{"id":152060,"date":"2019-05-20T12:05:26","date_gmt":"2019-05-20T15:05:26","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152060"},"modified":"2019-05-19T22:19:22","modified_gmt":"2019-05-20T01:19:22","slug":"o-pior-acidente-nuclear-da-historia-transformou-chernobyl-em-algo-que-ninguem-esperava","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/05\/20\/152060-o-pior-acidente-nuclear-da-historia-transformou-chernobyl-em-algo-que-ninguem-esperava.html","title":{"rendered":"O pior acidente nuclear da hist\u00f3ria transformou Chernobyl em algo que ningu\u00e9m esperava"},"content":{"rendered":"\n
\"\"\/<\/figure>\n\n\n\n

Em 26 de abril de 1986, o reator n\u00famero quatro da Usina Nuclear de Chernobyl sofreu uma explos\u00e3o durante um teste t\u00e9cnico na ent\u00e3o Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica, atual Ucr\u00e2nia.<\/p>\n\n\n\n

Como resultado desse acidente, mais de 400 vezes mais radia\u00e7\u00e3o foi emitida na regi\u00e3o do que a liberada pela bomba at\u00f4mica derrubada pelos americanos na cidade japonesa de Hiroshima em 1945.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 hoje, Chernobyl \u00e9 o maior acidente nuclear da hist\u00f3ria. O trabalho de descontamina\u00e7\u00e3o come\u00e7ou imediatamente ap\u00f3s o desastre. Uma zona de exclus\u00e3o foi criada em torno da f\u00e1brica e mais de 350.000 pessoas foram evacuadas. Elas nunca mais voltaram. Severas restri\u00e7\u00f5es ao assentamento humano permanente ainda est\u00e3o em vigor hoje.<\/p>\n\n\n\n

Isso pode ser, inclusive, uma das raz\u00f5es pelas quais a \u00e1rea tem prosperado.<\/p>\n\n\n\n

O acidente<\/h2>\n\n\n\n

O acidente teve um grande impacto na popula\u00e7\u00e3o humana. As estimativas do n\u00famero de mortes variam muito. Embora n\u00e3o existam n\u00fameros conclusivos, a perda de vidas humanas e consequ\u00eancias fisiol\u00f3gicas foram enormes.<\/p>\n\n\n\n

O impacto inicial no meio ambiente tamb\u00e9m foi importante. Uma das \u00e1reas mais fortemente afetadas pela radia\u00e7\u00e3o foi a floresta de pinheiros perto da usina, conhecida desde ent\u00e3o como \u201cFloresta Vermelha\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Esta \u00e1rea recebeu as maiores doses de radia\u00e7\u00e3o \u2013 os pinheiros morreram instantaneamente e todas as folhas ficaram vermelhas. Poucos animais sobreviveram aos n\u00edveis mais altos de radia\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Sendo assim, logo ap\u00f3s o acidente assumiu-se que a \u00e1rea se tornaria um deserto para a vida. Considerando o longo tempo que alguns compostos radioativos demoram para desaparecer do ambiente, a previs\u00e3o era de que a \u00e1rea permanecesse desprovida de vida selvagem por s\u00e9culos.<\/p>\n\n\n\n

A surpresa<\/h2>\n\n\n\n

Hoje, 33 anos ap\u00f3s a cat\u00e1strofe, a zona de exclus\u00e3o de Chernobyl, que abrange peda\u00e7os da Ucr\u00e2nia e Belarus, \u00e9 habitada por ursos marrons, bisontes, lobos, linces, cavalos-de-przewalski e mais de 200 esp\u00e9cies de aves, entre outros animais.<\/p>\n\n\n\n

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Em mar\u00e7o de 2019, diversos grupos de pesquisa que estudam a fauna de Chernobyl se reuniram em Portsmouth, na Inglaterra, para apresentar os resultados mais recentes dos seus trabalhos \u2013 cerca de 30 pesquisadores do Reino Unido, Irlanda, Fran\u00e7a, B\u00e9lgica, Noruega, Espanha e Ucr\u00e2nia.<\/p>\n\n\n\n

Estes estudos inclu\u00edram trabalhos sobre grandes mam\u00edferos, nidifica\u00e7\u00e3o de aves, anf\u00edbios, peixes, abelhas, minhocas, bact\u00e9rias e folhas.<\/p>\n\n\n\n

Os resultados indicam que a regi\u00e3o abriga atualmente grande biodiversidade. Al\u00e9m disso, os cientistas confirmaram a falta geral de grandes efeitos negativos dos n\u00edveis atuais de radia\u00e7\u00e3o nas popula\u00e7\u00f5es de animais e plantas que vivem em Chernobyl.<\/p>\n\n\n\n

Todos os grupos estudados mant\u00eam popula\u00e7\u00f5es est\u00e1veis \u200b\u200be vi\u00e1veis \u200b\u200bdentro da zona de exclus\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

