{"id":151690,"date":"2019-04-27T02:00:11","date_gmt":"2019-04-27T05:00:11","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=151690"},"modified":"2019-04-26T23:53:28","modified_gmt":"2019-04-27T02:53:28","slug":"australia-quer-exterminar-2-milhoes-de-gatos-ate-2020-usando-petiscos-envenenados","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/04\/27\/151690-australia-quer-exterminar-2-milhoes-de-gatos-ate-2020-usando-petiscos-envenenados.html","title":{"rendered":"Austr\u00e1lia quer exterminar 2 milh\u00f5es de gatos at\u00e9 2020 usando petiscos envenenados"},"content":{"rendered":"
\"Gato
Gatos selvagens s\u00e3o uma amea\u00e7a para mais de 100 esp\u00e9cies selvagens na Austr\u00e1lia<\/figcaption><\/figure>\n

N\u00e3o s\u00e3o gatos quaisquer, mas\u00a0animais\u00a0que retornaram para a vida selvagem e agora est\u00e3o amea\u00e7ando cerca de 140 esp\u00e9cies nativas na Austr\u00e1lia.<\/p>\n

S\u00e3o os chamados gatos ferais. “Os gatos ferais s\u00e3o da mesma esp\u00e9cie dos gatos dom\u00e9sticos, mas vivem e se reproduzem na selva, sobrevivendo da ca\u00e7a ou de animais mortos. S\u00e3o encontrados em toda a Austr\u00e1lia, em todos os habitats”, diz o Departamento de Meio Ambiente e Energia do pa\u00eds.<\/p>\n

Estima-se que existam entre dois e seis milh\u00f5es de gatos ferais na Austr\u00e1lia. Eles se alimentam principalmente de pequenos animais nativos ou ex\u00f3ticos, como coelhos, p\u00e1ssaros e lagartos.<\/p>\n

Em julho de 2015, o pa\u00eds declarou oficialmente que gatos ferais s\u00e3o uma praga que amea\u00e7a a vida nativa australiana. “Apesar de reconhecer a import\u00e2ncia dos gatos dom\u00e9sticos como animais de companhia, gatos que voltam \u00e0 vida selvagem podem amea\u00e7ar a fauna nativa”, diz a declara\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, o pa\u00eds lan\u00e7ou um programa de elimina\u00e7\u00e3o desses gatos n\u00e3o domesticados. “Eles t\u00eam sido um dos principais respons\u00e1veis pela extin\u00e7\u00e3o de pelo menos 27 mam\u00edferos, desde que foram introduzidos na Austr\u00e1lia. Hoje, eles colocam em perigo pelo menos 142 esp\u00e9cies e mais de um ter\u00e7o dos mam\u00edferos, r\u00e9pteis, sapos e p\u00e1ssaros que est\u00e3o amea\u00e7ados”, afirma o documento Estrat\u00e9gia para Esp\u00e9cies Amea\u00e7adas, tamb\u00e9m de 2015.<\/p>\n

“Sendo um fator de extin\u00e7\u00e3o para tantos dos nossos animais nativos, e sendo uma amea\u00e7a que foi relativamente negligenciada no passado, o combate \u00e0 amea\u00e7a dos gatos selvagens \u00e9 a principal prioridade desse plano de a\u00e7\u00e3o.”<\/p>\n

\"Gato
Gato selvagem se alimenta de animal morto em estrada na Austr\u00e1lia<\/figcaption><\/figure>\n

Ativistas e personalidades criticaram a medida<\/h2>\n

Na \u00e9poca do lan\u00e7amento do programa de abate de gatos, em 2015, foram criados abaixo-assinados contra a medida.<\/p>\n

Um dos mais populares conseguiu cerca de 30 mil assinaturas, muitas delas este ano, depois que o fato voltou a ganhar destaque na imprensa internacional. O texto da peti\u00e7\u00e3o recomenda que o governo australiano utilize outro m\u00e9todo de controle da popula\u00e7\u00e3o de gatos: fazer armadilhas para capturar os animais, castr\u00e1-los e depois liber\u00e1-los.<\/p>\n

Personalidades tamb\u00e9m fizeram cr\u00edticas p\u00fablicas ao governo australiano, entre elas, a atriz francesa e ativista pelo direito dos animais Brigitte Bardot. “Esse genoc\u00eddio animal \u00e9 desumano e rid\u00edculo. Al\u00e9m de ser cruel, matar esses gatos \u00e9 absolutamente in\u00fatil, j\u00e1 que o resto deles continuar\u00e1 se reproduzindo”, escreveu Bardot em carta para o ent\u00e3o ministro do Meio Ambiente australiano.<\/p>\n

Em resposta, o governo australiano disse que “n\u00e3o \u00e9 realista ou fact\u00edvel fazer armadilhas e castrar milh\u00f5es de gatos ferais nos mais de sete milh\u00f5es de quil\u00f4metros quadrados” do territ\u00f3rio australiano. Al\u00e9m disso, argumentou que n\u00e3o seria humano permitir que animais nativos continuem sendo mortos pelos gatos, dia ap\u00f3s dia.<\/p>\n

\"Reprodu\u00c3\u00a7\u00c3\u00a3o
Reprodu\u00e7\u00e3o do mapa de avistamento de gatos selvagens no site Feral Cat Scan<\/figcaption><\/figure>\n

