{"id":150638,"date":"2019-02-25T12:01:09","date_gmt":"2019-02-25T15:01:09","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=150638"},"modified":"2019-02-24T22:54:29","modified_gmt":"2019-02-25T01:54:29","slug":"lama-da-samarco-afetou-os-corais-de-abrolhos-comprova-estudo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/02\/25\/150638-lama-da-samarco-afetou-os-corais-de-abrolhos-comprova-estudo.html","title":{"rendered":"Lama da Samarco afetou os corais de Abrolhos, comprova estudo"},"content":{"rendered":"
\"Foz
FOZ DO RIO DOCE, EM REG\u00caNCIA (ES), SEMANAS AP\u00d3S O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DA SAMARCO (FOTO: CREATIVE COMMONS \/ ARNAU AREGIO)<\/figcaption><\/figure>\n

H<\/span>\u00e1 anos que o geof\u00edsico e professor Heitor Evangelista pesquisa os corais do Parque Nacional dos Abrolhos, na Bahia. Com as informa\u00e7\u00f5es qu\u00edmicas contidas no esqueleto das esp\u00e9cies l\u00e1 existentes, ajuda a recontar a hist\u00f3ria do ecossistema marinho local, como a temperatura da \u00e1gua ao longo do tempo.<\/p>\n

\u201cOs corais s\u00e3o organismos que \u00e0 medida que v\u00e3o crescendo, formam um esqueleto, que vai sendo empilhado. O tecido que forma o coral \u00e9 milim\u00e9trico, tudo que tem dentro \u00e9 esqueleto. Se voc\u00ea cort\u00e1-lo, vai ver as camadas. Cada uma dessas representa um ano de crescimento\u201d, explica Evangelista.<\/p>\n

\u201c\u00c0 medida que vai crescendo, vai guardando informa\u00e7\u00f5es da coluna d’\u00e1gua. Tudo que acontece na \u00e1gua, deixa um registro nos esqueletos. O coral \u00e9 um monitor, um bioindicador, das coisas que acontecem, com a vantagem de que vai guardando ano a ano essas informa\u00e7\u00f5es, e n\u00f3s podemos, atrav\u00e9s de analises qu\u00edmicas, resgatar essa informa\u00e7\u00e3o do passado.\u201d<\/p>\n

\"Repare
REPARE NAS LINHAS NO ESQUELETO DESSE CORAL C\u00c9REBRO. CADA UMA MARCA UM ANO DE CRESCIMENTO DA ESP\u00c9CIE, DE ONDE PODEM SER RECOLHIDAS INFORMA\u00c7\u00d5ES QU\u00cdMICAS SOBRE O PASSADO DO MAR. (FOTO: UERJ)<\/figcaption><\/figure>\n

At\u00e9 que, em novembro de 2015,\u00a0a barragem do Fund\u00e3o se rompeu em Mariana\u00a0(MG), os rejeitos de min\u00e9rio ocuparam o Rio Doce por 500 km, at\u00e9 a foz, na cidade de Reg\u00eancia, no Esp\u00edrito Santo, quando invadiu o mar em forma de uma pluma marrom. Ela se estendeu por quil\u00f4metros Atl\u00e2ntico adentro e a grande d\u00favida era se iria chegar a Abrolhos, a arquip\u00e9lago no litoral sul da Bahia, a 250 km de dist\u00e2ncia da foz.<\/p>\n

\u201cQuando ocorreu esse desastre, vi que a t\u00e9cnica que utilizavam era perfeita para responder a pergunta\u201d, conta o geof\u00edsico, que \u00e9 criador do projeto\u00a0Abrolhos Sky Watch. \u201cQuando olha uma imagem de sat\u00e9lite, ele te d\u00e1 uma informa\u00e7\u00e3o visual de onde est\u00e1 o limite da pluma de rejeitos. Mas nem tudo \u00e9 o que voc\u00ea v\u00ea.\u201d<\/p>\n

Alguns desses elementos contidos na lama que chegou \u00e0 foz s\u00e3o formados por part\u00edculas muito pequenas, que solubilizam na \u00e1gua, e se espalham pelo mar, sendo carregados pelas correntes. Se, em algum momento, alguma dessas pequenas part\u00edculas chegar at\u00e9 os corais, isso vai ficar registrado nas linhas de crescimento de seus esqueletos.<\/p>\n

