{"id":150702,"date":"2019-02-28T12:00:56","date_gmt":"2019-02-28T15:00:56","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=150702"},"modified":"2019-02-27T22:39:09","modified_gmt":"2019-02-28T01:39:09","slug":"purpurina-biodegradavel-uma-tendencia-crescente-no-carnaval-carioca","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/02\/28\/150702-purpurina-biodegradavel-uma-tendencia-crescente-no-carnaval-carioca.html","title":{"rendered":"Purpurina biodegrad\u00e1vel, uma tend\u00eancia crescente no carnaval carioca"},"content":{"rendered":"
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Ao contr\u00e1rio da purpurina industrial, o glitter org\u00e2nico tem forma irregular e apar\u00eancia mais metalizada<\/figcaption><\/figure>\n
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Fantasias de sereia, com um turbante de frutas tropicais \u00e0 la Carmen Miranda ou um toucado de fara\u00f3 eg\u00edpcio: nenhum ‘look’ do carnaval de rua no Rio de Janeiro est\u00e1 completo sem uma grande quantidade de purpurina.<\/p>\n

Mas acompanhando uma tend\u00eancia mundial, muitos foli\u00f5es est\u00e3o tomando consci\u00eancia do problema representado pelas 8 milh\u00f5es de toneladas de pl\u00e1stico que a cada ano param no oceano dos cinco continentes e apostam numa vers\u00e3o ecol\u00f3gica para reduzir seu impacto.<\/p>\n<\/div>\n

“Eu sempre fui muito f\u00e3 de glitter, usava muita purpurina no carnaval, tomava banho, dava banho nos outros, soltava glitter como se fosse uma coisa maravilhosa. Quando descobri que era de pl\u00e1stico, fiquei bem incomodada e pensei que deveria fazer alguma coisa a esse respeito”, contou \u00e0 AFP Frances Sans\u00e3o, uma arquiteta carioca de 29 anos que criou h\u00e1 dois anos a Pura Bioglitter, uma das marcas de purpurina ecol\u00f3gica pioneiras no Brasil.<\/p>\n

As micropart\u00edculas que refletem a luz e embelezam a festa de noite e de dia perduram no planeta para sempre e podem, como muitos pl\u00e1sticos, acabar no est\u00f4mago da fauna marinha.<\/p>\n

– Menos brilhante e mais sustent\u00e1vel –<\/p>\n

Insatisfeita com a ideia de espalhar micropl\u00e1sticos durante sua festa favorita, Frances come\u00e7ou a pesquisar em 2016 como fabricar sua pr\u00f3pria purpurina ecol\u00f3gica; Import\u00e1-lo dos Estados Unidos ou da Gr\u00e3-Bretanha era invi\u00e1vel, devido aos altos custos.<\/p>\n

Inspirada pela culin\u00e1ria vegana, experimentou receitas at\u00e9 chegar a uma f\u00f3rmula \u00e0 base de algas marinhas e p\u00f3 de mica (uma pedra brilhante), que tenta patentear.<\/p>\n

“Esse glitter \u00e9 mais leve, n\u00e3o tem material nocivo, ao contr\u00e1rio, as algas s\u00e3o super-hidratantes, faz bem para a pele. E ele n\u00e3o tem impacto sobre a vida marinha”, garante.<\/p>\n

Ap\u00f3s tr\u00eas dias, “quando ele se decomp\u00f5e, volta ao estado natural, volta a ser alga e pedra e \u00e9 menos agressivo para o meio ambiente, n\u00e3o h\u00e1 problema em ir para o mar”, explica.<\/p>\n

Ao contr\u00e1rio da purpurina industrial, os “flocos” de glitter org\u00e2nico t\u00eam uma forma irregular e uma apar\u00eancia mais metalizada, j\u00e1 que a mica \u00e9 menos reflexiva que o alum\u00ednio.<\/p>\n

“Quem \u00e9 mais comprometido com a sustentabilidade entende que n\u00e3o vai ser igual [ao glitterde pl\u00e1stico]. Esta \u00e9 uma alternativa sustent\u00e1vel”, mas tem tido uma boa recep\u00e7\u00e3o entre o p\u00fablico porque “\u00e9 muito bonito”, assegura.<\/p>\n

Em meio ao tumulto da m\u00fasica e da dan\u00e7a, a cozinheira Denise Davidson acaba de ser maquiada por Frances e uma de suas s\u00f3cias, durante um dos blocos carnavalescos que tomam a cidade todo m\u00eas de fevereiro.<\/p>\n

“Achei legal, \u00e9 diferente, a gente vive um momento em que as pessoas se preocupam mais com a natureza, a sustentabilidade est\u00e1 super em alta, e acredito que seja vi\u00e1vel, as pessoas v\u00e3o aderir, sim”, diz Denise.<\/p>\n

– Neg\u00f3cio em expans\u00e3o –<\/p>\n

Usando protetor para o rosto e luvas de borracha, Frances tritura em um liquidificador peda\u00e7os de papel metalizado para repor o estoque de purpurina dourada, que vende, como as demais cores, em frascos de 1 ou 3 gramas, a dez reais o grama.<\/p>\n

Esse \u00e9 o \u00faltimo passo de um processo que come\u00e7a com a coc\u00e7\u00e3o de uma esp\u00e9cie de gelatina de alga, que \u00e9 ent\u00e3o misturada ao p\u00f3 de mica, corantes e espalhado em um superf\u00edcie plana para secar e adquirir a consist\u00eancia de um papel, pronta para ser triturada em pedacinhos.<\/p>\n

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A arquiteta Frances Sans\u00e3o confecciona purpurina biodegrad\u00e1vel no Rio de Janeiro<\/figcaption><\/figure>\n
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As tr\u00eas s\u00f3cias e duas ajudantes produzem 800 gramas por dia. At\u00e9 o final do Carnaval, esperam ter fabricado 50 kg de glitter.<\/p>\n

“Quando criei a Pura, as pessoas me criticaram, disseram que era mi mi mi (a preocupa\u00e7\u00e3o com a purpurina sint\u00e9tica), mas o discurso das pessoas foi mudando. Hoje em dia eu vejo que as pessoas est\u00e3o muito mais engajadas, mais conscientes. Acho que vem mesmo da ignor\u00e2ncia sobre o assunto. As pessoas n\u00e3o divulgavam muito essa quest\u00e3o do pl\u00e1stico”, assegura Frances.<\/p>\n<\/div>\n

Apesar de a demanda continuar crescendo, ela n\u00e3o acredita que a purpurina org\u00e2nica vai substituir completamente a vers\u00e3o industrial no Brasil, uma vez que n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel fabric\u00e1-la a pre\u00e7o competitivo.<\/p>\n

Por isso, para aqueles que continuarem usando a purpurina convencional, recomenda retir\u00e1-la do corpo e descart\u00e1-la no lixo antes do banho, para evitar que pare no mar.<\/p>\n<\/div>\n