{"id":151687,"date":"2019-04-27T01:00:23","date_gmt":"2019-04-27T04:00:23","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=151687"},"modified":"2019-04-26T23:47:39","modified_gmt":"2019-04-27T02:47:39","slug":"observatorio-a-bordo-de-aviao-detecta-o-primeiro-tipo-de-molecula-formada-no-universo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/04\/27\/151687-observatorio-a-bordo-de-aviao-detecta-o-primeiro-tipo-de-molecula-formada-no-universo.html","title":{"rendered":"Observat\u00f3rio a bordo de avi\u00e3o detecta o primeiro tipo de mol\u00e9cula formada no universo"},"content":{"rendered":"
\"Para
Para achar uma mol\u00e9cula de hidreto de h\u00e9lio, pesquisadores criaram um observat\u00f3rio estratosf\u00e9rico a bordo de um Boeing 747 \u2014 Foto: Nasa<\/figcaption><\/figure>\n
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O universo se formou em uma s\u00fabita expans\u00e3o do espa\u00e7o-tempo chamada Big Bang. Por conta desta alcunha \u2013 dada de forma jocosa por Fred Hoyle, que n\u00e3o acreditava nessa hip\u00f3tese \u2013, essa r\u00e1pida expans\u00e3o \u00e9 muitas vezes confundida com uma grande explos\u00e3o. Sem\u00e2ntica \u00e0 parte, o fato \u00e9 que o universo nasceu muito, muito quente e era energia pura. Aos poucos ele foi esfriando e a energia pode se converter em mat\u00e9ria, dando origem \u00e0s primeiras part\u00edculas.<\/p>\n<\/div>\n

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Mesmo quando o universo j\u00e1 tinha pr\u00f3tons e el\u00e9trons, ainda levou mais um tempinho para que se formassem os primeiros \u00e1tomos, principalmente o hidrog\u00eanio, um pouco de h\u00e9lio e pitadas de outros elementos mais pesados, como ber\u00edlio e l\u00edtio, por exemplo. As quantidades certinhas podem ser calculadas a partir das equa\u00e7\u00f5es de f\u00edsica nuclear em uma disciplina chamada nucleoss\u00edntese primordial.<\/p>\n<\/div>\n

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Os c\u00e1lculos te\u00f3ricos foram comparados com observa\u00e7\u00f5es de nebulosas em que a contamina\u00e7\u00e3o de elementos produzidos posteriormente por estrelas \u00e9 baixa. Eram, portanto, nebulosas bastante representativas da abund\u00e2ncia qu\u00edmica do in\u00edcio do universo, e os resultados estavam em grande concord\u00e2ncia.\u00a0Esse fato \u00e9 um dos tr\u00eas pilares que sustentam a teoria do Big Bang<\/strong>, mostrando que, apesar de precisar de alguns remendos, ela \u00e9 uma teoria bem consistente.<\/p>\n<\/div>\n

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Os outros dois pilares s\u00e3o a\u00a0expans\u00e3o do universo<\/strong>\u00a0e a\u00a0radia\u00e7\u00e3o c\u00f3smica de fundo<\/strong>.<\/p>\n<\/div>\n

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Mas e quanto as primeiras mol\u00e9culas? Quando e qual teria sido a primeira mol\u00e9cula formada no universo?<\/p>\n<\/div>\n

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Forma\u00e7\u00e3o de \u00e1tomos e mol\u00e9culas<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Para que um \u00e1tomo se formasse no universo primordial, foi preciso que o universo se esfriasse a ponto de um pr\u00f3ton poder capturar um el\u00e9tron, para formar o \u00e1tomo de hidrog\u00eanio, o mais simples. Para formar a primeira mol\u00e9cula, foi preciso esperar mais um pouco, de modo que o universo se esfriasse mais.<\/p>\n<\/div>\n

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Ent\u00e3o, por volta de 100 mil anos depois do Big Bang, a temperatura tinha ca\u00eddo para valores da ordem de 4-5 mil kelvin, o que j\u00e1 \u00e9 baixo o suficiente para mol\u00e9culas se formarem e sobreviverem. Mas qual teria sido essa mol\u00e9cula?<\/p>\n

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Bom, partindo do princ\u00edpio que, naquela \u00e9poca, o universo era basicamente hidrog\u00eanio e h\u00e9lio, deve ter sido uma combina\u00e7\u00e3o entre os dois. O h\u00e9lio \u00e9 um elemento nobre, n\u00e3o se combina com ningu\u00e9m, mas, em determinadas condi\u00e7\u00f5es de alta densidade, press\u00e3o e temperatura, ele pode se ligar a algum \u00e1tomo. E o universo, com 100 mil anos, tinha tudo isso, e tinha muito hidrog\u00eanio soltinho.<\/p>\n<\/div>\n

