{"id":150483,"date":"2019-02-18T01:00:42","date_gmt":"2019-02-18T04:00:42","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=150483"},"modified":"2019-02-17T23:11:55","modified_gmt":"2019-02-18T02:11:55","slug":"as-principais-tecnicas-para-lidar-com-lixo-da-mineracao-que-foram-ignoradas-pela-vale","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/02\/18\/150483-as-principais-tecnicas-para-lidar-com-lixo-da-mineracao-que-foram-ignoradas-pela-vale.html","title":{"rendered":"As principais t\u00e9cnicas para lidar com ‘lixo da minera\u00e7\u00e3o’ que foram ignoradas pela Vale"},"content":{"rendered":"
\"Espa\u00c3\u00a7o
Lama e areia da Samarco viraram blocos intertravados e em ‘madeira’ pl\u00e1stica<\/figcaption><\/figure>\n

O que a minera\u00e7\u00e3o trata como lixo j\u00e1 foi transformado em tijolo, pavimento, telha, ladrilho hidr\u00e1ulico, madeira pl\u00e1stica, concreto asf\u00e1ltico, pigmento, sais para saneamento b\u00e1sico e at\u00e9 mesmo em mais min\u00e9rio.<\/p>\n

Da lama e da areia que sobram do beneficiamento do min\u00e9rio, normalmente ricas em quartzo, \u00f3xido de ferro e argila, foram constru\u00eddas casas prot\u00f3tipos em Ouro Preto (MG) e em Pedro Leopoldo (MG), al\u00e9m de um espa\u00e7o de conviv\u00eancia num shopping em Belo Horizonte e do cal\u00e7amento de um bairro em Guarapari (ES).<\/p>\n

Em parceria com universidades, mineradoras e o poder p\u00fablico financiaram projetos que provaram ser bem sucedidos como solu\u00e7\u00e3o n\u00e3o s\u00f3 para evitar o armazenamento de rejeitos em barragens por meio do beneficiamento a seco do min\u00e9rio como tamb\u00e9m para reciclar res\u00edduos, transformando-os, principalmente, em insumos para a constru\u00e7\u00e3o civil.<\/p>\n

Para Alberto Say\u00e3o, professor de engenharia civil da PUC-Rio, a principal alternativa a ser pensada \u00e9 reduzir a quantidade de \u00e1gua usada no beneficiamento do min\u00e9rio. “Os rejeitos t\u00eam muita \u00e1gua porque o m\u00e9todo mais usado hoje \u00e9 por via hidr\u00e1ulica. A \u00e1gua fica armazenada nos reservat\u00f3rios e isso representa um risco enorme, como temos visto nos \u00faltimos anos com uma s\u00e9rie de rompimentos”, afirma.<\/p>\n

O professor lembra que, al\u00e9m disso, mineradoras t\u00eam optado pelo tipo de barragem chamado “a montante”, considerada a mais barata, a que ocupa menos espa\u00e7o e, tamb\u00e9m, a menos segura – esse tipo de constru\u00e7\u00e3o foi proibido em Minas depois que a Mina do Feij\u00e3o, da Vale, rompeu em\u00a0Brumadinho<\/a>\u00a0em janeiro, deixando mais de duas centenas de mortos e desaparecidos.<\/p>\n

A Justi\u00e7a em Minas proibiu novos licenciamentos, e o governo mineiro deu tr\u00eas anos para o fechamento de todas as 50 barragens a montante no Estado – dessas, 27 ainda est\u00e3o em opera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

N\u00e3o se sabe, contudo, se as empresas v\u00e3o investir em m\u00e9todos alternativos, ou se v\u00e3o continuar usando outros tipos de barragens.<\/p>\n

\"Desastre
Projeto aproveitou rejeitos de minera\u00e7\u00e3o do desastre em Mariana, em 2015, para compor materiais de constru\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n

