{"id":151561,"date":"2019-04-19T00:00:23","date_gmt":"2019-04-19T03:00:23","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=151561"},"modified":"2019-04-17T22:27:38","modified_gmt":"2019-04-18T01:27:38","slug":"cientistas-conseguem-reativar-cerebros-de-porcos-quatro-horas-apos-morte","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/04\/19\/151561-cientistas-conseguem-reativar-cerebros-de-porcos-quatro-horas-apos-morte.html","title":{"rendered":"Cientistas conseguem reativar c\u00e9rebros de porcos quatro horas ap\u00f3s morte"},"content":{"rendered":"
\"Pig\"
Estudo mostrou que morte de c\u00e9lulas cerebrais poderia ser interrompida<\/figcaption><\/figure>\n

Cientistas americanos ligados \u00e0 Universidade Yale reativaram parcialmente c\u00e9rebros de porcos quatro horas depois de os animais terem sido abatidos.<\/p>\n

As descobertas devem ampliar o debate sobre a barreira entre a vida e a morte, al\u00e9m de fornecer novas maneiras de pesquisar doen\u00e7as como a de Alzheimer.<\/p>\n

O estudo mostrou que a morte de c\u00e9lulas cerebrais poderia ser interrompida e que \u00e9 poss\u00edvel at\u00e9 mesmo restabelecer algumas conex\u00f5es no c\u00e9rebro.<\/p>\n

Mas n\u00e3o havia sinais do c\u00e9rebro reativado que indicassem consci\u00eancia.<\/p>\n

As descobertas desafiam a ideia de que o c\u00e9rebro entra em decl\u00ednio irrevers\u00edvel poucos minutos depois de interrompido o fornecimento de sangue.<\/p>\n

O que os cientistas fizeram?<\/h2>\n

Foram coletados 32 c\u00e9rebros de porcos em um matadouro.<\/p>\n

Quatro horas depois, os \u00f3rg\u00e3os foram conectados a um sistema feito pela equipe da Universidade Yale, nos Estados Unidos.<\/p>\n

Ele bombeava em ritmo pr\u00e9-determinado, para imitar o pulso, um l\u00edquido especialmente projetado em torno do c\u00e9rebro, que continha um sangue sint\u00e9tico para transportar oxig\u00eanio e drogas para retardar ou reverter a morte das c\u00e9lulas cerebrais.<\/p>\n

Os c\u00e9rebros de porco receberam o coquetel restaurador por seis horas.<\/p>\n

O que o estudo mostrou?<\/h2>\n
\"Synapse\"
Pesquisadores identificaram sinapses ap\u00f3s aplicarem m\u00e9todo para reativar os c\u00e9rebros<\/figcaption><\/figure>\n

O estudo, publicado na revista Nature, mostrou uma redu\u00e7\u00e3o na morte das c\u00e9lulas cerebrais, a restaura\u00e7\u00e3o dos vasos sangu\u00edneos e alguma atividade cerebral.<\/p>\n

Os pesquisadores descobriram sinapses em funcionamento – as conex\u00f5es entre as c\u00e9lulas do c\u00e9rebro que permitem a comunica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Os c\u00e9rebros tamb\u00e9m mostraram uma resposta normal \u00e0 medica\u00e7\u00e3o e consumiram a mesma quantidade de oxig\u00eanio que um c\u00e9rebro normal.<\/p>\n

Isso tudo dez horas depois de os porcos serem decapitados.<\/p>\n

Um eletroencefalograma, no entanto, n\u00e3o detectou sinais de atividade el\u00e9trica, o que sinalizaria consci\u00eancia ou percep\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Eles ainda eram, fundamentalmente, c\u00e9rebros mortos.<\/p>\n

O que podemos entender a partir disso?<\/h2>\n

Essa pesquisa afeta ideias sobre como o c\u00e9rebro morre, algo que muitos pensavam que acontecia rapidamente e irreversivelmente sem o suprimento de oxig\u00eanio.<\/p>\n

“A morte celular no c\u00e9rebro ocorre atrav\u00e9s de uma janela de tempo mais longa do que pens\u00e1vamos anteriormente”, afirmou Nenad Sestan, professor de Neuroci\u00eancia de Yale.<\/p>\n

“O que estamos mostrando \u00e9 que o processo de morte celular \u00e9 um processo gradual. E que alguns desses processos podem ser adiados, preservados ou mesmo revertidos.”<\/p>\n

