{"id":153190,"date":"2019-07-31T16:00:06","date_gmt":"2019-07-31T19:00:06","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=153190"},"modified":"2019-07-30T21:11:28","modified_gmt":"2019-07-31T00:11:28","slug":"geleiras-do-alasca-estao-derretendo-100-vezes-mais-rapido-do-que-se-imaginava","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/07\/31\/153190-geleiras-do-alasca-estao-derretendo-100-vezes-mais-rapido-do-que-se-imaginava.html","title":{"rendered":"Geleiras do Alasca est\u00e3o derretendo 100 vezes mais r\u00e1pido do que se imaginava"},"content":{"rendered":"\n
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O derretimento submarino das geleiras de mar\u00e9, como esta no Alasca, ocorre 100 vezes mais r\u00e1pido que o estimado pelos cientistas com base nos modelos te\u00f3ricos.
FOTO DE\u00a0JIM MONE\/ AP<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

UMA NOVA FORMA de medir como algumas geleiras derretem abaixo da superf\u00edcie da \u00e1gua revelou algo surpreendente: algumas geleiras est\u00e3o derretendo 100 vezes mais r\u00e1pido do que acreditavam os cientistas.<\/p>\n\n\n\n

Em um\u00a0novo estudo, publicado na revista cient\u00edfica\u00a0Science<\/em>, uma equipe de ocean\u00f3grafos e glaci\u00f3logos apresenta uma novidade para o conhecimento das geleiras de mar\u00e9 \u2014 geleiras que desembocam no oceano \u2014 e seus processos din\u00e2micos.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEles descobriram que o degelo que ocorre hoje \u00e9 bastante diferente das suposi\u00e7\u00f5es anteriores\u201d, conta\u00a0Twila Moon, glaci\u00f3loga do Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo da Universidade do Colorado em Boulder, que n\u00e3o participou do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Uma parte do desmembramento e derretimento glacial consiste em um processo normal que ocorre nas geleiras durante a transi\u00e7\u00e3o das esta\u00e7\u00f5es, do inverno para o ver\u00e3o, e tamb\u00e9m durante o ver\u00e3o. Contudo o aumento da temperatura acelera o derretimento das geleiras em todo o mundo, principalmente em fun\u00e7\u00e3o do degelo que ocorre na superf\u00edcie da geleira, mas tamb\u00e9m do degelo que acontece sob a \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

As geleiras podem se estender por centenas de quil\u00f4metros abaixo da superf\u00edcie, explica\u00a0Ellyn Enderlin, glaci\u00f3loga da Universidade Estadual de Boise, que n\u00e3o participou do estudo. Constatar \u00edndices maiores de degelo sob a \u00e1gua indica que as \u201cgeleiras s\u00e3o muito mais sens\u00edveis \u00e0s mudan\u00e7as que ocorrem no oceano do que se pensava\u201d. Compreender os processos de derretimento e calcular a velocidade do degelo com precis\u00e3o \u00e9 essencial para desenvolver um planejamento para a\u00a0eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar.<\/p>\n\n\n\n

\u201cS\u00f3 o fato de conseguirmos obter esses dados j\u00e1 \u00e9 bastante empolgante\u201d, diz o principal autor do estudo,\u00a0David Sutherland, ocean\u00f3grafo da Universidade de Oregon. \u201cN\u00e3o t\u00ednhamos 100% de certeza de que daria certo\u201d.<\/p>\n\n\n\n

O monitoramento de geleiras espec\u00edficas por um longo per\u00edodo pode oferecer aos pesquisadores \u2014 e a alunos do Ensino M\u00e9dio \u2014 uma ideia do derretimento causado pelas mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. Alunos da Petersburg High School, escola de Ensino M\u00e9dio localizada pr\u00f3ximo de LeConte Bay, come\u00e7aram a\u00a0coletar dados sobre a posi\u00e7\u00e3o final da geleira\u00a0em 1983. A observa\u00e7\u00e3o sobre o recuo da geleira realizada pelos alunos h\u00e1 alguns anos alertou os cientistas da University of Alaska Southeast, despertando interesse em entender melhor o processo de derretimento.<\/p>\n\n\n\n

Medi\u00e7\u00e3o de massas de gelo em processo de derretimento<\/h3>\n\n\n\n

LeConte \u00e9 a geleira ideal para o estudo, pois \u00e9 bastante acess\u00edvel por ser uma geleira de mar\u00e9, de acordo com Sutherland. Por ser um ambiente complexo, o projeto exigiu diversas linhas de dados e, para tanto, ocean\u00f3grafos e glaci\u00f3logos coletaram os dados simultaneamente na geleira.<\/p>\n\n\n\n

Calcular a velocidade de derretimento da geleira exige mais sutileza do que medir um cubo de gelo derretendo em um copo de \u00e1gua. No caso da geleira, \u00e9 preciso determinar a velocidade da movimenta\u00e7\u00e3o do gelo em dire\u00e7\u00e3o ao fiorde, al\u00e9m da propor\u00e7\u00e3o que est\u00e1 derretendo e da propor\u00e7\u00e3o que est\u00e1 se desprendendo ou se desmembrando.<\/p>\n\n\n\n

