{"id":152253,"date":"2019-05-30T01:00:27","date_gmt":"2019-05-30T04:00:27","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152253"},"modified":"2019-05-29T22:59:29","modified_gmt":"2019-05-30T01:59:29","slug":"entenda-o-debate-sobre-a-mp-867-que-altera-o-codigo-florestal","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/05\/30\/152253-entenda-o-debate-sobre-a-mp-867-que-altera-o-codigo-florestal.html","title":{"rendered":"Entenda o debate sobre a MP 867, que altera o C\u00f3digo Florestal"},"content":{"rendered":"\n
\"Castanheiras

Castanheiras “soltas” em planta\u00e7\u00e3o de soja na BR-163 \u2014 Foto: Marcelo Brandt\/G1
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A tramita\u00e7\u00e3o da Medida Provis\u00f3ria (MP) 867 divide setores ligados ao meio ambiente e ao agroneg\u00f3cio. Seu objetivo inicial era adiar o prazo para regulariza\u00e7\u00e3o de propriedades rurais fora das normas do C\u00f3digo Florestal Brasileiro de 2012. Mas a MP ganhou 35 adendos e os impactos dessa aprova\u00e7\u00e3o poderiam afetar at\u00e9 o cumprimentos de metas do\u00a0Acordo de Paris.<\/p>\n\n\n\n

A medida entrou em vigor em 26 de dezembro de 2018, mas precisa passar pela\u00a0C\u00e2mara dos Deputados\u00a0e pelo Senado at\u00e9 o dia 3 de junho para n\u00e3o “caducar” e perder a validade.<\/p>\n\n\n\n

Ambientalistas e at\u00e9 uma parte dos representantes do agroneg\u00f3cio acreditam que a MP pode impedir a recupera\u00e7\u00e3o de \u00e1reas j\u00e1 desmatadas e anistiar propriet\u00e1rios que n\u00e3o se adaptaram \u00e0s exig\u00eancias do C\u00f3digo. J\u00e1 o relator da medida, deputado Sergio Souza (MDB-PR), garante que “a MP n\u00e3o altera uma v\u00edrgula da ess\u00eancia do C\u00f3digo Florestal”.<\/p>\n\n\n\n

Entenda, a seguir, os pontos de debate dessa poss\u00edvel mudan\u00e7a na lei.<\/p>\n\n\n\n

Sete pontos sobre a MP 867:<\/h2>\n\n\n\n
  1. A MP foi assinada por Michel Temer, em 26 de dezembro de 2018, adiando o prazo para que propriet\u00e1rios rurais se adaptassem ao C\u00f3digo Florestal. Mas recebeu 35 emendas na C\u00e2mara e algumas fogem ao tema central \u2013 chamadas “jabutis” no jarg\u00e3o parlamentar;<\/li>
  2. Para ambientalistas, essas emendas suavizam a exig\u00eancia de restaurar \u00e1reas nativas determinada pelo C\u00f3digo Florestal e, portanto, dificultam que o Brasil alcance as metas do\u00a0Acordo de Paris;<\/li>
  3. O Observat\u00f3rio do C\u00f3digo Florestal estima que entre 4 e 5 milh\u00f5es de hectares de \u00e1rea que deveria ser recuperada ser\u00e3o perdidos com a aprova\u00e7\u00e3o da MP \u2013 o equivalente a dois estados de Sergipe.<\/li>
  4. Como o C\u00f3digo tem apenas sete anos, altera\u00e7\u00f5es significativas no conte\u00fado podem produzir inseguran\u00e7a jur\u00eddica. O relator argumenta que, na verdade, a MP n\u00e3o faz grandes mudan\u00e7as no C\u00f3digo, evita a necessidade de novas prorroga\u00e7\u00f5es nos prazos de regulariza\u00e7\u00e3o e, portanto, traz mais seguran\u00e7a jur\u00eddica;<\/li>
  5. A inser\u00e7\u00e3o de “jabutis” pode ser questionada como inconstitucional. O relator diz que, na verdade, muitas emendas eram parecidas e insiste que a ess\u00eancia do C\u00f3digo n\u00e3o foi prejudicada;<\/li>
  6. Representantes do agroneg\u00f3cio temem transmitir a imagem, especialmente no exterior, de que n\u00e3o querem seguir o C\u00f3digo. Apenas 4% dos propriet\u00e1rios de im\u00f3veis rurais ainda n\u00e3o se adaptaram \u00e0 legisla\u00e7\u00e3o. O relator diz que a MP facilita a vida pequenos produtores que ainda n\u00e3o conseguiram se regularizar;<\/li>
  7. Segundo ambientalistas, a MP representaria uma anistia de grandes produtores rurais que ainda n\u00e3o obedecem a lei, impactando os biomas mais degradados do pa\u00eds, como o Cerrado. O relator afirma que s\u00e3o os estados que dificultam a regulariza\u00e7\u00e3o daqueles que ainda n\u00e3o se adequaram ao C\u00f3digo.<\/li><\/ol>\n\n\n\n

