{"id":151749,"date":"2019-04-30T01:00:50","date_gmt":"2019-04-30T04:00:50","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=151749"},"modified":"2019-04-29T22:47:00","modified_gmt":"2019-04-30T01:47:00","slug":"um-premio-para-a-protecao-de-animais-em-estradas-brasileiras","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/04\/30\/151749-um-premio-para-a-protecao-de-animais-em-estradas-brasileiras.html","title":{"rendered":"Um pr\u00eamio para a prote\u00e7\u00e3o de animais em estradas brasileiras"},"content":{"rendered":"
\"Bi\u00c3\u00b3loga
Fernanda Abra com animal atropelado: bi\u00f3loga tenta prever poss\u00edveis locais de atropelamento nas estradas paulistas<\/figcaption><\/figure>\n

A bi\u00f3loga brasileira Fernanda Abra, de 33 anos, sabe o que ir\u00e1 dizer \u00e0 plateia internacional quando subir ao palco para receber o pr\u00eamio Future for Nature, em Amsterd\u00e3, na pr\u00f3xima sexta-feira (03\/05).<\/p>\n

Escolhida pela Funda\u00e7\u00e3o Future for Nature, organiza\u00e7\u00e3o internacional com sede na Holanda, entre centenas de jovens pesquisadores que atuam na prote\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies de plantas e animais, Abra falar\u00e1 ao p\u00fablico\u00a0sobre o pa\u00eds de onde vem,\u00a0ressaltando que, apesar de ser dono da maior biodiversidade do mundo, o Brasil planeja seu crescimento sem levar essa riqueza em conta.<\/p>\n

“Isso \u00e9 muito vis\u00edvel quando a gente fala da expans\u00e3o da rede de transporte. O Brasil tem a quarta maior malha rodovi\u00e1ria do mundo, mas que n\u00e3o vem acompanhada de inova\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas que respeitem o patrim\u00f4nio natural”, diz Abra em entrevista \u00e0 DW Brasil.<\/p>\n

H\u00e1 dez anos, Abra percorre estradas do pa\u00eds investigando e propondo formas de diminuir o atropelamento de animais silvestres em rodovias. O trabalho, agora reconhecido internacionalmente, \u00e9 considerado inovador por combater um problema que surge como risco global \u00e0s esp\u00e9cies: a expans\u00e3o de obras de infraestrutura.<\/p>\n

“Essa expans\u00e3o \u00e9 uma amea\u00e7a que vai crescer exponencialmente nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas nos pa\u00edses ricos em biodiversidade. O trabalho da Fernanda Abra antecipa essa amea\u00e7a e, baseado numa ci\u00eancia s\u00f3lida, fornece evid\u00eancias e solu\u00e7\u00f5es concretas”, justifica o comit\u00ea que a escolheu como uma entre tr\u00eas vencedores da edi\u00e7\u00e3o de 2019.<\/p>\n

A contagem de animais mortos nas rodovias virou rotina para Abra. Dentre as mais mort\u00edferas est\u00e1 a MS 40, que liga Campo Grande a Santa Rita do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul. Aclamada \u00e0 \u00e9poca de seu asfaltamento, em 2015, como via importante para tirar a regi\u00e3o do isolamento, a estrada se transformou numa central de atropelamentos de animais \u2013 foram 289 no primeiro semestre do ano passado, segundo dados da Funda\u00e7\u00e3o Ip\u00ea, que atua na regi\u00e3o.<\/p>\n

Esse \u00e9 um dos motivos que levou a bi\u00f3loga, junto com a Ip\u00ea, a mover uma a\u00e7\u00e3o civil p\u00fablica contra o estado. “As condicionantes do licenciamento n\u00e3o foram cumpridas. N\u00e3o foi feito estudo de fauna ou a\u00e7\u00f5es para evitar atropelamentos”, detalha. “Os bichos morrem e podem causar grandes acidentes e prejudicar a sa\u00fade das pessoas.”<\/p>\n

\u00c9 essa a regi\u00e3o do Pantanal, considerada a “carnificina” das estradas, que mais atrai turismo de contempla\u00e7\u00e3o no pa\u00eds. A anta, animal que chega a pesar at\u00e9 300 quilos e est\u00e1 amea\u00e7ado de extin\u00e7\u00e3o, est\u00e1 entre as v\u00edtimas.<\/p>\n

Parte da solu\u00e7\u00e3o apontada pela bi\u00f3loga premiada come\u00e7a a ser adotada em algumas rodovias brasileiras: cria\u00e7\u00e3o de pontos de passagem para que os animais cruzem as rodovias em seguran\u00e7a. Por baixo da estrada, na maior parte dos casos.<\/p>\n

