{"id":152271,"date":"2019-05-31T01:00:28","date_gmt":"2019-05-31T04:00:28","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152271"},"modified":"2019-05-30T23:18:26","modified_gmt":"2019-05-31T02:18:26","slug":"da-busca-por-cura-do-cancer-a-luta-contra-o-plastico-como-os-cogumelos-podem-mudar-o-mundo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/05\/31\/152271-da-busca-por-cura-do-cancer-a-luta-contra-o-plastico-como-os-cogumelos-podem-mudar-o-mundo.html","title":{"rendered":"Da busca por cura do c\u00e2ncer \u00e0 luta contra o pl\u00e1stico: como os cogumelos podem mudar o mundo"},"content":{"rendered":"\n
\"floresta

O enorme fungo descoberto por Jim Anderson e seus colegas vive sob uma floresta na pen\u00ednsula de Michigan h\u00e1 2.500 anos
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Sob os p\u00e9s de Jim Anderson h\u00e1 um monstro. Ele est\u00e1 vivo desde que o rei persa Xerxes travou uma guerra contra os gregos antigos e pesa mais que tr\u00eas baleias-azuis juntas. Tem um apetite voraz e percorre enormes extens\u00f5es de floresta. Ele n\u00e3o \u00e9 um animal esquecido da mitologia grega. \u00c9 um cogumelo.<\/p>\n\n\n\n

Anderson est\u00e1 sobre um modesto trecho da floresta de Crystal Falls, na pen\u00ednsula de Michigan, nos EUA. Ele est\u00e1 revisitando um organismo que vive sob o solo da vegeta\u00e7\u00e3o e que ele e seus colegas descobriram h\u00e1 quase 30 anos. Esta \u00e9 a casa do\u00a0Armillaria gallica<\/em>, exemplar do g\u00eanero (Armillaria<\/em>) dos chamados “cogumelos-do-mel”.<\/p>\n\n\n\n

Estes fungos s\u00e3o encontrados em florestas temperadas em toda a \u00c1sia, Am\u00e9rica do Norte e Europa, onde crescem em madeira morta ou prestes a morrer, ajudando a acelerar sua decomposi\u00e7\u00e3o. Frequentemente, seu \u00fanico sinal vis\u00edvel acima do solo s\u00e3o aglomerados de corpos de frutifica\u00e7\u00e3o, de colora\u00e7\u00e3o amarelo-marrom, que crescem a at\u00e9 10 cm de altura.<\/p>\n\n\n\n

Quando Anderson e seus colegas visitaram Crystal Falls no final dos anos 1980, eles descobriram que o que parecia ser uma rica comunidade de\u00a0Armillaria gallica<\/em>florescendo sob o manto da floresta era – na verdade – um \u00fanico esp\u00e9cime individual gigante. Eles estimaram que ele cobria uma \u00e1rea de 36 hectares, pesava 100 toneladas e tinha pelo menos 1.500 anos de idade. Ele estabeleceu um novo recorde na \u00e9poca para o maior organismo do planeta – mas um fungo semelhante em uma floresta no Oregon agora det\u00e9m o recorde.<\/p>\n\n\n\n

“Isso causou uma grande agita\u00e7\u00e3o na \u00e9poca”, diz Anderson. “Nosso trabalho saiu no Dia da Mentira, ent\u00e3o todos achavam que era uma piada. Em 2015, achamos que dev\u00edamos voltar e testar nossa hip\u00f3tese de que se tratava de um \u00fanico organismo”.<\/p>\n\n\n\n

Eles acabaram retornando ao local v\u00e1rias vezes entre 2015 e 2017, coletando amostras de pontos distantes ao redor da floresta e, em seguida, executando testes de DNA em seu laborat\u00f3rio na Universidade de Toronto. A an\u00e1lise gen\u00e9tica avan\u00e7ara consideravelmente desde o primeiro estudo na d\u00e9cada de 1980.<\/p>\n\n\n\n

