{"id":152225,"date":"2019-05-29T12:00:08","date_gmt":"2019-05-29T15:00:08","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152225"},"modified":"2019-05-28T22:07:26","modified_gmt":"2019-05-29T01:07:26","slug":"as-bombas-da-segunda-guerra-que-ainda-ameacam-os-mares-da-alemanha","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/05\/29\/152225-as-bombas-da-segunda-guerra-que-ainda-ameacam-os-mares-da-alemanha.html","title":{"rendered":"As bombas da Segunda Guerra que ainda amea\u00e7am os mares da Alemanha"},"content":{"rendered":"\n
\"Pesquisadores

Aliados, que venceram a guerra, descartaram no mar arsenal restante das tropas alem\u00e3es at\u00e9 a d\u00e9cada de 1970
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No final da Segunda Guerra Mundial, o mar na costa da Alemanha foi transformado num grande lix\u00e3o para o descarte de muni\u00e7\u00f5es remanescentes deste per\u00edodo, como granadas, bombas e torpedos.<\/p>\n\n\n\n

Estima-se que aproximadamente 1,6 milh\u00e3o de toneladas de armamentos estariam nas profundezas das \u00e1guas alem\u00e3s. Mais de 70 anos depois, essa heran\u00e7a, aparentemente inofensiva, come\u00e7a a cobrar sua conta.<\/p>\n\n\n\n

“A urg\u00eancia de acabar com essa muni\u00e7\u00e3o era t\u00e3o grande no p\u00f3s-guerra e possivelmente aqueles que tomaram a decis\u00e3o n\u00e3o pensaram a longo prazo. Afundar o que restou no mar parecia ser o melhor caminho na \u00e9poca. Hoje, est\u00e1 claro que n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 a amea\u00e7a de explos\u00e3o que \u00e9 perigosa para as pessoas, mas tamb\u00e9m o lento vazamento do (explosivo) TNT, que se acumula na fauna e flora marinha”, afirmou Sunhild Kleing\u00e4rtner, diretora do Museu Alem\u00e3o da Navega\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Promovido pelos pa\u00edses Aliados, que venceram a guerra (Estados Unidos, Fran\u00e7a, Inglaterra e Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica), o descarte no mar do arsenal restante das tropas alem\u00e3s ocorreu at\u00e9 a d\u00e9cada de 1970. Ao armamento propositalmente depositado nesta regi\u00e3o somam-se ainda muni\u00e7\u00f5es que estavam em navios que foram afundados durante batalhas. <\/p>\n\n\n\n

\"Tr\u00c3\u00aas

Armamentos no mar s\u00e3o resqu\u00edcios de combate e descarte feito pelos Aliados
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A grande maioria do material depositado no mar \u00e9 armamento convencional, ou seja, muni\u00e7\u00f5es explosivas e incendi\u00e1rias, preenchidas com TNT ou f\u00f3sforo branco. Uma pequena parte \u00e9 de armas qu\u00edmicas, como g\u00e1s mostarda, tabun ou fosg\u00eanio. Para analisar os impactos deste legado da guerra, diversos estudos est\u00e3o sendo realizados na Alemanha nos mares B\u00e1ltico e do Norte.<\/p>\n\n\n\n

As pesquisas no B\u00e1ltico sobre os impactos desta heran\u00e7a foram as pioneiras e, em est\u00e1gio mais avan\u00e7ado, j\u00e1 revelaram a contamina\u00e7\u00e3o da fauna e da flora marinhas. Estima-se que 300 mil toneladas de armas qu\u00edmicas e convencionais ainda est\u00e3o nas \u00e1guas apenas naquela regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Pesquisadores identificaram dois grandes riscos causados pela presen\u00e7a deste material. O primeiro \u00e9 de explos\u00e3o, que pode ocorrer durante a passagem de navios, na constru\u00e7\u00e3o de parques e\u00f3licos ou de tubula\u00e7\u00f5es submarinas, assim como na pesca comercial com grandes redes. Essa amea\u00e7a foi ainda potencializada devido ao tempo.<\/p>\n\n\n\n

\"Pesquisadores
Pesquisadores do projeto UDEMM do Centro Helmholtz para Pesquisa Oce\u00e2nica analisam impactos de subst\u00e2ncias t\u00f3xicas liberadas por muni\u00e7\u00f5es da Segunda Guerra no B\u00e1ltico<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“H\u00e1 ind\u00edcios que mostram que, na \u00e1gua do mar, as subst\u00e2ncias explosivas antigas sofrem uma transforma\u00e7\u00e3o que as deixam mais sens\u00edveis para a detona\u00e7\u00e3o”, contou Aaron Beck, do Geomar Centro Helmholtz para Pesquisa Oce\u00e2nica em Kiel, uma das institui\u00e7\u00f5es que pesquisam os impactos das bombas descartadas no B\u00e1ltico.<\/p>\n\n\n\n