Beneficiamento a seco<\/h2>\n

No mercado, j\u00e1 h\u00e1 pelo menos duas metodologias de deposi\u00e7\u00e3o a seco de rejeitos. Uma delas prop\u00f5e a filtragem e a compacta\u00e7\u00e3o do res\u00edduo (em forma de pilha ou disposto em locais de descarte de materiais). A outra usa uma tecnologia chamada de pasta mineral, que promove o adensamento de material muito fino.<\/p>\n

A Vallourec, empresa que opera em Minas e mant\u00e9m um centro de pesquisas instalado no Parque Tecnol\u00f3gico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), j\u00e1 usa um equipamento chamado de filtro prensa, que dispensa a constru\u00e7\u00e3o de barragens.<\/p>\n

Depois de cinco anos de pesquisa para eliminar os riscos de instabilidade inerentes \u00e0s barragens, a Mina Pau Branco, em Minas, passou a operar em novembro de 2015 com o filtro prensa que retira \u00e1gua dos rejeitos e permite o empilhamento dos res\u00edduos drenados.<\/p>\n

“Mas esse equipamento ainda \u00e9 caro”, afirma Say\u00e3o, lembrando que a \u00e1gua filtrada pode ser reutilizada no processo de beneficiamento do min\u00e9rio.<\/p>\n

No entanto, o beneficiamento a seco ainda \u00e9 exce\u00e7\u00e3o no mercado da minera\u00e7\u00e3o, em especial em Minas Gerais.<\/p>\n

As barragens s\u00e3o respons\u00e1veis pela destina\u00e7\u00e3o de 94,6% dos rejeitos da minera\u00e7\u00e3o de mais de 300 empresas em Minas Gerais que, em 2017, contribu\u00edram para a produ\u00e7\u00e3o de 562 milh\u00f5es de toneladas de descartes – metade desse montante \u00e9 de rejeitos, como os que varreram Brumadinho em janeiro e recentemente for\u00e7aram a retirada de fam\u00edlias que vivem perto de barragens em Itatiaiu\u00e7u e em Bar\u00e3o de Cocais, em Minas, diante do risco de rompimento.<\/p>\n

Esses dados s\u00e3o do Invent\u00e1rio de Res\u00edduos da Minera\u00e7\u00e3o 2018, divulgado pela Feam (Funda\u00e7\u00e3o Estadual do Meio Ambiente de Minas) em janeiro e que leva em conta a produ\u00e7\u00e3o de 2017.<\/p>\n

Dos rejeitos da minera\u00e7\u00e3o em Minas, al\u00e9m das barragens, se usam numa propor\u00e7\u00e3o bem menor os m\u00e9todos de pilha (2,87%), bota fora (0,72%) e dep\u00f3sito de est\u00e9ril (0,66%). A Feam n\u00e3o especifica o m\u00e9todo respons\u00e1vel pelo 1,72% restante.<\/p>\n

Os n\u00fameros indicam ainda que empresas t\u00eam ignorado v\u00e1rias t\u00e9cnicas da minera\u00e7\u00e3o que permitem n\u00e3o apenas a elimina\u00e7\u00e3o de barragens no processo de beneficiamento do min\u00e9rio de ferro como tamb\u00e9m o reaproveitamento de rejeitos, em especial na constru\u00e7\u00e3o civil.<\/p>\n

\"Resgate
Tipo de barragem a montante, como a que rompeu em Brumadinho, foi proibido em Minas ap\u00f3s o desastre de janeiro.<\/figcaption><\/figure>\n

Reciclagem de rejeitos<\/h2>\n

Se depender dos projetos elaborados nas universidades em Minas Gerais, muitos deles em parceria com as pr\u00f3prias mineradoras, os res\u00edduos do beneficiamento a seco e mesmo os armazenados em barragens podem ser reutilizados, principalmente na constru\u00e7\u00e3o civil.<\/p>\n

Apesar de haver um certo estigma entre empresas e consumidores em rela\u00e7\u00e3o a material produzido a partir dos res\u00edduos da minera\u00e7\u00e3o, pesquisadores garantem que o rejeito n\u00e3o \u00e9 t\u00f3xico, corrosivo nem inflam\u00e1vel.<\/p>\n

