{"id":152327,"date":"2019-06-07T15:28:51","date_gmt":"2019-06-07T18:28:51","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152327"},"modified":"2019-06-07T15:28:53","modified_gmt":"2019-06-07T18:28:53","slug":"cada-pessoa-come-ate-121-mil-particulas-de-plastico-por-ano-diz-estudo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/06\/07\/152327-cada-pessoa-come-ate-121-mil-particulas-de-plastico-por-ano-diz-estudo.html","title":{"rendered":"Cada pessoa come at\u00e9 121 mil part\u00edculas de pl\u00e1stico por ano, diz estudo"},"content":{"rendered":"\n
\"Part\u00c3\u00adculas

Cientistas calculam que, por ano, ingerimos mais de 70 mil part\u00edculas de micropl\u00e1sticos
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Entre 2% e 5% de todo o pl\u00e1stico produzido no mundo acaba despejado nos oceanos, em forma de res\u00edduo. Ali, esse material vai se degradando lentamente, se deteriorando – e se transforma no chamado micropl\u00e1stico, pequenas part\u00edculas que podem ser microsc\u00f3picas ou chegar at\u00e9 5 mil\u00edmetros de comprimento.<\/p>\n\n\n\n

Os mares est\u00e3o cheio disso, em um processo que come\u00e7ou nos anos 1950, quando a ind\u00fastria mundial passou a produzir mais maci\u00e7amente esses materiais.<\/p>\n\n\n\n

Mas esse lixo todo n\u00e3o para no mar. Essas pequenas part\u00edculas acabam ingeridas por animais marinhos e, assim, entrando na cadeia alimentar. No fim da linha, n\u00f3s, humanos, acabamos comendo pl\u00e1stico.<\/p>\n\n\n\n

Res\u00edduos do material tamb\u00e9m podem acabar entrando em nosso organismo quando consumimos produtos embalados em pl\u00e1stico, seja um inv\u00f3lucro que envolve a carne processada, seja a \u00e1gua tomada na garrafinha.<\/p>\n\n\n\n

Mas quanto de pl\u00e1stico realmente estamos ingerindo?<\/h2>\n\n\n\n

Para responder a essa pergunta, um grupo de cientistas do Departamento de Biologia da Universidade de Victoria, no Canad\u00e1, resolveu fazer um levantamento in\u00e9dito. Liderados pelo pesquisador Kieran Cox, eles revisaram e compilaram 26 estudos anteriores que analisaram as quantidades de part\u00edculas de micropl\u00e1sticos em peixes, moluscos, a\u00e7\u00facares, sais, \u00e1lcoois, \u00e1gua – de torneira e engarrafada – e no pr\u00f3prio ar.<\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o, usando como base as Diretrizes Alimentares – guia com a recomenda\u00e7\u00e3o do governo americano -, os cientistas avaliaram quanto desses alimentos costuma ser ingerido por homens, mulheres e crian\u00e7as por ano.<\/p>\n\n\n\n

\"Part\u00edculas
Part\u00edculas podem ser microsc\u00f3picas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O resultado foi que a ingest\u00e3o de micropl\u00e1sticos varia de 74 mil a 121 mil part\u00edculas por ano, conforme idade e sexo.<\/p>\n\n\n\n

E se voc\u00ea \u00e9 daqueles que s\u00f3 bebe \u00e1gua de garrafinha, um alerta: a pesquisa constatou que quem prefere \u00e1gua assim em vez da de torneira pode estar ingerindo micropl\u00e1sticos a mais.<\/p>\n\n\n\n

“Indiv\u00edduos que cumprem sua ingest\u00e3o de \u00e1gua recomendada apenas por meio de fontes engarrafadas podem estar ingerindo mais 90 mil micropl\u00e1sticos anualmente, em compara\u00e7\u00e3o com 4 mil micropl\u00e1sticos para quem consome apenas \u00e1gua da torneira”, pontua Cox, em artigo publicado nesta quarta-feira no peri\u00f3dico cient\u00edfico Environmental Science & Technology.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o estudo, crian\u00e7as do sexo feminino ingerem 74 mil part\u00edculas em m\u00e9dia, contra 81 mil de crian\u00e7as do sexo masculino. No caso dos adultos, mulheres ingerem uma m\u00e9dia de 98 mil micropl\u00e1sticos enquanto os homens, 121 mil.<\/p>\n\n\n\n

Nas fezes<\/h2>\n\n\n\n

\u00c9 muito dif\u00edcil quantificar em termos de volume ou mesmo tamanho toda essa quantidade de micropl\u00e1sticos. Isso porque as part\u00edculas podem ser microsc\u00f3picas – mas, por conceito, um fragmento de at\u00e9 5 mil\u00edmetros de comprimento ainda pode ser chamado de micropl\u00e1stico.<\/p>\n\n\n\n

Se considerarmos o limite extremo dessa escala, ingerir 121 mil part\u00edculas de micropl\u00e1sticos – na hip\u00f3tese de isso ser feito de uma s\u00f3 vez – seria o equivalente a engolir uma fita pl\u00e1stica de 605 metros.<\/p>\n\n\n\n