\u201cE n\u00e3o deu outra. Cerca de tr\u00eas meses ap\u00f3s a chegada dos rejeitos da Samarco na foz, observamos um aumento correspondente de metais pesados que essa lama carregou\u201d, lembra Evangelista. \u201c\u00c9 uma prova de que parte daquele material, invis\u00edvel, chegou. A \u00e1gua em Abrolhos continua transparente, mas tem materiais mais finos, sol\u00faveis que chegam at\u00e9 l\u00e1 e, ao chegar, foram incorporados pelos organismos.\u201d<\/p>\n

Os pesquisadores mediram a concentra\u00e7\u00e3o de 46 elementos qu\u00edmicos nos corais, sendo que alguns, como zinco, cobre, lant\u00e2nio e c\u00e9rio, tiveram um pico pouco ap\u00f3s a chegada da lama. \u201cEsses materiais provavelmente estavam na calha do Rio Doce, e, quando veio a lama, arrastou tudo. Foi como se fosse uma de onda de choque, que levou esse material rapidamente at\u00e9 Abrolhos\u201d, diz o cientista. \u201cJ\u00e1 outros elementos aumentaram constantemente ap\u00f3s a chegada da pluma, como o ars\u00eanio.\u201d<\/p>\n

\"Ilha
ILHA REDONDA EM ABROLHOS, NA BAHIA (FOTO: MUNIQUE BASSOLI\/WIKIMEDIA COMMONS)<\/figcaption><\/figure>\n

E agora?<\/strong><\/p>\n

A ci\u00eancia, no entanto, n\u00e3o sabe precisar exatamente quais s\u00e3o as consequ\u00eancias do aumento desses elementos qu\u00edmicos na vida dos corais. Existem trabalhos na literatura sobre desastres com cobre e lant\u00e2nio em outros lugares, como Indon\u00e9sia, mas s\u00e3o outros organismos, outras esp\u00e9cies de corais, que vivem em condi\u00e7\u00f5es diferentes. S\u00f3 mesmo o trabalho sistem\u00e1tico de monitoramento pode revelar que acontece.<\/p>\n

\u201c\u00c9 poss\u00edvel dizer que houve um impacto, alguns elementos ainda est\u00e3o aumentando sistematicamente. As quantidades n\u00e3o s\u00e3o grandes, para poder dizer que \u00e9 um desastre. Mas, mesmo essas quantidades pequenas, a gente n\u00e3o sabe exatamente que efeitos pode ter\u201d, explica.<\/p>\n

O risco \u00e9 que o fr\u00e1gil equil\u00edbrio ecol\u00f3gico que favorece a forma\u00e7\u00e3o de corais seja afetada, como, por exemplo, com a prolifera\u00e7\u00e3o de um outro organismo nocivo. \u201cN\u00e3o s\u00f3 em Abrolhos, mas no mundo inteiro, todos os corais est\u00e3o sob grande press\u00e3o em virtude do aquecimento da \u00e1gua dos oceanos\u201d, lembra Evangelista. \u201cQuando introduz um novo poluente, voc\u00ea coloca um outro elemento que pode deixar o coral mais sens\u00edvel ainda.\u201d<\/p>\n

O relat\u00f3rio foi encaminhado ao Instituto Chico Mendes de Conserva\u00e7\u00e3o da Biodiversidade (ICMBIO), \u00f3rg\u00e3o vinculado ao Minist\u00e9rio do Meio Ambiente, e vai integrar os autos da multa ambiental aplicada \u00e0 Samarco.<\/p>\n

Fonte: Revista Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Pesquisa conclui que metais pesados, como cobre e ars\u00eanio, que chegaram junto \u00e0 lama na foz do Rio Doce, se dissolveram no mar e atingiram o parque nacional, a 250 km de dist\u00e2ncia <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":150639,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[712,825,2531],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150638"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=150638"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150638\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":150640,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/150638\/revisions\/150640"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/150639"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=150638"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=150638"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=150638"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}