{"id":153374,"date":"2019-08-13T14:00:49","date_gmt":"2019-08-13T17:00:49","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=153374"},"modified":"2019-08-12T23:07:39","modified_gmt":"2019-08-13T02:07:39","slug":"ondas-de-frio-tambem-sao-indicios-de-aquecimento-global-mostra-pesquisa","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/08\/13\/153374-ondas-de-frio-tambem-sao-indicios-de-aquecimento-global-mostra-pesquisa.html","title":{"rendered":"Ondas de frio tamb\u00e9m s\u00e3o ind\u00edcios de aquecimento global, mostra pesquisa"},"content":{"rendered":"\n
\"Bloco

M\u00e9tricas mostram que, desde os anos 1980, dias com recorde m\u00e1ximo de temperatura t\u00eam sido mais frequentes do que dias com recorde m\u00ednimo de temperatura – independentemente da regi\u00e3o do planeta
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A briga j\u00e1 se tornou habitual, principalmente nas redes sociais: diante de um dia mais frio, uma anormal frente fria ou um inverno mais rigoroso que o normal, negadores do aquecimento global aproveitam para atacar pesquisas sobre o assunto.<\/p>\n\n\n\n

Cientistas da \u00e1rea, contudo, apontam justamente o contr\u00e1rio: tais fen\u00f4menos meteorol\u00f3gicos s\u00e3o evid\u00eancia clara de que o aquecimento global existe, de que se trata de uma crise ambiental grave e de que estamos vivendo um per\u00edodo catastr\u00f3fico, na imin\u00eancia de um colapso clim\u00e1tico.<\/p>\n\n\n\n

A revista Nature Climate Change desta segunda-feira (12) traz mais uma pesquisa a se somar \u00e0s tantas realizadas sobre o tema.<\/p>\n\n\n\n

O trabalho – desenvolvido por cientistas da Universidade de Exeter, na Inglaterra, da Universidade de Groningen, na Holanda, do Centro Canadense para An\u00e1lise Clim\u00e1tica, no Canad\u00e1, do Instituto Meteorol\u00f3gico Real da Holanda e do Instituto de Pesquisa de Energia e Sustentabilidade em Groningen, tamb\u00e9m da Holanda – concluiu que mesmo as ondas de frio est\u00e3o no contexto da crise ambiental do aquecimento global.<\/p>\n\n\n\n

Exemplo do \u00c1rtico<\/h2>\n\n\n\n

Os cientistas tamb\u00e9m apontam que os dias mais frios t\u00eam sido exce\u00e7\u00e3o, n\u00e3o regra. “N\u00e3o tem havido um aumento global nos invernos frios, em tend\u00eancias de longo prazo”, afirma \u00e0 BBC News Brasil o pesquisador Russell Blackport, da Faculdade de Engenharia, Matem\u00e1tica e Ci\u00eancias F\u00edsicas da Universidade de Exeter.<\/p>\n\n\n\n

“Houve algumas regi\u00f5es que tiveram alguns invernos particularmente severos na \u00faltima d\u00e9cada, mas estes s\u00e3o aumentos de curto prazo, que refletem a variabilidade natural. Tend\u00eancias de longo prazo mostram que os invernos frios extremos est\u00e3o se tornando menos frequentes, e isso \u00e9 consistente com o aumento das temperaturas globais.”<\/p>\n\n\n\n

Diversos estudos cient\u00edficos comprovam que o planeta ficou 1 grau Celsius mais quente nos \u00faltimos 100 anos. M\u00e9tricas mostram que, desde os anos 1980, dias com recorde m\u00e1ximo de temperatura t\u00eam sido mais frequentes do que dias com recorde m\u00ednimo de temperatura – independentemente da regi\u00e3o do planeta.<\/p>\n\n\n\n

Contudo, um dia mais quente no \u00c1rtico pode trazer frio para regi\u00f5es cont\u00edguas. Ou seja: para a Europa e a Am\u00e9rica do Norte. \u00c9 um fen\u00f4meno f\u00edsico: o calor acaba fazendo com que o ar frio, antes concentrado no \u00c1rtico, se espalhe por outras regi\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

\"Derretimento
Diversos estudos cient\u00edficos comprovam que o planeta ficou 1 grau Celsius mais quente nos \u00faltimos 100 anos<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