Petiscos envenenados e espalhados com avi\u00f5es e drones<\/h2>\n

Segundo o Departamento de Meio Ambiente da Austr\u00e1lia, os m\u00e9todos de tiro e armadilha s\u00e3o dif\u00edceis, caros, demorados e exigem pessoal especializado. Assim, “a forma mais efetiva de controlar os gatos selvagens em grandes \u00e1reas \u00e9 por meio de petiscos envenenados”.<\/p>\n

Tratam-se de pequenos petiscos de carne, injetados com uma toxina fatal para os gatos. A recomenda\u00e7\u00e3o \u00e9 que sejam jogados no ch\u00e3o, com avi\u00f5es ou drones, por exemplo – j\u00e1 que gatos n\u00e3o cavam o solo para achar comida.<\/p>\n

H\u00e1 mais de um tipo de veneno. Para a regi\u00e3o da Austr\u00e1lia Ocidental, o governo desenvolveu uma isca chamada “Eradicat”. \u00c9 um petisco de carne de canguru e frango com uma toxina sint\u00e9tica chamada de 1080, que reproduz um veneno natural encontrado em algumas plantas dessa regi\u00e3o.<\/p>\n

Por isso, muitos dos animais nativos da regi\u00e3o j\u00e1 desenvolveram resist\u00eancia. J\u00e1 os gatos, que s\u00e3o esp\u00e9cies ex\u00f3ticas, n\u00e3o t\u00eam a mesma toler\u00e2ncia e acabam n\u00e3o resistindo. Ao ser ingerido, o 1080 interromper a capacidade das c\u00e9lulas dos gatos de processar energia, fazendo com que percam a consci\u00eancia e morram.<\/p>\n

J\u00e1 em outras regi\u00f5es da Austr\u00e1lia, como o Norte e o Leste, a toxina 1080 pode ser perigosa tamb\u00e9m para esp\u00e9cies nativas. Assim, o “Eradicat” n\u00e3o \u00e9 recomendado. Como alternativa, o Departamento do Meio Ambiente desenvolveu outro tipo de petisco, contendo uma c\u00e1psula de pl\u00e1stico r\u00edgido com veneno, chamada “Curiosity”.<\/p>\n

Gatos n\u00e3o costumam mastigar muito a comida, pelo contr\u00e1rio, tendem a engolir peda\u00e7os inteiros. Assim, acabam ingerindo a c\u00e1psula envenenada presente no petisco. J\u00e1 a maioria dos animais nativos australianos mordiscam e mastigam a comida e acabam cuspindo o pl\u00e1stico presente no petisco.<\/p>\n

A “Curiosity” provoca a morte por falta de envio de oxig\u00eanio para o c\u00e9rebro e outros \u00f3rg\u00e3os vitais. “\u00c9 um claro ganho de humanidade em rela\u00e7\u00e3o a outras toxinas”, diz o Departamento de Meio Ambiente da Austr\u00e1lia.<\/p>\n

\"Imagem
Imagem do petisco Curiosity com a c\u00e1psula de veneno em seu interior<\/figcaption><\/figure>\n

Abatimento de 2 milh\u00f5es de animais<\/h2>\n

O documento Estrat\u00e9gia para Esp\u00e9cies Amea\u00e7adas, de 2015, estabelece metas para conter os gatos ferais.<\/p>\n

Entre elas, abater 2 milh\u00f5es de animais at\u00e9 2020; erradic\u00e1-los completamente de cinco ilhas, para que estas se tornem santu\u00e1rios de esp\u00e9cies selvagens; e manejar sua presen\u00e7a em at\u00e9 12 milh\u00f5es de hectares (equivalente aos Estados de Pernambuco e Sergipe juntos).<\/p>\n

A previs\u00e3o era abater 150 mil gatos at\u00e9 2016, 1 milh\u00e3o at\u00e9 o 2018, at\u00e9 chegar a 2 milh\u00f5es em 2020.<\/p>\n

Os princ\u00edpios que norteiam a elimina\u00e7\u00e3o dos gatos s\u00e3o que ela seja feita de forma “humana, efetiva e justific\u00e1vel”. As a\u00e7\u00f5es s\u00e3o tomadas principalmente em regi\u00f5es remotas e longe das cidades – reduzindo o perigo para os gatos dom\u00e9sticos.<\/p>\n

Uma das maiores dificuldade para atingir essas metas \u00e9 que os gatos n\u00e3o domesticados est\u00e3o espalhados por regi\u00f5es muito extensas e s\u00e3o t\u00edmidos. Por isso, \u00e9 dif\u00edcil localiz\u00e1-los.<\/p>\n

Para ajudar na tarefa de localiza\u00e7\u00e3o dos animais, o Departamento do Meio Ambiente da Austr\u00e1lia financiou o lan\u00e7amento do site\u00a0Feral Cat Scan, que recebe relatos de avistamento de gato ferais.<\/p>\n

“As informa\u00e7\u00f5es fornecidas v\u00e3o ajudar a identificar solu\u00e7\u00f5es para manejar os gatos selvagens e reduzir seu impacto na preciosa vida nativa australiana”, diz o site, que j\u00e1 recebeu mais de 4 mil notifica\u00e7\u00f5es – 130 apenas este ano.<\/p>\n

Ainda n\u00e3o h\u00e1 informa\u00e7\u00f5es sobre o status das metas de abate. Este ano, o governo australiano lan\u00e7ou uma pesquisa destinada a organiza\u00e7\u00f5es e australianos em geral que estejam envolvidos no combate ao gato feral. O objetivo \u00e9 entender como est\u00e1 sendo o “esfor\u00e7o nacional para combater essa amea\u00e7a” e conhecer os progressos feitos at\u00e9 2018.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"