    O que \u00e9 a MP 867?<\/h2>\n\n\n\n

    O C\u00f3digo Florestal (Lei 12.651\/2012) regularizou terras desmatadas at\u00e9 22 de julho de 2008. Ele deu benef\u00edcios aos propriet\u00e1rios dessas \u00e1reas, como a redu\u00e7\u00e3o nas \u00c1reas de Preserva\u00e7\u00e3o Permanente (APPs) e a possibilidade de compensar \u00e1reas de Reserva Legal (RL) em outro im\u00f3vel. J\u00e1 quem desmatou depois dessa data precisaria seguir \u00e0 risca o novo C\u00f3digo.<\/p>\n\n\n\n

    A princ\u00edpio, a MP assinada pelo ent\u00e3o presidente Michel Temer no fim de 2018 tinha a finalidade de dar mais prazo para que esses propriet\u00e1rios de im\u00f3veis rurais aderissem ao Programa de Regulariza\u00e7\u00e3o Ambiental (PRA) \u2013 na pr\u00e1tica, mais prazo para regularizar a propriedade conforme as normas do C\u00f3digo.<\/p>\n\n\n\n

    Com a MP, o prazo para aderir ao programa passaria de 31 de dezembro de 2018 para 31 de dezembro de 2019, com a possibilidade de prorroga\u00e7\u00e3o por mais um ano. Esse j\u00e1 seria o quinto adiamento seguido.<\/p>\n\n\n\n

    “Fizemos a prorroga\u00e7\u00e3o porque muitos estados ainda n\u00e3o fizeram o seu Programa para receber esses dados”, afirma o deputado Sergio Souza, relator da medida. “Agora, at\u00e9 o final de 2020, os estados ter\u00e3o que fazer.”<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

    Para Andr\u00e9 Guimar\u00e3es, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaz\u00f4nia (Ipam) e l\u00edder da Coaliz\u00e3o Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, “isso em si j\u00e1 era ruim”.<\/p>\n\n\n\n

    “Mas entendemos que o adiamento pode ser feito e \u00e9 aceit\u00e1vel”, diz Guimar\u00e3es. O problema, acrescenta, est\u00e1 nas 35 emendas acrescentadas \u00e0 MP, que est\u00e1 tramitando na C\u00e2mara e ainda deve passar pelo Senado.<\/p>\n\n\n\n

    Segundo o diretor executivo da Associa\u00e7\u00e3o Brasileira do Agroneg\u00f3cio (Abag), Luiz Cornacchioni, qualquer altera\u00e7\u00e3o significativa no C\u00f3digo deve ser fruto de um debate p\u00fablico, e n\u00e3o pode ser feito por meio de Medida Provis\u00f3ria.<\/p>\n\n\n\n

    “O C\u00f3digo \u00e9 uma ferramenta importante. N\u00e3o \u00e9 perfeito, mas \u00e9 moderno, especialmente se comparado com outros pa\u00edses. \u00c9 avan\u00e7ado quanto \u00e0 preserva\u00e7\u00e3o e \u00e0 conserva\u00e7\u00e3o” \u2013 Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Abag.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

    “O problema da MP 867 s\u00e3o esses penduricalhos. Originalmente ela tinha um objetivo, de prorroga\u00e7\u00e3o de prazos. Isso precisava mesmo”, acrescenta.<\/p>\n\n\n\n

    \"\u00c1rea

    \u00c1rea de Reserva Legal de uma fazenda do projeto Pecu\u00e1ria Verde, em Paragominas, nordeste do Par\u00e1 \u2014 Foto: Divulga\u00e7\u00e3o <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

    Para regularizar suas terras, o propriet\u00e1rio rural tamb\u00e9m precisa fazer a inscri\u00e7\u00e3o do im\u00f3vel no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ter esse cadastro \u00e9 obrigat\u00f3rio para que o produtor tenha acesso a cr\u00e9dito rural, por exemplo. O prazo para o CAR terminou em 31 de dezembro de 2018, mas a MP d\u00e1 aos propriet\u00e1rios at\u00e9 2020 para se regularizarem sem perder acesso aos benef\u00edcios financeiros.<\/p>\n\n\n\n