E isso acarreta frentes frias fora do comum – como a onda de frio ocorrida na Europa em maio deste ano, com direito a neve em diversas localidades no per\u00edodo que deveria ser o auge da primavera.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas esmiu\u00e7aram esse fen\u00f4meno. Conclu\u00edram que o degelo n\u00e3o pode ser apontado como a causa de um dia frio. Os acontecimentos est\u00e3o em conson\u00e2ncia, porque ambos s\u00e3o culpa do atual contexto chamado de aquecimento global – mas que poderia ser tamb\u00e9m chamado de colapso clim\u00e1tico ou crise clim\u00e1tica.<\/p>\n\n\n\n

“Usamos tr\u00eas linhas de evid\u00eancias para concluir que a redu\u00e7\u00e3o do gelo no mar tem influ\u00eancia m\u00ednima nos invernos frios – muito embora a redu\u00e7\u00e3o do gelo nos mares tenda a coincidir com invernos frios”, pontua Russell.<\/p>\n\n\n\n

“Descobrimos que o calor tende a fluir da atmosfera para o oceano durantes os eventos frios, o oposto do que seria esperado se houvesse uma influ\u00eancia do gelo mar\u00edtimo. Constatamos tamb\u00e9m que o tempo frio come\u00e7a antes da redu\u00e7\u00e3o do gelo – mas n\u00e3o prossegue depois disso. Tamb\u00e9m realizamos modelagens para prever o cen\u00e1rio.”<\/p>\n\n\n\n

Segundo o pesquisador, todas as abordagens concordaram que a redu\u00e7\u00e3o das geleiras tem “influ\u00eancia m\u00ednima” sobre os invernos frios.<\/p>\n\n\n\n

Argumentos cientificamente errados<\/h2>\n\n\n\n

Esse tipo de fen\u00f4meno, de dias mais frios, acaba suscitando argumentos justamente por quem n\u00e3o acredita – por raz\u00f5es pessoais, interesses pol\u00edticos e econ\u00f4micos ou simplesmente ideologia – nas evid\u00eancias de que o planeta vive um forte aquecimento.<\/p>\n\n\n\n

“Se o mundo est\u00e1 ficando mais quente, por que, ent\u00e3o, est\u00e1 fazendo tanto frio nos Estados Unidos?”, twittou recentemente o presidente americano Donald Trump, em meio a uma onda de frio ocorrida no pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Questionamentos semelhantes tamb\u00e9m t\u00eam sido recorrentes nos c\u00edrculos do poder brasileiro. “S\u00f3 por curiosidade: quando est\u00e1 quente a culpa \u00e9 sempre do poss\u00edvel aquecimento global e quando est\u00e1 frio fora do normal, como \u00e9 que se chama?”, escreveu, tamb\u00e9m no Twitter, o vereador Carlos Bolsonaro, um dos cinco filhos do presidente Jair Bolsonaro.<\/p>\n\n\n\n

\"Ernesto
‘N\u00e3o acredito em aquecimento global. Vejam que fui a Roma em maio e estava tendo uma onda de frio enorme’, disse Ernesto Ara\u00fajo em reuni\u00e3o com especialistas no Itamaraty<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Outro c\u00e9tico assumido do tema \u00e9 o diplomata Ernesto Ara\u00fajo, atual ministro das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores do Brasil. Em uma recente reuni\u00e3o junto a especialistas do Itamaraty, ele usou uma observa\u00e7\u00e3o pessoal para tentar desmentir o consenso cient\u00edfico ambiental internacional.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o acredito em aquecimento global. Vejam que fui a Roma em maio e estava tendo uma onda de frio enorme. Isso mostra como as teorias do aquecimento global est\u00e3o erradas. Isso a m\u00eddia n\u00e3o noticia”, afirmou ele.<\/p>\n\n\n\n

Para os cientistas, esse tipo de racioc\u00ednio n\u00e3o encontra ecos nas aferi\u00e7\u00f5es globais. “\u00c9 um argumento que comete o erro comum de confundir tempo com clima”, explica Blackpor, diante da repercuss\u00e3o internacional da declara\u00e7\u00e3o do ministro brasileiro.<\/p>\n\n\n\n

“O tempo descreve a atmosfera em escalas curtas – dia a dia, semana a semana – enquanto o clima descreve as estat\u00edsticas em escalas de tempo muito mais longas, geralmente de mais de 30 anos. Eventos clim\u00e1ticos de curto prazo que podem causar temperaturas extremas sempre ocorreram e continuar\u00e3o ocorrendo no futuro. Contudo, tend\u00eancias de longo prazo no clima mostram que dias de frio extremo est\u00e3o se tornando menos prov\u00e1veis e menos intensos, o que \u00e9 consistente com o aumento global das temperaturas.”<\/p>\n\n\n\n

