{"id":151919,"date":"2019-05-13T01:00:25","date_gmt":"2019-05-13T04:00:25","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=151919"},"modified":"2019-05-12T20:19:22","modified_gmt":"2019-05-12T23:19:22","slug":"ecolocalizacao-o-que-os-seres-humanos-podem-aprender-com-os-golfinhos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/05\/13\/151919-ecolocalizacao-o-que-os-seres-humanos-podem-aprender-com-os-golfinhos.html","title":{"rendered":"Ecolocaliza\u00e7\u00e3o: o que os seres humanos podem aprender com os golfinhos"},"content":{"rendered":"\n
\"Montagem

Assim com os golfinhos, os seres humanos s\u00e3o capazes de usar o som para se localizar
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Estou sentada em frente \u00e0 mesa de jantar de olhos fechados, movendo um prato para frente e para tr\u00e1s, enquanto repito: “Teste! Teste! Teste!”. Pode parecer esquisito, mas estou tentando aprender a fascinante t\u00e9cnica da ecolocaliza\u00e7\u00e3o: navegar pelo mundo por meio do eco, como um morcego ou um golfinho.<\/p>\n\n\n\n

A ecolocaliza\u00e7\u00e3o ganhou destaque nos \u00faltimos anos como um recurso que alguns cegos utilizam para mapear o que est\u00e1 a sua volta com uma precis\u00e3o espantosa. Eles podem detectar a localiza\u00e7\u00e3o de \u00e1rvores, edif\u00edcios ou portas, fazendo “estalos” com a boca e ouvindo o eco.<\/p>\n\n\n\n

Uma pesquisa mostrou, no entanto, que qualquer pessoa – n\u00e3o s\u00f3 quem tem defici\u00eancia visual – pode aprender no\u00e7\u00f5es b\u00e1sicas deste sistema de orienta\u00e7\u00e3o espacial.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, cada vez mais estudos nos encorajam a expandir nosso potencial sensorial – despertando sentidos que foram esquecidos, reprimidos ou at\u00e9 mesmo considerados fora do alcance dos seres humanos.<\/p>\n\n\n\n

A ecolocaliza\u00e7\u00e3o humana \u00e9 reconhecida como um conceito desde os anos 1940. Mas s\u00f3 foi estudada sistematicamente na \u00faltima d\u00e9cada, tanto como uma habilidade com potencial transformador para pessoas cegas, quanto como uma forma de entender como nosso c\u00e9rebro lida com informa\u00e7\u00f5es sensoriais.<\/p>\n\n\n\n

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Algumas pessoas s\u00e3o especialistas em navegar pelo mundo por meio do eco
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“N\u00f3s avaliamos os melhores ecolocalizadores humanos, que chamamos de ‘especialistas em eco'”, diz Lore Thaler, professora de psicologia da Universidade de Durham, no Reino Unido, uma das maiores especialistas em ecolocaliza\u00e7\u00e3o humana do mundo.<\/p>\n\n\n\n

“Normalmente, s\u00e3o pessoas que usam (a ecolocaliza\u00e7\u00e3o) h\u00e1 muito tempo e mostram uma boa acuidade (capacidade de percep\u00e7\u00e3o). S\u00e3o capazes de fazer coisas que, se voc\u00ea \u00e9 novo nisso, simplesmente n\u00e3o consegue. “<\/p>\n\n\n\n

Audiovisual<\/h2>\n\n\n\n

Apenas fazendo “estalos” com a l\u00edngua, especialistas em eco conseguem detectar se um objeto – como um disco – que est\u00e1 a um metro de dist\u00e2ncia deles mudou de lugar.<\/p>\n\n\n\n

Podem dizer se um corpo a dois metros de dist\u00e2ncia \u00e9 um poste de luz, um carro ou uma \u00e1rvore. E mesmo os novatos conseguem identificar uma parede a mais de 30 metros.<\/p>\n\n\n\n

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A ecolocaliza\u00e7\u00e3o pode ser transformadora para pessoas cegas
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Isso n\u00e3o significa que a ecolocaliza\u00e7\u00e3o ofere\u00e7a \u00e0s pessoas a mesma precis\u00e3o que a vis\u00e3o. Algumas esp\u00e9cies de morcegos podem usar a emiss\u00e3o de ultrassom para ca\u00e7ar mariposas, mas os ecolocalizadores humanos t\u00eam dificuldade para rastrear alvos t\u00e3o pequenos.<\/p>\n\n\n\n