“O processo da minera\u00e7\u00e3o \u00e9 hidrof\u00edsico, portanto, essa lama n\u00e3o representa risco toxicol\u00f3gico”, salienta Ricardo Fiorotti, professor de engenharia e integrante do Grupo Reaproveitamento de Res\u00edduos e da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Coordenador do projeto que usa rejeitos da minera\u00e7\u00e3o e da siderurgia para erguer uma vila sustent\u00e1vel de casas populares no campus da Ufop, Fiorotti destaca que os res\u00edduos do processo da minera\u00e7\u00e3o permitem reduzir o uso de mat\u00e9ria prima como areia e brita.<\/p>\n

Desde 2005 pesquisando reciclagem de res\u00edduos da minera\u00e7\u00e3o, Fernando Soares Lameiras, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, ele explica que j\u00e1 existe tecnologia que dispensa, por exemplo, alterar a composi\u00e7\u00e3o ou fazer beneficiamento especifico para transformar res\u00edduos em insumos para constru\u00e7\u00e3o civil, como tijolo, telhas, blocos.<\/p>\n

J\u00e1 o uso da lama para pigmentos, observa o professor, exige processamento especial. “O mais importante \u00e9, antes de iniciar a produ\u00e7\u00e3o, demonstrar que o material n\u00e3o \u00e9 perigoso e que cumpre as especifica\u00e7\u00f5es da ABNT [Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Normas T\u00e9cnicas]. Essa tem que ser a primeira preocupa\u00e7\u00e3o”, completa Lameiras.<\/p>\n

Segundo os professores que se dedicam a reciclar res\u00edduos, a China \u00e9 refer\u00eancia mundial em reutiliza\u00e7\u00e3o de rejeitos da minera\u00e7\u00e3o. “A Austr\u00e1lia j\u00e1 faz, mas a China \u00e9 a mais adiantada. Fazemos exatamente os mesmos produtos que eles, a diferen\u00e7a \u00e9 que eles fazem em escala industrial. Isso \u00e9 frustrante pra gente”, lamenta Lameiras.<\/p>\n

\"Telha
Ufla criou telhas resistentes com res\u00edduos da barragem do Fund\u00e3o, que rompeu em Mariana<\/figcaption><\/figure>\n

Telhas com qualidade superior<\/h2>\n

A Universidade Federal de Lavras (Ufla) usou res\u00edduos do Fund\u00e3o, depois que a barragem da Samarco rompeu em Mariana em 2015, para desenvolver uma s\u00e9rie de produtos como piso, tijolo, blocos e telhas. O professor Rafael Farinassi Mendes, respons\u00e1vel pela pesquisa, diz que o material que desenvolveu tem um diferencial: o uso de fibras vegetais para potencializar a durabilidade e o conforto t\u00e9rmico.<\/p>\n

“Nossas telhas j\u00e1 t\u00eam qualidade duas vezes superior \u00e0 das dispon\u00edveis no mercado”, defende Mendes.<\/p>\n

O professor diz que o laborat\u00f3rio da Ufla ficou pequeno demais, j\u00e1 que sua equipe conseguiu aplicar a tecnologia em escala industrial. Tr\u00eas empresas de Lavras, uma cidade de 100 mil habitantes no Sul de Minas, j\u00e1 se mostraram interessadas em produzir o material a partir do res\u00edduo da minera\u00e7\u00e3o. Falta, contudo, mat\u00e9ria-prima, diz Mendes.<\/p>\n

“A gente tinha conversado com a Vale, que ficou de indicar uma ou mais barragens, mas as conversas ainda n\u00e3o avan\u00e7aram como gostar\u00edamos, est\u00e3o paradas h\u00e1 oito meses”, conta.<\/p>\n

\"Casa
Projeto da UFMG construiu uma casa com o que um dia foi rejeito<\/figcaption><\/figure>\n