Era algo \u201cque eu acreditava ser bastante simples, e ao colocar no papel, me pareceu adequado\u201d, ri Sutherland. Mas adentrar com um barco em um fiorde, onde a Geleira LeConte se encontra com o mar, \u00e9 complicado mesmo em um dia de clima bom. Os cientistas passaram semanas a bordo do barco trabalhando 24 horas por dia, alternando-se em turnos de 12 horas cada.<\/p>\n\n\n\n

Cabras-montanhesas subiam as colinas, baleias passavam pelo fiorde e aves marinhas mergulhavam no mar. \u201cQuando n\u00e3o est\u00e1vamos desejando um clima melhor… era um local maravilhoso para estar\u201d, conta Sutherland.<\/p>\n\n\n\n

A partir da embarca\u00e7\u00e3o\u00a0MV Stellar<\/em>, de 25 metros, os ocean\u00f3grafos realizaram\u00a0an\u00e1lises com sonares submarinos, que se parecem com os instrumentos utilizados para medir a profundidade do oceano. Em vez de direcionar o sonar para o leito oce\u00e2nico, eles inclinaram o dispositivo para coletar imagens em 3D da parte submersa da face da geleira.<\/p>\n\n\n\n

Em seguida, os ocean\u00f3grafos determinaram a velocidade na qual o sonar atravessou a \u00e1gua do fiorde e puderam fazer os c\u00e1lculos com maior precis\u00e3o. Outras medi\u00e7\u00f5es \u201cb\u00e1sicas\u201d das propriedades da \u00e1gua, como a salinidade e a temperatura, tamb\u00e9m foram necess\u00e1rias, explicou Sutherland. Suspender instrumentos supercaros na lateral do barco gerou momentos de tens\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

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No Nalukataq, o festival de pesca de baleias de Utqia\u0121vik, pessoas celebram uma produtiva temporada de baleias e agradecem a gra\u00e7a da fartura. Baleeiros bem-sucedidos s\u00e3o jogados para cima pelo grupo. A pr\u00e1tica v\u00eam de s\u00e9culos e estimula a intimidade entre os alde\u00f5es. <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os cientistas repetiram suas observa\u00e7\u00f5es durante dois ver\u00f5es, obtendo diversas an\u00e1lises em cada viagem.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEscanear a face de uma geleira diversas vezes durante o ver\u00e3o n\u00e3o foi uma tarefa f\u00e1cil\u201d, conta\u00a0Eric Rignot, glaci\u00f3logo da Universidade da Calif\u00f3rnia em Irvine, que n\u00e3o participou do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Muito gelo na frente da geleira significa que \u201co barco n\u00e3o consegue atravessar o gelo\u201d, explica Rignot. Consequentemente, algumas vezes o barco teve de ser recuado rapidamente da face da geleira, enquanto os cientistas torciam para que o equipamento n\u00e3o tivesse quebrado e ca\u00eddo na \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

Simultaneamente, uma equipe de glaci\u00f3logos ficou acampada em uma colina observando a geleira. O papel deles era cuidar de um radar que media o movimento natural da geleira. C\u00e2meras com o recurso\u00a0time-lapse<\/em>\u00a0foram utilizadas para medir o fluxo da geleira e informar a velocidade na qual o gelo se movimentava para o oceano, conta\u00a0Jason Amundson, glaci\u00f3logo e coautor do estudo da University of Alaska Southeast.<\/p>\n\n\n\n

O gelo glacial acelera \u00e0 medida que o gelo se aproxima da face da geleira, no local onde desemboca no oceano, diz Moon. Ela compara o movimento do gelo com o ato de apertar um tubo de pasta de dentes: quando a pasta de dentes chega ao fim, n\u00e3o h\u00e1 nenhuma sobra da pasta bloqueando a passagem, portanto, ela se movimenta de forma mais r\u00e1pida. O gelo pr\u00f3ximo da face da geleira pode se mover 22 metros por dia, e constatar essa velocidade \u00e9 essencial para calcular o derretimento.<\/p>\n\n\n\n

A partir dessa base de dados, os pesquisadores puderam calcular a velocidade total de degelo da parte submersa da geleira: duas ordens de grandeza acima do esperado. Rignot disse que um dos modelos te\u00f3ricos, utilizado durante cerca de 20 a 30 anos, era conhecido como uma vers\u00e3o simplificada que n\u00e3o funcionava perfeitamente.<\/p>\n\n\n\n

Em uma geleira de mar\u00e9 ocorrem diversos processos de degelo, por isso o mist\u00e9rio do derretimento foi solucionado pelos cientistas a partir de v\u00e1rios \u00e2ngulos. Se um grande bloco de gelo estivesse em uma banheira e nada mais estivesse acontecendo ali, ele simplesmente derreteria a uma velocidade normal.<\/p>\n\n\n\n