E como a ecolocaliza\u00e7\u00e3o s\u00f3 funciona para objetos tridimensionais, ela n\u00e3o pode ser usada para ler textos impressos, por exemplo.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, Thaler destaca que ainda assim \u00e9 uma t\u00e9cnica muito poderosa. Usada em conjunto com os suportes tradicionais – como bengalas ou c\u00e3o-guia -, a ecolocaliza\u00e7\u00e3o pode ser transformadora para pessoas cegas, conforme mostrou sua pesquisa.<\/p>\n\n\n\n

Pode ajud\u00e1-las a viajar com mais seguran\u00e7a, evitar obst\u00e1culos no n\u00edvel da cabe\u00e7a e at\u00e9 mesmo reconhecer seu pr\u00f3prio pr\u00e9dio.<\/p>\n\n\n\n

“S\u00e3o essas pequenas coisas que podem fazer a diferen\u00e7a em qu\u00e3o confiantes as pessoas s\u00e3o e se ficam felizes ao sair de casa”, diz ela.<\/p>\n\n\n\n

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Para quem tem defici\u00eancia visual, a ecolocaliza\u00e7\u00e3o pode fornecer mais controle sobre o espa\u00e7o que est\u00e1 sendo explorado
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Embora Thaler n\u00e3o tenha defici\u00eancia visual, ela consegue se “ecolocalizar” e tem ensinado a t\u00e9cnica para adultos e crian\u00e7as cegas de at\u00e9 tr\u00eas anos.<\/p>\n\n\n\n

“Se voc\u00ea enxerga e de repente perde a vis\u00e3o, voc\u00ea realmente perde muito em termos de como acessar as coisas e como fazer para se movimentar”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

“A ecolocaliza\u00e7\u00e3o facilita muito neste sentido, porque oferece mais controle sobre o espa\u00e7o que voc\u00ea est\u00e1 explorando.”<\/p>\n\n\n\n

Se voc\u00ea quiser experimentar, tente com um prato ou uma bandeja. Feche os olhos, comece a falar (ou fa\u00e7a um “estalo” com a boca) e mova o objeto para frente e para tr\u00e1s, de um lado para o outro. Preste aten\u00e7\u00e3o na mudan\u00e7a do som.<\/p>\n\n\n\n

Sem abrir os olhos, voc\u00ea aos poucos ser\u00e1 capaz de dizer onde o prato est\u00e1. Como pr\u00f3ximo passo, Thaler sugere rodar lentamente, de olhos fechados, dentro de casa e usar o som para dizer se voc\u00ea est\u00e1 de frente para a parede ou para um c\u00f4modo.<\/p>\n\n\n\n

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O c\u00e9rebro pode ser capaz de ‘enxergar’ com os ouvidos
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A equipe dela est\u00e1 estudando atualmente imagens do c\u00e9rebro de pessoas cegas e com vis\u00e3o que est\u00e3o aprendendo a ecolocaliza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

E os resultados preliminares mostraram algo surpreendente: quando as pessoas com vis\u00e3o aprendem a se orientar pelo som, elas usam a parte do c\u00e9rebro que geralmente diz respeito \u00e0 vis\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“Costumamos pensar na vis\u00e3o como um sentido que existe por si s\u00f3 e que h\u00e1 certos recursos dedicados a ela”, como os olhos e partes espec\u00edficas do c\u00e9rebro, diz Thaler.<\/p>\n\n\n\n

Mas, em vez disso, nosso c\u00e9rebro pode ser capaz de processar informa\u00e7\u00f5es sensoriais de uma maneira um pouco mais flex\u00edvel – “vendo” com nossos ouvidos, se quiser. \u00c9 que normalmente, para as pessoas que enxergam, n\u00e3o h\u00e1 raz\u00e3o para isso.<\/p>\n\n\n\n

“Se voc\u00ea \u00e9 uma pessoa que enxerga, na maioria das vezes voc\u00ea obt\u00e9m as informa\u00e7\u00f5es espaciais por meio da vis\u00e3o. H\u00e1 muito pouco incentivo para ampliar seu repert\u00f3rio sensorial, porque para voc\u00ea a vis\u00e3o \u00e9 suficiente. Ent\u00e3o, por que se incomodar?<\/p>\n\n\n\n

