{"id":153320,"date":"2019-08-09T00:26:49","date_gmt":"2019-08-09T03:26:49","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=153320"},"modified":"2019-08-09T00:28:27","modified_gmt":"2019-08-09T03:28:27","slug":"barragem-abandonada-em-brumadinho-pode-ser-bomba-relogio","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/08\/09\/153320-barragem-abandonada-em-brumadinho-pode-ser-bomba-relogio.html","title":{"rendered":"Barragem abandonada em Brumadinho pode ser bomba-rel\u00f3gio"},"content":{"rendered":"\n
\"Vegeta\u00c3\u00a7\u00c3\u00a3o

Vegeta\u00e7\u00e3o cresce sobre trinca em barragem abandonada em Brumadinho
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Numa das sa\u00eddas da rodovia Fern\u00e3o Dias, principal liga\u00e7\u00e3o entre S\u00e3o Paulo e Belo Horizonte, o acesso \u00e0 barragem B1-a, no munic\u00edpio de Brumadinho, \u00e9 cheio de obst\u00e1culos. Apesar de curto, o trecho at\u00e9 a estrutura s\u00f3 pode ser percorrido com um ve\u00edculo 4×4, e n\u00e3o \u00e9 livre de riscos. O abandono \u00e9 vis\u00edvel n\u00e3o s\u00f3 na estrada e na antiga portaria: trincas est\u00e3o expostas em toda a barragem, que acumula rejeitos de minera\u00e7\u00e3o e est\u00e1 coberta por \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

O lugar pertence \u00e0 Emicon Minera\u00e7\u00e3o e Terraplanagem Limitada, registrada nos nomes dos s\u00f3cios S\u00e9rgio Duarte e Genu\u00edno Soares Duarte. Sob responsabilidade da empresa est\u00e3o ainda uma outra barragem, chamada Qu\u00e9ias, e dois diques, B3 e B4. N\u00e3o est\u00e1 claro quando a explora\u00e7\u00e3o do min\u00e9rio de ferro foi encerrada e a empresa se retirou dali. <\/p>\n\n\n\n

O que se sabe \u00e9 que a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 preocupante, como atesta um laudo da Defesa Civil ao qual a DW Brasil teve acesso. “As barragens e as estruturas encontram-se em total situa\u00e7\u00e3o de abandono”, conclui o documento, citando ainda as v\u00e1rias rachaduras, \u00e1rvores, cupins e formigueiros nas estruturas.<\/p>\n\n\n\n

O complexo fica a poucos quil\u00f4metros do epicentro da trag\u00e9dia que matou 270 pessoas em janeiro \u00faltimo em Brumadinho. Na ocasi\u00e3o, a barragem de rejeitos I da Vale se rompeu e liberou cerca de 12 milh\u00f5es de metros c\u00fabicos de lama no ambiente, contaminando rios, matando animais e vegeta\u00e7\u00e3o e for\u00e7ando sobreviventes a se mudarem. <\/p>\n\n\n\n

No caso da Emicon, um rompimento tem potencial de causar danos numa propor\u00e7\u00e3o semelhante. Os rejeitos poderiam arrasar comunidades logo abaixo da estrutura, causar mortes, interromper pelo menos tr\u00eas trechos da rodovia Fern\u00e3o Dias e contaminar o sistema de \u00e1gua rio Manso, que abastece a Regi\u00e3o Metropolitana de Belo Horizonte.<\/p>\n\n\n\n

Sem atestado de estabilidade<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A pedido da DW Brasil, Carlos Barreira Martinez, especialista em barragens da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) avaliou as fotos feitas durante a reportagem que mostram a situa\u00e7\u00e3o da barragem.<\/p>\n\n\n\n

“H\u00e1 pelo menos uma trinca muito evidente com vegeta\u00e7\u00e3o interna, al\u00e9m dos cupinzeiros”, comenta Martinez sobre os pontos mais vis\u00edveis. “\u00c9 assustador e preocupante.”<\/p>\n\n\n\n

\"Barragem

N\u00e3o se sabe desde quando a barragem est\u00e1 abandonada
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Segundo Martinez, a inconformidade \u00e9 gritante. “As ra\u00edzes da vegeta\u00e7\u00e3o infiltram na estrutura, criam canais internos que podem dar in\u00edcio \u00e0 passagem de \u00e1gua e o efeito de ruptura”, diz sobre os riscos. “S\u00e3o necess\u00e1rias a\u00e7\u00f5es urgentes por parte do Estado e do propriet\u00e1rio. \u00c9 preciso descomissionar a barragem”, opina Martinez, ressaltando a import\u00e2ncia de uma visita t\u00e9cnica ao local e realiza\u00e7\u00f5es de ensaios para um diagn\u00f3stico preciso.<\/p>\n\n\n\n

No banco de dados da Ag\u00eancia Nacional de Minera\u00e7\u00e3o (ANM), o documento mais atual dispon\u00edvel para consulta informa que h\u00e1 “vistorias planejadas” nas estruturas B1-a, diques B3 e B4 da Emicon em Brumadinho.<\/p>\n\n\n\n

