{"id":152743,"date":"2019-07-02T12:05:22","date_gmt":"2019-07-02T15:05:22","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152743"},"modified":"2019-07-01T22:34:58","modified_gmt":"2019-07-02T01:34:58","slug":"estes-corais-preferem-consumir-plastico-a-alimento","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/07\/02\/152743-estes-corais-preferem-consumir-plastico-a-alimento.html","title":{"rendered":"Estes corais preferem consumir pl\u00e1stico a alimento"},"content":{"rendered":"\n
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Os p\u00f3lipos da esp\u00e9cie de coral Astrangia poculata preferem consumir part\u00edculas de micropl\u00e1stico (azul) em vez de ovos de art\u00eamia (amarelo); essas part\u00edculas t\u00eam potencial para serem vetores de novos micr\u00f3bios.
FOTO DE\u00a0ROTJAN LAB<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

CIENTISTAS MOSTRAM pela primeira vez que alguns corais selvagens est\u00e3o se alimentando de min\u00fasculos fragmentos de lixo pl\u00e1stico. E o pior \u00e9 que esses animais parecem preferir \u2018micropl\u00e1sticos\u2019 em vez de alimentos naturais \u2014 at\u00e9 mesmo quando o pl\u00e1stico est\u00e1 contaminado com bact\u00e9rias que podem mat\u00e1-los.<\/p>\n\n\n\n

O novo\u00a0estudo, publicado no peri\u00f3dico\u00a0Proceedings of the Royal Society B:Biological Sciences<\/em>, concentrou-se em esp\u00e9cies de coral de clima temperado coletadas em Rhode Island, aquelas que constroem pequenos nichos do tamanho de um punho humano. Contudo os pesquisadores afirmam que as descobertas sugerem que outros corais de clima tropical, que constroem recifes, tamb\u00e9m podem estar consumindo \u2014 e sendo afetados por \u2014 micropl\u00e1sticos, que consistem em fragmentos de lixo pl\u00e1stico de menos de cinco mil\u00edmetros.<\/p>\n\n\n\n

Os novos resultados contribuem para o crescente conceito de que os micropl\u00e1sticos s\u00e3o onipresentes no meio ambiente, eles est\u00e3o presentes desde cumes de montanhas altas a fossas oce\u00e2nicas profundas. J\u00e1 foi constatado que diversos organismos, de peixes a aves, se alimentam de pequenos fragmentos de pl\u00e1stico. E os humanos tamb\u00e9m, por meio de \u00e1gua\u00a0e\u00a0fontes de alimento\u00a0contaminadas.<\/p>\n\n\n\n

Quando\u00a0Randi Rotjan, bi\u00f3loga de corais da Universidade de Boston, l\u00edder do novo estudo, come\u00e7ou a trabalhar em ecossistemas marinhos, n\u00e3o imaginava que seu enfoque seria o pl\u00e1stico. Ela estava animada para estudar os corais e, como ela mesma diz, para conversar com a natureza.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs pl\u00e1sticos n\u00e3o param de interromper a conversa, e \u00e9 dif\u00edcil ignor\u00e1-los\u201d, conta Rotjan. \u201cVoc\u00ea escolhe o ecossistema, escolhe o organismo, e \u00e9 muito prov\u00e1vel que encontre micropl\u00e1sticos\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Pior que os alimentos ultraprocessados<\/h3>\n\n\n\n

Rotjan e seus colegas coletaram quatro col\u00f4nias da esp\u00e9cie selvagem Astrangia poculata<\/em>, um pequeno coral que vive no litoral atl\u00e2ntico dos EUA do estado de Massachusetts at\u00e9 o Golfo do M\u00e9xico. Eles escolheram esse local de estudo, ao longo da costa de Rhode Island, por estar pr\u00f3ximo de um ambiente urbano \u2014 Providence fica a cerca de 38 quil\u00f4metros dali \u2014 que provavelmente teria polu\u00eddo a \u00e1gua com pl\u00e1stico.<\/p>\n\n\n\n

De volta ao laborat\u00f3rio, os pesquisadores abriram cada p\u00f3lipo do coral e contaram o n\u00famero de micropl\u00e1sticos. Eles encontraram mais de 100 mil pequenas fibras em cada p\u00f3lipo. Embora esse seja o primeiro registro de micropl\u00e1sticos em corais selvagens,\u00a0uma pesquisa anterior\u00a0j\u00e1 havia mostrado que essa mesma esp\u00e9cie de coral consumia pl\u00e1stico no ambiente laboratorial.<\/p>\n\n\n\n

A equipe tamb\u00e9m realizou experimentos de laborat\u00f3rio. Eles ofereceram aos p\u00f3lipos do coral criado em laborat\u00f3rio micropart\u00edculas azuis-florescentes \u2014 fragmentos de pl\u00e1stico que at\u00e9 pouco tempo eram utilizados em sab\u00e3o, cosm\u00e9ticos e medicamentos \u2014 ao mesmo tempo em que ofereceram alimento natural, ovos de art\u00eamia, que tamb\u00e9m s\u00e3o do tamanho de uma cabe\u00e7a de alfinete.<\/p>\n\n\n\n