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Nossa vis\u00e3o perif\u00e9rica tende a ser ruim, mas podemos combin\u00e1-la com a audi\u00e7\u00e3o para descobrir onde algo est\u00e1
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Trabalho sensorial em equipe<\/h2>\n\n\n\n

Na vida cotidiana, nosso verdadeiro superpoder sensorial n\u00e3o est\u00e1 em nenhuma habilidade individual, mas sim na combina\u00e7\u00e3o das mesmas. Isso acontece porque cada sentido \u00e9 relativamente fraco sozinho.<\/p>\n\n\n\n

“Muitas vezes, as pessoas ficam bastante surpresas quando s\u00e3o for\u00e7adas a usar apenas um [sentido] de uma maneira, com o quanto s\u00e3o ruins nisso”, diz James Negen, pesquisador associado do departamento de psicologia da Universidade de Durham.<\/p>\n\n\n\n

Nossa vis\u00e3o perif\u00e9rica, por exemplo, \u00e9 bastante prec\u00e1ria. Mas podemos combin\u00e1-la com outros sentidos, como a audi\u00e7\u00e3o, para descobrir onde algo est\u00e1 – um carro se aproximando, por exemplo. Isso \u00e9 conhecido como a “vantagem da precis\u00e3o bimodal” e pode ser essencial para algo t\u00e3o simples quanto atravessar a rua com seguran\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

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As crian\u00e7as ainda n\u00e3o t\u00eam a habilidade de combinar sentidos diferentes para obter mais precis\u00e3o
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Mas h\u00e1 um por\u00e9m: as crian\u00e7as ainda n\u00e3o t\u00eam essa habilidade.<\/p>\n\n\n\n

“Crian\u00e7as com menos de 10 anos fazem um monte de coisas que requerem conjugar o que est\u00e3o vendo e o que est\u00e3o ouvindo, ou o que est\u00e3o tocando e aquilo que est\u00e3o vendo, todos esses diferentes processos sensoriais”, diz Negen.<\/p>\n\n\n\n

“Mas este aspecto muito espec\u00edfico – quando voc\u00ea coordena dois (sentidos) para ser mais preciso do que um sozinho – as crian\u00e7as n\u00e3o foram capazes de mostrar em v\u00e1rios estudos.”<\/p>\n\n\n\n

Para crian\u00e7as que perderam parte da vis\u00e3o, isso pode ser um obst\u00e1culo para a ecolocaliza\u00e7\u00e3o. J\u00e1 os adultos podem aplicar a t\u00e9cnica juntamente com a vis\u00e3o que restou – e se sair melhor do que se estivessem usando qualquer um dos sentidos sozinho.
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Ser\u00e1 que temos outros sentidos ocultos \u00e0 espera de serem descobertos?
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Mas as crian\u00e7as geralmente n\u00e3o conseguem fazer isso. Elas tendem a sintonizar ou a vis\u00e3o ou a audi\u00e7\u00e3o. A quest\u00e3o \u00e9 se eles podem aprender a usar os dois sentidos.<\/p>\n\n\n\n

Negen e sua equipe conseguiram fazer isso em laborat\u00f3rio. Eles explicaram \u00e0s crian\u00e7as como usar cada sentido em determinada tarefa. Elas foram ent\u00e3o capazes de combinar os sentidos como um adulto e fazer julgamentos mais precisos. Uma investiga\u00e7\u00e3o mais aprofundada pode mostrar se este aprendizado ter\u00e1 um efeito duradouro.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, eu continuo fazendo minhas pr\u00f3prias experi\u00eancias com a ecolocaliza\u00e7\u00e3o, usando os conselhos de Lore Thaler para iniciantes. Minha maior vit\u00f3ria at\u00e9 agora foi passar por uma porta de olhos fechados, sem tocar nas laterais.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 estranho pensar que essa habilidade esteve dentro de mim a vida toda, inutilizada e despercebida, at\u00e9 ser aflorada por um experimento peculiar com um prato de porcelana.<\/p>\n\n\n\n

Quem sabe que outros sentidos ocultos est\u00e3o esperando para serem descobertos?<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n\n\n\n


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