o restante da constru\u00e7\u00e3o. As funda\u00e7\u00f5es de um edif\u00edcio t\u00e3o pesado deveriam ser sempre fortes”, afirmou.<\/p>\n

\"Ilustra\u00e7\u00e3o
Ilustra\u00e7\u00e3o mostra o funcionamento das funda\u00e7\u00f5es do Taj Mahal, acima de po\u00e7os de \u00e1gua<\/figcaption><\/figure>\n
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O mausol\u00e9u foi constru\u00eddo nas margens do rio Yamuna para garantir que suas funda\u00e7\u00f5es permanecessem \u00famidas, mas hoje o rio est\u00e1 praticamente seco<\/figcaption><\/figure>\n

Justi\u00e7a imp\u00f4s restri\u00e7\u00f5es, mas efeitos foram poucos<\/h2>\n

Em 1984, Mehta apresentou uma peti\u00e7\u00e3o para o Supremo Tribunal, argumentando que as fundi\u00e7\u00f5es, as ind\u00fastrias qu\u00edmicas e as refinarias eram a causa principal da descolora\u00e7\u00e3o do Taj Mahal.<\/p>\n

Nove anos depois, o Supremo Tribunal anunciou que estava de acordo e elaborou uma lista de medidas para reduzir a contamina\u00e7\u00e3o da regi\u00e3o. Foram aprovados pedidos para fechar todas as ind\u00fastrias poluentes ao redor de Agra, especialmente aquelas muito pr\u00f3ximas ao Taj Mahal.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, as empresas que operam na cidade e cercanias foram obrigadas a usar apenas g\u00e1s natural como combust\u00edvel. O uso de carv\u00e3o foi tornado ilegal. Tamb\u00e9m foi imposta uma proibi\u00e7\u00e3o a ve\u00edculos e equipamentos movidos a diesel. E foi proibido levar b\u00fafalos para o Yamuna, bem como lavar roupas em suas \u00e1guas.<\/p>\n

J\u00e1 em 1998, o Supremo Tribunal estabeleceu uma \u00e1rea de exclus\u00e3o especial, para manter a ind\u00fastria pesada a certa dist\u00e2ncia do monumento.<\/p>\n

Mas Mehta afirma que as autoridades n\u00e3o seguiram as ordens do Supremo Tribunal. “Infelizmente, nada mudou e tive de bater \u00e0 porta do Supremo Tribunal novamente”.<\/p>\n

O uso de ve\u00edculos a diesel, por exemplo, continuou. O gado tamb\u00e9m continuou banhando-se no rio Yamuna e as roupas seguiram sendo lavadas ali.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, fuma\u00e7a, p\u00f3 e poluentes t\u00f3xicos das ind\u00fastrias de Agra e arredores continuaram sendo despejados no ar e no rio Yamuna, fazendo a contamina\u00e7\u00e3o crescer a n\u00edveis alarmantes. Propriet\u00e1rios das ind\u00fastrias locais chegaram a formar uma organiza\u00e7\u00e3o com o slogan: “Eliminar o Taj, salvar a ind\u00fastria”.<\/p>\n

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Desde os anos 1980, o ambientalista e advogado indiano MC Mehta vem apelando \u00e0 Supremo Tribunal do seu pa\u00eds para salvar o Taj Mahal<\/figcaption><\/figure>\n

Tentativas de preservar o Taj Mahal<\/h2>\n

O Supremo Tribunal confiou a tarefa de conservar o Taj Mahal a K Mohan Rao, o prefeito da cidade. Rao afirma que est\u00e3o sendo tomadas medidas para fazer frente \u00e0 quantidade de lixo que emana dos canais e nas casas da cidade.<\/p>\n

“Est\u00e3o sendo instaladas unidades de tratamento de \u00e1guas residuais”, afirma. Segundo ele, h\u00e1 propostas para transformar Agra em uma “cidade inteligente”, o que implica uma renova\u00e7\u00e3o completa na infraestrutura.<\/p>\n

Khandelwal e Mehta, no entanto, n\u00e3o est\u00e3o contentes com o programa de conserva\u00e7\u00e3o do Servi\u00e7o Arqueol\u00f3gico da \u00cdndia, que restaura o Taj Mahal com uma camada de lama que supostamente absorve a sujeira que descolore as paredes da constru\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Segundo os dois ativistas, para restaurar a gl\u00f3ria do Taj Mahal seria preciso estudar como foi feita a conserva\u00e7\u00e3o da infraestrutura durante o imp\u00e9rio mongol e o reinado brit\u00e2nico na \u00cdndia. Para isso, seria preciso recuperar o rio Yamuna.<\/p>\n

Por\u00e9m, depois de tantas d\u00e9cadas dedicadas \u00e0 preserva\u00e7\u00e3o do Taj Mahal, Mehta diz que tem poucas esperan\u00e7as de que o monumento seja salvo. \u00c0 medida que as funda\u00e7\u00f5es enfraquecem, Mehta se preocupa que um dia reste apenas a lembran\u00e7a.<\/p>\n

“O Supremo Tribunal j\u00e1 pediu que tantas ag\u00eancias realizassem estudos sobre como salvar o Taj Mahal. Essas ag\u00eancias, ent\u00e3o, apresentaram suas descobertas de tempos em tempos. E a Justi\u00e7a tem emitido ordem atr\u00e1s de ordem. Mas, infelizmente, as autoridades n\u00e3o s\u00e3o s\u00e9rias. Eu j\u00e1 estou envelhecendo, mas seguirei lutando”, diz Mehta.<\/p>\n

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A polui\u00e7\u00e3o do ar e da \u00e1gua prejudica o Taj Mahal<\/figcaption><\/figure>\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Shamshuddin Khan organiza visitas para o Taj Mahal, na \u00cdndia, h\u00e1 mais de 30 anos e foi guia tur\u00edstico de mais de 50 chefes de Estado de todo o mundo. Durante esse tempo, viu seu cabelo embranquecer e o Taj Mahal ficar mais escuro. Ao se aproximar da constru\u00e7\u00e3o, Khan mostra as rachaduras e o m\u00e1rmore danificado da edifica\u00e7\u00e3o. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":149534,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[2099,91,2776],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/149533"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=149533"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/149533\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":149535,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/149533\/revisions\/149535"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/149534"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=149533"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=149533"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=149533"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}