![\"\"](\"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/02\/isaac-nobrega-pr.jpg\")
<\/a><\/p>\nO ass\u00e9dio a que se refere Armond se relaciona \u00e0s abordagens que a empresa faz individualmente as fam\u00edlias das v\u00edtimas de Brumadinho para acertar indeniza\u00e7\u00f5es sem media\u00e7\u00e3o sindical. Segundo ele, a Vale tem prometido valores que representem \u2154 dos sal\u00e1rios dos trabalhadores, de acordo com a fun\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Armond representa uma das categorias mais atingidas tanto pela trag\u00e9dia de Brumadinho quanto pela de Mariana, uma vez que os trabalhadores que atuam diretamente nas barragens geralmente s\u00e3o os da constru\u00e7\u00e3o pesada. Os outros sindicatos representam categorias diversas que v\u00e3o desde trabalhadores dos correios at\u00e9 os mineiros empregados diretamente pela companhia.<\/p>\n
O diretor afirma que at\u00e9 agora, quase um m\u00eas ap\u00f3s o rompimento da barragem, a Vale ainda n\u00e3o ofereceu uma lista identificando os trabalhadores terceirizados e para qual empresa eles atuavam.<\/p>\n
\u201cN\u00f3s fizemos um levantamento e identificamos que, dos trabalhadores que estavam na planta industrial na hora do rompimento, 700 eram pr\u00f3prios da Vale e pelo menos 500 eram terceirizados. Existem mais de 130 trabalhadores desaparecidos que n\u00e3o est\u00e3o identificados, podem ser terceirizados, MEI, menor aprendiz, estagi\u00e1rios ou pessoas jur\u00eddicas. A Vale alega que os servidores com esses dados foram perdidos, mas sabemos que uma empresa desse tamanho tem esses dados armazenados dados na nuvem\u201d, denunciou.<\/p>\n
A pedido do movimento unificado dos sindicatos atingidos pela Vale a justi\u00e7a estabeleceu que a empresa tem at\u00e9 esta sexta-feira para apresentar o registro geral dos trabalhadores presentes na mina no dia do rompimento.<\/p>\n
Quais as demandas unificadas que ser\u00e3o apresentadas na segunda audi\u00eancia com a Vale no MPT?<\/h3>\n
N\u00f3s unificamos as pautas do pedido de indeniza\u00e7\u00e3o por danos morais e materiais. No dia 15 de fevereiro realizamos a primeira audi\u00eancia junto ao MPT, na qual recusamos a proposta da Vale. No entanto, a empresa continua apresentando a mesma proposta como se ela n\u00e3o tivesse sido recusada.<\/p>\n
Os pontos v\u00e3o desde o atendimento aos companheiros ainda desaparecidos, um problema s\u00e9rio que a Vale tem tratado apenas a car\u00e1ter de discuss\u00e3o da indeniza\u00e7\u00e3o sobre os mortos, mas n\u00e3o comenta a quest\u00e3o pr\u00e9via da localiza\u00e7\u00e3o dessas pessoas, para que as fam\u00edlias tenham direito a um enterro decente. Colocamos que um ponto fundamental \u00e9 que os bombeiros e a Vale n\u00e3o interrompam as buscas enquanto n\u00e3o identificarem todos, pois ainda h\u00e1 130 trabalhadores enterrados, com base nos desaparecidos declarados pelas fam\u00edlias.<\/p>\n
Em rela\u00e7\u00e3o aos mortos, n\u00f3s tiramos uma posi\u00e7\u00e3o em conjunto para o valor da indeniza\u00e7\u00e3o por danos morais e materiais, essa reivindica\u00e7\u00e3o \u00e9 baseada em um documento interno da Vale que estipulou um valor, uma indeniza\u00e7\u00e3o, um provisionamento em caso de rompimento da barragem, h\u00e1 alguns anos. Estamos levando esse documento e apresentaremos amanh\u00e3 para o juiz. Combinamos de apresentar esse valor apenas amanh\u00e3, mas \u00e9 um valor muito maior do que o que a empresa est\u00e1 oferecendo, em torno de R$ 900 mil e R$ 1 milh\u00e3o por fam\u00edlia.<\/p>\n