Degelo e anomalias<\/h2>\n\n\n\n

Uma potencial conex\u00e3o entre a perda de gelo do \u00c1rtico e ondas de tempo frio no hemisf\u00e9rio norte tem sido objeto de estudos h\u00e1 algum tempo – observa\u00e7\u00f5es mostram que sempre que h\u00e1 uma diminui\u00e7\u00e3o da cobertura de gelo na regi\u00e3o, \u00e1reas pr\u00f3ximas sofrem com baixas temperaturas.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisa divulgada nesta segunda se baseou em uma grande quantidade de dados clim\u00e1ticos. Isso significa uma vasta gama de aferi\u00e7\u00f5es, tanto geograficamente quando cronologicamente. Assim, os cientistas podem realizar conex\u00f5es estat\u00edsticas e comprovar curvas de aquecimento – sem ru\u00eddos suscitados por varia\u00e7\u00f5es pontuais.<\/p>\n\n\n\n

No caso do \u00c1rtico, os dados levam \u00e0 conclus\u00e3o de que invernos relativamente frios ocorrem de forma simult\u00e2nea a momentos de decl\u00ednio de gelo na regi\u00e3o – mas um n\u00e3o \u00e9 a causa do outro.<\/p>\n\n\n\n

Ambos s\u00e3o decorrentes, na verdade, de anomalias de grande escala na circula\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica, conforme pontua comunicado distribu\u00eddo pela Universidade de Groningen.<\/p>\n\n\n\n

Olhando por outro lado, h\u00e1 uma not\u00edcia que pode ser parcialmente alentadora.<\/p>\n\n\n\n

“Nossas descobertas mostram que uma diminui\u00e7\u00e3o do gelo do \u00c1rtico em um futuro pr\u00f3ximo n\u00e3o levar\u00e1 a mais e intensas ondas de frio no inverno”, acredita o pesquisador Richard Bintanja, professor da universidade holandesa e coautor da pesquisa. “Afinal, o degelo do \u00c1rtico \u00e9 resultado de circula\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica de padr\u00f5es incomuns, e n\u00e3o sua causa.”<\/p>\n\n\n\n

Parcialmente alentadora porque se o degelo n\u00e3o ir\u00e1 causar invernos mais rigorosos ainda, isso n\u00e3o significa que os problemas clim\u00e1ticos n\u00e3o ir\u00e3o continuar. Muito pelo contr\u00e1rio. “H\u00e1 muitas raz\u00f5es para se preocupar com a perda dram\u00e1tica do gelo do \u00c1rtico”, pontua o professor da Universidade de Exeter James Screen, tamb\u00e9m participante da pesquisa.<\/p>\n\n\n\n

“A correla\u00e7\u00e3o entre a redu\u00e7\u00e3o do gelo marinho e os invernos frios n\u00e3o significa que um esteja causando o outro”, completa Russell. “Mostramos que a causa real \u00e9 a mudan\u00e7a na atmosfera, que leva o ar quente para o \u00c1rtico e traz o ar frio para as latitudes m\u00e9dias.” Ou seja: o aquecimento global.<\/p>\n\n\n\n

O comunicado divulgado pela Universidade de Exeter enfatiza que, “nas \u00faltimas d\u00e9cadas, o \u00c1rtico sofreu um aquecimento das temperaturas por causa das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, o que levou a um grande decl\u00ednio na cobertura de gelo”.<\/p>\n\n\n\n

“Essa redu\u00e7\u00e3o na cobertura de gelo implica no aumento das \u00e1reas de mar aberto – o que, por sua vez, permite que o oceano perca mais calor para a atmosfera no inverno”, aponta o texto. “Isso pode alterar o clima, mesmo fora do \u00c1rtico.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A briga j\u00e1 se tornou habitual, principalmente nas redes sociais: diante de um dia mais frio, uma anormal frente fria ou um inverno mais rigoroso que o normal, negadores do aquecimento global aproveitam para atacar pesquisas sobre o assunto. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":153375,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[476,549,127,382],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153374"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=153374"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153374\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":153376,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153374\/revisions\/153376"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/153375"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=153374"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=153374"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=153374"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}