{"id":150669,"date":"2019-02-27T12:09:58","date_gmt":"2019-02-27T15:09:58","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=150669"},"modified":"2019-02-26T23:17:48","modified_gmt":"2019-02-27T02:17:48","slug":"como-atrair-a-vida-selvagem-de-volta-para-as-grandes-cidades","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/02\/27\/150669-como-atrair-a-vida-selvagem-de-volta-para-as-grandes-cidades.html","title":{"rendered":"Como atrair a vida selvagem de volta para as grandes cidades"},"content":{"rendered":"
\"Falc\u00c3\u00a3o-peregrino\"
\u00c9 poss\u00edvel observar falc\u00f5es-peregrinos voando entre os arranha-c\u00e9us de Nova York<\/figcaption><\/figure>\n

Projetos de “renaturaliza\u00e7\u00e3o” urbana est\u00e3o atraindo a vida selvagem de volta \u00e0s grandes cidades – seja criando prados para borboletas ou construindo ninhos para aves de rapina.<\/p>\n

O movimentado West End no centro de Londres n\u00e3o parece ser o local mais prov\u00e1vel para se ver um dos p\u00e1ssaros mais raros do Reino Unido. H\u00e1 apenas cerca de 20 a 40 casais reprodutores de rabirruivo-preto no pa\u00eds. Mas nos \u00faltimos anos, este passarinho raro come\u00e7ou a construir seu ninho nesta regi\u00e3o agitada da cidade – e n\u00e3o foi introduzido artificialmente.<\/p>\n

O rabirruivo-preto n\u00e3o \u00e9 a \u00fanica esp\u00e9cie inesperada da fauna selvagem que est\u00e1 vivendo em paisagens urbanas conhecidas. A popula\u00e7\u00e3o de mariposas, borboletas, pica-paus e at\u00e9 mesmo morcegos, que costumam ser encontrados em pastagens rurais, tamb\u00e9m tem aumentado nesta parte de Londres.<\/p>\n

\u00c9 uma tend\u00eancia que ganha cada vez mais for\u00e7a em todo o mundo. Em Nova York, os falc\u00f5es-peregrinos – que foram quase extintos nos EUA – agora podem ser vistos regularmente, a uma velocidade vertiginosa, por arranha-c\u00e9us de toda a cidade.<\/p>\n

Essas mudan\u00e7as s\u00e3o resultado de esfor\u00e7os crescentes para transformar \u00e1reas urbanas hostis a esp\u00e9cies selvagens em habitats acolhedores que permitam a conviv\u00eancia harm\u00f4nica com os habitantes da cidade. Uma nova iniciativa inclui at\u00e9 mesmo instalar colmeias dentro de escrit\u00f3rios.<\/p>\n

Voc\u00ea n\u00e3o precisa reformular completamente a estrutura de uma cidade para conseguir isso, diz Emily Woodason, arquiteta paisagista da empresa de design e planejamento Arup.<\/p>\n

\u00c0s vezes, criar “bols\u00f5es de vegeta\u00e7\u00e3o” \u00e9 suficiente para atrair a vida selvagem para determinada \u00e1rea. O projeto Wild West End, que envolve seis dos maiores propriet\u00e1rios de terras de Londres, est\u00e1 tentando criar 100 metros quadrados de espa\u00e7os verdes a cada 100 metros.<\/p>\n

“\u00c9 um objetivo ambicioso”, diz Woodason. “Em \u00faltima an\u00e1lise, o objetivo \u00e9 criar um corredor verde entre os parques de Londres.”<\/p>\n

Al\u00e9m de planejar mais \u00e1reas verdes, muitos propriet\u00e1rios est\u00e3o optando por reformar os edif\u00edcios existentes com paredes ou telhados cobertos por vegeta\u00e7\u00e3o. At\u00e9 agora, parece estar funcionando. Desde a primeira an\u00e1lise da vida selvagem, realizada h\u00e1 dois anos, v\u00e1rias esp\u00e9cies retornaram \u00e0 regi\u00e3o, incluindo o rabirruivo-preto.<\/p>\n

“Um dos espa\u00e7os criados talvez inclua pilhas de pedra e peda\u00e7os de troncos de \u00e1rvores, que s\u00e3o \u00f3timos para atrair diferentes insetos e permitir uma coloniza\u00e7\u00e3o mais natural das esp\u00e9cies ao longo do tempo”, destaca Woodason.<\/p>\n