O segundo risco \u00e9 o ambiental e, com ele, mais consequ\u00eancias para os humanos. De acordo com Thomas Lang, do Instituto Th\u00fcnen, que desde 2011 participa de diversas pesquisas internacionais sobre o tema no B\u00e1ltico, subst\u00e2ncias t\u00f3xicas de armas qu\u00edmicas e muni\u00e7\u00f5es explosivas est\u00e3o sendo liberadas no mar devido \u00e0 corros\u00e3o das c\u00e1psulas destes armamentos.<\/p>\n\n\n\n

“Isso representa um perigo para animais e pessoas”, destacou.<\/p>\n\n\n\n

Riscos para o meio ambiente e sa\u00fade<\/h2>\n\n\n\n

Um estudo coordenado pelo Geomar analisou os impactos ambientais destas muni\u00e7\u00f5es. Pesquisadores do projeto descobriram que a concentra\u00e7\u00e3o de subst\u00e2ncias qu\u00edmicas explosivas \u00e9 maior em locais onde ocorreram os dep\u00f3sitos destes armamentos, por\u00e9m, foram encontraram resqu\u00edcios destes elementos, em quantidades menores, na \u00e1gua, em sedimentos, algas e invertebrados de toda a regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 o projeto Decision Aid for Marine Munitions (Daimon), do qual o Instituto Th\u00fcnen participou, identificou a presen\u00e7a de subprodutos do TNT, subst\u00e2ncia cancer\u00edgena, em mexilh\u00f5es, que s\u00e3o alimentos de v\u00e1rias esp\u00e9cies de peixes, encontrados nos locais onde est\u00e3o depositadas as muni\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Pesquisadores identificaram ainda a presen\u00e7a destas subst\u00e2ncias em peixes da esp\u00e9cie Limanda limanda<\/em> e descobriram que muitos deles tinham tumores hep\u00e1ticos. Os cientistas n\u00e3o descartam a rela\u00e7\u00e3o entre o TNT e os altos \u00edndices de c\u00e2ncer em peixes desta esp\u00e9cie que vivem nessas regi\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Lang, mais estudos s\u00e3o necess\u00e1rios para saber as consequ\u00eancias que o consumo de peixes e frutos do mar contaminados pode ter para a sa\u00fade humana.<\/p>\n\n\n\n

\"Avi\u00f5es
Pesquisadores v\u00e3o analisar carca\u00e7as de navios afundados para saber o estado das muni\u00e7\u00f5es remanescentes<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Depois do B\u00e1ltico, o Mar do Norte<\/h2>\n\n\n\n

Enquanto as pesquisas no B\u00e1ltico est\u00e3o mais avan\u00e7adas, um projeto semelhante sobre o Mar do Norte teve in\u00edcio em 2018 – o Museu Alem\u00e3o da Navega\u00e7\u00e3o participa do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Durante quatro anos, pesquisadores de diversas disciplinas, partindo de informa\u00e7\u00f5es de arquivos, v\u00e3o analisar as carca\u00e7as de navios afundados na regi\u00e3o para saber o estado das muni\u00e7\u00f5es remanescentes e quanto tempo elas podem permanecer onde est\u00e3o, al\u00e9m estudar os impactos ambientais.<\/p>\n\n\n\n

Os estudos no B\u00e1ltico, no entanto, mostraram que essas muni\u00e7\u00f5es s\u00e3o uma bomba rel\u00f3gio que lentamente contamina a regi\u00e3o e pode explodir a qualquer momento.<\/p>\n\n\n\n

Algumas das bombas j\u00e1 s\u00e3o removidas quando representam riscos para a navega\u00e7\u00e3o ou constru\u00e7\u00f5es submarinas. Cada caso \u00e9 analisado \u00e0 parte.<\/p>\n\n\n\n

“Quest\u00f5es ambientais, por\u00e9m, ainda n\u00e3o s\u00e3o motivos para a remo\u00e7\u00e3o deste armamento”, disse Lang, defendendo que esse aspecto tamb\u00e9m deveria ser levado em considera\u00e7\u00e3o. O pesquisador acrescentou que, por ser dif\u00edcil e dispendioso, esse trabalho requer muitos recursos financeiros e t\u00e9cnicos.<\/p>\n\n\n\n

Para Beck, a solu\u00e7\u00e3o ideal seria remover e destruir todas as muni\u00e7\u00f5es que est\u00e3o no mar, resolvendo os problemas de contamina\u00e7\u00e3o e seguran\u00e7a. “Os grandes desafios para essa limpeza s\u00e3o a vontade pol\u00edtica e o financiamento”, afirma, destacando que isso custaria muitos bilh\u00f5es de euros.<\/p>\n\n\n\n

“H\u00e1 tamb\u00e9m uma quest\u00e3o pol\u00edtica sens\u00edvel: quem deveria ser respons\u00e1vel pela remo\u00e7\u00e3o de muni\u00e7\u00f5es que pertenceram a uma na\u00e7\u00e3o, mas foram despejadas por outra na\u00e7\u00e3o em \u00e1guas de uma terceira na\u00e7\u00e3o?”, questiona o pesquisador.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n\n\n\n


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