{"id":152244,"date":"2019-05-30T01:00:30","date_gmt":"2019-05-30T04:00:30","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152244"},"modified":"2019-05-29T22:49:04","modified_gmt":"2019-05-30T01:49:04","slug":"comunidade-rural-chilena-se-volta-contra-bayer-monsanto","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/05\/30\/152244-comunidade-rural-chilena-se-volta-contra-bayer-monsanto.html","title":{"rendered":"Comunidade rural chilena se volta contra Bayer-Monsanto"},"content":{"rendered":"\n
\"Kombo-Bild

Bayer leva \u00e0 frente planos de amplia\u00e7\u00e3o de f\u00e1brica de processamento de sementes da Monsanto no Chile
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“<\/strong>Fora do Chile Bayer-Monsanto”, lia-se nos cartazes levados por manifestantes \u00e0s ruas da capital chilena. Santiago foi uma das 30 cidades do mundo onde milhares de pessoas se juntaram \u00e0 Marcha contra Monsanto internacional, em 19 de maio \u00faltimo, para exigir cultivos livres de agrot\u00f3xicos e de sementes geneticamente modificadas.<\/p>\n\n\n\n

Poucos dias antes, a gigante qu\u00edmico-farmac\u00eautica Bayer havia sido condenada a pagar uma indeniza\u00e7\u00e3o de mais de 2 bilh\u00f5es de d\u00f3lares a um casal nos Estados Unidos, que responsabilizou o herbicida Roundup, fabricado pela subsidi\u00e1ria Monsanto, pelo desenvolvimento de seu c\u00e2ncer. O Chile \u00e9 um importante polo para a Bayer, mas ali tamb\u00e9m h\u00e1 vozes cada vez mais cr\u00edticas.<\/p>\n\n\n\n

Cerca de 50 quil\u00f4metros ao sul de Santiago se encontram as duas maiores f\u00e1bricas para a produ\u00e7\u00e3o de sementes no Chile. Em setembro de 2018, logo ap\u00f3s a aquisi\u00e7\u00e3o da Monsanto, a divis\u00e3o de cultivo da Bayer (Bayer Crop Science) anunciou a moderniza\u00e7\u00e3o da f\u00e1brica de Viluco, a \u00fanica a produzir sementes de hortali\u00e7as na Am\u00e9rica do Sul e uma das tr\u00eas maiores unidades de produ\u00e7\u00e3o da empresa no mundo.<\/p>\n\n\n\n

“Queremos modernizar a tecnologia e os processos para que a f\u00e1brica atinja o padr\u00e3o das unidades na Holanda e nos Estados Unidos”, disse Yuri Charme, da Bayer Crop Science, ao apresentar os planos \u00e0 imprensa chilena.<\/p>\n\n\n\n

O projeto chamado Demand Fulfillment<\/em> (Cumprimento de Demanda) visa aumentar a produ\u00e7\u00e3o de sementes em 20%, para que o Chile possa, num futuro pr\u00f3ximo, atender a 70% da demanda na regi\u00e3o. “Esse projeto \u00e9 importante para a empresa e para o pa\u00eds, pois assim o Chile se posiciona na vanguarda da inova\u00e7\u00e3o na agroind\u00fastria”, acrescentou Charme.<\/p>\n\n\n\n

O Chile j\u00e1 \u00e9 o pa\u00eds que mais exporta sementes no Hemisf\u00e9rio Sul. Segundo dados da associa\u00e7\u00e3o sindical de produtores ChileBio, em 2016\/2017, o pa\u00eds exportou 338,5 milh\u00f5es d\u00f3lares em sementes, um quinto das quais eram transg\u00eanicas. Uma vantagem para o neg\u00f3cio no pa\u00eds sul-americano s\u00e3o as esta\u00e7\u00f5es do ano invertidas em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Europa.<\/p>\n\n\n\n