As novas amostras revelaram que n\u00e3o apenas se tratava de um \u00fanico indiv\u00edduo, mas ele era muito maior e mais antigo do que eles previam. Os novos resultados revelaram que ele \u00e9 quatro vezes maior, 1.000 anos mais velho e pesa 400 toneladas.<\/p>\n\n\n\n

\"fungos\"\/
Os fungos produzem fios parecidos com veias, chamados mic\u00e9lio, fen\u00f4meno que tem garantido v\u00e1rios usos atuais<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A an\u00e1lise trouxe ainda a revela\u00e7\u00e3o de que ele poderia ajudar os seres humanos na luta contra um dos maiores inimigos da medicina moderna – o c\u00e2ncer.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores canadenses descobriram o que pode ser o segredo por tr\u00e1s do tamanho e da idade extraordin\u00e1ria do Armillaria gallica<\/em>. Parece que o fungo tem uma taxa de muta\u00e7\u00e3o extremamente baixa – o que significa que ele evita altera\u00e7\u00f5es potencialmente prejudiciais ao seu c\u00f3digo gen\u00e9tico.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 medida que os organismos envelhecem, suas c\u00e9lulas se dividem para produzir novas c\u00e9lulas. Com o tempo, o DNA nas c\u00e9lulas pode ser danificado, levando a erros, conhecidos como muta\u00e7\u00f5es, que se infiltram no c\u00f3digo gen\u00e9tico. Esse \u00e9 tido como um dos principais mecanismos que causam o envelhecimento.<\/p>\n\n\n\n

Poucas muta\u00e7\u00f5es<\/h2>\n\n\n\n

Mas parece que o Armillaria gallica <\/em>em Crystal Falls pode ter alguma resist\u00eancia inata a esse dano no DNA. Em 15 amostras coletadas de partes distantes da floresta e sequenciadas pela equipe, apenas 163 letras das 100 milh\u00f5es do c\u00f3digo gen\u00e9tico do Armillaria gallica<\/em> haviam mudado.<\/p>\n\n\n\n

“A frequ\u00eancia de muta\u00e7\u00e3o \u00e9 muito, muito menor do que poder\u00edamos imaginar”, diz Anderson. “Para ter esse baixo n\u00edvel de muta\u00e7\u00e3o, esperar\u00edamos que as c\u00e9lulas estivessem se dividindo, em m\u00e9dia, uma vez a cada metro de crescimento. O que \u00e9 surpreendente \u00e9 que as c\u00e9lulas s\u00e3o microsc\u00f3picas – apenas alguns micr\u00f4metros (mil\u00e9sima parte de un mil\u00edmetro) de tamanho -, ent\u00e3o voc\u00ea precisaria de milh\u00f5es delas em cada metro de crescimento”.<\/p>\n\n\n\n

Anderson e sua equipe acreditam que o fungo tem um mecanismo que ajuda a proteger seu DNA de muta\u00e7\u00f5es, dando-lhe um dos genomas mais est\u00e1veis do mundo natural. Embora ainda precisem desvendar exatamente como isso \u00e9 poss\u00edvel, a not\u00e1vel estabilidade do genoma do Armillaria gallica<\/em> poderia oferecer novos rumos para a medicina.<\/p>\n\n\n\n

\"fungo\"\/
Um fungo que infecta ninfas de cigarras produz um composto transformado em um f\u00e1rmaco imunossupressor<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em alguns tipos de c\u00e2ncer, as muta\u00e7\u00f5es podem desestabilizar as c\u00e9lulas, uma vez que os mecanismos normais que verificam e reparam o DNA foram rompidos.<\/p>\n\n\n\n

“O Armillaria gallica<\/em> pode oferecer uma potencial resposta \u00e0 not\u00f3ria instabilidade do c\u00e2ncer”, diz Anderson. “Se voc\u00ea olha para uma linha de c\u00e9lulas cancer\u00edgenas com idade equivalente, ela estaria t\u00e3o repleta de muta\u00e7\u00f5es que voc\u00ea provavelmente n\u00e3o conseguiria reconhec\u00ea-la. O Armillaria <\/em>est\u00e1 no extremo oposto. Pode ser poss\u00edvel escolher as mudan\u00e7as evolutivas que permitiram isso e compar\u00e1-las \u00e0s c\u00e9lulas cancerosas.”<\/p>\n\n\n\n

