{"id":152540,"date":"2019-06-19T01:00:39","date_gmt":"2019-06-19T04:00:39","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152540"},"modified":"2019-06-19T11:09:28","modified_gmt":"2019-06-19T14:09:28","slug":"como-a-tecnologia-pode-evitar-que-voce-consuma-alimentos-contaminados","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/06\/19\/152540-como-a-tecnologia-pode-evitar-que-voce-consuma-alimentos-contaminados.html","title":{"rendered":"Como a tecnologia pode evitar que voc\u00ea consuma alimentos contaminados"},"content":{"rendered":"\n
\"Peixes<\/figure>\n\n\n\n

A\u00a0vida marinha\u00a0est\u00e1 sendo sufocada por um campo minado de\u00a0pl\u00e1stico nos oceanos, e as imagens s\u00e3o fortes.<\/p>\n\n\n\n

Um peixe-rei com um perturbador caleidosc\u00f3pio de peda\u00e7os de pl\u00e1stico em seu f\u00edgado. Um dourado-do-mar com tampas de garrafa de pl\u00e1stico em seu est\u00f4mago. Ou mexilh\u00f5es e moluscos, os filtros do mar, que abrigam micropl\u00e1sticos invis\u00edveis a olho nu.<\/p>\n\n\n\n

Nossa primeira rea\u00e7\u00e3o a essa not\u00edcia \u00e9 muitas vezes de repulsa. Mas isso rapidamente d\u00e1 lugar a um pensamento mais s\u00e9rio: o impacto de longo alcance das oito milh\u00f5es de toneladas de polui\u00e7\u00e3o pl\u00e1stica que entram nos oceanos todos os anos.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o apenas a prova de nossos crescentes erros ecol\u00f3gicos, essa cat\u00e1strofe tamb\u00e9m amea\u00e7a nos envenenar onde somos verdadeiramente vulner\u00e1veis: nossos pratos.<\/p>\n\n\n\n

As perspectivas de tal futuro impactam a forma como compramos alimentos. No ano passado, uma pesquisa conduzida pela empresa de consultoria McKinsey & Company confirmou uma tend\u00eancia h\u00e1 muito conhecida: alimentos de qualidade continuam sendo mais importantes que os pre\u00e7os.<\/p>\n\n\n\n

Em outras palavras, os compradores se importam profundamente em consumir alimentos seguros e demonstram isso de bom grado com seus cart\u00f5es de cr\u00e9dito.<\/p>\n\n\n\n

Desconhecimento da origem<\/h2>\n\n\n\n

O problema \u00e9 que nossa rede industrial de alimentos nos deixa sem saber a origem de nossa comida. Em uma estranha reviravolta do destino, ficamos totalmente perdidos em um mundo super saturado pela informa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Isso est\u00e1 prestes a mudar. Uma nova tecnologia est\u00e1 preenchendo essa lacuna de informa\u00e7\u00e3o e devolvendo o poder do conhecimento aos consumidores. Ao catalogar dados da longa cadeia de alimentos em registros criptografados, o nebuloso mundo da rede global de abastecimento ser\u00e1 exposto.<\/p>\n\n\n\n

Em breve, os compradores poder\u00e3o acompanhar a “hist\u00f3ria do peixe” – um boletim contendo a foto original do produto, local de captura, peso inicial, esp\u00e9cie, detalhes da embarca\u00e7\u00e3o e tripula\u00e7\u00e3o, n\u00famero da etiqueta RFID (ou Identifica\u00e7\u00e3o por R\u00e1dio Frequ\u00eancia), detalhes da \u00e1gua onde foi capturado e muito mais.<\/p>\n\n\n\n

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Os peixes ser\u00e3o georreferenciados para mostrar que s\u00e3o capturados longe das costas polu\u00eddas por pl\u00e1sticos<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Alimentos vendidos neste sistema ser\u00e3o mais detalhados que a maioria dos produtos que compramos online.<\/p>\n\n\n\n

Os primeiros produtos de pescado a serem rastreados de forma transparente – do oceano ao ponto de venda – chegar\u00e3o aos supermercados da Nova Zel\u00e2ndia e da Uni\u00e3o Europeia ainda este ano, garante Alfred Cook, gerente de programas da Funda\u00e7\u00e3o Mundial de Vida Selvagem, conhecida como WWF, que trabalha no projeto.<\/p>\n\n\n\n

