{"id":152630,"date":"2019-06-26T10:20:25","date_gmt":"2019-06-26T13:20:25","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152630"},"modified":"2019-06-26T10:23:43","modified_gmt":"2019-06-26T13:23:43","slug":"pressao-faz-proposta-de-pesque-e-solte-para-o-turismo-de-pesca-no-pantanal-ser-adiada-para-2020","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/06\/26\/152630-pressao-faz-proposta-de-pesque-e-solte-para-o-turismo-de-pesca-no-pantanal-ser-adiada-para-2020.html","title":{"rendered":"Press\u00e3o faz proposta de ‘pesque e solte’ para o turismo de pesca no Pantanal ser adiada para 2020"},"content":{"rendered":"\n

Em uma manh\u00e3 de s\u00e1bado na BR-262 em Miranda (MS), tr\u00eas homens fugiam do sol de maio sob a sombra das \u00e1rvores. Esperavam compradores para as iscas de pesca que mantinham em suas bicicletas estacionadas \u00e0s margens da rodovia. Mas os carros passavam sem parar, o que para eles era a prova da queda no turismo do qual tiram o sustento. Em um estado que decidiu instituir o “pesque e solte” a partir de 2020, esses vendedores j\u00e1 temem perder o neg\u00f3cio para o desinteresse de quem est\u00e1 acostumado a visitar o Pantanal e levar seu peixe para casa.<\/p>\n\n\n\n

A chamada “cota zero” para os turistas mobiliza o debate no setor desde janeiro deste ano em Mato Grosso do Sul. A ideia \u00e9 que todos os peixes capturados pelos pescadores com licen\u00e7a amadora passem a ser devolvidos ao rio.<\/p>\n\n\n\n

“O que \u00e9 a pr\u00e1tica do ‘pesque e solte’? \u00c9 voc\u00ea fisgar o peixe, voc\u00ea fotografar, e soltar o peixe novamente”, explicou ao G1<\/strong> Ricardo Senna, secret\u00e1rio-adjunto da Secretaria de Meio Ambiente Desenvolvimento Econ\u00f4mico de Mato Grosso do Sul (Semade).<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

O governo chegou a sugerir que a medida fosse implementada ainda em 2019. Mas protestos por parte dos empres\u00e1rios de turismo fez com que o governo estadual recuasse e apenas reduzisse a cota atual de dez quilos para cinco quilos. Os turistas tamb\u00e9m podem continuar levando para casa um exemplar de peixe e cinco piranhas \u2013 um peixe predador com ciclo de reprodu\u00e7\u00e3o distinto, e que existe em abund\u00e2ncia na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

\"Atualmente,
Atualmente, os turistas que pescam em Mato Grosso do Sul s\u00f3 podem levar para casa cinco quilos de peixe e mais um exemplar, al\u00e9m de cinco piranhas \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Na s\u00e9rie de reportagens do Desafio Natureza sobre ca\u00e7a e pesca ilegal, o G1<\/strong> visitou os principais destinos da pesca tur\u00edstica no Pantanal e ouviu as opini\u00f5es contra e a favor da mudan\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Defendida pelo governo e pela maior parte dos empres\u00e1rios de turismo de pesca de Corumb\u00e1 (MS) e de C\u00e1ceres (MT), as duas cidades com o maior n\u00famero de visitantes, ela \u00e9 vista com preocupa\u00e7\u00e3o em outras regi\u00f5es, como a de Miranda e Aquidauana (MT). O motivo \u00e9 simples: ali, os rios t\u00eam \u00e1gua mais barrenta, enquanto o dourado, o peixe mais cobi\u00e7ado pelo pescador movido apenas pela emo\u00e7\u00e3o da fisgada, prefere as \u00e1guas limpas.<\/p>\n\n\n\n

“Foi o pior movimento nos \u00faltimos 20 anos pra gente”, reclamou Gilson Tomicha Xavier, um dos comerciantes \u00e0 beira da BR-262. Ele diz que vende iscas como tuvira, caranguejo e minhoco\u00e7u para turistas que viajam de carro para pescar no Rio Miranda.<\/p>\n\n\n\n

