{"id":152751,"date":"2019-07-03T01:00:48","date_gmt":"2019-07-03T04:00:48","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152751"},"modified":"2019-07-02T22:31:17","modified_gmt":"2019-07-03T01:31:17","slug":"ha-um-ciclo-de-envenenamento-por-agrotoxicos-entre-brasil-e-europa","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/07\/03\/152751-ha-um-ciclo-de-envenenamento-por-agrotoxicos-entre-brasil-e-europa.html","title":{"rendered":"“H\u00e1 um ciclo de envenenamento por agrot\u00f3xicos entre Brasil e Europa”"},"content":{"rendered":"\n
\"Drones<\/figure>\n\n\n\n

Depois de a Uni\u00e3o Europeia e o Mercado Comum Sul-Americano (Mercosul) negociarem durante anos, ser\u00e1\u00a0firmado um tratado de livre-com\u00e9rcio, criando um mercado de 760\u00a0milh\u00f5es de consumidores onde j\u00e1 se permutam bens no valor de 87\u00a0bilh\u00f5es de euros.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 o fim, o protecionismo agropecu\u00e1rio europeu foi um obst\u00e1culo. Sobretudo o Brasil conta que vai dispor de um novo mercado para soja, laranjas e carne bovina. No entanto, para os consumidores europeus, essa n\u00e3o \u00e9 necessariamente uma boa not\u00edcia, adverte Larissa Mies Bombardi, professora e pesquisadora do Laborat\u00f3rio de Geografia Agr\u00e1ria da Universidade de S\u00e3o Paulo (USP).<\/p>\n\n\n\n

Em 2017, Bombardi publicou um estudo mostrando que 30% dos agrot\u00f3xicos permitidos no Brasil n\u00e3o tinham mais registro aprovado na Uni\u00e3o Europeia UE, incluindo dois dos dez mais vendidos. Al\u00e9m disso, sua pesquisa mostrou as diferen\u00e7as entre os limites de res\u00edduos de agrot\u00f3xicos permitidos em alimentos e na \u00e1gua nos dois locais.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 a perspectiva de que, atrav\u00e9s do acordo Mercosul-UE, os consumidores da Uni\u00e3o Europeia recebam de volta, em alimento, aquilo que os conglomerados qu\u00edmicos europeus exportaram at\u00e9 ent\u00e3o na forma de agrot\u00f3xicos.<\/p>\n\n\n\n

Em entrevista \u00e0 DW, Bombardi fala sobre a liga\u00e7\u00e3o entre o uso de pesticidas no Brasil e a Europa.<\/p>\n\n\n\n

DW: Como \u00e9 o emprego de pesticidas no Brasil?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Larissa Mies Bombardi<\/strong>: O Brasil e os Estados Unidos s\u00e3o os pa\u00edses que mais usam pesticidas em todo o mundo. No Brasil, cerca de um milh\u00e3o de toneladas s\u00e3o pulverizadas anualmente. Mais de 500 pesticidas s\u00e3o permitidos aqui, dos quais 150 s\u00e3o proibidos na UE. O glifosato \u00e9 de longe o pesticida mais vendido, mas o debate de alto n\u00edvel na Europa sobre seus perigos ainda nem come\u00e7ou no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

E como foi a evolu\u00e7\u00e3o do uso de pesticidas ao longo dos anos?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Nos \u00faltimos dez anos, a aplica\u00e7\u00e3o de pesticidas cresceu 150%, na mesma medida que as intoxica\u00e7\u00f5es agudas por pesticidas.<\/p>\n\n\n\n

Isso se deve \u00e0 amplia\u00e7\u00e3o das \u00e1reas cultivadas ou ao aumento das resist\u00eancias?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Sobretudo \u00e0 amplia\u00e7\u00e3o. As \u00e1reas cultivadas se alastraram a partir do cerrado central, cada vez mais em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 Amaz\u00f4nia. A superf\u00edcie para soja, por exemplo, quase dobrou entre 2002 e 2015, de 18 milh\u00f5es de hectares para 33 milh\u00f5es de hectares.<\/p>\n\n\n\n