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\"Ilustra\u00c3\u00a7\u00c3\u00a3o
Ilustra\u00e7\u00e3o mostra a nebulosa NGC 7027 \u2014 Foto: Divulga\u00e7\u00e3o\/Nasa<\/figcaption><\/figure>\n
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Qual foi a primeira mol\u00e9cula?<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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A primeira mol\u00e9cula a se formar no universo foi\u00a0um hidreto de h\u00e9lio, ou HeH+<\/strong>. Essa mol\u00e9cula foi sintetizada em laborat\u00f3rios em 1925 e desde ent\u00e3o ela tem sido procurada no universo moderno. Veja, n\u00e3o se trata de usar os melhores telesc\u00f3pios do mundo para tentar detectar essa mol\u00e9cula no universo antigo, observando gal\u00e1xias ou quasares muito, muito distantes.<\/p>\n<\/div>\n

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Para encontrar essa mol\u00e9cula em ambientes astrof\u00edsicos atuais, era preciso encontrar um local com alta temperatura e abund\u00e2ncia de energia, que poderia dar condi\u00e7\u00f5es para a forma\u00e7\u00e3o do hidreto de h\u00e9lio. Essas condi\u00e7\u00f5es s\u00e3o encontradas, de modo geral, em nebulosas planet\u00e1rias, est\u00e1gios finais de evolu\u00e7\u00e3o de estrelas de pouca massa como o Sol. Na d\u00e9cada de 1970, a nebulosa NGC 7027, distante 3 mil anos luz na constela\u00e7\u00e3o do Cisne, foi identificada como boa candidata a ter as condi\u00e7\u00f5es prop\u00edcias.<\/p>\n<\/div>\n

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Desde ent\u00e3o, astr\u00f4nomos tentaram, sem sucesso, identificar essa mol\u00e9cula. Coube a equipe liderada por Rolf Guesten, do Instituto Max Planck de R\u00e1dio Astronomia da Alemanha encontrar o HeH+.<\/p>\n<\/div>\n

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Para fazer isso, ele e sua equipe precisou observar com um instrumento, digamos, sui generis: um observat\u00f3rio embarcado em um Boeing 747! Pois \u00e9, a nossa atmosfera atua como um filtro absorvendo quase toda a radia\u00e7\u00e3o infravermelha que vem do espa\u00e7o. Pouca coisa pode ser observada da Terra e para conseguir observar em comprimentos de onda mais longos, \u00e9 preciso contornar a atmosfera.<\/p>\n<\/div>\n

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Isso pode ser feito do espa\u00e7o, com sat\u00e9lites dedicados a isso, como o telesc\u00f3pio espacial Spitzer da Nasa e o Herschel, da ESA. Mas lan\u00e7ar um telesc\u00f3pio como esse \u00e9 muito caro, sem falar no risco de um defeito de fabrica\u00e7\u00e3o, ou no lan\u00e7amento, arruinar um investimento de centenas de milh\u00f5es de d\u00f3lares. O infravermelho \u00e9 absorvido, principalmente, pelo g\u00e1s carb\u00f4nico e vapor d\u2019\u00e1gua e ambos se concentram em altitudes abaixo de 10 km. Com um jato viajando a 11-12 km de altitude, podendo alcan\u00e7ar um pouco mais, ele deixa para baixo algo como 90% dos dois gases. Isso viabiliza observa\u00e7\u00f5es em comprimentos de onda imposs\u00edveis de atingir o solo.<\/p>\n<\/div>\n

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O Observat\u00f3rio Estratosf\u00e9rico para Astronomia Infravermelha (Sofia, na sigla em ingl\u00eas) \u00e9 um cons\u00f3rcio entre v\u00e1rias institui\u00e7\u00f5es de pesquisa, incluindo a Nasa (dona do avi\u00e3o) e o Instituto Max Planck. Os dados foram coletados em 2016 e publicados nesta semana na prestigiosa revista “Nature”.<\/p>\n<\/div>\n

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Ele confirma detalhes da evolu\u00e7\u00e3o do universo primordial, quando ele era ainda muito jovem e inacess\u00edvel aos instrumentos de pesquisa, pois s\u00f3 podemos observar a partir de quando o universo tinha 380 mil anos de idade. Descobertas como essas confirmam as previs\u00f5es te\u00f3ricas de uma \u00e9poca em que n\u00e3o podemos observar o universo atrav\u00e9s de observa\u00e7\u00f5es do universo como ele \u00e9 hoje.<\/p>\n

Fonte:\u00a0C\u00e1ssio Barbosa – G1<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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