Todos os p\u00f3lipos que receberam essas op\u00e7\u00f5es de alimento ingeriram quase duas vezes mais micropart\u00edculas do que ovos de art\u00eamia. Ap\u00f3s terem enchido seus est\u00f4magos com micropart\u00edculas, que n\u00e3o possuem nenhum valor nutricional, eles pararam completamente de comer ovos de art\u00eamia.<\/p>\n\n\n\n

\u201cFiquei chocada com os resultados\u201d, disse a coautora do estudo,\u00a0Jessica Carilli, cientista do Naval Information Warfare Center Pacific em San Diego, Calif\u00f3rnia. \u201cEles n\u00e3o ingeriam passivamente as part\u00edculas que flutuavam e que estavam ao alcance de seus tent\u00e1culos… Infelizmente eles preferiam pl\u00e1stico em vez de alimento de verdade\u201d.<\/p>\n\n\n\n

O governo dos EUA\u00a0proibiu\u00a0o uso de micropart\u00edculas em 2015, mas a proibi\u00e7\u00e3o apenas entrou em vigor h\u00e1 pouco mais de um ano. Assim como outros tipos de pl\u00e1stico, esses ficar\u00e3o no meio ambiente amea\u00e7ando os corais por s\u00e9culos.<\/p>\n\n\n\n

Vetores de doen\u00e7as<\/h3>\n\n\n\n

Em um outro experimento de alimenta\u00e7\u00e3o, os pesquisadores colocaram micropart\u00edculas em \u00e1gua do mar e as cobriram com biofilme \u2014 uma fina cama de bact\u00e9rias.\u00a0Koty Sharp, microbi\u00f3loga de corais da Universidade Roger Williams em Rhode Island e coautora do estudo explicou que, no oceano, a maioria dos micropl\u00e1sticos acaba ficando coberta de bact\u00e9rias. Os pesquisadores impregnaram o biofilme nas micropart\u00edculas com bact\u00e9rias intestinais\u00a0E. coli<\/em>, e as tingiram de verde-florescente para facilitar o monitoramento.<\/p>\n\n\n\n

Ap\u00f3s mais de 48 horas da ingest\u00e3o das micropart\u00edculas, os p\u00f3lipos as cuspiram. Mas mesmo ap\u00f3s isso, a E. coli<\/em> brilhante persistiu dentro da cavidade digest\u00f3ria do coral. Todos os p\u00f3lipos do coral que ingeriram as micropart\u00edculas impregnadas com E. coli<\/em>morreram em duas semanas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEssa \u00e9 a parte mais interessante do estudo. Nunca antes se havia observado esse vetor de agentes patog\u00eanicos de doen\u00e7as\u201d, disse\u00a0Joleah Lamb, ec\u00f3loga da Universidade da Calif\u00f3rnia, em Irvine, que n\u00e3o participou do estudo. Lamb pesquisou centenas de recifes de corais, documentando doen\u00e7as e polui\u00e7\u00e3o proveniente de grandes objetos de lixo pl\u00e1stico. Sua pesquisa, publicada no ano passado no peri\u00f3dico\u00a0Science, revelou que o n\u00famero de doen\u00e7as em corais aumentou em 20 vezes ap\u00f3s o contato do pl\u00e1stico com os corais.<\/p>\n\n\n\n

Embora a E. coli<\/em> n\u00e3o seja comum no oceano, muitos outros micr\u00f3bios s\u00e3o, e parecem estar concentrados na superf\u00edcie dos micropl\u00e1sticos. Movimentando-se pelo oceano em fragmentos do nosso lixo, bact\u00e9rias novas ou prejudiciais podem ser respons\u00e1veis pelas doen\u00e7as nos corais, de acordo com os pesquisadores.<\/p>\n\n\n\n

Outros corais podem n\u00e3o reagir da mesma forma \u00e0s micropart\u00edculas ou \u00e0s bact\u00e9rias transportadas por estas; a equipe de Rotjan estudou apenas uma esp\u00e9cie at\u00e9 o momento. Mas afirma que os resultados preliminares s\u00e3o muito preocupantes.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEstou assustada com os estragos que fizemos em nossos oceanos\u201d, diz Rotjan. \u201cMas talvez isso fa\u00e7a parte da hist\u00f3ria que nos motivar\u00e1 a limp\u00e1-lo\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Jenny Howard – National Geographic<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Estudo sugere que min\u00fasculas part\u00edculas de pl\u00e1stico tamb\u00e9m podem conter micr\u00f3bios que causam doen\u00e7as ou at\u00e9 a morte de corais. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":152744,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[292,1737,1866,276,330],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152743"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=152743"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152743\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":152745,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152743\/revisions\/152745"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/152744"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=152743"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=152743"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=152743"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}