Um projeto piloto come\u00e7ou em junho de 2017 e a funda\u00e7\u00e3o espera que a transpar\u00eancia imposta na cadeia de abastecimento tamb\u00e9m impe\u00e7a que os peixes capturados com uso de trabalho escravo acabem em nossas compras sem que saibamos.<\/p>\n\n\n\n

Para garantir que ningu\u00e9m esteja comprando peixe cheio de pl\u00e1stico, as informa\u00e7\u00f5es de geolocaliza\u00e7\u00e3o v\u00e3o mostrar que a captura est\u00e1 longe de \u00e1reas costeiras populosas. E as certifica\u00e7\u00f5es de inspe\u00e7\u00e3o v\u00e3o provar que o produto passou por verifica\u00e7\u00f5es de qualidade.<\/p>\n\n\n\n

Desde os altos e baixos do Bitcoin entre 2017\/18, a tecnologia blockchain, a base por tr\u00e1s das moedas criptografadas, atraiu n\u00edveis exagerados de publicidade. Hoje, h\u00e1 in\u00fameras startups no mundo procurando maneiras de aplicar os misteriosos m\u00e9todos de registros descentralizados e criptografados para revolucionar neg\u00f3cios grandes e pequenos. A maioria \u00e9 apenas truque.<\/p>\n\n\n\n

Este, no entanto, parece diferente. Unir os locais de estoque das modernas cadeias de alimentos \u00e9 um dos melhores exemplos de um problema do mundo real que somente o blockchain pode resolver. E que promete ter um impacto sobre o comprador m\u00e9dio muito em breve.<\/p>\n\n\n\n

“A cadeia de abastecimento tradicional \u00e9 baseada em relacionamentos e uma completa falta de informa\u00e7\u00e3o de um ator para o outro”, diz Brett Haywood, diretor administrativo da Sea Quest Fiji, empresa de pesca e processamento de atum da Nova Zel\u00e2ndia que est\u00e1 envolvida no programa pioneiro.<\/p>\n\n\n\n

\"Pessoa
Em breve, os compradores poder\u00e3o aprender a ‘hist\u00f3ria’ dos peixes que v\u00e3o comer<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Sabemos para quem vendemos nossos peixes, mas n\u00e3o sabemos o que o pr\u00f3ximo ator ganha como margem. Por um lado, n\u00e3o \u00e9 nosso neg\u00f3cio saber como o peixe \u00e9 vendido ao longo da cadeia, mas, por outro lado, estamos sujeitos \u00e0s inefici\u00eancias dos atores que est\u00e3o nessa cadeia”, explica Haywood.<\/p>\n\n\n\n

“A transforma\u00e7\u00e3o que isso trar\u00e1 para as cadeias de fornecimento tradicionais \u00e9 significativa, j\u00e1 que o produtor prim\u00e1rio pode se aproximar do consumidor final”, continua Haywood.<\/p>\n\n\n\n

A infraestrutura tecnol\u00f3gica para este projeto existe h\u00e1 v\u00e1rios anos. Esfor\u00e7os pioneiros foram feitos na Nova Zel\u00e2ndia e na Austr\u00e1lia em 2015 e 2016, e projetos semelhantes se seguiram em Miami, para citar alguns.<\/p>\n\n\n\n

Esses programas nunca divulgaram muitos detalhes. Usando tecnologias de identifica\u00e7\u00e3o automatizadas, como radiofreq\u00fc\u00eancia e c\u00f3digos de barras 2D, os varejistas de alimentos forneceram dados instant\u00e2neos sobre a origem do produto aos consumidores por meio de aplicativos para smartphones.<\/p>\n\n\n\n

Mas at\u00e9 agora faltam dados mais amplos sobre a origem dos alimentos. As modernas cadeias de abastecimento t\u00eam muitas partes isoladas para serem assimiladas.<\/p>\n\n\n\n

“Gastamos muito tempo conciliando as informa\u00e7\u00f5es entre as organiza\u00e7\u00f5es porque todos mant\u00eam seu pr\u00f3prio banco de dados”, observa Tyler Mulvihill, cofundador da Viant, empresa sediada no Brooklyn que constr\u00f3i o software na blockchain p\u00fablica ethereum.<\/p>\n\n\n\n

