{"id":152970,"date":"2019-07-16T12:00:44","date_gmt":"2019-07-16T15:00:44","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=152970"},"modified":"2019-07-15T20:54:17","modified_gmt":"2019-07-15T23:54:17","slug":"a-nova-tecnologia-que-preve-deslizamentos-em-aterros-sanitarios","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/07\/16\/152970-a-nova-tecnologia-que-preve-deslizamentos-em-aterros-sanitarios.html","title":{"rendered":"A nova tecnologia que prev\u00ea deslizamentos em aterros sanit\u00e1rios"},"content":{"rendered":"\n
\"Menino

Pesquisadores australianos est\u00e3o desenvolvendo um software capaz de antecipar desmoronamentos em lix\u00f5es
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Aproximadamente 15 milh\u00f5es de pessoas vivem e trabalham em vastos aterros sanit\u00e1rios municipais ao redor do mundo, revirando o lixo diariamente em busca de sucata que podem vender.<\/p>\n\n\n\n

Essas verdadeiras “cidades de lixo” s\u00e3o formadas por barracos feitos de madeira, chapas met\u00e1licas e pl\u00e1stico. As fam\u00edlias vivem entre pilhas de lixo hospitalar e eletr\u00f4nico, res\u00edduos dom\u00e9sticos e vidro quebrado, at\u00e9 mesmo produtos t\u00f3xicos.<\/p>\n\n\n\n

Essas pilhas de lixo s\u00e3o naturalmente mais propensas a deslizamentos – uma vez que essas montanhas inst\u00e1veis de res\u00edduos podem desmoronar de repente sem aviso pr\u00e9vio.<\/p>\n\n\n\n

O lix\u00e3o de Payatas, na periferia de Manila, uma das maiores “cidades de lixo” das Filipinas e lar de quase 10 mil pessoas, desabou em 2000, provocando um deslizamento de terra de 30 metros de altura e 100 metros de largura que deixou mais de 200 mortos.<\/p>\n\n\n\n

Em 2015, um desmoronamento de terra varreu um enorme dep\u00f3sito de lixo nos arredores de Adis Abeba, capital da Eti\u00f3pia, matando mais de 100 pessoas e destruindo casas improvisadas.<\/p>\n\n\n\n

E no Brasil, o caso mais famoso foi o deslizamento no Morro do Bumba, em Niter\u00f3i, em 2010, causado por um temporal, e que destruiu uma favela erguida sobre um antigo lix\u00e3o, deixando pelo menos 48 mortos e centenas de desabrigados.<\/p>\n\n\n\n

A taxa de sobreviv\u00eancia das v\u00edtimas deste tipo de desastre \u00e9 baixa, dada a natureza do material e o potencial de o g\u00e1s metano se acumular dentro de bols\u00f5es de ar – envenenando quem estiver preso dentro deles.<\/p>\n\n\n\n

E o futuro nos reserva muito mais lixo: de acordo com o relat\u00f3rio “What a Waste” do Banco Mundial, a popula\u00e7\u00e3o global deve gerar 3,4 bilh\u00f5es de toneladas de lixo anualmente at\u00e9 2050 – um aumento significativo em rela\u00e7\u00e3o aos 2,01 bilh\u00f5es de toneladas atuais.<\/p>\n\n\n\n

Um grupo de pesquisadores australianos desenvolveu recentemente um software capaz de detectar deslizamentos com duas semanas de anteced\u00eancia, dando aos moradores tempo de deixar os aterros sanit\u00e1rios e aos engenheiros a oportunidade de refor\u00e7ar o terreno.<\/p>\n\n\n\n

\"Homens
Os deslizamentos j\u00e1 custaram a vida de centenas de pessoas, como o que ocorreu em Manila em 2000<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O sistema de intelig\u00eancia artificial usa matem\u00e1tica aplicada para ajudar a identificar sinais de um desabamento iminente – como rachaduras min\u00fasculas e movimentos sutis que prenunciam um desmoronamento violento.<\/p>\n\n\n\n