Isso n\u00e3o apenas permitir\u00e1 que os cientistas aprendam mais sobre o que d\u00e1 errado nas c\u00e9lulas cancerosas, mas tamb\u00e9m como fornecer novas formas de tratar o c\u00e2ncer.<\/p>\n\n\n\n

Embora Anderson e seus colegas n\u00e3o planejem realizar esses estudos sozinhos – est\u00e3o deixando para os cientistas do futuro a tarefa de entender a complexidade gen\u00e9tica do c\u00e2ncer -, suas descobertas lan\u00e7am luz sobre o poder inexplorado dos fungos para a humanidade.<\/p>\n\n\n\n

Os fungos s\u00e3o alguns dos organismos mais comuns em nosso planeta. A biomassa combinada desses organismos, muitas vezes min\u00fasculos, excede a de todos os animais da Terra juntos. E estamos descobrindo novos fungos o tempo todo. Mais de 90% dos cerca de 3,8 milh\u00f5es de fungos do mundo s\u00e3o atualmente desconhecidos da ci\u00eancia. Somente em 2017, havia 2.189 novas esp\u00e9cies de fungos descritas pelos cientistas.<\/p>\n\n\n\n

Um relat\u00f3rio recente publicado pelo Jardim Bot\u00e2nico Real Kew, em Londres, destacou que os fungos j\u00e1 s\u00e3o usados de centenas de maneiras diferentes, desde para fabricar papel at\u00e9 a ajudar a lavar a roupa. Cerca de 15% de todas as vacinas e drogas produzidas biologicamente v\u00eam de fungos. As prote\u00ednas complexas utilizadas para desencadear uma resposta imune ao v\u00edrus da hepatite B, por exemplo, s\u00e3o cultivadas em c\u00e9lulas de levedura, que fazem parte da fam\u00edlia dos fungos.<\/p>\n\n\n\n

\"m\u00e1quina
Enzimas produzidas por fungos s\u00e3o adicionadas a sab\u00f5es em p\u00f3 para cortar as pontas dos fios de algod\u00e3o \u00e0 medida que s\u00e3o lavados, ajudando a remover manchas dif\u00edceis<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Talvez o mais conhecido seja o antibi\u00f3tico penicilina, que foi descoberto em um tipo comum de mofo dom\u00e9stico que geralmente cresce com o p\u00e3o velho. Dezenas de outros tipos de antibi\u00f3ticos s\u00e3o agora produzidos por fungos.<\/p>\n\n\n\n

Eles tamb\u00e9m s\u00e3o fontes de tratamentos para enxaquecas – e de estatinas para o tratamento de doen\u00e7as card\u00edacas. Um imunossupressor relativamente novo, usado no tratamento da esclerose m\u00faltipla, foi desenvolvido a partir de um composto produzido por um fungo que infecta larvas de cigarras.<\/p>\n\n\n\n

“Ele faz parte dessa fam\u00edlia de fungos que entra em insetos e os controlam”, diz Tom Prescott, pesquisador que investiga o uso de plantas e fungos no Jardim Bot\u00e2nico Real Kew. “Eles produzem compostos para suprimir o sistema imunol\u00f3gico dos insetos, os quais tamb\u00e9m podem ser usados em humanos”.<\/p>\n\n\n\n

Mas alguns pesquisadores acreditam que n\u00f3s apenas engatinhamos nas possibilidades que os fungos nos oferecem.<\/p>\n\n\n\n

