{"id":150330,"date":"2019-02-11T01:10:12","date_gmt":"2019-02-11T03:10:12","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=150330"},"modified":"2019-02-10T22:34:29","modified_gmt":"2019-02-11T00:34:29","slug":"abelhas-sabem-fazer-contas-de-matematica-estudo-mostra-que-sim","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/02\/11\/150330-abelhas-sabem-fazer-contas-de-matematica-estudo-mostra-que-sim.html","title":{"rendered":"Abelhas sabem fazer contas de matem\u00e1tica? estudo mostra que sim"},"content":{"rendered":"
\"Abelhas
ABELHAS PASSAM POR ESTUDO ONDE S\u00c3O TESTADAS A REALIZAR OPERA\u00c7\u00d5ES ARTM\u00c9TICAS (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)<\/figcaption><\/figure>\n

U<\/span>ma humilde abelha pode utilizar s\u00edmbolos para realizar algumas opera\u00e7\u00f5es b\u00e1sicas de matem\u00e1tica como a adi\u00e7\u00e3o e a subtra\u00e7\u00e3o, mostra novo estudo publicado na revista cient\u00edfica\u00a0Science Advances.<\/p>\n

Apesar de terem um c\u00e9rebro com um pouco menos de um milh\u00e3o de neur\u00f4nios, as abelhas mostraram recentemente que podem lidar com problemas complexos \u2014 como por exemplo entender o\u00a0conceito do zero.<\/p>\n

As abelhas s\u00e3o um modelo valioso para explorar quest\u00f5es sobre a neuroci\u00eancia. Em nosso \u00faltimo estudo decidimos testar se elas conseguiriam realizar algumas opera\u00e7\u00f5es de aritm\u00e9tica, como a adi\u00e7\u00e3o e a subtra\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

As opera\u00e7\u00f5es de adi\u00e7\u00e3o e subtra\u00e7\u00e3o<\/strong>
\nQuando crian\u00e7as, n\u00f3s aprendemos que o sinal de mais (+) significa que temos que adicionar duas ou mais quantidades, enquanto que o s\u00edmbolo de menos (-) significa que temos que subtrair uma quantidade da outra.<\/p>\n

Para resolver esses problemas, n\u00f3s precisamos da nossa mem\u00f3ria longa e curta. Normalmente usamos a mem\u00f3ria curta para trabalhar com os valores num\u00e9ricos enquanto realizamos essa opera\u00e7\u00e3o, e armazenamos as regras das opera\u00e7\u00f5es de soma e subtra\u00e7\u00e3o em nossa mem\u00f3ria longa.<\/p>\n

Embora a habilidade de realizar opera\u00e7\u00f5es aritm\u00e9ticas como a soma e a subtra\u00e7\u00e3o n\u00e3o seja simples, ela \u00e9 vital nas sociedades humanas. Os eg\u00edpcios e babil\u00f4nios j\u00e1 mostraram evid\u00eancias sobre o uso da aritm\u00e9tica por volta de 2000 a.c, o que teria sido \u00fatil \u2014 por exemplo \u2014 para contar o estoque e calcular novos n\u00fameros quando o gado fosse vendido.<\/p>\n

\"Cena
CENA DE UMA CONTAGEM DE GADO (COPIADA PELO EGIPT\u00d3LOGO LEPSIUS) (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)<\/figcaption><\/figure>\n

Mas o desenvolvimento do pensamento aritm\u00e9tico requer um c\u00e9rebro grande, ou outros animais encaram problemas semelhantes em processar opera\u00e7\u00f5es aritm\u00e9ticas? N\u00f3s exploramos essas quest\u00f5es com as abelhas.<\/p>\n

Como treinar uma abelha<\/strong>
\nAs abelhas s\u00e3o forrageiras locais – o que significa que muito prov\u00e1vel elas retornar\u00e3o ao mesmo local caso haja uma boa fonte de alimento.<\/p>\n

Durante o experimento n\u00f3s demos \u00e0s abelhas uma concentra\u00e7\u00e3o alta de \u00e1gua com a\u00e7\u00facar, assim as abelhas (todas f\u00eameas) continuaram a retornar ao experimento para buscar alimento para a colmeia.<\/p>\n

Em nossa configura\u00e7\u00e3o, quando uma abelha escolhia um n\u00famero correto (veja quadro) ela recebia a recompensa de \u00e1gua com a\u00e7\u00facar. Se ela escolhesse uma alternativa incorreta, ela receberia uma solu\u00e7\u00e3o amarga de quinina.<\/p>\n

N\u00f3s usamos esse m\u00e9todo, que durou de 4 a 6 horas, para ensinar abelhas individuais a aprender a adi\u00e7\u00e3o e a subtra\u00e7\u00e3o. Cada vez que a abelha ficava cheia ela retornava a colmeia, depois voltava ao experimento para continuar aprendendo.<\/p>\n

Adi\u00e7\u00e3o e subtra\u00e7\u00e3o nas abelhas<\/strong>
\nAs abelhas foram individualmente treinadas para visitar um labirinto em formato de y.<\/p>\n

