{"id":151147,"date":"2019-03-27T12:00:36","date_gmt":"2019-03-27T15:00:36","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=151147"},"modified":"2019-03-26T22:38:48","modified_gmt":"2019-03-27T01:38:48","slug":"pesquisadores-brasileiros-e-australianos-avaliam-efeitos-do-garimpo-no-rio-madeira","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/03\/27\/151147-pesquisadores-brasileiros-e-australianos-avaliam-efeitos-do-garimpo-no-rio-madeira.html","title":{"rendered":"Pesquisadores brasileiros e australianos avaliam efeitos do garimpo no rio Madeira"},"content":{"rendered":"
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Apesar de ter entrado em decl\u00ednio, atividade ainda \u00e9 respons\u00e1vel pelas altas concentra\u00e7\u00f5es de merc\u00fario encontradas no maior afluente do Amazonas, aponta estudo apoiado pelo SPRINT-FAPESP(foto: johnnyshwang0 \/ Pixabay)<\/figcaption><\/figure>\n

Apesar de ter entrado em decl\u00ednio a partir de 1985, o garimpo de ouro em minas de aluvi\u00e3o nas margens e leito do rio Madeira tem deixado um rastro de polui\u00e7\u00e3o por metais t\u00f3xicos no maior afluente do rio Amazonas.<\/p>\n

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro, em parceria com colegas da Queensland University of Technology, da Austr\u00e1lia, encontrou um n\u00edvel relativamente alto de merc\u00fario acumulado em sedimentos de lagos do rio Madeira \u2013 gerado pela extra\u00e7\u00e3o artesanal de ouro.<\/p>\n

Os resultados do trabalho,\u00a0apoiado pela FAPESP<\/b>\u00a0no \u00e2mbito da modalidade S\u00e3o Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT<\/b>), foram publicados na revista\u00a0Ecotoxicology and Environmental Safety<\/i>. O estudo tem a participa\u00e7\u00e3o de pesquisadores da Universidade Federal de Rond\u00f4nia (Unir) e da Shenzen University, na China.<\/p>\n

\u201cEmbora tenha diminu\u00eddo a intensidade da extra\u00e7\u00e3o de ouro por minera\u00e7\u00e3o artesanal e de pequena escala no rio Madeira nas \u00faltimas duas d\u00e9cadas, essa atividade continua a ser a principal fonte de emiss\u00e3o de merc\u00fario que encontramos em sedimentos de lagos daquela bacia\u201d, disse\u00a0Daniel Marcos Bonotto<\/b>, professor da Unesp de Rio Claro e primeiro autor do estudo, \u00e0\u00a0Ag\u00eancia FAPESP<\/b>.<\/p>\n

O projeto \u00e9 o segundo que Bonotto realiza com apoio do SPRINT da FAPESP. O primeiro foi em 2016, quando ele se associou a Trevor Elliot, professor da Queen\u2019s University Belfast, da Irlanda, em um\u00a0estudo<\/b>\u00a0sobre tra\u00e7adores ambientais para a gest\u00e3o de recursos h\u00eddricos.<\/p>\n

\u201cO SPRINT favorece a mobilidade e a identifica\u00e7\u00e3o de projetos em colabora\u00e7\u00e3o com pesquisadores do exterior, mesmo que ainda n\u00e3o estejam formatados\u201d, disse Bonotto.<\/p>\n

Colabora\u00e7\u00f5es internacionais<\/b><\/p>\n

A cria\u00e7\u00e3o de novas parcerias em pesquisa \u00e9 justamente um dos objetivos do SPRINT, modalidade que completa cinco anos. Lan\u00e7ada em abril de 2014, com o objetivo de promover o avan\u00e7o da pesquisa cient\u00edfica por meio de colabora\u00e7\u00f5es entre pesquisadores vinculados a universidades e institui\u00e7\u00f5es de pesquisa no Estado de S\u00e3o Paulo e cientistas parceiros no exterior em projetos conjuntos de m\u00e9dio e longo prazo, essa estrat\u00e9gia de organiza\u00e7\u00e3o da FAPESP oferece financiamento para a fase inicial de colabora\u00e7\u00f5es internacionais em pesquisa \u2013 o chamado\u00a0seed funding<\/i>\u00a0(financiamento semente).<\/p>\n