“J\u00e1 se mostrou que [fungos] agem contra doen\u00e7as virais”, diz Riikka Linnakoski, patologista florestal no Instituto de Recursos Naturais da Finl\u00e2ndia. Compostos produzidos por fungos podem destruir v\u00edrus que causam doen\u00e7as como gripe, poliomielite, caxumba, sarampo e febre glandular. V\u00e1rios fungos tamb\u00e9m servem para a produ\u00e7\u00e3o de compostos que tratam doen\u00e7as sem cura, como o HIV e zika.<\/p>\n\n\n\n

“Acredito que eles representam apenas uma pequena fra\u00e7\u00e3o do arsenal de compostos bioativos”, diz Linnakoski. “Os fungos s\u00e3o uma vasta fonte de mol\u00e9culas bioativas, que poderiam ser usadas como antivirais no futuro”.<\/p>\n\n\n\n

Muitas pesquisas<\/h2>\n\n\n\n

Linnakoski integra uma equipe de pesquisa que investiga se os fungos que crescem em mangues da Col\u00f4mbia podem ser fontes de novos agentes antivirais. N\u00e3o h\u00e1 ainda uma conclus\u00e3o. Embora muitas pesquisas apontem para os fungos como uma fonte de antibi\u00f3ticos, nenhuma droga antiviral derivada de fungos foi aprovada.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora diz que essa aparente omiss\u00e3o da comunidade cient\u00edfica de deve \u00e0 dificuldade de coletar e cultivar v\u00e1rias esp\u00e9cies e \u00e0 hist\u00f3rica falta de comunica\u00e7\u00e3o entre os micologistas e a comunidade virol\u00f3gica. Mas ela acredita que \u00e9 apenas uma quest\u00e3o de tempo at\u00e9 que um medicamento antiviral baseado em fungos chegue \u00e0 cl\u00ednica m\u00e9dica.<\/p>\n\n\n\n

Ela acrescenta que a busca por novas esp\u00e9cies de fungos em ambientes in\u00f3spitos – como nos sedimentos das partes mais profundas do oceano ou de condi\u00e7\u00f5es altamente mut\u00e1veis de mangues – pode trazer compostos ainda mais interessantes.<\/p>\n\n\n\n

\"crian\u00e7a
Muitas vacinas s\u00e3o sintetizadas usando-se c\u00e9lulas de levedura para se produzir mol\u00e9culas complexas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Acredita-se que as condi\u00e7\u00f5es extremas levem fungos a produzir metab\u00f3litos secund\u00e1rios sem precedentes”, diz ela. “Infelizmente, muitos ecossistemas nativos que abrigam um grande potencial para descobertas de novos compostos bioativos, como mangues, est\u00e3o desaparecendo a taxas alarmantes.”<\/p>\n\n\n\n

Mas os fungos t\u00eam usos que podem resolver outros problemas al\u00e9m dos ligados \u00e0 nossa sa\u00fade.<\/p>\n\n\n\n

Um fungo encontrado no solo de um aterro sanit\u00e1rio nos arredores de Islamabad, Paquist\u00e3o, pode ser uma solu\u00e7\u00e3o para os n\u00edveis alarmantes de polui\u00e7\u00e3o de pl\u00e1stico de nossos oceanos. Fariha Hasan, microbiologista da Universidade Quaid-I-Azam, em Islamabad, descobriu que o fungo Aspergillus tubingensis<\/em> decomp\u00f5e o pl\u00e1stico poliuretano rapidamente.<\/p>\n\n\n\n

Esses pl\u00e1sticos, que serviam para fabricar produtos como espumas de m\u00f3veis, caixas de eletr\u00f4nicos, adesivos e filmes, permanecem no solo e na \u00e1gua do mar por anos. Os fungos, no entanto, conseguem quebr\u00e1-los em algumas semanas. Hasan e sua equipe agora investigam como usar os fungos para quebrar res\u00edduos pl\u00e1sticos em larga escala.<\/p>\n\n\n\n

Outros micro-organismos, como o Pestalotiopsis microspore<\/em>, que cresce em folhas de trepadeiras em decomposi\u00e7\u00e3o, tamb\u00e9m t\u00eam um enorme apetite por pl\u00e1stico, aumentando as esperan\u00e7as de serem aproveitados contra o crescente problema de res\u00edduos.<\/p>\n\n\n\n