Casas erguidas da lama<\/h2>\n

O projeto Reciclos, da Ufop, ganhou pr\u00eamio por propor uma vila sustent\u00e1vel com casas populares constru\u00eddas com rejeitos numa \u00e1rea da universidade. O concreto, a argamassa, os blocos para alvenaria e para pavimenta\u00e7\u00e3o foram produzidos a partir de rejeitos retirados de barragens de mineradoras.<\/p>\n

As casas s\u00e3o prot\u00f3tipos que usam ainda energia solar, cobertura verde e tecnologia para reutilizar a \u00e1gua.<\/p>\n

Ricardo Fiorotti, professor de engenharia e integrante do Reciclos, diz que o projeto foi apresentado a mineradoras e, se tivesse j\u00e1 sido aplicado fora dos laborat\u00f3rios da universidade, poderia reduzir consideravelmente os n\u00edveis das barragens de rejeitos e economizar no custo total de uma obra.<\/p>\n

Mas, por falta de recursos, o projeto est\u00e1 parado desde 2016. “Os recursos da pesquisa foram contingenciados. Infelizmente est\u00e1 tudo parado naquele ponto, \u00e0 espera de financiamento”, diz Fiorotti.<\/p>\n

“\u00c9 poss\u00edvel reutilizar os res\u00edduos da minera\u00e7\u00e3o de forma econ\u00f4mica e d\u00e1 para fazer dinheiro com rejeitos, mas a escala da minera\u00e7\u00e3o envolve valores muito altos. Essas t\u00e9cnicas alternativas parecem n\u00e3o atrair muito o interesse das mineradoras”, observa.<\/p>\n

A UFMG tamb\u00e9m j\u00e1 produziu uma casa prot\u00f3tipo com o que um dia foi lama de barragem. Ela fica no Laborat\u00f3rio de Geotecnia e Geomateriais de Produ\u00e7\u00e3o Sustent\u00e1vel da UFMG, na cidade de Pedro Leopoldo, na regi\u00e3o metropolitana de Belo Horizonte.<\/p>\n

Desde 1997, a universidade desenvolve t\u00e9cnicas para transformar os coprodutos da minera\u00e7\u00e3o em diferentes insumos para constru\u00e7\u00e3o civil, como tijolo e cimento.<\/p>\n

\"Espa\u00c3\u00a7o
Lama e areia da Samarco viraram blocos intertravados e em madeira pl\u00e1stica<\/figcaption><\/figure>\n

Espa\u00e7o de conviv\u00eancia em shopping<\/h2>\n

Outro m\u00e9todo desenvolvido nos laborat\u00f3rios da UFMG \u00e9 a pelotiza\u00e7\u00e3o de rejeitos. As pelotas podem ser usadas na produ\u00e7\u00e3o de concreto para substituir a brita.<\/p>\n

Os pesquisadores j\u00e1 provaram que a lama da minera\u00e7\u00e3o pode ser transformada em material mais refinado.<\/p>\n

Com a ajuda do CDTN (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear), rejeitos da Samarco foram aplicados na primeira fazenda urbana da Am\u00e9rica Latina. \u00c9 um espa\u00e7o de produ\u00e7\u00e3o de hortali\u00e7as sem agrot\u00f3xicos, de cria\u00e7\u00e3o de peixes e de conviv\u00eancia que funciona dentro de um shopping na capital mineira.<\/p>\n

Desde 2017, quem passa pelo Boulevard Shopping pode caminhar, sentar e observar de perto o resultado do processo que transformou lama e areia da Samarco em blocos intertravados, usados como piso, e em madeiras pl\u00e1sticas, usadas na fabrica\u00e7\u00e3o de decks, mesas e cadeiras do espa\u00e7o ao ar livre.<\/p>\n

“A lama tamb\u00e9m foi usada como pigmento para pintar e colorir o espa\u00e7o”, diz Fernando Soares Lameiras, professor da UFMG e pesquisador do CDNT, que participou do projeto piloto.<\/p>\n