    “Isso n\u00e3o era parte da MP original”, lembra o relator. A ideia, segundo ele, \u00e9 pressionar os estados para aplicarem o sistema de cadastro sem prejudicar o produtor que precisa de cr\u00e9dito. “Fizemos isso porque era obriga\u00e7\u00e3o dos estados dar suporte aos produtores rurais menos favorecidos, mas alguns estados n\u00e3o t\u00eam o sistema, principalmente no Nordeste.”<\/p>\n\n\n\n

    J\u00e1 foram feitos mais de 5,6 milh\u00f5es de Cadastros Ambientais Rurais em todo o pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

    Para Roberta del Giudice, secret\u00e1ria executiva do Observat\u00f3rio do C\u00f3digo Florestal, a falta de adapta\u00e7\u00e3o de alguns estados \u00e9, de fato, um problema. Embora todos os estados j\u00e1 tenham um sistema, segundo ela, somente 17 regulamentaram os termos de compromisso para a adequa\u00e7\u00e3o das terras.<\/p>\n\n\n\n

    Ela entende que a extens\u00e3o do prazo do CAR cria uma esp\u00e9cie de anistia. “O CAR \u00e9 o melhor instrumento do C\u00f3digo para incentivar a regulariza\u00e7\u00e3o”, avalia.<\/p>\n\n\n\n

    O prazo final para vota\u00e7\u00e3o da MP \u00e9 3 de junho. Se at\u00e9 l\u00e1 a MP 867 n\u00e3o passar no Congresso, ela caduca, ou seja, deixa de valer.<\/p>\n\n\n\n

    Se a MP vier a caducar, os parlamentares ter\u00e3o de votar um projeto de decreto legislativo para disciplinar o per\u00edodo em que ela esteve vigente. Neste caso, o decreto servir\u00e1 para validar a situa\u00e7\u00e3o de quem regularizou sua propriedade rural enquanto a medida estava em vigor.<\/p>\n\n\n\n

    Estimativa de \u00e1reas irregulares<\/h2>\n\n\n\n

    Tanto ambientalistas quanto alguns representantes do agroneg\u00f3cio dizem que a MP 867 descaracteriza o C\u00f3digo Florestal, uma legisla\u00e7\u00e3o que foi resultado de mais de uma d\u00e9cada de debate e \u00e9 frequentemente descrita como um “ponto de equil\u00edbrio” para os v\u00e1rios interesses nos territ\u00f3rios rurais.<\/p>\n\n\n\n

    De acordo com estudo do comit\u00ea t\u00e9cnico do Observat\u00f3rio do C\u00f3digo Florestal, “as emendas n\u00e3o somente mudam o prazo de ades\u00e3o, mas alteram o processo e os requisitos que regulam a adequa\u00e7\u00e3o ambiental de APPs (\u00c1reas de Preserva\u00e7\u00e3o Permanente) e RLs (Reservas Legais) de im\u00f3veis rurais irregulares ou em descumprimento com o C\u00f3digo”.<\/p>\n\n\n\n

    Do total das \u00e1reas em propriedades rurais, 9 milh\u00f5es de hectares ainda n\u00e3o se enquadraram no C\u00f3digo Florestal, de acordo com pesquisadores do Observat\u00f3rio. Essa \u00e1rea equivale ao tamanho dos estados do Rio de Janeiro e do Esp\u00edrito Santo somados.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

    O estudo envolve 3,55 milh\u00f5es de im\u00f3veis rurais. Juntos, eles somam 364,16 milh\u00f5es de hectares. Para chegar a esse resultado, pesquisadores usaram a malha fundi\u00e1ria do Atlas da Agropecu\u00e1ria Brasileira, dados do Mapbiomas e a modelagem do C\u00f3digo Florestal.<\/p>\n\n\n\n

    Desse total de im\u00f3veis, 96% est\u00e3o cumprindo lei atual. Portanto, s\u00f3 4% dos im\u00f3veis ainda descumprem o C\u00f3digo Florestal.<\/p>\n\n\n\n

    Por outro lado, esses 4% de propriedades abrangem 9 milh\u00f5es de hectares, isto \u00e9, 20% da \u00e1rea total de im\u00f3veis analisados. Essa \u00e9 a \u00e1rea que, idealmente, poderia ser restaurada se mantida a legisla\u00e7\u00e3o atual.<\/p>\n\n\n\n

    \"Plen\u00e1rio

    Plen\u00e1rio da C\u00e2mara dos Deputados \u2014 Foto: Luis Macedo\/C\u00e2mara dos Deputados <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