TREE<\/h2>\n\n\n\n

O projeto TREE (TRansfer-Exposure-Effects, liderado por Nick Beresford, do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido) instalou c\u00e2meras de detec\u00e7\u00e3o de movimento em diferentes \u00e1reas da zona de exclus\u00e3o, que ficaram ligadas por v\u00e1rios anos.<\/p>\n\n\n\n

As fotos tiradas revelam a presen\u00e7a de fauna abundante em todos os n\u00edveis de radia\u00e7\u00e3o. As c\u00e2meras fizeram a primeira observa\u00e7\u00e3o de ursos marrons e bisontes europeus dentro do lado ucraniano da zona, bem como o aumento no n\u00famero de lobos e cavalos-de-przewalski.<\/p>\n\n\n\n

O trabalho sobre anf\u00edbios em Chernobyl tamb\u00e9m detectou popula\u00e7\u00f5es abundantes em toda a zona de exclus\u00e3o, mesmo nas \u00e1reas mais contaminadas.<\/p>\n\n\n\n

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Al\u00e9m disso, foram encontrados sinais que podem representar respostas adaptativas \u00e0 vida com radia\u00e7\u00e3o. Por exemplo, as r\u00e3s dentro da zona de exclus\u00e3o s\u00e3o mais escuras do que as r\u00e3s que vivem fora dela, o que \u00e9 uma poss\u00edvel defesa contra a radia\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Efeitos negativos<\/h2>\n\n\n\n

Vale mencionar que os estudos detectaram alguns efeitos negativos da radia\u00e7\u00e3o em um n\u00edvel individual.<\/p>\n\n\n\n

Por exemplo, alguns insetos parecem ter uma vida \u00fatil mais curta e s\u00e3o mais afetados por parasitas em \u00e1reas de alta radia\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Algumas aves tamb\u00e9m apresentam n\u00edveis mais elevados de albinismo, bem como altera\u00e7\u00f5es fisiol\u00f3gicas e gen\u00e9ticas quando vivem em localidades altamente contaminadas.<\/p>\n\n\n\n

Mas esses efeitos n\u00e3o parecem afetar a manuten\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o de animais selvagens na \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n

Impacto humano x nuclear<\/h2>\n\n\n\n

A aus\u00eancia geral de efeitos negativos da radia\u00e7\u00e3o sobre a vida selvagem de Chernobyl pode ser uma consequ\u00eancia de v\u00e1rios fatores. Primeiro, a vida selvagem pode ser muito mais resistente \u00e0 radia\u00e7\u00e3o do que se pensava anteriormente.<\/p>\n\n\n\n

Outra possibilidade \u00e9 que alguns organismos poderiam estar come\u00e7ando a mostrar respostas adaptativas que lhes permitiriam lidar com a radia\u00e7\u00e3o e viver dentro da zona de exclus\u00e3o sem ter danos.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, a aus\u00eancia de seres humanos dentro da zona de exclus\u00e3o pode favorecer muitas esp\u00e9cies, grandes mam\u00edferos em particular. Talvez as press\u00f5es geradas pelas atividades humanas sejam mais negativas para a vida selvagem no m\u00e9dio prazo do que um acidente nuclear \u2013 uma vis\u00e3o bastante reveladora do impacto humano sobre o ambiente natural.<\/p>\n\n\n\n

O futuro de Chernobyl<\/h2>\n\n\n\n

Em 2016, a parte ucraniana da zona de exclus\u00e3o foi declarada como reserva radiol\u00f3gica e ambiental pelo governo nacional.<\/p>\n\n\n\n

Ao longo dos anos, Chernobyl tamb\u00e9m se tornou um excelente laborat\u00f3rio natural para o estudo de processos evolutivos em ambientes extremos, algo que poderia ser valioso, dadas as r\u00e1pidas mudan\u00e7as ambientais experimentadas em todo o mundo.<\/p>\n\n\n\n

Atualmente, v\u00e1rios projetos est\u00e3o tentando retomar as atividades humanas na \u00e1rea. O turismo vem florescendo em Chernobyl, com mais de 70.000 visitantes em 2018.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 tamb\u00e9m planos para o desenvolvimento de usinas de energia solar na \u00e1rea e para a expans\u00e3o do trabalho florestal. No ano passado, houve at\u00e9 uma instala\u00e7\u00e3o de arte dentro da cidade abandonada de Prypiat.<\/p>\n\n\n\n

Nos \u00faltimos 33 anos, Chernobyl deixou de ser considerada um deserto em potencial para se tornar uma \u00e1rea de grande interesse para a conserva\u00e7\u00e3o da biodiversidade. Pode parecer estranho, mas agora precisamos trabalhar para manter a integridade da zona de exclus\u00e3o como uma reserva natural, para garantir que Chernobyl continue a ser um ref\u00fagio para a vida selvagem. [ScienceAlert<\/a>]<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Hypescience<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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