Segundo um estudo do Instituto Nacional de C\u00e2ncer (Inca), cada brasileiro ingere, em m\u00e9dia, cinco litros de pesticidas por ano, devido aos vest\u00edgios nos alimentos.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Esse c\u00e1lculo n\u00e3o \u00e9 meu, mas documentei que no Sul, onde ficam as grandes \u00e1reas agropecu\u00e1rias, s\u00e3o lan\u00e7ados de 12 a 16 quilos de agrot\u00f3xicos por hectare. Na Europa \u00e9 um quilo, na B\u00e9lgica, at\u00e9 dois.<\/p>\n\n\n\n

A que se devem essas enormes diferen\u00e7as?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O argumento oficial \u00e9 que h\u00e1 mais pragas agr\u00edcolas nos tr\u00f3picos. Mas isso se deve tamb\u00e9m ao modelo de agricultura industrial, baseado na manipula\u00e7\u00e3o transg\u00eanica, cujas sementes s\u00e3o resistentes ao glifosato, sendo 70% dos pesticidas aplicados na soja transg\u00eanica, milho e a\u00e7\u00facar. S\u00e3o monoculturas gigantescas: somente a \u00e1rea de cultivo de soja \u00e9 de quatro vezes o tamanho de Portugal. Al\u00e9m disso, as autoridades s\u00e3o bem generosas no estabelecimento de valores-limite.<\/p>\n\n\n\n

Pode dar um exemplo?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Na soja, toleram-se na Uni\u00e3o Europeia vest\u00edgios de at\u00e9 0,05 miligrama de glifosato por quilo, no Brasil s\u00e3o 10 miligramas, portanto 200 vezes mais. Na \u00e1gua pot\u00e1vel, o pa\u00eds permite vest\u00edgios 5 mil vezes superiores aos da UE.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o vigora um princ\u00edpio de preven\u00e7\u00e3o no Brasil?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o. Quando, por exemplo, um agrot\u00f3xico \u00e9 registrado, a licen\u00e7a nunca vence nem est\u00e1 submetida a reavalia\u00e7\u00f5es peri\u00f3dicas, como na UE.<\/p>\n\n\n\n

\"Manifesta\u00e7\u00e3o<\/a>

Manifesta\u00e7\u00e3o contra a Bayer em Bonn <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os plantadores de soja afirmam que o glifosato n\u00e3o \u00e9 muito t\u00f3xico e muito melhor do que todas as alternativas.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Sobre isso se pode discutir. O glifosato \u00e9 considerado pouco t\u00f3xico, mas isso se refere \u00e0 toxicidade aguda, sem considerar os danos de longo prazo. Estudos da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS) sugerem que ele seja cancer\u00edgeno.<\/p>\n\n\n\n

E quanto ao meio ambiente? Os agrot\u00f3xicos n\u00e3o se decomp\u00f5em no contato com a \u00e1gua?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o, eles n\u00e3o desaparecem, s\u00e3o armazenados no solo e no len\u00e7ol fre\u00e1tico e matam os microrganismos existentes.<\/p>\n\n\n\n

Quais s\u00e3o as consequ\u00eancias?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O solo se torna inf\u00e9rtil, como descobrimos em pesquisas na universidade. A fertilidade do solo n\u00e3o tem s\u00f3 a ver com minerais, mas tamb\u00e9m com microrganismos biol\u00f3gicos, os quais s\u00e3o mortos por inseticidas e fungicidas.<\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o em 20 anos as planta\u00e7\u00f5es de soja v\u00e3o se transformar em deserto?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Sim, os estudos indicam que no m\u00e9dio prazo isso vai acontecer.<\/p>\n\n\n\n

E o que isso tem a ver com a Europa?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Existe um ciclo do envenenamento. A maior parte dos pesticidas vem dos Estados Unidos e Uni\u00e3o Europeia. Conglomerados qu\u00edmicos como a Monsanto, Bayer ou Syngenta tamb\u00e9m exportam para pa\u00edses terceiros os pesticidas proibidos na Europa. A maior parte desses produtos qu\u00edmicos e dos danos fica naturalmente no Brasil, mas uma parte volta para Europa, na forma de alimentos exportados.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Acordo de livre-com\u00e9rcio entre Mercosul e UE levanta quest\u00e3o sobre os impactos para os consumidores. Segundo pesquisadora da USP, qu\u00edmicos exportados da Europa para o Brasil j\u00e1 retornam ao prato dos europeus. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":152752,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[58,169,376],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152751"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=152751"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152751\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":152753,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/152751\/revisions\/152753"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/152752"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=152751"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=152751"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=152751"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}