    Acordo de Paris<\/h2>\n\n\n\n

    Se forem flexibilizadas as normas do C\u00f3digo Florestal, como prev\u00ea a MP 867, a estimativa do Observat\u00f3rio do C\u00f3digo Florestal \u00e9 de que ser\u00e3o perdidos de 4 a 5 milh\u00f5es de hectares de \u00e1rea que deveria ser recuperada. Essas \u00e1reas se consolidar\u00e3o como desmatadas.<\/p>\n\n\n\n

    Por isso, o Brasil ficaria ainda mais longe da meta que assumiu como parte do Acordo de Paris, de recuperar 12 milh\u00f5es de hectares de \u00e1reas nativas at\u00e9 2030.<\/p>\n\n\n\n

    “Mais ou menos metade da \u00e1rea que poderia ser recuperada ser\u00e1 perdida com essa anistia” \u2013 Roberta del Giudice, do Observat\u00f3rio do C\u00f3digo Florestal.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

    Segundo ela, boa parte da meta poderia ser alcan\u00e7ada com o plantio nesses 9 milh\u00f5es de hectares.<\/p>\n\n\n\n

    Em 2015, 195 pa\u00edses chegaram ao Acordo de Paris contra mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, a primeira vez que se reconheceu, em consenso global, a necessidade de se reduzirem as emiss\u00f5es de gases do efeito estufa.<\/p>\n\n\n\n

    O Minist\u00e9rio do Meio Ambiente resume os compromisso do Brasil em cinco pontos:<\/p>\n\n\n\n

    • Reduzir, at\u00e9 2025, as emiss\u00f5es de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos n\u00edveis de 2005;<\/li>
    • Buscar, como meta seguinte, a redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es em 43% abaixo dos n\u00edveis de 2005, at\u00e9 2030;<\/li>
    • Aumentar a participa\u00e7\u00e3o de bioenergia sustent\u00e1vel para 18% da matriz energ\u00e9tica at\u00e9 2030;<\/li>
    • Compor a matriz energ\u00e9tica com 45% de energias renov\u00e1veis at\u00e9 2030;<\/li>
    • Restaurar e reflorestar 12 milh\u00f5es de hectares de florestas.<\/li><\/ul>\n\n\n\n

      Para o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), um dos principais cr\u00edticos da MP no Congresso e membro da Comiss\u00e3o de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent\u00e1vel, “o Brasil \u00e9 o pa\u00eds que tem uma das maiores coberturas florestais do mundo, a maior biodiversidade do mundo, mas com a cultura de que algumas leis n\u00e3o pegam”.<\/p>\n\n\n\n

      “N\u00e3o ligo que demorem 20 ou 30 anos para recuperar [\u00e1reas protegidas]. Mas n\u00e3o \u00e9 porque desmatou que tem que ficar como est\u00e1.” \u2013 Deputado Rodrigo Agostinho<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

      Ele acredita que mudan\u00e7as no C\u00f3digo Florestal n\u00e3o devam ser feitas por meio de Medida Provis\u00f3ria. “N\u00e3o faz sentido fazer isso hoje. Para minha surpresa, muita gente do agroneg\u00f3cio tamb\u00e9m est\u00e1 contra [a MP 867], dizendo que isso vai criar um problema desnecess\u00e1rio.”<\/p>\n\n\n\n

      Agostinho ainda tem esperan\u00e7as de que a MP possa ser rejeitada no Congresso ou perder efeito por n\u00e3o ser aprovada at\u00e9 3 de junho.<\/p>\n\n\n\n

      Artigo 68<\/h2>\n\n\n\n

      As ONGs ambientalistas t\u00eam chamado aten\u00e7\u00e3o especial \u00e0 proposta do relator da MP 867\/2018 de mudar o artigo 68 do C\u00f3digo Florestal. Na pr\u00e1tica, ele altera a data de refer\u00eancia para a prote\u00e7\u00e3o de alguns biomas. Para os ativistas, isso permite que uma por\u00e7\u00e3o de \u00e1rea j\u00e1 desmatada n\u00e3o precise ser restaurada.<\/p>\n\n\n\n

      \"Deputado

      Deputado federal Sergio Souza (MDB), relator da MP 867 \u2014 Foto: Divulga\u00e7\u00e3o\/Facebook <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

      De acordo com Gerd Sparovek, professor e pesquisador da Esalq\/USP, a mudan\u00e7a no artigo 68 faz uma interpreta\u00e7\u00e3o errada do C\u00f3digo: para o Cerrado, por exemplo, passa a valer a prote\u00e7\u00e3o definida em 1989, e n\u00e3o a do C\u00f3digo Florestal de 1965.<\/p>\n\n\n\n

