{"id":152249,"date":"2019-05-30T01:00:10","date_gmt":"2019-05-30T04:00:10","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152249"},"modified":"2019-05-29T22:54:20","modified_gmt":"2019-05-30T01:54:20","slug":"como-o-trigo-domesticou-a-humanidade-e-vice-versa","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/05\/30\/152249-como-o-trigo-domesticou-a-humanidade-e-vice-versa.html","title":{"rendered":"Como o trigo ‘domesticou’ a humanidade \u2013 e vice-versa"},"content":{"rendered":"\n
\"p\u00c3\u00a3es\"\/

Sozinho, o trigo fornece 15% do consumo cal\u00f3rico global
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Do p\u00e3ozinho de cada dia ao macarr\u00e3o de domingo, o trigo \u00e9 um dos alimentos mais consumidos no mundo atual. Mas o que n\u00e3o paramos para pensar entre um bocado e outro \u00e9 que esse cereal, em suas variedades contempor\u00e2neas, \u00e9 praticamente artificial.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o fosse a a\u00e7\u00e3o do Homo sapiens<\/em>, o trigo n\u00e3o seria assim.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o fosse a evolu\u00e7\u00e3o provocada pelo ser humano, esses tipos de trigo simplesmente n\u00e3o existiriam.<\/p>\n\n\n\n

Mas, para muitos pesquisadores, o inverso tamb\u00e9m \u00e9 verdade: n\u00e3o fosse o trigo ter conquistado nossos ancestrais, o homem n\u00e3o teria se tornado sedent\u00e1rio, n\u00e3o teria feito a chamada Revolu\u00e7\u00e3o Agr\u00edcola, n\u00e3o teria se aglomerado em cidades.<\/p>\n\n\n\n

O trigo domesticou a humanidade de tal forma que n\u00e3o \u00e9 exagero dizer que ele acabou sendo o combust\u00edvel – at\u00e9 mesmo literalmente, em forma de calorias ingeridas – para que as civiliza\u00e7\u00f5es fossem criadas.<\/p>\n\n\n\n

Era s\u00f3 mato<\/h2>\n\n\n\n

Por volta de 18 mil anos atr\u00e1s, com o fim da \u00faltima Era Glacial, o aquecimento global provocou um per\u00edodo de fortes e intensas chuvas. Essa mudan\u00e7a clim\u00e1tica favoreceu uma gram\u00ednea na regi\u00e3o do Oriente M\u00e9dio.<\/p>\n\n\n\n

Era trigo, mas n\u00e3o como o conhecemos hoje. As sementinhas eram ralas e pequenas. O vento conseguia espalh\u00e1-las – e, assim, a planta se multiplicava. Os ancestrais humanos daquela \u00e9poca viviam em bandos n\u00f4mades. Eram ca\u00e7adores-coletores – alimentavam-se basicamente de carne e frutas.<\/p>\n\n\n\n

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Pesquisadores analisaram geneticamente 4506 amostras de trigo de 105 pa\u00edses diferentes e constataram que a Revolu\u00e7\u00e3o Verde reduziu a variabilidade do cereal<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em algum momento dessa hist\u00f3ria – ou em v\u00e1rios momentos, j\u00e1 que uma descoberta assim n\u00e3o ocorre de forma t\u00e3o linear -, os Homo sapiens perceberam que havia animais que se alimentavam de gram\u00edneas. E decidiram experimentar.<\/p>\n\n\n\n

Conforme relata o historiador Heinrich Eduard Jacob (1889-1967) em seu livro Seis Mil Anos de P\u00e3o – A Civiliza\u00e7\u00e3o Humana Atrav\u00e9s de Seu Principal Alimento<\/em>, come\u00e7aram colocando sementes na carne. E viram que suavizava o sabor. Ca\u00eda bem.<\/p>\n\n\n\n

“As pessoas come\u00e7aram a comer mais trigo e, sem querer, favoreceram seu crescimento e difus\u00e3o”, afirma o historiador Yuval Noah Harari, no best-seller Sapiens: Uma Breve Hist\u00f3ria da Humanidade<\/em>. “Como era imposs\u00edvel comer gr\u00e3os silvestres sem antes escolh\u00ea-los, mo\u00ea-los e cozinh\u00e1-los, as pessoas que coletavam esses gr\u00e3os os carregavam a seus acampamentos tempor\u00e1rios para process\u00e1-los.”<\/p>\n\n\n\n

