{"id":152399,"date":"2019-06-10T15:50:00","date_gmt":"2019-06-10T18:50:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152399"},"modified":"2019-06-10T15:50:03","modified_gmt":"2019-06-10T18:50:03","slug":"como-peixes-e-ate-camaroes-podem-ser-recrutados-como-espioes","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/06\/10\/152399-como-peixes-e-ate-camaroes-podem-ser-recrutados-como-espioes.html","title":{"rendered":"Como peixes e at\u00e9 camar\u00f5es podem ser ‘recrutados’ como espi\u00f5es"},"content":{"rendered":"\n
\"Garoupa

Garoupas Golias fazem um barulho estrondoso quando algo se aproxima
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Temos uma longa hist\u00f3ria de tentar usar animais como espi\u00f5es, armas e sistemas de alerta, mas os planos mais recentes de lan\u00e7ar m\u00e3o de organismos marinhos como sensores de movimento podem ser ainda mais estranhos.<\/p>\n\n\n\n

Recentemente, quando uma baleia beluga foi flagrada com um equipamento especial atrelado ao corpo, alguns especularam que ela havia sido treinada pela marinha russa para espionar.<\/p>\n\n\n\n

Isso n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o absurdo quanto parece. Desde a d\u00e9cada de 1960, a Marinha dos EUA vem treinando golfinhos para detectar minas e ajudar a resgatar nadadores perdidos. A R\u00fassia \u00e9 conhecida por fazer o mesmo.<\/p>\n\n\n\n

E tubar\u00f5es, ratos e pombos foram usados ao longo dos anos como dispositivos de escuta, com resultados irregulares.<\/p>\n\n\n\n

O projeto mais recente da Ag\u00eancia de Projetos de Pesquisa Avan\u00e7ada em Defesa dos EUA (Darpa, na sigla em ingl\u00eas) pretende melhorar a intelig\u00eancia militar ao recrutar uma s\u00e9rie de criaturas aqu\u00e1ticas – de grandes peixes a organismos unicelulares – como sistemas de alerta.<\/p>\n\n\n\n

“Estamos tentando entender o que esses organismos podem nos dizer sobre a presen\u00e7a e os movimentos de todos os tipos de ve\u00edculos submarinos no oceano”, diz Lori Adornato, gerente de programa do projeto Persistent Aquatic Living Sensors, algo como Sensores Aqu\u00e1ticos Vivos Persistentes, (Pals, na sigla em ingl\u00eas).<\/p>\n\n\n\n

As criaturas vivas reagem de v\u00e1rias maneiras \u00e0 presen\u00e7a de ve\u00edculos. Uma das mais familiares \u00e9 o fen\u00f4meno da bioluminesc\u00eancia – alguns organismos marinhos brilham quando perturbados. Esse \u00e9 o foco de uma das linhas de pesquisa da Darpa.<\/p>\n\n\n\n

\"Noctiluca
Criaturas marinhas bioluminescentes brilham, criando efeitos visuais incr\u00edveis, particularmente quando perturbadas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Se voc\u00ea tem um organismo (unicelular) como a noctiluca (tamb\u00e9m conhecida como fosforesc\u00eancia-do-mar) presente na superf\u00edcie do oceano e um ve\u00edculo submarino est\u00e1 pr\u00f3ximo \u00e0 superf\u00edcie, voc\u00ea poder\u00e1 notar isso do alto por causa da trilha bioluminescente”, explica Adornato.<\/p>\n\n\n\n

Mas a equipe da Darpa espera obter uma imagem muito mais detalhada dos movimentos de submarinos e drones subaqu\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n

“Queremos entender se \u00e9 poss\u00edvel distinguir a resposta dos organismos a dist\u00farbios naturais e provocados pelo homem, ou talvez at\u00e9 mesmo a certos tipos de objetos produzidos pelo homem”, diz Vern Boyle, vice-presidente de programas avan\u00e7ados da Northrop Grumman, multinacional do ramo da ind\u00fastria de defesa que tamb\u00e9m participa do projeto.<\/p>\n\n\n\n

“Usaremos t\u00e9cnicas avan\u00e7adas de processamento, incluindo aprendizado de m\u00e1quina, para analisar os sinais e identificar caracter\u00edsticas distintivas.”<\/p>\n\n\n\n

\"Um
Um esquema de como o sistema de sensores mar\u00edtimos pode funcionar<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

As equipes est\u00e3o olhando para uma grande variedade de criaturas e comportamentos. Garoupas-golias, por exemplo – que podem crescer at\u00e9 2,5 m de comprimento – s\u00e3o conhecidas por fazer um som estrondoso quando abordadas por mergulhadores e tamb\u00e9m mostram curiosidade quando um novo objeto entra em seu habitat.<\/p>\n\n\n\n

“Nossas tecnologias n\u00e3o invasivas de vigil\u00e2ncia e monitoramento submarino ser\u00e3o sutilmente integradas aos habitats das garoupas”, diz o investigador principal do projeto Laurent Ch\u00e9rubin, da Florida Atlantic University.<\/p>\n\n\n\n

“Uma resposta ac\u00fastica alertar\u00e1 as autoridades para a presen\u00e7a de uma amea\u00e7a potencial ou de um intruso, ou mesmo de qualquer objeto que seja suspeito ou esteja fora do lugar dentro do cen\u00e1rio visual e ac\u00fastico habitual desta esp\u00e9cie.”<\/p>\n\n\n\n

Esses elementos do projeto envolvem o monitoramento do que \u00e9 conhecido como paisagem sonora, explica Alison Laferriere, da empresa Raytheon BBN Technologies, tamb\u00e9m parceira da empreitada. Muitas esp\u00e9cies de peixes fazem sons constantes para se comunicar ou em resposta a amea\u00e7as externas.<\/p>\n\n\n\n