\"Oper\u00c3\u00a1rios
Oper\u00e1rios chineses examinam equipamento de minera\u00e7\u00e3o em Shenyang; pa\u00eds \u00e9 refer\u00eancia em reuso de rejeitos de minera\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n

Por que as mineradoras n\u00e3o investem?<\/h2>\n

Mas, segundo pesquisadores, para esses projetos deixarem de ser prot\u00f3tipos, sa\u00edrem dos laborat\u00f3rios ou experi\u00eancias isoladas e passarem a ser produzidos em escala industrial, ainda \u00e9 preciso convencer as mineradoras a investirem em m\u00e9todos a seco e a cederem mat\u00e9ria prima, al\u00e9m de ser necess\u00e1rio incentivo governamental para concorrer no competitivo mercado da constru\u00e7\u00e3o civil.<\/p>\n

“Rejeito \u00e9 o lixo da produ\u00e7\u00e3o mineral. \u00c9 custo para as mineradoras, n\u00e3o representa beneficio e elas preferem descartar da maneira mais barata poss\u00edvel. \u00c9 uma quest\u00e3o de pre\u00e7o, \u00e9 um problema econ\u00f4mico”, diz o professor de engenharia civil da PUC-Rio Alberto Say\u00e3o.<\/p>\n

Para Say\u00e3o, \u00e9 por isso que mineradoras ainda optam pelas barragens a montante, consideradas mais baratas, que ocupam menos espa\u00e7o e, ao mesmo tempo, s\u00e3o tidas como mais perigosas.<\/p>\n

O professor Fernando Soares Lameiras, da UFMG, diz ser preciso mais que trag\u00e9dias para mudar o armazenamento e uso de rejeitos da minera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Ele defende mudan\u00e7as na legisla\u00e7\u00e3o para estimular as empresas a investirem em t\u00e9cnicas alternativas. “Para a mineradora, tirar o rejeito tem um custo, e benef\u00edcios fiscais podem facilitar esse processo”, diz, emendando que tamb\u00e9m \u00e9 preciso de incentivos para que os produtos para a constru\u00e7\u00e3o civil feitos dos rejeitos sejam competitivos num mercado onde a concorr\u00eancia \u00e9 forte.<\/p>\n

O professor Rafael Farinassi Mendes, da Universidade Federal de Lavras, avalia que uma legisla\u00e7\u00e3o que obrigue as mineradoras a reciclar uma porcentagem de seus rejeitos ou mesmo que incentive o poder p\u00fablico a fazer obras usando essa tecnologia desenvolvida em universidades pode ser um bom come\u00e7o.<\/p>\n

“A consci\u00eancia vai aumentar. Com o que aconteceu em Mariana, j\u00e1 mudou bastante, mas n\u00e3o o suficiente”, completa Lameiras, dizendo que as universidades deixaram apenas de testar produtos e passaram a ir ao mercado para tentar viabilizar neg\u00f3cios.<\/p>\n

“Se deixar s\u00f3 na m\u00e3o das empresas e do poder p\u00fablico, n\u00e3o anda t\u00e3o r\u00e1pido quanto gostar\u00edamos”, afirma, ponderando que as universidades deram um passo adiante e, al\u00e9m de desenvolver tecnologia, t\u00eam buscado investidores e tentado mobilizar a ind\u00fastria da constru\u00e7\u00e3o civil a apostar no uso de rejeitos.<\/p>\n

Alberto Say\u00e3o diz que neste ano haver\u00e1 uma s\u00e9rie de debates com entidades de engenharia, especialistas e acad\u00eamicos em diferentes cidades do Brasil para tentar propor solu\u00e7\u00f5es vi\u00e1veis para as mineradoras. Os encontros contam com o apoio do Ibram (Instituto Brasileiro de Minera\u00e7\u00e3o), que re\u00fane empresas do setor.<\/p>\n

Procurado para falar sobre t\u00e9cnicas alternativas, o Ibram informou que “no momento n\u00e3o disp\u00f5e de algu\u00e9m para conceder entrevistas” e sugeriu o nome de dois especialistas que n\u00e3o s\u00e3o do quadro da entidade, al\u00e9m de uma s\u00e9rie de estudos dispon\u00edveis no site do instituto.<\/p>\n