Mas os gr\u00e3os de trigo eram pequenos e numerosos. “Alguns deles inevitavelmente ca\u00edam a caminho do acampamento e se perdiam”, pontua Harari. “Com o tempo, cada vez mais trigo cresceu perto dos acampamentos e dos caminhos preferidos pelos humanos.”<\/p>\n\n\n\n

Jacob frisa que, naquele tempo, trigo era s\u00f3 mato. Ou gram\u00edneas. “Todos os cereais eram primitivamente plantas herb\u00e1ceas selvagens”, escreve. “Todos os cereais foram originariamente herb\u00e1ceas cujas sementes tinham um sabor de que o homem primitivo gostava. Mas o homem tinha, para al\u00e9m dos insetos, um rival bem mais tem\u00edvel que lhe estragava a colheita dessas plantas. Era o grande criador do tapete verde de ervas. O vento.”<\/p>\n\n\n\n

Se o vento espalhava as sementes – e isto garantia a perpetua\u00e7\u00e3o do trigo -, ele atrapalhava o homem: afinal, n\u00e3o era poss\u00edvel colher o cereal maduro, este “voava” embora antes.<\/p>\n\n\n\n

Sele\u00e7\u00e3o artificial: a domestica\u00e7\u00e3o do trigo<\/h2>\n\n\n\n

Sem entender nada de gen\u00e9tica, nossos ancestrais acabaram interferindo na evolu\u00e7\u00e3o do trigo. “O primeiro objetivo do homem teve de ser portanto o de conseguir fazer com que as esp\u00e9cies que eram mais do seu agrado n\u00e3o perdessem os gr\u00e3os com tanta facilidade. E foi o que efetivamente sucedeu, j\u00e1 que o homem ao longo de milhares de anos foi cultivando apenas aqueles exemplares que guardavam os gr\u00e3os durante mais tempo na espiga”, diz Jacob.<\/p>\n\n\n\n

“Nasceram assim, a partir das herb\u00e1ceas selvagens, devidamente protegidos pelos seus elmos, os her\u00f3is da nossa epopeia da alimenta\u00e7\u00e3o”, completa o historiador, referindo-se \u00e0s vers\u00f5es do cereal que, evolu\u00eddas, “t\u00eam frutos que se fixam t\u00e3o bem ao eixo da espiga que s\u00f3 se desprendem com golpes ou sob press\u00e3o, ou seja, por interm\u00e9dio de uma a\u00e7\u00e3o volunt\u00e1ria, aquilo a que chamamos a debulha.”<\/p>\n\n\n\n

Como efeito disso, o trigo contempor\u00e2neo n\u00e3o sobrevive sem a m\u00e3o humana. “A quest\u00e3o \u00e9 precisamente o campo de batalha entre a robustez da espiga e o desejo que o homem tem de obter a farinha”, sintetiza Jacob. “Os ‘cereais dom\u00e9sticos’ morreriam amanh\u00e3 se o homem desaparecesse.”<\/p>\n\n\n\n

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Para muitos pesquisadores, o ser humano se tornou sedent\u00e1rio por causa do trigo<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Harari conta que os acampamentos daqueles n\u00f4mades come\u00e7aram a se fixar ao redor de locais onde havia mais trigo. Para facilitar, eles “limpavam” o entorno, derrubando \u00e1rvores e promovendo queimadas. Sem conhecer nem os rudimentos da agricultura, acabavam favorecendo justamente as gram\u00edneas: que podiam crescer sem concorr\u00eancia, livres das sombras das grandes \u00e1rvores.<\/p>\n\n\n\n

Foi o in\u00edcio do sedentarismo. O princ\u00edpio da chamada Revolu\u00e7\u00e3o Agr\u00edcola. “No come\u00e7o, talvez eles acampassem por quatro semanas durante a colheita. Na gera\u00e7\u00e3o seguinte, com a multiplica\u00e7\u00e3o e o alastramento do trigo, o acampamento da colheita talvez durasse cinco semanas, depois seis, at\u00e9 que se tornou um assentamento permanente”, conta Harari. “Evid\u00eancias de tais acampamentos foram encontradas em todo o Oriente M\u00e9dio, sobretudo no Levante, onde a cultura natufiana floresceu de 12,5 mil a.C. a 9,5 mil a.C.”<\/p>\n\n\n\n

Os natufianos ainda eram ca\u00e7adores-coletores, mas viviam em assentamentos permanentes. Inventaram ferramentas – como pil\u00f5es de pedra para moer trigo -e armazenavam os cereais para \u00e9pocas de necessidade.<\/p>\n\n\n\n