A expectativa \u00e9 que sistemas de intelig\u00eancia artificial como este possam um dia ajudar a monitorar as encostas destas “cidades de lixo” e evitar que desastres se repitam.<\/p>\n\n\n\n

“Temos analisado dados sobre movimentos em materiais granulares para entender seu ‘ritmo de colapso'”, explica Antoinette Tordesillas, professora da faculdade de ci\u00eancias da Universidade de Melbourne, na Austr\u00e1lia, e uma das principais autoras do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Os experimentos que ela realizou em laborat\u00f3rio envolveram v\u00e1rios tipos de material granular (como areia, concreto, cer\u00e2mica, pedras) que foram amontoados at\u00e9 ruir – isto \u00e9, at\u00e9 a solidez se desintegrar em peda\u00e7os e colapsar.<\/p>\n\n\n\n

“O que descobrimos \u00e9 um ritmo distinto nas etapas anteriores ao colapso”, diz Tordesillas.<\/p>\n\n\n\n

Sua tecnologia utiliza as leis da f\u00edsica para “orientar a intelig\u00eancia artificial a identificar o padr\u00e3o correto de maneira eficiente”. Ou seja, os algoritmos levam em considera\u00e7\u00e3o o movimento do solo, a din\u00e2mica do colapso e os desencadeadores conhecidos de deslizamentos de terra, como a chuva (que enfraquece a ader\u00eancia dos res\u00edduos) para produzir dados confi\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

Por fim, esses dados poder\u00e3o ser usados para prever de forma antecipada e em tempo real deslizamentos em locais como aterros sanit\u00e1rios, minas subterr\u00e2neas e encostas \u00edngremes de montanhas.<\/p>\n\n\n\n

Um declive natural \u00e9 composto de part\u00edculas de terra, como rochas ou argila, que foram unidas ao longo de milhares de anos.<\/p>\n\n\n\n

Um dep\u00f3sito de lixo, por outro lado, \u00e9 composto por part\u00edculas de res\u00edduos s\u00f3lidos – como pl\u00e1stico, vidro, metais, mat\u00e9ria org\u00e2nica, papel -, que mant\u00eam sua forma de maneira fr\u00e1gil at\u00e9 que algum dist\u00farbio os abale.<\/p>\n\n\n\n

\"Montanha
As montanhas de lixo – formadas por metais, vidros, pl\u00e1sticos e mat\u00e9ria org\u00e2nica – s\u00e3o muito fr\u00e1geis para resistir a dist\u00farbios fortes<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A instabilidade nos lix\u00f5es pode acontecer por v\u00e1rios motivos: compacta\u00e7\u00e3o impr\u00f3pria de res\u00edduos, fornecimento inadequado de sistemas de drenagem, decomposi\u00e7\u00e3o de res\u00edduos org\u00e2nicos e de pilhas de lixo com potencial de deslizamento, umidade, explos\u00f5es de g\u00e1s metano e despejo de res\u00edduos al\u00e9m da capacidade prevista.<\/p>\n\n\n\n

“Alguns desses fatores tornam a previs\u00e3o antecipada de desmoronamentos (nos lix\u00f5es) mais dif\u00edcil do que nos desmoronamentos de terra”, diz Isaac Akinwumi, professor de engenharia geot\u00e9cnica da Universidade Covenant, na Nig\u00e9ria.<\/p>\n\n\n\n

A necessidade de tecnologia preditiva robusta \u00e9, portanto, essencial, particularmente no que diz respeito aos pa\u00edses em desenvolvimento.<\/p>\n\n\n\n

As montanhas de lixo l\u00e1 s\u00e3o muitas vezes mais \u00edngremes do que as regulamenta\u00e7\u00f5es dos EUA ou do Reino Unido permitem, o material n\u00e3o \u00e9 compactado da mesma forma e as empresas de gerenciamento de res\u00edduos n\u00e3o veem a estabilidade do terreno como uma prioridade. Tudo isso pode contribuir para a propens\u00e3o a deslizamentos.<\/p>\n\n\n\n