De fato, os cogumelos t\u00eam apetite pela polui\u00e7\u00e3o que produzimos. Descobriram-se esp\u00e9cies que podem limpar a polui\u00e7\u00e3o do solo, degradar metais pesados nocivos, consumir pesticidas persistentes e at\u00e9 mesmo ajudar a reabilitar locais radioativos.<\/p>\n\n\n\n

Mic\u00e9lio para tudo<\/h2>\n\n\n\n

Cogumelos podem, acima de tudo, ajudar at\u00e9 a evitar o uso de pl\u00e1stico. Para tal, cientistas ao redor do mundo j\u00e1 v\u00eam explorando uma caracter\u00edstica-chave dos fungos, a forma\u00e7\u00e3o de uma rede de fios – parecidos com veias – chamada mic\u00e9lio, para criar materiais que possam substituir as embalagens de pl\u00e1stico.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 medida que os fungos crescem, redes de mic\u00e9lio se ramificam por cantos e fissuras no solo, unificando-os. Ele funciona como a cola da natureza.<\/p>\n\n\n\n

Em 2010, a empresa de biomateriais Ecovative Design come\u00e7ou a explorar o mic\u00e9lio para unir res\u00edduos naturais, como os de cascas de arroz ou de madeira, trazendo alternativa \u00e0s embalagens de poliestireno. Seu trabalho evoluiu para o MycoComposite, um biomaterial que usa peda\u00e7os de planta de c\u00e2nhamo como base.<\/p>\n\n\n\n

Esses s\u00e3o embalados em moldes reutiliz\u00e1veis, juntamente com esporos de fungos e farinha, que crescem por nove dias. Assim, produzem enzimas que digerem os res\u00edduos. Uma vez que tenha crescido na forma desejada, o material recebe calor para secar e ter seu crescimento interrompido. A embalagem de cogumelos resultante \u00e9 biodegrad\u00e1vel e j\u00e1 est\u00e1 sendo usada por empresas como a Dell para embalar seus computadores.<\/p>\n\n\n\n

\"embalagem\"\/
O mic\u00e9lio de fungos pode ser cultivado em res\u00edduos agr\u00edcolas, como cascas de milho, para produzir um material de embalagem leve e biodegrad\u00e1vel<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A empresa tamb\u00e9m desenvolveu uma maneira de cultivar mic\u00e9lio em espumas que podem ser usadas em t\u00eanis de corrida, isolantes e tecidos que imitam o couro. Trabalhando com a empresa de tecidos sustent\u00e1veis Bolt Threats, ela combina res\u00edduos de milho com o mic\u00e9lio, permitindo que um emaranhado se desenvolva, seja curtido e comprimido. O processo leva alguns dias, em vez dos anos necess\u00e1rios para o couro animal.<\/p>\n\n\n\n

Stella McCartney est\u00e1 entre as designers interessadas em usar o couro de cogumelo, e a designer de cal\u00e7ados Liz Ciokajlo usou o mic\u00e9lio para uma moderna repaginada de uma tend\u00eancia fashion dos anos 1970: a Moon Boot<\/a>, ou bota lunar.<\/p>\n\n\n\n

Athanassia Athanassiou, cientista de materiais do Instituto Italiano de Tecnologia em G\u00eanova, tem usado fungos para desenvolver novos tipos de curativos no tratamento de feridas cr\u00f4nicas.<\/p>\n\n\n\n

Mas ela tamb\u00e9m descobriu que \u00e9 poss\u00edvel adaptar as qualidades do mic\u00e9lio alterando o que ele digere. Quanto mais dif\u00edcil for para os fungos digerir uma subst\u00e2ncia – por exemplo, serragem de madeira em vez de cascas de batata -, mais duro ser\u00e1 o material micelial resultante. Isso aumenta a perspectiva de usar fungos para fins mais robustos.<\/p>\n\n\n\n