Quando uma coluna de \u00e1gua doce proveniente do derretimento da superf\u00edcie entra no fiorde, ela atinge o fiorde pr\u00f3ximo da face da geleira. A \u00e1gua doce, que \u00e9 mais leve, sobe para a superf\u00edcie e em seguida destr\u00f3i, ou desgasta, a face da geleira.<\/p>\n\n\n\n

Posteriormente, acontece o degelo submarino, que ocorre sempre que o oceano toca a superf\u00edcie da geleira. O mais bacana desse novo m\u00e9todo, de acordo com Sutherland, \u00e9 que \u00e9 poss\u00edvel marcar o local exato onde ocorre o degelo.<\/p>\n\n\n\n

\u201cUma quantidade consider\u00e1vel de gelo que \u00e9 empurrada para o oceano derrete imediatamente ao entrar em contato com a \u00e1gua salgada, portanto, a geleira perde de fato uma grande parte da massa devido a esse degelo\u201d, explica Enderlin.<\/p>\n\n\n\n

\u201cUma grande parte do gelo que vai para o oceano derrete devido \u00e0 \u00e1gua morna do oceano\u201d, afirma Amundson.<\/p>\n\n\n\n

Eles calcularam que o derretimento da geleira sob a \u00e1gua ocorreu a uma velocidade de cerca de 1,5 metro por dia em maio e de at\u00e9 4,8 metros por dia em agosto. No final da mesma esta\u00e7\u00e3o, a \u00e1gua mais quente aumentou o degelo sob a \u00e1gua. Normalmente abaixo de 6 graus Celsius, a \u00e1gua na LeConte Bay \u00e9 quente em compara\u00e7\u00e3o ao gelo, e at\u00e9 mesmo em rela\u00e7\u00e3o a outros fiordes do mundo.<\/p>\n\n\n\n

E as outras geleiras?<\/h3>\n\n\n\n

O sucesso desse novo m\u00e9todo \u201cabre possibilidades para que pesquisadores realizem o mesmo em todo o mundo\u201d, diz Sutherland. Especificamente, as constata\u00e7\u00f5es da pesquisa da Geleira LeConte no Alasca podem ser utilizadas para estudar as geleiras da\u00a0Groenl\u00e2ndia\u00a0e\u00a0da\u00a0Ant\u00e1rtica. \u201cO degelo sob a \u00e1gua pode ser importante em qualquer lugar do mundo\u201d, diz Enderlin.<\/p>\n\n\n\n

Somente 50 das cerca de 100 mil geleiras do Alaska s\u00e3o geleiras de mar\u00e9, e elas s\u00e3o as maiores que existem. Esse tipo de \u201cgeleira pode mudar muito mais rapidamente do que as\u00a0geleiras de vale\u00a0em fun\u00e7\u00e3o dos processos que ocorrem exatamente onde a geleira desemboca no oceano\u201d, explica Amundson.<\/p>\n\n\n\n

Inicialmente um grande manto de gelo, a Groenl\u00e2ndia possui cerca de 200 geleiras originadas em mantos de gelo, mas nelas, a \u00e1gua \u00e9 muito mais gelada em compara\u00e7\u00e3o \u00e0 temperatura de LeConte Bay.<\/p>\n\n\n\n

O derretimento das geleiras do Alasca ocorre inicialmente na superf\u00edcie, pois poucas delas desembocam no oceano, explica Rignot. Na Groenl\u00e2ndia, ocorre o degelo de superf\u00edcie, bem como o derretimento das geleiras de mar\u00e9. Mas, na Ant\u00e1rtica, esse degelo submarino \u00e9 o \u00fanico tipo de degelo que existe, portanto, compreender os processos que ocorrem fora do Alasca \u00e9 importante.<\/p>\n\n\n\n

Se voc\u00ea tem um clima com temperaturas mais elevadas, como nas\u00a0mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, conta Sutherland, a temperatura da \u00e1gua e do ar aumentam e consequentemente ocorrer\u00e1 mais degelo. Pode ser dif\u00edcil desvincular esse tipo de degelo do derretimento natural.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEssas observa\u00e7\u00f5es claramente nos mostram que ainda h\u00e1 algo faltando\u201d, diz Moon. \u201cCertamente \u00e9 um grande motivo para continuarmos o estudo\u201d, para melhor compreendermos como esses sistemas funcionam.<\/p>\n\n\n\n

Felizmente, ainda h\u00e1 tempo para que os cientistas descubram isso.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEssas geleiras n\u00e3o v\u00e3o sumir t\u00e3o rapidamente… elas ainda estar\u00e3o por aqui nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas\u201d, afirma Sutherland.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Antiga tecnologia ganhou novo uso e os cientistas observaram como as geleiras de mar\u00e9 derretem sob a \u00e1gua. Os resultados surpreenderam. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":153192,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[1826,3263,1313],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153190"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=153190"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153190\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":153193,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153190\/revisions\/153193"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/153192"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=153190"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=153190"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=153190"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}