No ano passado, uma pesquisa encontrou micropl\u00e1sticos em sal de cozinha. O trabalho, realizado por cientistas sul-coreanos em parceria com a ONG Greenpeace, encontrou o material em 36 de 39 marcas analisadas.<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m no ano passado, outra pesquisa demonstrou pela primeira vez o que j\u00e1 se suspeitava: que n\u00f3s, seres humanos, estamos ingerindo micropl\u00e1sticos. O estudo, desenvolvido pelo m\u00e9dico Philipp Schwabl, da Divis\u00e3o de Gastroenterologia e Hepatologia da Universidade de Medicina de Viena, na \u00c1ustria, encontrou part\u00edculas de micropl\u00e1sticos em fezes humanas colhidas em oito pa\u00edses diferentes: Finl\u00e2ndia, It\u00e1lia, Jap\u00e3o, Holanda, Pol\u00f4nia, R\u00fassia, Reino Unido e \u00c1ustria.<\/p>\n\n\n\n

A reportagem da BBC News Brasil pediu para que Schwabl analisasse os dados do estudo divulgado nesta quarta. Considerando que o seu pr\u00f3prio estudo encontrou uma m\u00e9dia de 20 part\u00edculas de micropl\u00e1sticos em cada 10 gramas de fezes humanas, ele afirma que \u00e9 bem pertinente que a ingest\u00e3o anual desse material seja superior a 70 mil part\u00edculas.<\/p>\n\n\n\n

Efeitos sobre o corpo humano<\/h2>\n\n\n\n

Ainda pouco se sabe sobre quais os efeitos que os micropl\u00e1sticos podem vir a ter no corpo humano. O estudo publicado nesta quarta-feira, por exemplo, n\u00e3o entra nessa seara.<\/p>\n\n\n\n

O m\u00e9dico Schwabl tamb\u00e9m prefere afirmar que qualquer afirma\u00e7\u00e3o definitiva necessita de mais pesquisas. “Embora existam primeiros estudos em animais mostrando que part\u00edculas de micropl\u00e1stico t\u00eam potencial de causar danos a organismos, n\u00e3o h\u00e1 conhecimento suficiente sobre o impacto m\u00e9dico de tais part\u00edculas quando deglutidas por humanos”, diz ele. “Mais estudos s\u00e3o necess\u00e1rios para elucidar esse t\u00f3pico importante”<\/p>\n\n\n\n

Procurado pela BBC News Brasil, o m\u00e9dico toxicologista Anthony Wong, do Hospital das Cl\u00ednicas da Universidade de S\u00e3o Paulo (HC-USP), demonstra preocupa\u00e7\u00e3o com elevado n\u00famero de micropart\u00edculas que o estudo recente demonstra que estamos ingerindo.<\/p>\n\n\n\n

“Pode haver consequ\u00eancias mec\u00e2nicas e patol\u00f3gicas”, diz ele.<\/p>\n\n\n\n

\"Part\u00edculas
Part\u00edculas se acumulam nos oceanos<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Do primeiro aspecto, o m\u00e9dico lembra que subst\u00e2ncias pl\u00e1sticas podem eventualmente se aglutinar dentro do organismo e, com o tempo, “se tornarem uma obstru\u00e7\u00e3o para o esvaziamento estomacal”. “Isso realmente ocorre e j\u00e1 foi verificado em peixes e outros animais marinhos. S\u00e3o obstru\u00e7\u00f5es mec\u00e2nicas que podem ocorrer no est\u00f4mago, no intestino delgado e na v\u00e1lvula ileocecal”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

Wong tamb\u00e9m explica que h\u00e1 um risco para a mucosa do est\u00f4mago. “Ela \u00e9 feita de vilosidades. Essas subst\u00e2ncias pl\u00e1sticas podem entrar e ent\u00e3o provocar inflama\u00e7\u00e3o ou mesmo obstru\u00e7\u00e3o, impedindo a absor\u00e7\u00e3o dos alimentos”, completa.<\/p>\n\n\n\n

Um outro risco, pontua o m\u00e9dico, \u00e9 que os micropl\u00e1sticos sofram degrada\u00e7\u00e3o pelas enzimas digestivas. “E, assim, liberem no organismo subst\u00e2ncias t\u00f3xicas presentes nos pl\u00e1sticos”, explica.<\/p>\n\n\n\n

Os diferentes tipos de pl\u00e1stico, conforme lembra o especialista, trazem componentes que podem ser nocivos. “Evidentemente que alguns causam doen\u00e7as, outros causam tumores”, afirma Wong. “As part\u00edculas s\u00e3o pequenas, mas o ac\u00famulo ao longo do tempo pode causar problemas.”<\/p>\n\n\n\n

Para exemplificar o risco, o m\u00e9dico lembra que a subst\u00e2ncia bisfenol A, composto utilizado na fabrica\u00e7\u00e3o de pl\u00e1sticos de policarbonato (chamado de PC), pode promover tumores e alterar fun\u00e7\u00f5es hormonais – alterando fun\u00e7\u00f5es de horm\u00f4nios sexuais.<\/p>\n\n\n\n

“O PVC \u00e9 outro: pode liberar subst\u00e2ncias cancer\u00edgenas”, alerta. “H\u00e1 estudos que diversas composi\u00e7\u00f5es pl\u00e1sticas podem ser indutoras de tumores.”<\/p>\n\n\n\n

No estudo divulgado pelo m\u00e9dico Philipp Schwabl em 2018, foram encontrados nas fezes humanas nove tipos diferentes de part\u00edculas pl\u00e1sticas: PP, PET, PU, PVC, PA, PC, POM, PE e PS.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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