Nas \u00faltimas semanas, a empresa tem procurado as fam\u00edlias individualmente para indeniz\u00e1-las, de acordo com o cargo e o sal\u00e1rio recebido por cada trabalhador. N\u00f3s queremos unificar as indeniza\u00e7\u00f5es, de forma que as fam\u00edlias recebam o mesmo valor, independentemente do funcion\u00e1rio v\u00edtima ter sido um faxineiro ou um gerente.<\/p>\n
Outro ponto importante \u00e9 a estabilidade para todos os trabalhadores que tinham em Brumadinho, seu posto de trabalho, tanto os da Vale, quanto os terceirizados. Eles foram vitimados por um acidente de trabalho criminoso que deve ter consequ\u00eancias para o resto de suas vidas, e o posto de trabalho deles foi atingido. Estamos pedindo tr\u00eas anos de estabilidade para esses trabalhadores, e a Vale estabelece uma estabilidade de oito meses.<\/p>\n
Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s outras barragens de risco, que ser\u00e3o encerradas ap\u00f3s decis\u00e3o das empresas com a Ag\u00eancia Nacional de Minera\u00e7\u00e3o (ANM), estamos movendo um pedido de inqu\u00e9rito e media\u00e7\u00e3o com o Minist\u00e9rio P\u00fablico para que essas empresas sejam chamadas para discutir a quest\u00e3o do descomissionamento. Esse processo envolve um tratamento especial a esses trabalhadores, com procedimentos muito importantes de seguran\u00e7a. Ent\u00e3o, al\u00e9m de Brumadinho, pedimos essa a\u00e7\u00e3o global no MP para evitar acidentes.<\/p>\n
Em rela\u00e7\u00e3o aos sobreviventes, estamos pedindo uma posi\u00e7\u00e3o diferenciada de acordo com o dano sofrido. Para os trabalhadores que estavam no local de trabalho e foram resgatados e os que viveram o rompimento, pediremos uma indeniza\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m por danos morais. A Vale n\u00e3o oferece nada a essas pessoas. Tamb\u00e9m pediremos indeniza\u00e7\u00e3o para os trabalhadores que n\u00e3o estavam em campo no dia do crime, que estavam fora do ambiente, em casa, mas perderam colegas e conhecidos, al\u00e9m do posto de trabalho.<\/p>\n
Tamb\u00e9m quest\u00f5es espec\u00edficas em termos de assist\u00eancia m\u00e9dica, plano de sa\u00fade, seguro ser\u00e3o tratadas. Vamos insistir para que todo esse processo seja resolvido em um acordo na justi\u00e7a do trabalho no sentido de que n\u00e3o se permita que a Vale fique negociando individualmente com cada fam\u00edlia e rebaixe o valor da indeniza\u00e7\u00e3o, que \u00e9 o que ela est\u00e1 querendo.<\/p>\n
J\u00e1 existe um n\u00famero oficial de trabalhadores desaparecidos? Voc\u00ea representa o sindicato dos trabalhadores nas ind\u00fastrias da constru\u00e7\u00e3o pesada, imagino que muitos deles eram terceirizados. Existe esse dado dos trabalhadores terceirizados atingidos?<\/h3>\n
Os n\u00fameros n\u00e3o est\u00e3o fechados porque, por incr\u00edvel que pare\u00e7a, a Vale ainda n\u00e3o ofereceu uma lista identificando cada trabalhador de cada empresa. Existem mais de 130 trabalhadores considerados desaparecidos que n\u00e3o est\u00e3o identificados, n\u00e3o s\u00e3o da Vale mas n\u00e3o se sabe as empresas, podem ser aut\u00f4nomos, menor aprendiz, terceirizados, MEI, estagi\u00e1rios, ou pessoas jur\u00eddicas, como os engenheiros. H\u00e1 at\u00e9 companheiros dos correios entre os desaparecidos, porque l\u00e1 existia um posto dos correios.<\/p>\n
A Vale at\u00e9 hoje, quase um m\u00eas ap\u00f3s o rompimento, n\u00e3o apresentou um conjunto referente a cada trabalhador e a qual empresa ele estaria vinculado. N\u00f3s fizemos um levantamento e identificamos que dos trabalhadores que estavam na planta industrial na hora do rompimento, 700 eram pr\u00f3prios da Vale, entre o administrativo e o operacional, e pelo menos 500 eram terceirizados. Mas a Vale n\u00e3o assume esses n\u00fameros, e n\u00e3o coloca identifica\u00e7\u00e3o com CPF, identifica\u00e7\u00e3o da empresa.<\/p>\n