Seus descendentes descobriram que podiam semear. Al\u00e9m disso, se enterrassem os gr\u00e3os sob o solo, tinham resultados mais interessantes do que se simplesmente os espalhassem pela superf\u00edcie.<\/p>\n\n\n\n

Descobertas recentes apontam para a prov\u00e1vel localiza\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica em que primeiro aconteceu esse fen\u00f4meno. Por meio de an\u00e1lises gen\u00e9ticas, cientistas descobriram que pelo menos a variedade Triticum monococcum come\u00e7ou a ser domesticada na regi\u00e3o de Karaca Dag, no leste da atual Turquia, h\u00e1 cerca de 9 mil anos.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c0 medida que dedicavam mais esfor\u00e7os ao cultivo de cereais, havia menos tempo para coletar e ca\u00e7ar esp\u00e9cies silvestres”, relata Harari. “Os ca\u00e7adores-coletores se tornavam agricultores.”<\/p>\n\n\n\n

No ano de 8,5 mil a.C., o Oriente M\u00e9dio estava cheio de povoados fixos. O excedente de alimentos fez com que a popula\u00e7\u00e3o crescesse.<\/p>\n\n\n\n

E o homem tamb\u00e9m acabou domesticado<\/h2>\n\n\n\n

No livro Sapiens,<\/em> Harari apresenta uma vis\u00e3o interessante sobre essa evolu\u00e7\u00e3o concomitante homem-trigo. Para ele, se a Revolu\u00e7\u00e3o Agr\u00edcola aumentou o total de alimentos \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o da humanidade, isso n\u00e3o se refletiu em uma dieta melhor – tampouco em uma vida melhor. “Em m\u00e9dia, um agricultor trabalhava mais que um ca\u00e7ador-coletor e obtinha em troca uma dieta pior. A Revolu\u00e7\u00e3o Agr\u00edcola foi a maior fraude da hist\u00f3ria”, diz ele.<\/p>\n\n\n\n

“Quem foi o respons\u00e1vel? Nem reis, nem padres, nem mercadores”, completa. “Os culpados foram um punhado de esp\u00e9cies vegetais, entre as quais o trigo, o arroz e a batata. As plantas domesticaram o Homo sapiens, e n\u00e3o o contr\u00e1rio.”<\/p>\n\n\n\n

\"Frutas
Antes da descoberta do trigo, o ser humano se alimentava de carne e frutas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O historiador afirma que, para passar de gram\u00edneas insignificantes a cereais onipresentes, o trigo “manipulou” o ser humano “a seu bel-prazer”. “Esse primata vivia uma vida confort\u00e1vel como ca\u00e7ador-coletor at\u00e9 por volta de 10 mil anos atr\u00e1s, quando come\u00e7ou a dedicar cada vez mais esfor\u00e7os ao cultivo do trigo. Em poucos mil\u00eanios”, ressalta, “os humanos em muitas partes do mundo estavam fazendo n\u00e3o muito mais do que cuidar de plantas de trigo do amanhecer ao entardecer.”<\/p>\n\n\n\n

“N\u00f3s n\u00e3o domesticamos o trigo; o trigo nos domesticou”, enfatiza. “A palavra domesticar vem do latim ‘domus’, que significa casa. Quem \u00e9 que estava vivendo em uma casa? N\u00e3o o trigo. Os sapiens.”<\/p>\n\n\n\n

Pesquisador do Departamento de Ci\u00eancia e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o bioqu\u00edmico Juliano Lindner corrobora a tese: para ele o trigo foi o principal motivo que levou a humanidade a se tornar sedent\u00e1ria.<\/p>\n\n\n\n

“Quando o Homo sapiens deixou de ser coletor e passou a domesticar plantas e animais, o trigo foi um dos primeiros cultivos a serem controlados e se tornou uma das plantas mais pr\u00f3speras na hist\u00f3ria do planeta”, diz ele, em entrevista \u00e0 BBC News Brasil. “Esse momento da evolu\u00e7\u00e3o, pelo simples efeito que a domestica\u00e7\u00e3o de animais e plantas gerou na possibilidade da sociedade se organizar sem a necessidade vital do nomadismo, ocasionou o grande salto da civiliza\u00e7\u00e3o humana.”<\/p>\n\n\n\n

