{"id":150629,"date":"2019-02-25T01:00:40","date_gmt":"2019-02-25T04:00:40","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=150629"},"modified":"2019-02-24T22:26:58","modified_gmt":"2019-02-25T01:26:58","slug":"como-o-glitter-usado-no-carnaval-polui-os-oceanos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/02\/25\/150629-como-o-glitter-usado-no-carnaval-polui-os-oceanos.html","title":{"rendered":"Como o glitter usado no carnaval polui os oceanos"},"content":{"rendered":"
\"M\u00c3\u00a3o
Feito de alum\u00ednio e pl\u00e1stico cortado em mil\u00edmetros, o glitter \u00e9 classificado como um micropl\u00e1stico<\/figcaption><\/figure>\n

O Carnaval est\u00e1 chegando e, com ele, os in\u00fameros tutoriais e inspira\u00e7\u00f5es de maquiagens para se usar nos dias de festa. Em comum, eles t\u00eam\u00a0dois elementos fundamentais: criatividade e muito glitter.<\/p>\n

Utilizado em cosm\u00e9ticos e maquiagens, o glitter tem uso intenso durante as comemora\u00e7\u00f5es carnavalescas e \u00e9 fundamental para muitos foli\u00f5es, pois eleva a\u00a0cor e o brilho das fantasias. Mas tem um lado negativo: eleva tamb\u00e9m a polui\u00e7\u00e3o dos oceanos com micropl\u00e1sticos.<\/p>\n

Feito de alum\u00ednio e pl\u00e1stico cortado em mil\u00edmetros, o glitter \u00e9 classificado como um micropl\u00e1stico\u00a0por suas dimens\u00f5es inferiores a 5mm de di\u00e2metro. Por serem min\u00fasculos, os\u00a0micropl\u00e1sticos n\u00e3o s\u00e3o filtrados no tratamento de esgoto e, assim, chegam a rios e oceanos, onde s\u00e3o incorporados pela flora e ingeridos pela fauna.<\/p>\n

“Quando o foli\u00e3o se lava, esse material vai para a rede de esgoto. Um agravante \u00e9 que muitas cidades brasileiras n\u00e3o tratam seu esgoto, ent\u00e3o isso \u00e9 lan\u00e7ado diretamente nos corpos de \u00e1gua, o que afeta a biota desde os corpos de \u00e1gua doce at\u00e9 o destino final, que s\u00e3o os oceanos”, diz\u00a0a professora Cassiana Montagner, do Instituto de Qu\u00edmica da Unicamp.<\/p>\n

No ambiente aqu\u00e1tico, o maior problema \u00e9 a possibilidade de ingest\u00e3o pelos seres vivos que nele\u00a0habitam. Al\u00e9m de o micropl\u00e1stico substituir um\u00a0alimento\u00a0sem oferecer em troca qualquer valor aliment\u00edcio, o que gera desnutri\u00e7\u00e3o, ele oferece\u00a0risco\u00a0de obstru\u00e7\u00e3o das vias e altera\u00e7\u00e3o das fun\u00e7\u00f5es do corpo. Quanto menor a part\u00edcula, maior a chance de\u00a0ela ser ingerida por organismos menores, ampliando o alcance do problema.<\/p>\n

“No caso do mar, o micropl\u00e1stico \u00e9 ingerido pelo pl\u00e2ncton, que \u00e9 ingerido pelos peixes, e acaba indo parar na\u00a0 alimenta\u00e7\u00e3o humana. \u00c9 a mesma coisa se considerarmos o micropl\u00e1stico em ambiente terrestre: de alguma maneira vai parar na comida das pessoas”, diz\u00a0o bi\u00f3logo Cl\u00e1udio Gon\u00e7alves Tiago, do Centro de Biologia Marinha da USP.<\/p>\n

Novas linhas de pesquisas estudam tamb\u00e9m os poss\u00edveis riscos qu\u00edmicos associados ao glitter. Para o bi\u00f3logo, um deles s\u00e3o os produtos qu\u00edmicos usados no glitter assim como os do pr\u00f3prio do pl\u00e1stico, que podem ser liberados na \u00e1gua.<\/p>\n