“Se a ferramenta da professora Tordesillas puder fornecer um alerta antecipado antes que ocorram os deslizamentos de res\u00edduos, ser\u00e1 uma ferramenta vital para evitar desastres”, diz Akinwumi.<\/p>\n\n\n\n

De fato, essa tecnologia pode ser capaz de transformar dados em informa\u00e7\u00f5es \u00fateis – como apresentar as coordenadas de um deslizamento iminente ou refer\u00eancias que ajudem os funcion\u00e1rios a decidir entre pedir refor\u00e7o ou evacuar a \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n

Para que o sistema de intelig\u00eancia artificial proposto funcione, no entanto, os pesquisadores e as organiza\u00e7\u00f5es de gerenciamento de res\u00edduos, com quem atuam em parceria, v\u00e3o ter de superar obst\u00e1culos financeiros, pol\u00edticos e regulat\u00f3rios.<\/p>\n\n\n\n

Por exemplo, especialistas do setor v\u00e3o precisar de provas de que a tecnologia funciona. Vai custar dinheiro para avaliar os riscos e instalar a tecnologia – gastos que os operadores locais podem n\u00e3o estar dispostos a assumir. Al\u00e9m disso, deslocar os moradores durante as fases de fortalecimento do terreno ou de evacua\u00e7\u00e3o seria logisticamente dif\u00edcil.<\/p>\n\n\n\n

Por fim, a tecnologia n\u00e3o vai erradicar os problemas ambientais de longo prazo inerentes ao pr\u00f3prio aterro sanit\u00e1rio, como as emiss\u00f5es de gases, o surto de doen\u00e7as e o escoamento de chorume, que contamina o len\u00e7ol fre\u00e1tico, poluindo c\u00f3rregos e rios.<\/p>\n\n\n\n

Os riscos associados aos deslizamentos de lixo s\u00e3o uma das raz\u00f5es pelas quais as principais organiza\u00e7\u00f5es de gerenciamento de res\u00edduos est\u00e3o insistindo agora para que essas “cidades de lixo” sejam fechadas e substitu\u00eddas por instala\u00e7\u00f5es mais modernas ou aterros controlados.<\/p>\n\n\n\n

“Testar essa tecnologia para ver se ela oferece uma solu\u00e7\u00e3o para o problema crescente dos desmoronamentos de lixo certamente vale a pena”, diz David Biderman, CEO da Associa\u00e7\u00e3o de Res\u00edduos S\u00f3lidos da Am\u00e9rica do Norte (SWANA, na sigla em ingl\u00eas).<\/p>\n\n\n\n

“Na verdade, pode ser um bom refor\u00e7o provis\u00f3rio no caminho para fechar os lix\u00f5es.”<\/p>\n\n\n\n

Biderman est\u00e1 bem familiarizado com o crescente problema das “cidades de lixo” e tem trabalhado para tornar a atua\u00e7\u00e3o da SWANA mais internacional.<\/p>\n\n\n\n

Os res\u00edduos s\u00f3lidos s\u00e3o um problema cada vez maior que afeta n\u00e3o apenas quem vive diretamente sob a sombra das montanhas de lixo, mas tamb\u00e9m quem est\u00e1 a milhares de quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 medida que os pa\u00edses e os munic\u00edpios se tornam mais populosos e pr\u00f3speros, oferecem mais produtos aos cidad\u00e3os e participam do com\u00e9rcio internacional, se veem diante de quantidades correspondentes de res\u00edduos para gerenciar por meio de tratamento e descarte.<\/p>\n\n\n\n

Embora n\u00e3o seja uma solu\u00e7\u00e3o milagrosa e ainda esteja em fase inicial de desenvolvimento, essa tecnologia tem o potencial de transformar as respostas emergenciais a desastres em lix\u00f5es, permitindo a ado\u00e7\u00e3o de uma abordagem segmentada geograficamente no que se refere \u00e0 previs\u00e3o de deslizamentos, ajuda humanit\u00e1ria internacional e preven\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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