“Hoje mesmo a gente est\u00e1 aqui desde as 4h da manh\u00e3 para vender duas d\u00fazias de minhoca. Geralmente, em outras temporadas, a gente vendia dez d\u00fazias”, explicou Xavier, que ressalta que a venda de iscas pelos tr\u00eas colegas \u00e9 o que sustenta 20 pessoas atualmente.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

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Gilson Tomicha Xavier, vendedor de iscas na beira da estrada em Miranda (MS), diz que a cota zero fez cair as vendas em 2019 \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1
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A situa\u00e7\u00e3o descrita por ele \u00e9 corroborada alguns metros adiante, na Rua Bar\u00e3o de Rio Branco. “N\u00f3s estamos em maio, plena temporada, clima \u00f3timo, rio muito bom de peixe. E voc\u00eas podem observar que n\u00e3o tem turista nenhum aqui na loja”, afirmou Carlos Eduardo Murad de G\u00f3es, conhecido como Alem\u00e3o e propriet\u00e1rio de uma loja de artigos de pesca e de uma pousada na beira do rio.<\/p>\n\n\n\n

O turismo de pesca \u00e9 atualmente uma das principais atividades econ\u00f4micas da regi\u00e3o e funciona durante oito meses por ano \u2013 entre novembro e fevereiro, no per\u00edodo de reprodu\u00e7\u00e3o dos peixes, o defeso ou piracema, \u00e9 proibido pescar no Pantanal sulmatogrossense.<\/p>\n\n\n\n

\"Carlos
Carlos Eduardo ‘Alem\u00e3o’ \u00e9 empres\u00e1rio do turismo de pesca em Miranda (MS) e diz ver a pol\u00edtica de cota zero com ‘preocupa\u00e7\u00e3o’ \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Turistas s\u00e3o a maioria dos pescadores<\/h2>\n\n\n\n

N\u00fameros fornecidos pelos governos estaduais mostram que quase 100 mil pescadores frequentam os rios pantaneiros. Em 2018, foram emitidas um total de 81.689 licen\u00e7as de pesca amadora nos dois estados. Em 2019, o cadastro de pescadores profissionais ativos \u00e9 de 14.413, mas, segundo a categoria, atualmente os n\u00fameros s\u00e3o inflados.<\/p>\n\n\n\n

\"Desafio
Desafio Natureza no Pantanal: compare o n\u00famero de pescadores amadores e profissionais em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul \u2014 Foto: Rodrigo Sanches\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Quem tem carteira de pesca profissional pode retirar do rio at\u00e9 125 quilos de peixe por semana, mas deve respeitar os tamanhos m\u00ednimos e m\u00e1ximos permitidos pelas normas, al\u00e9m de n\u00e3o poder cortar os peixes. Os esp\u00e9cimes s\u00e3o registrados em guias de pesca e s\u00f3 podem ser vendidos nas peixarias ou restaurantes e hot\u00e9is.<\/p>\n\n\n\n

Os turistas tamb\u00e9m precisam registrar todos os peixes capturados.<\/p>\n\n\n\n

As pol\u00edcias ambientais usam o documento para controlar a quantidade de peixes de cada esp\u00e9cie que \u00e9 retirada dos rios, e todos podem ser multados caso n\u00e3o apresentem a documenta\u00e7\u00e3o de origem do pescado.<\/p>\n\n\n\n

A terceira categoria de pescadores \u00e9 composta pela popula\u00e7\u00e3o ribeirinha da regi\u00e3o. Waldemar Magalh\u00e3es \u00e9 um de algumas centenas de pescadores artesanais, que ainda vivem na beira de rios como o Paraguai. Ele vive desde que nasceu perto da Serra do Amolar, pr\u00f3ximo da divisa entre os dois estados pantaneiros e longe da urbaniza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

\"Waldemar
Waldemar Magalh\u00e3es: “Eu n\u00e3o pesco para vender”, afirma o ribeirinho, que tamb\u00e9m sobrevive da lavoura e de algumas vacas que cria. Em sua regi\u00e3o, um dos peixes mais comuns que as comunidades locais consomem \u00e9 o pacu. \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O que dizem os turistas?<\/h2>\n\n\n\n