Estamos garimpando essas informa\u00e7\u00f5es com os bombeiros. Por isso essa quest\u00e3o dos desaparecidos \u00e9 t\u00e3o importante, porque a identifica\u00e7\u00e3o clara define inclusive o n\u00edvel de negocia\u00e7\u00e3o que deve ser feito, al\u00e9m do trauma da fam\u00edlia que continua, porque as fam\u00edlias est\u00e3o sofrendo at\u00e9 mais do que as dos trabalhadores encontrados. Se n\u00e3o sabemos a empresa que contratava cada pessoa, n\u00e3o h\u00e1 como entender a conven\u00e7\u00e3o coletiva do sindicato daqueles trabalhadores, qual negocia\u00e7\u00e3o deve ser feita.<\/p>\n
A Vale fica se eximindo de assumir as responsabilidades, ent\u00e3o pedimos essa informa\u00e7\u00e3o juridicamente e o juiz determinou que a Vale entregue essa rela\u00e7\u00e3o at\u00e9 amanh\u00e3 [sexta-feira, 22 de fevereiro]. A justificativa da Vale \u00e9 que todos os servidores, computadores, que estavam no complexo industrial, foram perdidos com o rompimento, mas sabemos que uma empresa desse tamanho n\u00e3o trabalha com servidor local, todos os dados est\u00e3o na nuvem. A identifica\u00e7\u00e3o \u00e9 fundamental, porque se n\u00e3o identificarem as pessoas que trabalhavam l\u00e1, uma fam\u00edlia pode passar o resto da vida tentando responsabilizar a Vale sem conseguir.<\/p>\n
A Vale reconhece o movimento unificado dos trabalhadores da Vale como leg\u00edtimo?<\/h3>\n
N\u00e3o. Dos 19 mortos de Mariana, 15 eram nossos, e a empresa fez isso o tempo todo, jogando um sindicato contra o outro, tentando rebaixar a indeniza\u00e7\u00e3o. Mas agora n\u00f3s conseguimos unificar as sindicais com o MP, agindo em conjunto, e agora o dinheiro est\u00e1 bloqueado na justi\u00e7a, o que n\u00e3o aconteceu em Mariana. Existe uma diferen\u00e7a entre o tamanho dos sindicatos, mas isso n\u00e3o importa para n\u00f3s, o que importa \u00e9 que os trabalhadores sejam reconhecidos.<\/p>\n
A Vale n\u00e3o pode passar por cima da nossa organiza\u00e7\u00e3o e abordar as fam\u00edlias individualmente. N\u00f3s fizemos uma discuss\u00e3o com o juiz porque acreditamos que isso \u00e9 um desrespeito contra a pr\u00f3pria justi\u00e7a, j\u00e1 que nosso processo coletivo est\u00e1 ajuizado e a Vale permanece assediando as fam\u00edlias, tentando fechar acordos judiciais, ignorando o trauma das fam\u00edlias e a pr\u00f3pria situa\u00e7\u00e3o de inseguran\u00e7a que ela mesma criou. As fam\u00edlias ficam desesperadas por respostas, para conseguir algum dinheiro, muitas n\u00e3o t\u00eam outra fonte de renda al\u00e9m do sal\u00e1rio do familiar morto. N\u00f3s consideramos isso como um ass\u00e9dio moral.<\/p>\n
Como tem sido esse processo de unifica\u00e7\u00e3o das pautas dos sindicatos?<\/h3>\n
N\u00f3s tentamos h\u00e1 muito tempo essa jun\u00e7\u00e3o. Os sindicatos s\u00e3o divididos por grupos e centrais sindicais diferentes. Normalmente, as entidades sindicais se pautam por uma a\u00e7\u00e3o de c\u00fapula das centrais. Aqui em Minas Gerais estamos insistindo nessa quest\u00e3o de barragens, n\u00e3o que sejamos melhores, mas tentamos que todos os trabalhadores de todas as \u00e1reas da minera\u00e7\u00e3o se unifiquem, inclusive com os terceirizados.<\/p>\n
Em Mariana conseguimos durante muitos momentos unificar com os mineiros da Metabase de Mariana, mas isso n\u00e3o \u00e9 comum, \u00e9 um processo dif\u00edcil de entendimento. Os trabalhadores da pr\u00f3pria Vale acabam se sentindo privilegiados porque ganham at\u00e9 tr\u00eas vezes mais que os terceirizados, ent\u00e3o tem estamentos sociais que dificultam o processo.<\/p>\n