A MycoWorks, com sede na Calif\u00f3rnia, vem desenvolvendo maneiras de transformar cogumelos em materiais de constru\u00e7\u00e3o. Ao fundir a madeira com o mic\u00e9lio, a companhia conseguiu criar tijolos retardantes de chamas e mais duros que o concreto convencional.<\/p>\n\n\n\n

\"fungos\"\/
Os fungos Trametes versicolor, que crescem em \u00e1rvores, podem criar tijolos resistentes ao fogo e funcionar como isolantes ac\u00fasticos<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Tien Huynh, biotecn\u00f3logo do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne, na Austr\u00e1lia, lidera um projeto para desenvolver tijolos combinando-se o mic\u00e9lio do Trametes versicolor <\/em>com cascas de arroz e res\u00edduos de vidro.<\/p>\n\n\n\n

Huynh garante que eles n\u00e3o s\u00f3 fornecem um material de constru\u00e7\u00e3o barato e sustent\u00e1vel, mas tamb\u00e9m ajudam a resolver outro problema enfrentado por muitas casas na Austr\u00e1lia e em todo o mundo – cupins. A s\u00edlica do vidro e das casas de arroz tornam o material menos apetitoso para os cupins, que causam bilh\u00f5es de d\u00f3lares em danos \u00e0s resid\u00eancias todos os anos.<\/p>\n\n\n\n

“Em nossa pesquisa, usamos fungos para produzir enzimas e novas bioestruturas com diferentes propriedades, incluindo a absor\u00e7\u00e3o de som, for\u00e7a e flexibilidade”, diz Huynh. Sua equipe tamb\u00e9m est\u00e1 trabalhando no uso de fungos para produzir quitina – uma subst\u00e2ncia usada para engrossar alimentos e aplicada em muitos cosm\u00e9ticos.<\/p>\n\n\n\n

“Normalmente, a quitina \u00e9 processada a partir de crust\u00e1ceos, que tem propriedades hipoalerg\u00eanicas. A quitina f\u00fangica n\u00e3o”, diz Huynh. “Teremos mais produtos baseados em fungos no final do ano, mas certamente \u00e9 um recurso fascinante subutilizado.”<\/p>\n\n\n\n

Os fungos tamb\u00e9m podem ser usados em combina\u00e7\u00e3o com materiais de constru\u00e7\u00e3o tradicionais para criar um “concreto inteligente”, ou seja, capaz de regenerar fissuras e reparar danos.<\/p>\n\n\n\n

“As possibilidades de uso do mic\u00e9lio s\u00e3o infinitas”, diz Gitartha Kalita, bioengenheiro da Faculdade de Engenharia de Assam e da Universidade Assam Don Bosco, em Guwahati, na \u00cdndia. Ele e seus colegas t\u00eam usado fungos e res\u00edduos de capim seco para criar uma alternativa \u00e0 madeira de constru\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“Tudo o que hoje chamamos de lixo agr\u00edcola \u00e9, na verdade, um recurso incr\u00edvel no qual os cogumelos podem crescer. J\u00e1 degradamos nosso meio ambiente e, portanto, podemos substituir os materiais atuais por algo que se sustente de forma sustent\u00e1vel. Eles podem pegar nosso desperd\u00edcio e transform\u00e1-lo em algo que \u00e9 realmente valioso para n\u00f3s”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n\n\n\n


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Sob os p\u00e9s de Jim Anderson h\u00e1 um monstro. Ele est\u00e1 vivo desde que o rei persa Xerxes travou uma guerra contra os gregos antigos e pesa mais que tr\u00eas baleias-azuis juntas. Tem um apetite voraz e percorre enormes extens\u00f5es de floresta. Ele n\u00e3o \u00e9 um animal esquecido da mitologia grega. \u00c9 um cogumelo. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":152272,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[36,1298,767,93],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152271"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=152271"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152271\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":152273,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152271\/revisions\/152273"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/152272"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=152271"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=152271"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=152271"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}