O alarme soou depois que a empresa respons\u00e1vel n\u00e3o entregou \u00e0 ag\u00eancia o resultado da chamada Inspe\u00e7\u00e3o de Seguran\u00e7a Regular, em que o empreendedor atesta a seguran\u00e7a da barragem. O prazo venceu em mar\u00e7o \u00faltimo.<\/p>\n\n\n\n

Foi ent\u00e3o que o Minist\u00e9rio P\u00fablico de Minas Gerais entrou com uma a\u00e7\u00e3o contra a Emicon. O processo cita uma nota t\u00e9cnica emitida pela ANM que diz ser “ineg\u00e1vel que a situa\u00e7\u00e3o deste conjunto de barragens \u00e9 de extrema preocupa\u00e7\u00e3o pelo seu car\u00e1ter de abandono e que s\u00e3o necess\u00e1rias v\u00e1rias a\u00e7\u00f5es para traz\u00ea-las para uma condi\u00e7\u00e3o de seguran\u00e7a e conforto para a sociedade e meio ambiente”.<\/p>\n\n\n\n

\"Infografik<\/figure>\n\n\n\n

Segundo o documento, a B1-a n\u00e3o \u00e9 de alteamento a montante – modelo que ruiu em Brumadinho, da mineradora Vale, e em Mariana, da Samarco, em 2015. Ainda assim, n\u00e3o h\u00e1 garantias.<\/p>\n\n\n\n

“Embora sejam barragens de constru\u00e7\u00e3o mais robustas, por n\u00e3o serem constru\u00eddas por alteamento a montante, a seguran\u00e7a de todas elas n\u00e3o est\u00e3o garantidas, sendo necess\u00e1rio o in\u00edcio imediato dos planos de a\u00e7\u00f5es propostos para cada uma das barragens constantes dos relat\u00f3rios de Inspe\u00e7\u00e3o de Seguran\u00e7a Regular […]\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Proximidade perigosa<\/strong><\/p>\n\n\n\n

No relat\u00f3rio feito ap\u00f3s a inspe\u00e7\u00e3o de t\u00e9cnicos da Defesa Civil, a recomenda\u00e7\u00e3o dada ao Minist\u00e9rio P\u00fablico \u00e9 que \u00f3rg\u00e3o solicite medidas urgentes. Segundo o documento, a indica\u00e7\u00e3o \u00e9 que os moradores sejam retirados imediatamente da \u00e1rea que seria atingida pela inunda\u00e7\u00e3o de rejeitos em caso de rompimento at\u00e9 que a Emicon tome as medidas para garantir a estabilidade das barragens.<\/p>\n\n\n\n

“A gente avaliou que a barragem n\u00e3o possui plano de emerg\u00eancia. Teremos que usar o plano de emerg\u00eancia da barragem a montante para instalar placas, sirenes, ver como est\u00e3o as estruturas abaixo dela\u201d, explica Lucas Rom\u00e1rio Lara, chefe da Defesa Civil de Brumadinho, \u00e0 DW Brasil.<\/p>\n\n\n\n

\"Vista

Rejeitos poderiam contaminar o sistema de \u00e1gua rio Manso, que abastece a Regi\u00e3o Metropolitana de Belo Horizonte
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A barragem a montante \u00e0 qual Lara se refere fica poucos metros acima da estrutura abandonada da Emicon e acumula rejeitos da Minera\u00e7\u00e3o Morro do Ip\u00ea. O trajeto at\u00e9 a \u00e1rea da antiga Emicon \u00e9 feito, ali\u00e1s, por dentro dessa mineradora.<\/p>\n\n\n\n

Questionada pela DW Brasil, a Minera\u00e7\u00e3o Morro do Ip\u00ea disse que “n\u00e3o tem qualquer rela\u00e7\u00e3o com a barragem da Emicon e apenas viabiliza o acesso ao local para as vistorias”. “Todas as barragens da Morro do Ip\u00ea s\u00e3o consideradas est\u00e1veis e monitoradas diariamente”, informou em nota.<\/p>\n\n\n\n

Ainda segundo a empresa, quando suas atividades come\u00e7aram nas minas Ip\u00ea e Tico-Tico, em 2016, a Emicon j\u00e1 tinha sua barragem instalada no terreno vizinho.<\/p>\n\n\n\n

Embora a Emicon esteja registrada num endere\u00e7o em Belo Horizonte, ningu\u00e9m da empresa foi localizado para comentar o assunto at\u00e9 o encerramento desta reportagem.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Com rachaduras e cupinzeiros, estrutura inutilizada abriga rejeitos de minera\u00e7\u00e3o pr\u00f3ximo a epicentro do desastre que deixou 270 mortos em janeiro. Em a\u00e7\u00e3o contra empresa respons\u00e1vel, MP diz que situa\u00e7\u00e3o \u00e9 preocupante. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":153321,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[553,240,4029,2453],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153320"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=153320"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153320\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":153322,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153320\/revisions\/153322"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/153321"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=153320"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=153320"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=153320"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}