\"Alison
Alison Laferriere diz que usar criaturas marinhas como sensores \u00e9 uma solu\u00e7\u00e3o de baixo custo e eficiente<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Se um ve\u00edculo chega ao ambiente, a ideia \u00e9 que eles podem mudar seu comportamento de uma forma que consigamos detectar”, diz Laferriere.<\/p>\n\n\n\n

“Ainda estamos nos est\u00e1gios iniciais do projeto. Recentemente, voltamos de uma viagem para as Ilhas Virgens dos EUA, onde fizemos algumas medi\u00e7\u00f5es da paisagem sonora na presen\u00e7a de um ve\u00edculo e sem a presen\u00e7a de um ve\u00edculo, e estamos apenas come\u00e7ando a analisar esses dados.”<\/p>\n\n\n\n

Altera\u00e7\u00f5es de comportamento s\u00e3o um indicador importante de que potenciais intrusos podem estar por perto.<\/p>\n\n\n\n

Robalos, por exemplo, foram observados mergulhando no fundo do mar ao escutarem um barulho alto. Poderiam fazer o mesmo, de uma maneira previs\u00edvel, quando encontrassem um ve\u00edculo submarino?<\/p>\n\n\n\n

\"Robalo\"\/
Robalo mergulha no fundo do mar quando assustado por um barulho alto<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Temos um bom pressentimento de que teremos essa resposta, s\u00f3 precisamos quantific\u00e1-la”, diz Helen Bailey, professora associada de pesquisa do Centro de Ci\u00eancias Ambientais da Universidade de Maryland.<\/p>\n\n\n\n

“Podemos implantar etiquetas com sensores de profundidade em miniatura nos peixes para que possamos detectar o movimento – e j\u00e1 existe a tecnologia para que esse seja um sistema em tempo real.”<\/p>\n\n\n\n

Ela diz que n\u00e3o h\u00e1 raz\u00e3o para que um ex\u00e9rcito de robalosn\u00e3o forne\u00e7a um sistema de alerta econ\u00f4mico contra submarinos inimigos.<\/p>\n\n\n\n

“Voc\u00ea tem que comparar [as novas ideias] com o sistema atual, e com a quantidade de dinheiro que est\u00e3o gastando em avi\u00f5es, navios, equipamentos de hidrofonia, de monitoramento. Tudo isso d\u00e1 a eles snapshots <\/em>muito curtos, enquanto o sistema de que estamos falando duraria meses”, diz.<\/p>\n\n\n\n

E h\u00e1 outra maneira, ainda mais estranha, na qual os organismos marinhos podem ser usados \u200b\u200bpara detectar a presen\u00e7a de ve\u00edculos submarinos, diz Laferriere<\/p>\n\n\n\n

\"Camar\u00e3o-pistola\"\/
Camar\u00e3o-pistola faz um ru\u00eddo constante que pode ser usado como um sinal de sonar<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os camar\u00f5es-pistola, encontrados em todo o mundo em \u00e1guas rasas nas latitudes inferiores a 40 graus, juntam suas garras continuamente, criando um sinal sonoro constante que repele os objetos ao redor.<\/p>\n\n\n\n

Tal como acontece com os sistemas de sonar convencionais, a medi\u00e7\u00e3o do tempo necess\u00e1rio para o retorno do sinal sonoro e sua intensidade podem revelar o tamanho, a forma e a dist\u00e2ncia dos objetos submersos.<\/p>\n\n\n\n

“O conceito n\u00e3o depende de o camar\u00e3o mudar seu comportamento quando um ve\u00edculo se aproxima, ele apenas usa o som que [o animal] cria”, diz Laferriere.<\/p>\n\n\n\n

Isso \u00e9 importante porque n\u00e3o \u00e9 desej\u00e1vel que um sistema de vigil\u00e2ncia seja detect\u00e1vel ou fa\u00e7a ru\u00eddos, interferindo nos sensores.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 um sistema passivo”, acrescenta. “Usar\u00e1 pouca energia e ser\u00e1 capaz de detectar at\u00e9 os ve\u00edculos mais silenciosos.”<\/p>\n\n\n\n

Por que usar muita energia para detectar ve\u00edculos subaqu\u00e1ticos quando uma col\u00f4nia de camar\u00f5es pode fazer isso por voc\u00ea?<\/p>\n\n\n\n

Mas esses projetos s\u00e3o realmente vi\u00e1veis \u200b\u200bou apenas parte da imagina\u00e7\u00e3o f\u00e9rtil de pesquisadores?<\/p>\n\n\n\n

“H\u00e1 um esfor\u00e7o global para trabalhar com animais na quest\u00e3o de sensoriamento remoto”, diz Thomas Cameron, professor da faculdade de ci\u00eancias biol\u00f3gicas da Essex University, “tanto no caso de animais de vida livre quanto na agricultura e aquicultura”.<\/p>\n\n\n\n

“Aproveitar o comportamento dos animais para receber sinais sobre o ambiente ao nosso redor n\u00e3o \u00e9 novidade para os seres humanos – fizemos isso com can\u00e1rios em minas e com nossos c\u00e3es dom\u00e9sticos”, explica.<\/p>\n\n\n\n

“O que \u00e9 \u00fanico neste programa \u00e9 o foco em organismos selvagens livres e o empurr\u00e3o para ver o que podemos aprender sobre a sinaliza\u00e7\u00e3o no ambiente marinho, nos concentrando em comportamentos vocais, visuais e de movimento.”<\/p>\n\n\n\n

Os reinos animal e vegetal poderiam ser tanto parte da “grande revolu\u00e7\u00e3o de dados” quanto os seres humanos, conclui.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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