\"Fernanda
“O Brasil tem a quarta maior malha rodovi\u00e1ria do mundo, mas que n\u00e3o vem acompanhada de inova\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas que respeitem o patrim\u00f4nio natural”, diz Abra<\/figcaption><\/figure>\n

“<\/strong>No Brasil, a legisla\u00e7\u00e3o permite que a pessoa que sofre dano nas estradas num acidente com animais na pista, por exemplo, seja indenizada. As administradoras das rodovias preferem pagar ou prevenir?”, questiona, alegando que medidas que evitam atropelamento t\u00eam retorno r\u00e1pido.<\/p>\n

Milhares de animais mortos<\/strong><\/p>\n

S\u00f3 no estado de S\u00e3o Paulo, foram registrados 28 mil acidentes envolvendo animais e v\u00edtimas humanas entre 2003 e 2013, segundo dados da Pol\u00edcia Militar Rodovi\u00e1ria.Um estudo que acaba de ser finalizado por Abra estima que 38 mil mam\u00edferos de m\u00e9dio e grande porte morrem por ano em rodovias pavimentadas paulistas.<\/p>\n

O levantamento faz parte da pesquisa de doutorado de Abra, que est\u00e1 em fase final. Com base em modelagem computacional e registros de casos, o trabalho tenta prever poss\u00edveis locais de atropelamento nas estradas paulistas, de acordo com as vari\u00e1veis ambientais. Os resultados podem salvar vidas de capivaras, on\u00e7as-pardas, lobos-guar\u00e1, jaguatiricas, raposinhas-do-campo\u00a0\u2013 al\u00e9m de motoristas e passageiros.<\/p>\n

“Todo esse esfor\u00e7o \u00e9 para promover uma mudan\u00e7a de cultura no pa\u00eds, fazer com que administradores de rodovias entendam que \u00e9 importante integrar a din\u00e2mica de fauna ao planejamento das estradas”, afirma Abra.<\/p>\n

“\u00c9 poss\u00edvel reduzir o impacto. \u00c9 o que vemos no nosso monitoramento. Cada animal que usa uma passagem de fauna \u00e9 motivo de comemora\u00e7\u00e3o”, diz sobre o efeito das estruturas implantadas em estradas.<\/p>\n

Aplica\u00e7\u00e3o do dinheiro<\/strong><\/p>\n

Depois de receber o pr\u00eamio na Holanda, a bi\u00f3loga voltar\u00e1\u00a0ao Brasil para cumprir o plano de aplicar os 50 mil euros recebidos pela Funda\u00e7\u00e3o Future for Nature. O dinheiro vai custear o treinamento de quem trabalha com engenharia nas estradas, ag\u00eancias de meio ambiente e de transporte pelo pa\u00eds.<\/p>\n

“Existe um despreparo de \u00f3rg\u00e3os p\u00fablicos, que precisam ser mais r\u00edgidos e oferecer um roteiro \u00e0s empresas que constroem as rodovias”, diz sobre a import\u00e2ncia da capacita\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A bi\u00f3loga Patricia Medici foi a primeira brasileira entre os ganhadores da edi\u00e7\u00e3o que inaugurou a premia\u00e7\u00e3o em dinheiro, em 2008. “A contribui\u00e7\u00e3o financeira permitiu que o trabalho fosse expandido num novo bioma, o Pantanal”, relembra Medici, que trabalha na conserva\u00e7\u00e3o das antas.<\/p>\n

Toda a aten\u00e7\u00e3o recebida fora do pa\u00eds ajudou tamb\u00e9m os brasileiros a entender por que a anta precisava de cuidados para n\u00e3o desaparecer. “Ganhar o pr\u00eamio foi um respaldo de confian\u00e7a por parte da comunidade cient\u00edfica, um reconhecimento de que faz\u00edamos um trabalho com uma abordagem cient\u00edfica s\u00f3lida”, pontua Medici.<\/p>\n

Medici atualmente comanda a Iniciativa Nacional para a Conserva\u00e7\u00e3o da Anta Brasileira (INCAB). Al\u00e9m da pesquisa cient\u00edfica, o grupo atua em programas de educa\u00e7\u00e3o ambiental e capacita\u00e7\u00f5es para manter vivo o mam\u00edfero terrestre da Am\u00e9rica do Sul.<\/p>\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

H\u00e1 dez anos Fernanda Abra percorre vias do Brasil e prop\u00f5e solu\u00e7\u00f5es para reduzir atropelamentos de animais como on\u00e7a, lobo-guar\u00e1 e jaguatirica. A bi\u00f3loga est\u00e1 entre os vencedores do prestigiado pr\u00eamio Future for Nature.<\/p>\n

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