O que diz a Vale<\/h2>\n

A Vale informou que usa tecnologia de processamento a seco para os min\u00e9rios de alto teor, tanto em Minas Gerais, quanto no Par\u00e1, desde 2013. Informou ainda que tamb\u00e9m j\u00e1 reaproveita material armazenado em barragens “fazendo reprocessamento e gerando produto”.<\/p>\n

N\u00e3o esclareceu, contudo, por que ainda n\u00e3o indicou as barragens para a parceria com a Ufla nem qual \u00e9 a maior dificuldade para abandonar o uso de barragens e reciclar rejeitos.<\/p>\n

Em Minas, segundo a empresa, “o processamento a seco foi ampliado de 20%, em 2016, para 32% em 2018”. Um exemplo citado pela Vale \u00e9 a planta da Instala\u00e7\u00e3o de Tratamento de Min\u00e9rio da Mina do Pico, em Itabirito, que foi modificada para 100% de produ\u00e7\u00e3o a seco.<\/p>\n

O plano da Vale, de acordo com a assessoria de imprensa da empresa, \u00e9 aumentar a parcela de produ\u00e7\u00e3o a seco para 70% em 2023, e, consequentemente, reduzir a utiliza\u00e7\u00e3o de barragens nas opera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Adicionalmente, informa a Vale, para tratar rejeitos de processamento a \u00famido, a mineradora planeja investir, a partir de 2020, aproximadamente R$ 1,5 bilh\u00e3o na implementa\u00e7\u00e3o de tecnologia de disposi\u00e7\u00e3o de rejeito a seco.<\/p>\n

“O processo a seco est\u00e1 atrelado ao teor do min\u00e9rio de ferro, quanto mais alto o teor, mais \u00e9 favorecida a ado\u00e7\u00e3o do processamento a seco, sem uso de \u00e1gua. Tecnicamente, a mudan\u00e7a consiste na utiliza\u00e7\u00e3o de peneiras de classifica\u00e7\u00e3o de alta acelera\u00e7\u00e3o”, explica a empresa.<\/p>\n

Segundo a Vale, atualmente, 60% das opera\u00e7\u00f5es da empresa j\u00e1 usam usam o beneficiamento a seco.<\/p>\n

A mineradora diz ainda que, al\u00e9m do processamento a seco, a empresa vem adotando diversas melhorias para ampliar a recupera\u00e7\u00e3o met\u00e1lica nas usinas, reduzindo a quantidade de rejeitos. “Em uma iniciativa prevista na mudan\u00e7a da pr\u00e1tica operacional, a Vale est\u00e1 estudando separar o rejeito fino (lama) do rejeito grosso (areia). Atualmente, ambos s\u00e3o misturados em uma \u00fanica barragem. A Vale est\u00e1 estudando a disposi\u00e7\u00e3o em pilhas para o rejeito grosso, reduzindo significativamente a necessidade de novas estruturas”, diz.<\/p>\n

“A Vale tamb\u00e9m reaproveita o material armazenado em barragens de alto teor, fazendo o reprocessamento e gerando produto, como a barragem do Geladinho, no Par\u00e1, e as barragens do Rio do Peixe e de Pontal, em Minas Gerais, al\u00e9m de outros projetos em implanta\u00e7\u00e3o, como o projeto do Gelado (PA)”.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O que a minera\u00e7\u00e3o trata como lixo j\u00e1 foi transformado em tijolo, pavimento, telha, ladrilho hidr\u00e1ulico, madeira pl\u00e1stica, concreto asf\u00e1ltico, pigmento, sais para saneamento b\u00e1sico e at\u00e9 mesmo em mais min\u00e9rio. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":150484,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[4029,3127,2598,93],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150483"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=150483"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150483\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":150485,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150483\/revisions\/150485"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/150484"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=150483"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=150483"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=150483"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}