{"id":150107,"date":"2019-01-31T12:00:28","date_gmt":"2019-01-31T14:00:28","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=150107"},"modified":"2019-01-30T22:25:39","modified_gmt":"2019-01-31T00:25:39","slug":"tragedia-em-brumadinho-o-que-significa-na-pratica-a-decisao-da-vale-de-acabar-com-barragens-como-a-que-desmoronou","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/01\/31\/150107-tragedia-em-brumadinho-o-que-significa-na-pratica-a-decisao-da-vale-de-acabar-com-barragens-como-a-que-desmoronou.html","title":{"rendered":"Trag\u00e9dia em Brumadinho: O que significa, na pr\u00e1tica, a decis\u00e3o da Vale de acabar com barragens como a que desmoronou"},"content":{"rendered":"
\"Trag\u00c3\u00a9dia
Barragem que rompeu era “a montante” – \u00e9 um m\u00e9todo considerado mais barato, mas \u00e9 tamb\u00e9m o menos seguro<\/figcaption><\/figure>\n

A decis\u00e3o da mineradora Vale de paralisar opera\u00e7\u00f5es de explora\u00e7\u00e3o de min\u00e9rio e desativar dez barragens que usam m\u00e9todo de armazenamento de rejeitos similar ao da mina C\u00f3rrego do Feij\u00e3o, que rompeu na semana passada em\u00a0Brumadinho\u00a0(MG), foi classificada pelo presidente da empresa, F\u00e1bio Schvartsman, de “plano definitivo” e “dr\u00e1stico”.<\/p>\n

A medida prev\u00ea, na pr\u00e1tica, aposentar o m\u00e9todo de barragem a montante – igual \u00e0 de Brumadinho, que \u00e9 considerado mais barato e de licenciamento mais f\u00e1cil, mas tamb\u00e9m o menos seguro. Nele, os alteamentos (ou seja, a amplia\u00e7\u00e3o da estrutura de conten\u00e7\u00e3o) s\u00e3o feitos com o pr\u00f3prio rejeito.<\/p>\n

Barragens s\u00e3o estruturas que cont\u00eam rejeitos de opera\u00e7\u00f5es de beneficiamento de min\u00e9rio de ferro, feitas com o uso de \u00e1gua e produtos qu\u00edmicos. Para ampliar a capacidade de armazenamento dessas estruturas h\u00e1 tr\u00eas tipos de m\u00e9todos mais comuns: al\u00e9m da montante, h\u00e1 a jusante – que usa outros materiais, como pedras e argila para conter os rejeitos – e linha de centro – que \u00e9 uma mescla dos dois m\u00e9todos.<\/p>\n

“(A decis\u00e3o da Vale) significa que eles ir\u00e3o usar apenas barragens com alteamento pelos m\u00e9todos de linha de centro e jusante. Al\u00e9m disso, v\u00e3o partir para deslamagem e para t\u00e9cnicas alternativas”, afirma o engenheiro e professor da Universidade Federal de Vi\u00e7osa (UFV), Eduardo Marques.<\/p>\n

No entanto, a medida n\u00e3o \u00e9 imediata e ainda depende de licenciamento ambiental. Segundo Schvartsman, os processos de interrup\u00e7\u00e3o e desativa\u00e7\u00e3o j\u00e1 est\u00e3o prontos e ser\u00e3o enviados para licenciamento do \u00f3rg\u00e3o ambiental nos pr\u00f3ximos 45 dias. Se aprovados, devem durar de um a tr\u00eas anos.<\/p>\n

A decis\u00e3o da empresa tampouco a deixa imune a novos acidentes – apesar de ter conseguido autoriza\u00e7\u00e3o para expandir a opera\u00e7\u00e3o em dezembro do ano passado, a barragem de Brumadinho n\u00e3o recebia rejeitos desde 2015 e, ainda assim, virou o mar de lama que deixou centenas de desaparecidos e, at\u00e9 a tarde desta quarta-feira, 99 mortos.<\/p>\n

A opera\u00e7\u00e3o de desativa\u00e7\u00e3o das barragens precisa ser revista, monitorada e fiscalizada com rigor, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.<\/p>\n

\"Trag\u00c3\u00a9dia
Trag\u00e9dia em Brumadinho deixou dezenas de mortos e centenas de desaparecidos<\/figcaption><\/figure>\n

Apesar de serem mais seguros, os m\u00e9todos a jusante e linha de centro podem causar impacto ambiental maior na hora da constru\u00e7\u00e3o, com, por exemplo, maiores \u00e1reas desmatadas.<\/p>\n

Para a engenheira Rafaela Bald\u00ed, a decis\u00e3o da Vale n\u00e3o necessariamente leva a mais seguran\u00e7a.<\/p>\n