Tal tipo de rela\u00e7\u00e3o entre homem e trigo, em que ambas as esp\u00e9cies sofrem um processo de transforma\u00e7\u00e3o resultante da rela\u00e7\u00e3o entre elas, \u00e9 abordado pela m\u00e9dica e escritora Alice Roberts no livro Tamed – Ten Species That Changed Our World<\/em> (Domesticadas – Dez Esp\u00e9cies que Mudaram O Nosso Mundo, em tradu\u00e7\u00e3o livre). Al\u00e9m do trigo, a pesquisadora aponta que fen\u00f4menos semelhantes ocorreram com a vaca, o cachorro, o milho e a ma\u00e7\u00e3, entre outras esp\u00e9cies.<\/p>\n\n\n\n

Onipresen\u00e7a x pouca variedade<\/h2>\n\n\n\n

Saltemos para o s\u00e9culo 20. A civiliza\u00e7\u00e3o humana, alimentada com derivados de trigo, chegou a um est\u00e1gio de desenvolvimento industrial e cient\u00edfico intenso. O cultivo do estimado cereal, ali\u00e1s, desde ent\u00e3o cobre 2,25 milh\u00f5es de quil\u00f4metros quadrados do globo – nove vezes o tamanho do Estado de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n\n\n\n

Harari conclui que o trigo “n\u00e3o ofereceu nada para as pessoas enquanto indiv\u00edduos, mas concedeu algo ao Homo sapiens enquanto esp\u00e9cie”. “O cultivo de trigo proporcionou muito mais alimento por unidade de territ\u00f3rio e, com isso, permitiu que o Homo sapiens se multiplicasse exponencialmente”, afirma o historiador.<\/p>\n\n\n\n

A popula\u00e7\u00e3o da humanidade, atualmente na casa dos 7,7 bilh\u00f5es de habitantes, confirma isso. E, sozinho, o trigo fornece 15% do consumo cal\u00f3rico global. De acordo com informa\u00e7\u00f5es relatadas pelo pesquisador Juliano Lindner, da UFSC, mais de 75% das calorias ingeridas pela humanidade hoje s\u00e3o resultantes de plantas domesticadas milhares de anos atr\u00e1s – al\u00e9m do trigo, o milho, o arroz, a batata, entre outros.<\/p>\n\n\n\n

\"diferentes
Diferentes variedades de trigo utilizadas na pesquisa: no total, foram mais de 4 mil amostras analisadas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Mas ao mesmo tempo em que \u00e9 onipresente, o trigo representa pouca variedade. Estudo publicado na quarta-feira (29) pelo peri\u00f3dico Science Advances analisou geneticamente 4506 amostras de trigo de todo o mundo – incluindo cepas regionais -, recolhidas em 105 pa\u00edses diferentes.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas constataram que, se por um lado o trigo ajuda a tra\u00e7ar os antigos caminhos migrat\u00f3rios humanos, da \u00c1sia para a Europa e, mais tarde, para a Am\u00e9rica, por outro lado a transforma\u00e7\u00e3o do cereal em commodity dizimou sua variedade.<\/p>\n\n\n\n

Sobretudo no per\u00edodo seguinte \u00e0 Segunda Guerra Mundial, quando a chamada Revolu\u00e7\u00e3o Verde passou a empregar tecnologia para incrementar a produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola mundial, o chamado pool gen\u00e9tico do trigo acabou modificado: atualmente, praticamente toda a produ\u00e7\u00e3o em escala de trigo remonta a variedades que se desenvolveram na Europa – nas regi\u00f5es sudeste, mediterr\u00e2nea e ib\u00e9rica.<\/p>\n\n\n\n

“Nossa pesquisa traz novos olhares sobre a difus\u00e3o e a diversidade gen\u00e9tica mundial do trigo”, afirma \u00e0 BBC News Brasil um dos autores do estudo, o geneticista Fran\u00e7ois Balfourier, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Agron\u00f4micas da Fran\u00e7a. “Recentes sele\u00e7\u00f5es e dissemina\u00e7\u00f5es levaram a um germoplasma moderno que \u00e9 altamente desequilibrado em compara\u00e7\u00e3o com os ancestrais.”<\/p>\n\n\n\n

Do ponto de vista da produ\u00e7\u00e3o de trigo, seria estrat\u00e9gico entender e caracterizar as pouco exploradas comercialmente vers\u00f5es asi\u00e1ticas do trigo, afirma o cientista. “Caracterizar melhor esses recursos gen\u00e9ticos podem resultar em explora\u00e7\u00e3o eficiente dos mesmos em programas de melhoramento, obtendo benef\u00edcios de sua resist\u00eancia natural a estresses bi\u00f3ticos e abi\u00f3ticos”, comenta Balfourier.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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