“Essas condi\u00e7\u00f5es s\u00e3o perfeitas para esse tipo de ave.”<\/p>\n

\"Rabirruivo-preto\"
O rabirruivo-preto, esp\u00e9cie rara no Reino Unido, retornou recentemente ao centro de Londres<\/figcaption><\/figure>\n

Atrair esp\u00e9cies raras de volta \u00e0s cidades n\u00e3o \u00e9 apenas algo “bacana de se fazer”, embora certamente torne a vida urbana mais diversificada e interessante. Algumas esp\u00e9cies atra\u00eddas por esses programas s\u00e3o consideradas essenciais para a seguran\u00e7a alimentar – os insetos polinizadores, por exemplo, como abelhas e borboletas. E suas popula\u00e7\u00f5es est\u00e3o despencando globalmente.<\/p>\n

“Percebemos que planejamento urbano, desenvolvimento, arquitetura e desenho industrial s\u00e3o todos c\u00famplices na elimina\u00e7\u00e3o de outras esp\u00e9cies no planeta”, diz Mitchell Joachim, diretor e cofundador da Terreform, empresa de planejamento ecol\u00f3gico e arquitetura.<\/p>\n

“Sou absolutamente apaixonado por tentar restaurar esses habitats nas cidades e incutir isso na maneira como planejamos nossos edif\u00edcios.”<\/p>\n

\u00c0s vezes isso significa planejar um prado vertical de oito andares nas paredes de um pr\u00e9dio de escrit\u00f3rios em Manhattan. As borboletas-monarcas s\u00e3o nativas da Am\u00e9rica do Norte, mas v\u00eam desaparecendo rapidamente desde os anos 1980, devido \u00e0 destrui\u00e7\u00e3o generalizada da ascl\u00e9pia, planta que \u00e9 essencial para sua reprodu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

“A ascl\u00e9pia \u00e9 uma esp\u00e9cie altamente invasiva, os seres humanos n\u00e3o gostam disso – pode causar erup\u00e7\u00f5es na pele ou tomar conta do gramado”, diz Mitchell.<\/p>\n

Construir um espa\u00e7o para as borboletas-monarcas nos pr\u00e9dios \u00e9 parte de um esfor\u00e7o para reduzir seu decl\u00ednio vertiginoso.<\/p>\n

“\u00c9 um santu\u00e1rio para as borboletas-monarcas, para elas procriarem, com viveiros de lagartas e \u00e1reas para cris\u00e1lidas e borboletas adultas”, diz Joachim. “Elas moram l\u00e1 por algumas semanas e depois s\u00e3o libertadas.”<\/p>\n

\"Borboleta\"
As borboletas-monarcas botam seus ovos em ascl\u00e9pias, mas a planta \u00e9 considerada uma praga por jardineiros<\/figcaption><\/figure>\n

Para haver um impacto real na popula\u00e7\u00e3o de borboletas-monarcas, ser\u00e1 necess\u00e1rio mais de um santu\u00e1rio. O mais importante a fazer \u00e9 restaurar o habitat natural da esp\u00e9cie – dentro e fora da cidade, ao longo de sua rota de migra\u00e7\u00e3o para o M\u00e9xico – proporcionando mais ascl\u00e9pias, principalmente.<\/p>\n

Nas cidades, o terra\u00e7o dos pr\u00e9dios \u00e9 o lugar \u00f3bvio para come\u00e7ar o cultivo de ascl\u00e9pias. Um jardim deste tipo est\u00e1 planejado para ser instalado no topo do edif\u00edcio do “santu\u00e1rio” de borboletas – para receber os insetos quando forem soltos ao ar livre. Mas isso \u00e9 algo que todo mundo que \u00e9 dono ou aluga um im\u00f3vel pode fazer, n\u00e3o apenas os propriet\u00e1rios de grandes edif\u00edcios.<\/p>\n

Para surtir efeito no longo prazo, as pessoas precisam dar menos import\u00e2ncia ao aspecto de seus gramados e jardins e deixar as ascl\u00e9pias intactas.<\/p>\n

\u00c0s vezes a vida selvagem volta a uma cidade n\u00e3o porque as pessoas criam um espa\u00e7o destinado a ela, mas porque algo que era t\u00f3xico para as esp\u00e9cies n\u00e3o existe mais.<\/p>\n