Por que essa tecnologia \u00e9 necess\u00e1ria?<\/h2>\n\n\n\n
\"Ostras\"\/
Filtros marinhos, como ostras, s\u00e3o particularmente sens\u00edveis \u00e0 polui\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“A rastreabilidade de ponta a ponta \u00e9 extremamente dif\u00edcil de ser feita sem blockchain porque voc\u00ea tem sistemas de dados isolados e se uma dessas cadeias quebrar, todo o sistema quebrar\u00e1”, respondeu Mulvihill. “Fazer rastreabilidade em escala \u00e9 uma tarefa quase imposs\u00edvel.”<\/p>\n\n\n\n

No entanto, levantar por iniciativa pr\u00f3pria o v\u00e9u do funcionamento interno de uma empresa n\u00e3o ser\u00e1 uma decis\u00e3o sensata para muitos CEOs. O mundo dos neg\u00f3cios n\u00e3o incentiva a transpar\u00eancia, e a mudan\u00e7a na maneira de se fazer as coisas pode levar um tempo consider\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Pense em qualquer empresa integrada verticalmente: isso exporia detalhes de produtos tamb\u00e9m aos concorrentes diretos. Pode n\u00e3o ser a escolha mais s\u00e1bia.<\/p>\n\n\n\n

“O problema \u00e9 que essa informa\u00e7\u00e3o \u00e9 controlada pelo que os atores da cadeia de fornecimento desejam compartilhar, ent\u00e3o \u00e9 preciso uma revolu\u00e7\u00e3o para mudar isso”, afirma Haywood. “Acredito que a tecnologia blockchain \u00e9 a catalisadora [da mudan\u00e7a], criando um relacionamento entre consumidor e produtor prim\u00e1rio”.<\/p>\n\n\n\n

Consumidores conscientes<\/h2>\n\n\n\n

As campanhas de marketing pressionar\u00e3o a mudan\u00e7a \u00e0 medida que os consumidores come\u00e7arem a esperar mais transpar\u00eancia com seus alimentos. No entanto, embora o futuro imponha um n\u00famero maior de empresas conectadas a registros dispon\u00edveis publicamente, \u00e9 preciso dizer que essa tecnologia est\u00e1 aqui para resolver um “problema de pa\u00edses ricos”.<\/p>\n\n\n\n

“A ideia de saber de onde vem sua comida \u00e9 um privil\u00e9gio daqueles que s\u00e3o mais ou menos economicamente seguros”, Robyn Metcalfe, diretora da organiza\u00e7\u00e3o Food+City, da Universidade do Texas, em Austin.<\/p>\n\n\n\n

“Muitos precisam de comida num n\u00edvel b\u00e1sico e, portanto, n\u00e3o t\u00eam interesse em saber de onde vem. Se estamos falando apenas de pessoas com seguran\u00e7a alimentar, com certeza, existem tecnologias que eles t\u00eam tempo e recursos para aproveitar.”<\/p>\n\n\n\n

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Um sistema baseado em blockchain pode dificultar a omiss\u00e3o de origem do peixe<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Aplicativos que oferecem informa\u00e7\u00f5es sobre alimentos ser\u00e3o abundantes, Metcalfe prev\u00ea, e elas se tornar\u00e3o mais sofisticadas a cada dia.<\/p>\n\n\n\n

“Interagir com a sua comida vai se tornar uma tend\u00eancia”, continua Metcalfe. “Essa conex\u00e3o n\u00e3o significa necessariamente que as pessoas ter\u00e3o mais poder; talvez saber mais sobre sua comida seja uma conveni\u00eancia e, em alguns casos, uma forma de entretenimento”.<\/p>\n\n\n\n

Em um mundo onde os habitats de nossos frutos do mar est\u00e3o cada vez mais amea\u00e7ados, essas tecnologias podem se tornar um requisito obrigat\u00f3rio para compradores sens\u00edveis \u00e0 qualidade. Mas uma inunda\u00e7\u00e3o de novas informa\u00e7\u00f5es n\u00e3o \u00e9 garantia de avan\u00e7os, como muitas tecnologias emergentes nos ensinaram, e essas inova\u00e7\u00f5es sempre depender\u00e3o de qu\u00e3o bem somos educados para us\u00e1-las.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n\n\n\n


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