      Ao mapear e analisar o impacto dessa mudan\u00e7a no estado de S\u00e3o Paulo, que tem mais dados hist\u00f3ricos dispon\u00edveis, ele observou que metade da exig\u00eancia de Reserva Legal do Cerrado seria perdida.<\/p>\n\n\n\n

      “N\u00e3o tem nenhum trabalho acad\u00eamico, cientifico, t\u00e9cnico, que tenha avaliado os efeitos dessas datas e o efeito dessa mudan\u00e7a de referencial para a prote\u00e7\u00e3o em o Brasil”, alerta Sparovek.<\/p>\n\n\n\n

      “\u00c9 um tiro no escuro fixar datas numa interpreta\u00e7\u00e3o jur\u00eddica que poder\u00e1 ser questionada depois” \u2013 Gerd Sparovek, professor e pesquisador da Esalq\/USP.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

      A essa cr\u00edtica, o deputado Sergio Souza responde dizendo que o objetivo da emenda da MP no artigo 68 \u00e9 deixar claro quais s\u00e3o a lei e a data de refer\u00eancia espec\u00edficas para cada bioma.<\/p>\n\n\n\n

      “A lei da Mata Atl\u00e2ntica \u00e9 de 1965, j\u00e1 a do Cerrado \u00e9 de 1989”, argumenta o deputado.<\/p>\n\n\n\n

      Projeto de Fl\u00e1vio Bolsonaro<\/h2>\n\n\n\n

      Para os grupos ambientalistas, mais preocupante ainda do que a MP 867 \u00e9 o projeto de lei 2362\/2019, apresentado por Fl\u00e1vio Bolsonaro (PSL-RJ) e Marcio Bittar (MDB-AC), atualmente em tramita\u00e7\u00e3o no Senado.<\/p>\n\n\n\n

      O projeto pretende eliminar a obrigatoriedade de manter a reserva legal em propriedades rurais prevista no C\u00f3digo Florestal \u2013 o que inclui n\u00e3o mais exigir a preserva\u00e7\u00e3o de 80% das \u00e1reas de im\u00f3veis rurais na Amaz\u00f4nia; de 35% no Cerrado e 20% em outras regi\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

      Segundo Sparovek, “se a MP 867 j\u00e1 \u00e9 bem t\u00f3xica, do ponto de vista do impacto ambiental, o PL [de Fl\u00e1vio Bolsonaro] \u00e9 muito mais grave”.<\/p>\n\n\n\n

      Para Andr\u00e9 Guimar\u00e3es, do Ipam, “o C\u00f3digo Florestal \u00e9 uma conquista sociedade brasileira, pois define onde podemos fazer agricultura e onde temos que preservar”. Mesmo para o setor agr\u00edcola, diz ele, as mudan\u00e7as propostas seriam nocivas, pois alterariam o regime de chuvas e fragilizariam o ambiente de neg\u00f3cios.<\/p>\n\n\n\n

      “Para aumentar a produtividade, temos que investir em tecnologia, produtividade, treinamento, equipamento”, diz Guimar\u00e3es.<\/p>\n\n\n\n

      Tamb\u00e9m Luiz Cornacchioni, da Abag, avalia que as mudan\u00e7as propostas tanto pela MP 867 quanto pelo PL 2362 para o C\u00f3digo Florestal n\u00e3o representam a vontade da maioria dos produtores rurais.<\/p>\n\n\n\n

      “O melhor que podemos fazer com o C\u00f3digo Florestal \u00e9 implement\u00e1-lo, porque ele vai nos permitir fazer agricultura, produzir e conservar. Essas duas coisas n\u00e3o s\u00e3o excludentes” \u2013 Luiz Cornacchioni, da Abag.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

      \"Vista

      Vista a\u00e9rea da floresta amaz\u00f4nica \u2014 Foto: AFP <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

      Fonte: G1<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

      Criada no governo Temer, MP tratava de prazo para regulariza\u00e7\u00e3o de propriedades \u00e0s normas da lei de 2012. Ambientalistas dizem que ela vai impedir a recupera\u00e7\u00e3o de \u00e1reas j\u00e1 desmatadas e anistiar propriet\u00e1rios; relator Sergio Souza (MDB-PR) defende o texto. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":152258,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[305,2181],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152253"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=152253"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152253\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":152259,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152253\/revisions\/152259"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/152258"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=152253"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=152253"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=152253"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}