O pesticida DDT, originalmente aclamado, foi amplamente utilizado na agricultura a partir da d\u00e9cada de 1940. Apenas d\u00e9cadas depois foi descoberto que era altamente t\u00f3xico para muitas esp\u00e9cies, incluindo os seres humanos, e a Ag\u00eancia de Prote\u00e7\u00e3o Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em ingl\u00eas) proibiu a subst\u00e2ncia em 1972.<\/p>\n

Entre os mais afetados, estavam as aves de rapina, uma vez que a toxina se acumulava ao longo da cadeia alimentar. A popula\u00e7\u00e3o americana de falc\u00f5es-peregrinos, a ave de rapina mais r\u00e1pida do mundo, foi dizimada e, em 1970, estava \u00e0 beira da extin\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Um grupo de cientistas criou uma iniciativa de conserva\u00e7\u00e3o chamada Peregrine Fund, para tentar criar exemplares da esp\u00e9cie em cativeiro at\u00e9 poderem ser soltos na natureza. Um dos lugares em que os falc\u00f5es-peregrinos prosperaram acabou se revelando um tanto inesperado.<\/p>\n

“Eles come\u00e7aram a experimentar soltar falc\u00f5es-peregrinos nas cidades”, diz Erin Katzner, diretora de engajamento global do Peregrine Fund.<\/p>\n

“N\u00e3o s\u00f3 funcionou, como funcionou muito bem.”<\/p>\n

\"Gramado\"
Gramado no terra\u00e7o dos pr\u00e9dios pode ajudar a formar um ‘corredor verde’ conectando reservas e parques maiores<\/figcaption><\/figure>\n

Os arranha-c\u00e9us ofereciam um habitat familiar \u00e0s aves – lugares altos, com “penhascos” e espa\u00e7o para fazer o ninho longe de predadores em potencial, como guaxinins ou raposas.<\/p>\n

Os cientistas trabalharam com propriet\u00e1rios de edif\u00edcios na cria\u00e7\u00e3o de parapeitos para as aves se aninharem. Pombos e aves migrat\u00f3rias forneciam comida abundante. E, com o decl\u00ednio da contamina\u00e7\u00e3o da cadeia alimentar por DDT, a popula\u00e7\u00e3o de falc\u00f5es-peregrinos nas cidades aumentou.<\/p>\n

“Agora voc\u00ea pode encontr\u00e1-los em quase todas as cidades dos Estados Unidos, incluindo v\u00e1rios casais em Manhattan”, diz Katzner.<\/p>\n

“Voc\u00ea pode estar no centro de Nova York e se deparar com falc\u00f5es voando entre os arranha-c\u00e9us.”<\/p>\n

H\u00e1, inclusive, muitos registros de esp\u00e9cies que vivem no campo chegando \u00e0s cidades por conta pr\u00f3pria, uma vez que se tornaram um habitat t\u00e3o favor\u00e1vel. Al\u00e9m de serem fascinantes de observar, as aves de rapina urbanas ajudam reduzir a presen\u00e7a de roedores.<\/p>\n

Iniciativas de “renaturaliza\u00e7\u00e3o” urbana costumam apresentar benef\u00edcios em diversos n\u00edveis – espa\u00e7os verdes deixam as pessoas mais felizes, ajudam a resolver problemas de drenagem da \u00e1gua e evitar inunda\u00e7\u00f5es, al\u00e9m de proporcionar um habitat para polinizadores e outras esp\u00e9cies.<\/p>\n

Mas talvez um dos seus atributos mais valiosos seja fazer com que as pessoas se sintam mais conectadas com a natureza e estejam mais conscientes de nossa rela\u00e7\u00e3o com o meio ambiente.<\/p>\n

No longo prazo, a ideia n\u00e3o \u00e9 apenas construir empreendimentos ecol\u00f3gicos, mas mudar a mentalidade sobre o que \u00e9 desenvolvimento.<\/p>\n

At\u00e9 pouco tempo, urbaniza\u00e7\u00e3o significava transformar \u00e1reas verdes em cinza, a partir do concreto, asfalto e vidro usado nas constru\u00e7\u00f5es tradicionais. N\u00e3o \u00e9 de se espantar que isso acabou sendo nocivo para nosso bem-estar mental, sa\u00fade f\u00edsica, meio ambiente, ecossistemas e vida selvagem.<\/p>\n

A “renaturaliza\u00e7\u00e3o” \u00e9 uma maneira de reverter esse processo: priorizando plantas e animais e abrindo caminho para os benef\u00edcios \u00e0 nossa sa\u00fade, bem-estar e ao ambiente urbano.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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