Outra frente investiga o potencial desses pl\u00e1sticos de, ao entrar nos sistemas de \u00e1gua doce e irem parar nos oceanos, funcionarem como vetores de transporte de outros contaminantes, causando um dano qu\u00edmico maior. Segundo Montagner, os estudos existentes n\u00e3o s\u00e3o conclusivos.<\/p>\n

Por se espalharem com facilidade e dada a abund\u00e2ncia de material\u00a0pl\u00e1stico, os micropl\u00e1sticos est\u00e3o amplamente disseminados. H\u00e1 evid\u00eancias da presen\u00e7a deles\u00a0em diversos\u00a0ambientes naturais e em produtos para o consumo humano, como alimentos e bebidas. Os estudos sobre impactos para a sa\u00fade humana ainda s\u00e3o iniciais. No Brasil, sua presen\u00e7a est\u00e1 concentrada nas regi\u00f5es costeiras do Nordeste e do Sudeste.<\/p>\n

Diante dos riscos ambientais, fabricantes de glitter\u00a0t\u00eam investido em vers\u00f5es ambientais, e essa tend\u00eancia tamb\u00e9m\u00a0chegou ao Brasil. \u00c9 poss\u00edvel encontrar nas redes sociais, em especial no Instagram, uma vasta gama de marcas dedicadas a alternativas biodegrad\u00e1veis e de cosm\u00e9ticos naturais que expandiram sua linha de produtos.<\/p>\n

Em lugar de pl\u00e1stico, o glitter biodegrad\u00e1vel tem componentes naturais, como celulose, \u00f3leos, ceras, agar agar, materiais aliment\u00edcios e corantes naturais.<\/p>\n

Com pre\u00e7os e composi\u00e7\u00f5es vari\u00e1veis, o bioglitter \u00e9 feito para deixar rastros m\u00ednimos no meio ambiente depois do uso, ao contr\u00e1rio do produto tradicional, que demora centenas de anos para se decompor.<\/p>\n

Uma alternativa mais barata, para quem n\u00e3o pode pagar pelo bioglitter, \u00e9 faz\u00ea-lo\u00a0em casa. Est\u00e3o dispon\u00edveis na internet v\u00eddeos no estilo “fa\u00e7a voc\u00ea mesmo”\u00a0que ensinam a produzir vers\u00f5es caseiras.<\/p>\n

Tiago destaca que um glitter biodegrad\u00e1vel eficiente deve se dissolver na \u00e1gua sem gerar produtos qu\u00edmicos indesej\u00e1veis ou mat\u00e9ria org\u00e2nica que, em quantidades exageradas, pode causar preju\u00edzos aos cursos d’\u00e1gua, como o amido. “Tudo tem que ser pensado nos termos da grande popula\u00e7\u00e3o humana que n\u00f3s temos e que utilizam esses produtos.”<\/p>\n

Uma outra sugest\u00e3o que circula pela internet para evitar que o glitter chegue aos oceanos \u00e9 remov\u00ea-lo com len\u00e7os umedecidos. A efic\u00e1cia da proposta depende, por\u00e9m, de os len\u00e7os serem descartados corretamente. Na pr\u00e1tica, o bi\u00f3logo \u00e9 c\u00e9tico. “Tirar com o len\u00e7o evita chegar ao oceano amanh\u00e3, mas vai chegar daqui a 150 anos”,\u00a0diz.<\/p>\n

Na opini\u00e3o do professor de engenharia oce\u00e2nica Paulo Cesar Rosman, da UFRJ, jogar um\u00a0len\u00e7o umedecido cheio de glitter no vaso sanit\u00e1rio \u00e9 o pior dos cen\u00e1rios, diante da precariedade de tratamento de esgoto e saneamento no Brasil.<\/p>\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Material d\u00e1 cor e brilho para as fantasias, mas tamb\u00e9m eleva a polui\u00e7\u00e3o de rios, mares e oceanos com micropl\u00e1sticos. Alternativas existem, como o bioglitter, que pode at\u00e9 mesmo ser feito em casa. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":150631,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[1854,1840,3049],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150629"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=150629"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150629\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":150630,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150629\/revisions\/150630"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/150631"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=150629"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=150629"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=150629"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}