Na pousada de Alem\u00e3o, na zona rural de Miranda e a poucos metros do rio hom\u00f4nimo, turistas sulmatogrossenses e de fora do estado desfrutavam de um fim de semana pescando na natureza. “Isso aqui \u00e9 o para\u00edso. Uma vez ou duas por ano a gente est\u00e1 aqui pescando”, diz o ga\u00facho Oscar Marques, de 63 anos, logo ap\u00f3s retornar de algumas horas no rio acompanhamento de um amigo e do piloteiro do barco.<\/p>\n\n\n\n

Junto com ele, um balde cheio de palmitos, uma das esp\u00e9cies mais capturadas pelos pescadores na regi\u00e3o, junto com o pintado, o pacu, a piraputanga e o cachara. Marques explica que as viagens de pesca costumam seguir a mesma rotina: sair de manh\u00e3 para pescar durante algumas horas, voltar \u00e0 pousada para o almo\u00e7o e, depois de um descanso, retomar a pesca no rio at\u00e9 o fim do dia.<\/p>\n\n\n\n

\"A
A maior parte dos barcos de pesca no Pantanal s\u00e3o composta por dois pescadores amadores (turistas) e um piloteiro, geralmente um ex-pescador profissional que agora trabalha no turismo \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ele conta que costuma viajar at\u00e9 l\u00e1 desde o Rio Grande do Sul de carro porque carregar os equipamentos e, depois, os peixes capturados, \u00e9 mais trabalhoso de avi\u00e3o. H\u00e1 ainda grupos de turistas que fretam um \u00f4nibus para poder levar todo o material, al\u00e9m do que fisgarem durante a viagem.<\/p>\n\n\n\n

O ga\u00facho e quase todos os outros pescadores amadores ouvidos pelo G1<\/strong> se disseram favor\u00e1veis \u00e0 cota zero para os turistas, mas com reservas: segundo eles, de nada valer\u00e1 a cota zero se mudan\u00e7as de comportamento n\u00e3o forem aplicadas tamb\u00e9m aos pescadores profissionais e os de subsist\u00eancia, e que eles dizem serem respons\u00e1veis pela pesca predat\u00f3ria.<\/p>\n\n\n\n

Para saber quantas pessoas dizem que n\u00e3o voltar\u00e3o \u00e0 regi\u00e3o caso a cota zero saia do papel, Alem\u00e3o come\u00e7ou a fazer uma enquete entre os clientes de sua loja.<\/p>\n\n\n\n

Ele diz que outros comerciantes est\u00e3o fazendo o mesmo, e o objetivo \u00e9 levar os resultados at\u00e9 o governo no segundo semestre, com propostas de um meio termo, como liberar ou a cota de 5 kg, ou um exemplar de qualquer esp\u00e9cie, ou manter a cota de 2019 durante alguns anos, para dar tempo de o setor se adequar \u00e0 oficializa\u00e7\u00e3o do “pesque e solte”.<\/p>\n\n\n\n

\"No
No Pantanal, a pesca \u00e9 permitida, mas deve seguir regras que restringem os meses do ano, os locais, as esp\u00e9cies e tamanhos de peixe que podem ser pescados, al\u00e9m da cota para os pescadores e dos apetrechos de uso permitido \u2014 Foto: Rodrigo Sanches\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Amor e \u00f3dio pela cota zero<\/h2>\n\n\n\n

“A cota zero \u00e9 [uma rela\u00e7\u00e3o] de amor e \u00f3dio”, resumiu Joice Santana Marques. Nascida em Franca, no Interior de S\u00e3o Paulo, ela decidiu se mudar para Corumb\u00e1 com 19 anos, para n\u00e3o ter que fazer carreira dentro de f\u00e1bricas de sapato. Come\u00e7ou a trabalhar em uma ag\u00eancia de turismo, e h\u00e1 20 anos tem o seu pr\u00f3prio neg\u00f3cio, incluindo um barco hotel. Ela acompanhou as regras da pesca ficarem cada vez mais r\u00edgidas no decorrer das d\u00e9cadas, \u00e0 medida que o turismo se expandia.<\/p>\n\n\n\n