\u201cA expectativa da FAPESP \u00e9 que o\u00a0seed funding<\/i>\u00a0oferecido, somado aos recursos da universidade parceira, permita aos pesquisadores interagir em um projeto e, ao mesmo tempo, desenvolver uma colabora\u00e7\u00e3o que leve a uma proposta de pesquisa conjunta de m\u00e9dio ou longo prazo a ser submetida \u00e0 Funda\u00e7\u00e3o e \u00e0s ag\u00eancias estrangeiras acess\u00edveis pelo pesquisador parceiro\u201d, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor cient\u00edfico da FAPESP.<\/p>\n

Como explicou Marilda Solon Teixeira Bottesi, assessora para colabora\u00e7\u00f5es em pesquisa da FAPESP, os objetivos do SPRINT s\u00e3o consolidar parcerias de pesquisa j\u00e1 existentes ou estimular novas colabora\u00e7\u00f5es por meio do financiamento de miss\u00f5es cient\u00edficas.<\/p>\n

\u201cPor meio dos projetos apoiados pelo SPRINT, os pesquisadores participantes t\u00eam a oportunidade de visitar as institui\u00e7\u00f5es e conhecer os laborat\u00f3rios e as pesquisas conduzidas por seus parceiros e, com isso, propor projetos conjuntos\u201d, disse.<\/p>\n

A parceria de Bonotto com pesquisadores australianos, por exemplo, permitiu ampliar a investiga\u00e7\u00e3o que o grupo dele na Unesp iniciou ainda na d\u00e9cada de 1990, quando come\u00e7aram a coletar sedimentos de diferentes profundidades e rochas circundantes de lagos do rio Madeira, em Porto Velho (RO), a fim de avaliar as concentra\u00e7\u00f5es e determinar as fontes de merc\u00fario.<\/p>\n

O metal t\u00f3xico, que representa um risco para a sa\u00fade ao ser ingerido por meio do consumo de peixes, pode contaminar as \u00e1guas do Madeira naturalmente ao ser transportado do solo para cursos de \u00e1gua, ou pelas emiss\u00f5es atmosf\u00e9ricas de erup\u00e7\u00f5es vulc\u00e2nicas dos Andes. Al\u00e9m disso, tamb\u00e9m pode ser gerado pelo garimpo de ouro de aluvi\u00e3o, explicou Bonotto.<\/p>\n

\u201cChegamos a presenciar durante estudos em campo o descarte direto de merc\u00fario por garimpeiros em lagos do Madeira\u201d, disse Bonotto.<\/p>\n

A fim de estimar a contribui\u00e7\u00e3o de fontes naturais e do garimpo de ouro de aluvi\u00e3o para as concentra\u00e7\u00f5es de merc\u00fario encontradas em lagos do rio Madeira, os pesquisadores fizeram uma an\u00e1lise dos dados de sedimentos e de rochas de nove lagos, baseada em redes bayesianas.<\/p>\n

Esses modelos gr\u00e1ficos, que representam de forma simples as rela\u00e7\u00f5es de causalidade das vari\u00e1veis de um sistema, t\u00eam sido usados para entender redes ambientais complexas, como para a predi\u00e7\u00e3o de abund\u00e2ncia de esp\u00e9cies em fun\u00e7\u00e3o de caracter\u00edsticas de h\u00e1bitat.<\/p>\n

\u201cNossos colegas da Austr\u00e1lia, especialistas nessa abordagem estat\u00edstica, acharam interessante tentar us\u00e1-la para avaliar a contribui\u00e7\u00e3o das diferentes fontes de emiss\u00e3o de merc\u00fario em lagos do rio Madeira com base nos dados de sedimentos que coletamos\u201d, afirmou Bonotto.<\/p>\n

