{"id":152698,"date":"2019-06-28T12:00:39","date_gmt":"2019-06-28T15:00:39","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152698"},"modified":"2019-06-27T23:17:55","modified_gmt":"2019-06-28T02:17:55","slug":"o-estranho-animal-que-come-rochas-e-excreta-areia-e-pode-ser-importante-para-a-saude-humana","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/06\/28\/152698-o-estranho-animal-que-come-rochas-e-excreta-areia-e-pode-ser-importante-para-a-saude-humana.html","title":{"rendered":"O estranho animal que come rochas e excreta areia – e pode ser importante para a sa\u00fade humana"},"content":{"rendered":"\n
\"Verme

Embora para os cientistas o animal seja totalmente novo, os habitantes locais das Filipinas n\u00e3o apenas o conhecem como o comem
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Reuben Shipway teve de retirar a estranha criatura com muito cuidado de uma rocha.<\/p>\n\n\n\n

Parecia uma “salsicha transl\u00facida”, segundo um comunicado da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, onde o pesquisador trabalhava.<\/p>\n\n\n\n

Descobriu-se que o animal era uma varia\u00e7\u00e3o do que \u00e9 comumente chamado de “verme de barco”. Estes animais t\u00eam a apar\u00eancia de um verme, mas s\u00e3o moluscos, e t\u00eam esse nome por mastigar e digerir a madeira nos barcos at\u00e9 que estejam cheios de buracos.<\/p>\n\n\n\n

O animal extra\u00eddo por Shipway, no entanto, n\u00e3o comeu madeira, mas rocha. E defecava areia.<\/p>\n\n\n\n

Velho conhecido<\/h2>\n\n\n\n

O molusco foi encontrado no rio Abatan, na ilha de Bohol, nas Filipinas. Os cientistas acreditam que o animal vive apenas em uma determinada \u00e1rea do rio.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores chamaram o verme de Lithoreda abanatica<\/em>. A primeira parte do nome inclui os termos em latim para rocha (litho) e verme (teredo). A segunda parte \u00e9 uma refer\u00eancia ao rio onde foi encontrado.<\/p>\n\n\n\n

O animal \u00e9 t\u00e3o estranho para a ci\u00eancia que n\u00e3o \u00e9 apenas uma nova esp\u00e9cie, mas um novo g\u00eanero.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, para os habitantes da ilha era um velho conhecido.<\/p>\n\n\n\n

Os habitantes de Bohol n\u00e3o apenas indicaram a Shipway onde encontrar o verme, mas tamb\u00e9m disseram ao pesquisador que o animal \u00e9 uma iguaria que eles comem em ocasi\u00f5es especiais.<\/p>\n\n\n\n

\"Foto
O grande mist\u00e9rio \u00e9 onde esses moluscos obt\u00eam sua comida, j\u00e1 que n\u00e3o h\u00e1 nutrientes na rocha<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os habitantes da ilha chamam o verme “antingaw” e as m\u00e3es os comem para aumentar a lacta\u00e7\u00e3o, de acordo com uma cren\u00e7a local.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 um animal quase m\u00edtico”, disse Shipway, atualmente pesquisador da Universidade de Massachusetts e principal autor de um novo estudo que descreve cientificamente o animal.<\/p>\n\n\n\n

“Isso \u00e9 t\u00edpico dos cientistas. Vamos a lugares e ‘descobrimos’ esses animais, mas a popula\u00e7\u00e3o local j\u00e1 os conhece h\u00e1 muito tempo”, disse Dan Distel, diretor do Centro de Legados do Genoma do Oceano – Ocean Genome Legacy Center – da Universidade Nortwestern e outro dos autores do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Como ele se alimenta?<\/h2>\n\n\n\n

Os vermes haviam mudado completamente o ecossistema. As rochas estavam cheias de buracos e, de muitos desses buracos, projetavam-se os sif\u00f5es ou estruturas tubulares dos animais.<\/p>\n\n\n\n