Defendemos que a comiss\u00e3o de preven\u00e7\u00e3o de acidentes seja conjunta, que a a\u00e7\u00e3o de fiscaliza\u00e7\u00e3o de cumprimento de seguran\u00e7a e condi\u00e7\u00f5es de trabalho seja conjunta, que a gente negocie em conjunto.<\/p>\n
Agora a Vale est\u00e1 distribuindo uma Participa\u00e7\u00e3o nos Lucros e Resultados (PLR) para seus trabalhadores. Mas os terceirizados, que s\u00e3o metade do corpo da empresa, nunca receber\u00e3o isso. \u00c9 dif\u00edcil, mas se come\u00e7amos pelo caminho da seguran\u00e7a, conseguimos unificar e j\u00e1 conseguimos algumas vit\u00f3rias. N\u00e3o estamos fazendo nada sozinhos, os mineiros da Metabase, o sindicato dos rodovi\u00e1rios, tamb\u00e9m t\u00eam insistido nisso. N\u00e3o h\u00e1 sa\u00edda para as pautas judiciais dos trabalhadores industriais sem a unifica\u00e7\u00e3o sindical, e a Vale quer dividir para reinar.<\/p>\n
Porque os sindicato dos trabalhadores da constru\u00e7\u00e3o pesada est\u00e1 por tr\u00e1s dessa organiza\u00e7\u00e3o? Havia mais trabalhadores dessa \u00e1rea no local do rompimento?<\/h3>\n
Os trabalhadores que trabalham em barragens, na parte efetiva da constru\u00e7\u00e3o, manuten\u00e7\u00e3o e supervis\u00e3o s\u00e3o os da constru\u00e7\u00e3o pesada. Muitas empresas n\u00e3o tem nem registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). Pedimos ao CREA o registro das empresas que estavam trabalhando l\u00e1 na hora do rompimento, para justamente conseguir fechar o n\u00famero, nome e empresa dos terceirizados, e at\u00e9 hoje n\u00e3o conseguimos. Existe um desvirtuamento de prefer\u00eancia por parte da Vale. Ela n\u00e3o contrata pela expertise da empresa, mas pelo menor pre\u00e7o, quem anuncia o valor mais baixo de servi\u00e7o nos leil\u00f5es ganha o direito de trabalhar no local, e isso \u00e9 uma receita para o desastre.<\/p>\n
Caso a Vale n\u00e3o aceite as demandas dos sindicatos, como voc\u00eas ir\u00e3o proceder? H\u00e1 perspectiva de mobiliza\u00e7\u00f5es?<\/h3>\n
Mobiliza\u00e7\u00e3o n\u00f3s faremos com ou sem acordo, agora o caminho \u00e9 no sentido de insistir que a Vale estabele\u00e7a uma mesa de negocia\u00e7\u00e3o sobre essas quest\u00f5es, garantir que essa mesa n\u00e3o seja separada, e, sim, observada e acompanhada pelo MPT, para que n\u00e3o haja nenhum desvirtuamento. Queremos que qualquer acordo que saia dessa mesa seja feito na justi\u00e7a do trabalho. N\u00e3o queremos esse ass\u00e9dio que est\u00e1 sendo feito com as fam\u00edlias. Amanh\u00e3, se a empresa quiser negociar, ficamos sentados at\u00e9 meia noite para resolver, se n\u00e3o quiser, ficamos cinco minutos.<\/p>\n
Fonte:\u00a0\u00a0Julia Dolce – Agencia P\u00fablica<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Eduardo Armond, representante dos sindicatos unificados afirmou \u00e0 P\u00fablica que a Vale quer \u201cdividir para reinar\u201d e que as indeniza\u00e7\u00f5es devem ser acordadas na justi\u00e7a do trabalho <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":150619,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[4029,3721,1733],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150618"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=150618"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150618\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":150620,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150618\/revisions\/150620"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/150619"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=150618"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=150618"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=150618"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}