“A gente necessita passar por essa mudan\u00e7a. A natureza n\u00e3o d\u00e1 conta de reproduzir os peixes com tanta velocidade. Ent\u00e3o, hoje os nossos peixes est\u00e3o menores. Hoje a gente est\u00e1 perdendo mercado. Se eu for l\u00e1 para o [Rio] Araguaia, eu vou pegar l\u00e1 um monte de peixe de mais de 35 quilos.” – Joice Santana, empres\u00e1ria de turismo<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Como a lei imp\u00f5e um tamanho m\u00ednimo para que o peixe seja retirado do rio, na pr\u00e1tica, Joice diz que boa parte da atividade de pesca no Pantanal j\u00e1 acontece no estilo “pesque e solte”, por causa da falta do peixe nas condi\u00e7\u00f5es de abatimento.<\/p>\n\n\n\n

\"Loja
Loja de artigos de pesca em Miranda (MS) mostra tamanhos m\u00ednimo e m\u00e1ximo permitidos para o abate de cada esp\u00e9cie de peixe \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n
\"Pacu
Pacu de 40 cent\u00edmetros, abaixo da medida para a retirada do rio, apreendido em uma opera\u00e7\u00e3o da Pol\u00edcia Militar Ambiental em Corumb\u00e1 (MS) \u2014 Foto: Divulga\u00e7\u00e3o\/PMA-MS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A Embrapa Pantanal \u00e9 uma das principais institui\u00e7\u00f5es que pesquisam o estoque de pescado na regi\u00e3o. Segundo Agostinho Catella, um dos pesquisadores especialistas no tema, explica que uma das pesquisas usa grandes amostras das guias entregues pelos pescadores \u00e0 pol\u00edcia ambiental.<\/p>\n\n\n\n

“A captura da pesca profissional e artesanal vem est\u00e1vel, de 2002 at\u00e9 agora, e para a pesca amadora tamb\u00e9m”, disse ele, ressaltando que tanto os pescadores profissionais e artesanais quanto os amadores continuam pescando principalmente os peixes de grande porte.<\/p>\n\n\n\n

“A cota zero, pelo que a gente entende, \u00e9 uma demanda de um tipo de usu\u00e1rio. Agora, existem outros usu\u00e1rios, que t\u00eam outro perfil, est\u00e3o interessados em levar o seu pescado para comer em fam\u00edlia”, diz Catella, da Embrapa Pantanal.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Segundo ele, outros pa\u00edses com “estudos muito avan\u00e7ados nessa \u00e1rea”, como a Alemanha, inclusive j\u00e1 superaram a fase do “pesque e solte”, e est\u00e3o reavaliando a pol\u00edtica. “Est\u00e1 havendo agora uma segunda forma de enxergar a coisa: se for para voc\u00ea s\u00f3 vivenciar a captura, eu n\u00e3o concordo. Se voc\u00ea pescar para comer, eu concordo”, exemplificou ele sobre essa nova tend\u00eancia em debate no exterior.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, no Pantanal, iniciativas do turismo local j\u00e1 se antecipam \u00e0s regras de 2020, seja com a sensibiliza\u00e7\u00e3o dos visitantes para que desistam de abater o peixe \u00e0 oferta de descontos para o turista que topar adotar o “pesque e solte” desde j\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

\"Os
Os turistas de pesca costumam ou ficar hospedados em pousadas \u00e0s margens dos rios ou passar dias dentro de um barco hotel nos rios maiores, como o Paraguai \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Transi\u00e7\u00e3o da atividade econ\u00f4mica<\/h2>\n\n\n\n

Senna, da Semade, se considera “economista de forma\u00e7\u00e3o e pescador de cora\u00e7\u00e3o”, e afirma que o debate sobre a ‘cota zero’ tem ocorrido desde 2015 no estado. Segundo ele, o governo estadual est\u00e1 comprometido em manter a mesma cota dos pescadores profissionais, inclusive os que pescam a isca usada pelos turistas.<\/p>\n\n\n\n