Os resultados das an\u00e1lises indicaram que, embora as forma\u00e7\u00f5es geol\u00f3gicas e do solo dos ecossistemas amaz\u00f4nicos influenciem o transporte de merc\u00fario nos lagos do rio Madeira, o garimpo de ouro de aluvi\u00e3o tem uma grande parcela de contribui\u00e7\u00e3o na gera\u00e7\u00e3o do metal encontrado nessa bacia.<\/p>\n

Os pesquisadores constataram que os sedimentos de fundo dos lagos apresentavam concentra\u00e7\u00f5es significativamente mais elevadas de merc\u00fario do que as rochas circundantes \u2013 o que afasta a hip\u00f3tese dessas \u00faltimas serem a fonte de emiss\u00e3o do metal.<\/p>\n

Uma vez que a minera\u00e7\u00e3o de ouro diminuiu significativamente na regi\u00e3o nos \u00faltimos anos, as emiss\u00f5es anteriores de merc\u00fario por essa atividade contribu\u00edram para as altas concentra\u00e7\u00f5es do metal encontradas nos sedimentos dos lagos, apontaram os autores do estudo.<\/p>\n

\u201cNormalmente, os sedimentos de fundo de lagos costumam reter muitas evid\u00eancias de polui\u00e7\u00e3o. As colunas de sedimentos que coletamos, por exemplo, de diferentes profundidades, ret\u00eam registros de polui\u00e7\u00e3o por merc\u00fario de v\u00e1rios anos\u201d, disse Bonotto.<\/p>\n

Agora, em colabora\u00e7\u00e3o com os colegas australianos da Queensland University of Technology, Bonotto pretende usar a mesma abordagem estat\u00edstica para estimar as fontes de emiss\u00e3o de cromo pela ind\u00fastria de cal\u00e7ados de Franca em rios da regi\u00e3o.<\/p>\n

\u201cTamb\u00e9m queremos avaliar a influ\u00eancia de nitrato no transporte de ur\u00e2nio em \u00e1guas subterr\u00e2neas do aqu\u00edfero Guarani, no Estado de S\u00e3o Paulo\u201d, disse Bonotto.<\/p>\n

O SPRINT tem quatro chamadas por ano. As propostas devem ser apresentadas sempre at\u00e9 a \u00faltima segunda-feira dos meses de janeiro, abril, julho e outubro. A primeira\u00a0chamada<\/b>\u00a0deste ano, com prazo final para envio de propostas at\u00e9 29 de abril, bateu o recorde de institui\u00e7\u00f5es participantes. S\u00e3o 16 institui\u00e7\u00f5es de diversos pa\u00edses.<\/p>\n

O SPRINT j\u00e1 apoiou mais de cem projetos de pesquisa realizados por pesquisadores vinculados a universidades p\u00fablicas e privadas e a institui\u00e7\u00f5es de pesquisa sediadas no Estado de S\u00e3o Paulo em colabora\u00e7\u00e3o com cientistas da Inglaterra, Estados Unidos, Austr\u00e1lia, Fran\u00e7a, Holanda, Canad\u00e1, Irlanda, Ir\u00e3, Argentina, Espanha, \u00c1frica do Sul, Pa\u00eds de Gales, Esc\u00f3cia, Alemanha, B\u00e9lgica, China, Su\u00e9cia, Chile, Jap\u00e3o e Dinamarca.<\/p>\n

O artigo\u00a0Assessing mercury pollution in Amazon River tributaries using a bayesian network approach<\/i>\u00a0(DOI: 10.1016\/j.ecoenv.2018.09.099), de Daniel Marcos Bonotto, Buddhi Wijesiri, Marcelo Vergotti, Ene Gl\u00f3ria da Silveira e Ashantha Goonetilleke, pode ser lido por assinantes da revista\u00a0Ecotoxicology and Environmental Safety<\/i>\u00a0em\u00a0www.sciencedirect.com\/science\/article\/pii\/S0147651318309734<\/a><\/b>.<\/a><\/p>\n

Fonte: FAPESP<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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