As sementes de hortali\u00e7as processadas na f\u00e1brica de Viluco respondem atualmente por apenas uma pequena porcentagem das exporta\u00e7\u00f5es do produto. Muito mais importante, no entanto, \u00e9 o milho, a soja e a canola, que s\u00e3o processados em outra f\u00e1brica a poucos quil\u00f4metros ao sul de Viluco, na comunidade rural de Paine.<\/p>\n\n\n\n

Ali, a maior parte da popula\u00e7\u00e3o vive da agricultura. Em 2016, a Monsanto anunciou \u2013 antes da fus\u00e3o com a Bayer \u2013 a amplia\u00e7\u00e3o da f\u00e1brica. Como forma de resist\u00eancia, um grupo de moradores fundou o Comit\u00ea para a Defesa de Paine.<\/p>\n\n\n\n

Camila Olavarr\u00eda, porta-voz do comit\u00ea, criticou: “Aqui est\u00e1 sendo constru\u00edda a maior f\u00e1brica de processamento de sementes da Am\u00e9rica Latina. N\u00e3o h\u00e1 estudos sobre seu impacto no meio ambiente. Os pol\u00edticos aprovaram o projeto sem ouvir a opini\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o”.<\/p>\n\n\n\n

Os membros do Comit\u00ea temem a contamina\u00e7\u00e3o de sementes nativas atrav\u00e9s da poliniza\u00e7\u00e3o cruzada, ou seja, quando o vento leva o p\u00f3len de plantas geneticamente modificadas para cultivos vizinhos. Isso acontece de forma particularmente f\u00e1cil com a canola, j\u00e1 que seu p\u00f3len consegue voar at\u00e9 tr\u00eas quil\u00f4metros.<\/p>\n\n\n\n

\"Chile

F\u00e1brica da Monsanto em Paine, no Chile
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Sementes geneticamente modificadas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Por esse motivo, nos pa\u00edses da UE, o cultivo da canola transg\u00eanica \u00e9 proibido. No Chile, ele \u00e9 permitido para fins de pesquisa e exporta\u00e7\u00e3o. De acordo com a associa\u00e7\u00e3o ChileBio, cerca de 13.900 hectares foram plantados com sementes geneticamente modificadas em 2017\/2018, dos quais 56% eram de milho, 27% de canola e 17% de soja.<\/p>\n\n\n\n

A \u00fanica forma de impedir a poliniza\u00e7\u00e3o cruzada seria um afastamento suficiente entre os campos de cultivo. No Chile, no entanto, nenhum distanciamento \u00e9 necess\u00e1rio.<\/p>\n\n\n\n

Olavarr\u00eda disse acreditar que as sementes em Paine j\u00e1 est\u00e3o contaminadas: “A maioria dos canteiros aqui est\u00e1 geneticamente modificado. A Bayer-Monsanto d\u00e1 aos agricultores locais as sementes que plantam em suas terras, para que eles devolvam algumas delas, que s\u00e3o ent\u00e3o processadas para exporta\u00e7\u00e3o nas f\u00e1bricas em Paine e Viluco”, explicou. “Os agricultores recebem a semente junto a um pacote de pesticidas t\u00f3xicos como o Roundup.”<\/p>\n\n\n\n

Roundup \u00e9 nome comercial do herbicida glifosato \u2013 o agrot\u00f3xico mais vendido no Chile. Em mar\u00e7o de 2015, a Ag\u00eancia Internacional de Pesquisa sobre o C\u00e2ncer (Iarc) classificou o glifosato como “provavelmente cancer\u00edgeno”.<\/p>\n\n\n\n

Camila Navarro, outro membro do Comit\u00ea para a Defesa de Paine, afirmou ter observado mudan\u00e7as na comunidade: “H\u00e1 um n\u00famero crescente de casos de c\u00e2ncer, n\u00e3o apenas entre os agricultores, mas tamb\u00e9m entre trabalhadores sazonais e pessoas que vivem perto das planta\u00e7\u00f5es.”<\/p>\n\n\n\n