Os buracos deixados pelos moluscos agora abrigam pequenos peixes e crust\u00e1ceos.<\/p>\n\n\n\n

Os animais medem cerca de 15 cent\u00edmetros de comprimento. E s\u00e3o fisicamente diferentes dos vermes da madeira, j\u00e1 que t\u00eam dentes maiores para furar a rocha, de acordo com o estudo publicado no Proceedings of the Royal Society B, a revista da Academia de Ci\u00eancias do Reino Unido.<\/p>\n\n\n\n

Um dos grandes enigmas \u00e9 saber de onde esses vermes obt\u00eam sua energia, porque na rocha n\u00e3o h\u00e1 nutrientes que eles possam absorver.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas acreditam que esses pequenos moluscos consigam sobreviver por meio das bact\u00e9rias que vivem em seu organismo.<\/p>\n\n\n\n

E essa rela\u00e7\u00e3o simbi\u00f3tica com bact\u00e9rias pode ser importante para os humanos.<\/p>\n\n\n\n

Sa\u00fade humana<\/h2>\n\n\n\n

Shipway faz parte de uma iniciativa chamada Projeto de Simbiontes de Moluscos das Filipinas, uma colabora\u00e7\u00e3o entre universidades filipinas e americanas.<\/p>\n\n\n\n

O projeto tem como objetivo documentar a biodiversidade do pa\u00eds asi\u00e1tico e procurar por compostos \u00fateis para a medicina humana.<\/p>\n\n\n\n

Mas que rela\u00e7\u00e3o esses vermes podem ter com nossos corpos?<\/p>\n\n\n\n

\"Dan
Dan Distel (\u00e0 esquerda) e Reuben Shipway t\u00eam estudado as bact\u00e9rias nos vermes de barcos no Centro de Ci\u00eancias Marinhas da Universidade Northwestern, nos EUA<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Se voc\u00ea sempre olhar para os mesmos organismos, continuar\u00e1 encontrando os mesmos compostos. Mas precisamos de novos compostos”, disse Margo Haywood, professora de qu\u00edmica medicinal da Universidade de Utah e diretora do Projeto de Simbiontes de Moluscos das Filipinas.<\/p>\n\n\n\n

“Nossa nova fonte de compostos s\u00e3o as bact\u00e9rias que vivem em moluscos em diferentes associa\u00e7\u00f5es, algo que s\u00f3 come\u00e7ou a ser investigado muito recentemente.”<\/p>\n\n\n\n

A teoria \u00e9 que as bact\u00e9rias que coexistem com um organismo dentro dele – as chamadas bact\u00e9rias simbi\u00f3ticas – evolu\u00edram para beneficiar seu hospedeiro sem mat\u00e1-lo.<\/p>\n\n\n\n

Se as bact\u00e9rias n\u00e3o s\u00e3o prejudiciais para um molusco, \u00e9 improv\u00e1vel que sejam prejudiciais a um ser humano.<\/p>\n\n\n\n

No caso do verme dos barcos, as bact\u00e9rias que vivem nelas decomp\u00f5em a madeira em a\u00e7\u00facares \u00fateis.<\/p>\n\n\n\n

E os pesquisadores querem determinar se as subst\u00e2ncias qu\u00edmicas produzidos por essas bact\u00e9rias tamb\u00e9m poderiam ser \u00fateis para a produ\u00e7\u00e3o de novos antibi\u00f3ticos, ou drogas para combater o HIV, c\u00e2ncer e outras doen\u00e7as.<\/p>\n\n\n\n

O pr\u00f3ximo passo \u00e9 analisar as bact\u00e9rias que vivem no\u00a0Lithoredo<\/em>, que, segundo Distel, “s\u00e3o diferentes daquelas dos vermes dos barcos e provavelmente de todas as outras bact\u00e9rias simbi\u00f3ticas que conhecemos at\u00e9 agora”.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"