Esses experimentos s\u00e3o \u00e9ticos?<\/h2>\n

Os c\u00e9rebros dos porcos vieram da ind\u00fastria de carne su\u00edna, logo, os animais n\u00e3o foram criados em laborat\u00f3rio para este experimento.<\/p>\n

Mas os cientistas de Yale estavam t\u00e3o preocupados que os c\u00e9rebros porcos pudessem recobrar consci\u00eancia que aplicaram drogas para reduzir qualquer atividade cerebral.<\/p>\n

E a equipe monitorava constantemente os c\u00e9rebros para ver se havia algum sinal de fun\u00e7\u00f5es cerebrais superiores.<\/p>\n

Nesse caso, eles teriam usado anestesia e encerrado o experimento.<\/p>\n

Estudiosos de \u00e9tica defenderam tamb\u00e9m na Nature que novas diretrizes s\u00e3o necess\u00e1rias para este campo, porque os animais usados para pesquisa podem acabar em uma “\u00e1rea cinzenta – n\u00e3o viva, mas n\u00e3o completamente morta”.<\/p>\n

Qual \u00e9 o objetivo?<\/h2>\n
\"C\u00c3\u00a9rebro\"
A longo prazo, os cientistas esperam encontrar melhores formas de proteger o c\u00e9rebro ap\u00f3s traumas<\/figcaption><\/figure>\n

O trabalho ter\u00e1 um efeito positivo imediato para os cientistas que estudam o c\u00e9rebro e doen\u00e7as com a de Alzheimer.<\/p>\n

O \u00f3rg\u00e3o \u00e9 a estrutura mais complexa do universo conhecido, mas t\u00e9cnicas como o congelamento de fatias do c\u00e9rebro ou o crescimento de col\u00f4nias de c\u00e9lulas cerebrais em um prato n\u00e3o permitem que os pesquisadores explorem toda a fia\u00e7\u00e3o 3D do c\u00e9rebro.<\/p>\n

A longo prazo, os cientistas esperam encontrar melhores formas de proteger o c\u00e9rebro ap\u00f3s traumas como um AVC.<\/p>\n

Mas os pesquisadores dizem que ainda \u00e9 muito cedo.<\/p>\n

“N\u00f3s ainda n\u00e3o sabemos se ser\u00edamos capazes de restaurar a fun\u00e7\u00e3o cerebral normal”, disse Sestan, professor de Neuroci\u00eancia de Yale.<\/p>\n

O estudo muda o significado da morte?<\/h2>\n

Por ora, n\u00e3o, mas alguns especialistas em \u00e9tica m\u00e9dica dizem que devemos debater o tema agora, pois as pessoas que t\u00eam morte cerebral s\u00e3o uma importante fonte de \u00f3rg\u00e3os para transplante.<\/p>\n

Dominic Wilkinson, professor de \u00e9tica m\u00e9dica e consultor neonatologista em Oxford, disse: “Uma vez que algu\u00e9m tenha sido diagnosticado como morte cerebral, n\u00e3o h\u00e1 como a pessoa se recuperar. A pessoa se foi para sempre.”<\/p>\n

“Se, no futuro, fosse poss\u00edvel restaurar a fun\u00e7\u00e3o do c\u00e9rebro ap\u00f3s a morte, para trazer de volta a mente e a personalidade de algu\u00e9m, isso teria, \u00e9 claro, implica\u00e7\u00f5es importantes para nossas defini\u00e7\u00f5es de morte.”<\/p>\n

Mas esse n\u00e3o \u00e9 o caso atualmente.<\/p>\n

A professora Tara Spiers-Jones, vice-diretora do Center for Discovery Brain Sciences da Universidade de Edimburgo, disse que o estudo est\u00e1 longe de preservar a fun\u00e7\u00e3o do c\u00e9rebro humano ap\u00f3s a morte.<\/p>\n

“\u00c9, em vez disso, uma preserva\u00e7\u00e3o tempor\u00e1ria de algumas das fun\u00e7\u00f5es celulares mais b\u00e1sicas no c\u00e9rebro dos porcos, e n\u00e3o a preserva\u00e7\u00e3o do pensamento e da personalidade.”<\/p>\n

Os c\u00e9rebros dos porcos poderiam estar conscientes?<\/h2>\n

Neste experimento, a resposta \u00e9 claramente n\u00e3o. Os c\u00e9rebros estavam efetivamente silenciosos.<\/p>\n

Mas a pesquisa gera tantas perguntas quanto respostas:<\/p>\n