Segundo Navarro, filhos de trabalhadores sazonais apresentam frequentemente dist\u00farbios de fala e defici\u00eancias cognitivas. Ela tamb\u00e9m relatou sobre gestantes, que trabalham nas planta\u00e7\u00f5es, com frequentes abortos ou malforma\u00e7\u00f5es fatais em rec\u00e9m-nascidos. N\u00e3o existem estudos oficiais sobre a rela\u00e7\u00e3o entre pesticidas e as doen\u00e7as.<\/p>\n\n\n\n

Rede de a\u00e7\u00e3o contra pesticidas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O c\u00e2ncer \u00e9 a segunda causa de morte mais comum no Chile. Todos os anos, registram-se 45 mil novos casos da doen\u00e7a, informou o Minist\u00e9rio da Sa\u00fade do Chile no in\u00edcio do ano.<\/p>\n\n\n\n

Uma rede de a\u00e7\u00e3o contra pesticidas chilena exige agora a proibi\u00e7\u00e3o do glifosato no pa\u00eds. “A Bayer e a Monsanto n\u00e3o s\u00e3o bem-vindas no Chile, e o cultivo envolvendo plantas geneticamente modificadas e pesticidas t\u00f3xicos prejudica o meio ambiente e a sa\u00fade da popula\u00e7\u00e3o”, reclamou Luc\u00eda Sep\u00falveda, membro da rede. Ela tamb\u00e9m \u00e9 porta-voz de um movimento da sociedade civil contra acordos de livre-com\u00e9rcio.<\/p>\n\n\n\n

O acordo de livre-com\u00e9rcio que o Chile est\u00e1 negociando com a Uni\u00e3o Europeia e a Parceria Transpac\u00edfica (TPP), que est\u00e1 sendo discutida atualmente no Senado chileno, exigiriam que o pa\u00eds assinasse o chamado Acordo UPOV-91, cujo objetivo \u00e9 privatizar mais sementes, entre outros, por meio de patentes.<\/p>\n\n\n\n

“Tentamos conscientizar as pessoas sobre essas quest\u00f5es para que possamos banir empresas como a Bayer e a Monsanto de nosso pa\u00eds”, afirmou Sep\u00falveda.<\/p>\n\n\n\n

Essa n\u00e3o \u00e9 uma tarefa f\u00e1cil, pois muitos residentes nos arredores das f\u00e1bricas de sementes da Bayer-Monsanto sentem medo ao falar de forma cr\u00edtica sobre a empresa. O mesmo acontece com Margarita Celis. Ela pratica a agricultura org\u00e2nica e comercializa seus produtos no mercado local.<\/p>\n\n\n\n

Celis n\u00e3o pode pagar o selo de certifica\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica do governo. Embora n\u00e3o use pesticidas e plante com sementes nativas, \u00e9 poss\u00edvel que seus produtos j\u00e1 estejam geneticamente contaminados porque crescem a poucos quil\u00f4metros dos cultivos com plantas geneticamente modificadas.<\/p>\n\n\n\n

“Aqui se trata de dinheiro”, disse ela indignada. “A maioria dos agricultores se encontra em situa\u00e7\u00e3o de depend\u00eancia. A empresa lhes vende o pacote todo, sementes e pesticidas. Eles foram atra\u00eddos com a promessa de mais lucro, mas s\u00f3 agora percebem os estragos que causaram.”<\/p>\n\n\n\n

Indagada pela DW, a Bayer do Chile n\u00e3o quis comentar as alega\u00e7\u00f5es feitas pelos moradores de Paine. A empresa enviou somente uma declara\u00e7\u00e3o por meio de uma ag\u00eancia externa, indicando que o uso do glifosato n\u00e3o tem nenhum impacto na sa\u00fade.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle
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Chile \u00e9 maior exportador de sementes do Hemisf\u00e9rio Sul. Ali, a empresa alem\u00e3 amplia f\u00e1bricas para produ\u00e7\u00e3o de sementes transg\u00eanicas da subsidi\u00e1ria Monsanto. Ambientalistas temem que plantas nativas sejam afetadas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":152245,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[2918,169,584,3250],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152244"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=152244"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152244\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":152246,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152244\/revisions\/152246"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/152245"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=152244"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=152244"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=152244"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}