Segundo ela, prevalece “o entendimento equivocado de que banir um m\u00e9todo resolve um acidente ou v\u00e1rios”.<\/p>\n

Bald\u00ed diz que barragens de rejeitos que usam o m\u00e9todo montante registraram mais acidentes que as que fizeram o alteamento com base nos outros dois m\u00e9todos. Mas, segundo a engenheira, n\u00e3o se tem informa\u00e7\u00f5es sobre maioria dos 268 acidentes catalogados entre 1910 e 2001 – n\u00e3o se sabe, portanto, se essas barragens eram ou n\u00e3o do modelo a montante.<\/p>\n

Ela cita o levantamento do Comit\u00ea Internacional de Barragens de Grande Porte (ICOLD, na sigla em ingl\u00eas) contabilizou 87 acidentes em barragens a montante, 27 a jusante e 11 por linha de centro. H\u00e1 ainda 110 casos sem informa\u00e7\u00e3o e outros contabilizados como reten\u00e7\u00e3o de \u00e1gua.<\/p>\n

“A falta de investiga\u00e7\u00e3o, de informa\u00e7\u00f5es e de li\u00e7\u00f5es apendidas ainda s\u00e3o os maiores vil\u00f5es da geotecnia”, diz Rafaela Bald\u00ed.<\/p>\n

A engenheira afirma que todos os m\u00e9todos t\u00eam risco se mal projetados, executados e monitorados – e igualmente podem ser seguros se bem feitos e fiscalizados. E, ainda segundo ela, \u00e9 melhor investir em produ\u00e7\u00e3o de informa\u00e7\u00e3o e de conhecimento sobre causas de acidentes em vez de banir um ou outro m\u00e9todo de represamento de res\u00edduos.<\/p>\n

Impacto econ\u00f4mico<\/h2>\n

O processo de paralisa\u00e7\u00e3o da produ\u00e7\u00e3o e do uso das barragens tamb\u00e9m representa impacto econ\u00f4mico para a empresa. A opera\u00e7\u00e3o deve custar cerca de R$ 5 bilh\u00f5es.<\/p>\n

Ao descontinuar as barragens similares \u00e0 que rompeu em Brumadinho, a Vale afirma que vai cortar at\u00e9 10% da produ\u00e7\u00e3o de min\u00e9rio por ano, o equivalente a 40 milh\u00f5es de toneladas.<\/p>\n

Ao mesmo tempo, a decis\u00e3o de mudar o m\u00e9todo de estocagem de rejeitos pode representar tamb\u00e9m novos tipos de neg\u00f3cios para a Vale.<\/p>\n

\"Bombeiros
Centenas de pessoas seguem desaparecidas, segundo o Corpo de Bombeiros<\/figcaption><\/figure>\n

O professor da UFV Eduardo Marques lembra que, pouco antes do rompimento da barragem em Brumadinho, a Vale tinha anunciado a compra de uma empresa brasileira que desenvolve novas formas de minera\u00e7\u00e3o, entre elas a seco – o que elimina a necessidade de barragens para conter os res\u00edduos fruto do processo de beneficiamento que usa \u00e1gua.<\/p>\n

A New Steel, startup brasileira que usa separadores magn\u00e9ticos para beneficiar o min\u00e9rio, foi comprada por US$ 500 milh\u00f5es ( R$ 1,9 bilh\u00e3o) em um neg\u00f3cio anunciado em dezembro e autorizado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econ\u00f4mica (Cade).<\/p>\n

A empresa tamb\u00e9m desenvolve uso alternativo para os rejeitos – entre eles, na constru\u00e7\u00e3o civil.<\/p>\n

E as outras barragens?<\/h2>\n

N\u00e3o h\u00e1 garantia, contudo, que outras mineradoras que operam usando a mesma t\u00e9cnica de barragem v\u00e3o adotar as mesmas medidas que a Vale.<\/p>\n

Press\u00e3o n\u00e3o falta. Depois que a barragem da mina do Fund\u00e3o se rompeu em Mariana, h\u00e1 tr\u00eas anos, o Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal em Minas Gerais enviou uma recomenda\u00e7\u00e3o \u00e0 Ag\u00eancia Nacional de Minera\u00e7\u00e3o, o antigo Departamento Nacional de Produ\u00e7\u00e3o Mineral, para que n\u00e3o autorizasse mais novas barragens a montante no Brasil, alegando que a t\u00e9cnica \u00e9 insegura.<\/p>\n

Uma portaria chegou a ser publicada na tentativa de dificultar novos empreendimentos, mas pouco foi feito para tratar das barragens em opera\u00e7\u00e3o ou j\u00e1 desativadas.<\/p>\n

Na Assembleia Legislativa de Minas, est\u00e1 parado o projeto de lei que prop\u00f5e endurecer as regras de licenciamento para barragens de minera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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