Ent\u00e3o a abelha voaria de volta \u00e0 entrada do labirinto em y e veria um conjunto, que variava de 2 e 5 formas. As formas ( por exemplo as quadradas, mas muitas outras formas foram empregadas no experimento) e teria que escolher uma de duas cores. O azul significava que a abelha teria que fazer uma opera\u00e7\u00e3o de adi\u00e7\u00e3o (+1). Se a forma era amarela, a abelha teria que realizar uma opera\u00e7\u00e3o de subtra\u00e7\u00e3o (-1).<\/p>\n

Para as tarefas de adi\u00e7\u00e3o ou subtra\u00e7\u00e3o, um dos lados continha uma resposta incorreta e do outro lado uma resposta correta. Durante o experimento, o lado dos est\u00edmulos foi mudado aleatoriamente, assim a abelha n\u00e3o aprenderia a visitar apenas um dos lados do labirinto em y.<\/p>\n

Depois de ver o n\u00famero inicial e dependendo do treinamento que cada abelha passava, ela poderia escolher entre o lado esquerdo ou direito do labirinto em y.<\/p>\n

\"Modelo
MODELO DE LABIRINTO UTILIZADO NO ESTUDO (FOTO: SCARLETT HOWARD\/ REPRODU\u00c7\u00c3O)<\/figcaption><\/figure>\n

No in\u00edcio do experimento, at\u00e9 o momento que as abelhas aprenderam a resolver os problemas, elas faziam escolhas aleat\u00f3rias. Eventualmente, depois de mais de 100 treinamentos de aprendizagem, as abelhas aprenderam que o azul significava +1 e o amarelo\u00a0 -1. As abelhas puderam, assim, aplicar as regras a novos n\u00fameros.<\/p>\n

No teste com novos n\u00famero, as abelhas acertaram entre 64 e 72% das vezes as opera\u00e7\u00f5es de adi\u00e7\u00e3o e subtra\u00e7\u00e3o. A performance das abelhas durante os testes foi significamente diferente do que se elas tivessem feito escolhas aleat\u00f3rias, chamado de desempenho do n\u00edvel de chance (50% correto\/ incorreto).<\/p>\n

Assim, nossa \u201cescola para abelhas\u201d, juntamente com o labirinto em Y, permitiu as abelhas aprenderem opera\u00e7\u00f5es de adi\u00e7\u00e3o e subtra\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Por que isso \u00e9 uma quest\u00e3o complexa para as abelhas?<\/strong>
\nAs opera\u00e7\u00f5es num\u00e9ricas como a adi\u00e7\u00e3o e a subtra\u00e7\u00e3o s\u00e3o quest\u00f5es complexas porque requer dois n\u00edveis de processamento. O primeiro n\u00edvel requer que a abelha compreenda o valor num\u00e9rico atribu\u00eddo. O segundo n\u00edvel requer que a abelha manipule mentalmente os valores num\u00e9ricos em sua mem\u00f3ria.<\/p>\n

Al\u00e9m desses dois processos, as abelhas tamb\u00e9m tiveram que realizar as opera\u00e7\u00f5es aritm\u00e9ticas em mem\u00f3ria de trabalho \u2014 o n\u00famero \u201cum\u201d para ser adicionado ou subtra\u00eddo n\u00e3o estava visualmente presente. Em vez disso, a ideia de adicionar ou subtrair \u201cum\u201d foi um conceito abstrato que as abelhas tiveram de resolver durante o treinamento.<\/p>\n

O fato de uma abelha conseguir combinar a aritm\u00e9tica simples juntamente com s\u00edmbolos mostra que h\u00e1 in\u00fameras \u00e1reas de estudo a serem expandidas, como por exemplo se outros animais podem tamb\u00e9m somar e subtrair.<\/p>\n

Implica\u00e7\u00f5es para a IA e a neurobiologia<\/strong>
\nH\u00e1 muito interesse em intelig\u00eancia artificial, e como os computadores podem contribuir na auto aprendizagem de novos problemas.<\/p>\n

Nossas novas descobertas mostram que \u00e9 poss\u00edvel aprender s\u00edmbolos e opera\u00e7\u00f5es aritm\u00e9ticas com um c\u00e9rebro pequeno. Sugerindo que talvez h\u00e1 outros jeitos de incorporar as regras de nossa mem\u00f3ria longa e curta para aprendermos mais rapidamente novos problemas.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, nossas descobertas mostram que o entendimento de s\u00edmbolos matem\u00e1ticos como uma linguagem \u00e9 algo que nosso c\u00e9rebro pode alcan\u00e7ar, al\u00e9m de ajudar a explicar como muitas outras culturas humanas independentes desenvolveram habilidades num\u00e9ricas.<\/p>\n

*Scarlett Howard \u00e9 doutoranda na RMIT.
\n*Adrian Dyer \u00e9 um professor associado na RMIT.
\n*Jair Garcia \u00e9 um pesquisador na RMIT.
\nEste artigo foi publicado originalmente em ingl\u00eas no\u00a0The Conversation<\/strong><\/em>.<\/p>\n

Fonte: Revista Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"