Conhecidos como ‘isqueiros’, essa parcela de pescadores pantaneiros \u00e9 a mais vulner\u00e1vel, j\u00e1 que a pesca de iscas \u00e9 feita \u00e0 noite e h\u00e1 riscos de picadas de escorpi\u00e3o ou inclusive ataques de on\u00e7a-pintada \u2013 como o que ocorreu em junho de 2008 em C\u00e1ceres.<\/p>\n\n\n\n

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Lambaris, peixes usados como iscas para a pesca de esp\u00e9cies maiores, s\u00e3o coletadas por pescadores profissionais e vendidas a turistas ou lojas de pesca \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Lieze Francisco, conhecido na regi\u00e3o do Carandazal entre Miranda e Corumb\u00e1 como Z\u00e9 Bicudo, lidera uma associa\u00e7\u00e3o de pescadores de isca e diz que, com a redu\u00e7\u00e3o dos turistas, seu neg\u00f3cio tamb\u00e9m foi afetado, j\u00e1 que os isqueiros atendem \u00e0 demanda dos donos de pousada e lojas de pesca.<\/p>\n\n\n\n

Em maio, ele disse ao G1<\/strong> que, nos primeiros meses de 2018, j\u00e1 tinha juntado mais de R$ 3 mil para poder pagar as presta\u00e7\u00f5es do carro popular que financiou pelo Banco do Brasil. “Nesse ano at\u00e9 agora n\u00e3o consegui guardar nada”, afirmou Francisco.<\/p>\n\n\n\n

“A gente n\u00e3o \u00e9 contra ele [o projeto da cota zero] em si. Mas \u00e9 contra a maneira com que ele est\u00e1 sendo aplicado. Isso \u00e9 um projeto de longo prazo, que voc\u00ea precisa ir de quatro, oito, dez anos pra migrar as pessoas”, disse ele, que afirma ter mais de 50 e ser analfabeto, o que inviabiliza as possibilidades dele passar para o neg\u00f3cio de turismo de observa\u00e7\u00e3o de animais.<\/p>\n\n\n\n

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Na beira da BR-262, fam\u00edlias de pescadores de isca vivem em barracos e relatam uma queda na receita das vendas em 2019 \u2014 Foto: Eduardo Palacio\/G1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Vis\u00e3o hol\u00edstica do setor<\/h2>\n\n\n\n

Claumir Cesar Muniz, professor da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e pesquisador do Projeto Bichos do Pantanal, do Instituto Sustentar, afirma que a pesca no Pantanal envolve muitos setores, e por isso as mudan\u00e7as de regras devem seguir uma “vis\u00e3o hol\u00edstica” do setor, “n\u00e3o s\u00f3 olhando para o pescador, que geralmente \u00e9 o elo mais fraco desse processo”.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Senna, da Semade-MS, os objetivos da cota zero s\u00e3o “fazer o controle e monitoramento do estoque pesqueiro e, em paralelo, encontrar alternativas para que esse pescador tenha uma condi\u00e7\u00e3o melhor de gera\u00e7\u00e3o de renda”.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 Agostinho Catella, da Embrapa, destaca a necessidade de o governo estadual montar um plano de manejo para a pesca. “Um plano adaptativo e compartilhado, porque na medida em que os usu\u00e1rios compartilham das decis\u00f5es, eles automaticamente s\u00e3o fiscais do sistema.”<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Segundo a Semade, a secretaria e a Embrapa se reuniram neste m\u00eas para discutir o tema e “ser\u00e3o necess\u00e1rias outras reuni\u00f5es para estabelecer novas parcerias para viabilizar a implementa\u00e7\u00e3o de um plano” mas “ainda n\u00e3o h\u00e1 um prazo definido para sua implementa\u00e7\u00e3o”.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: G1<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Medida havia sido anunciada informalmente pelo governo de MS para este ano, mas decreto oficial apenas reduziu a cota anterior, e deixou a chamada cota zero para 2020. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":152632,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[42,301],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152630"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=152630"}],"version-history":[{"count":4,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152630\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":152636,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152630\/revisions\/152636"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/152632"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=152630"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=152630"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=152630"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}