{"id":153415,"date":"2019-08-15T19:00:49","date_gmt":"2019-08-15T22:00:49","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=153415"},"modified":"2019-08-14T22:28:26","modified_gmt":"2019-08-15T01:28:26","slug":"seis-vulcoes-submarinos-escondidos-bem-debaixo-de-nossos-olhos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/08\/15\/153415-seis-vulcoes-submarinos-escondidos-bem-debaixo-de-nossos-olhos.html","title":{"rendered":"Seis vulc\u00f5es submarinos escondidos bem debaixo de nossos olhos"},"content":{"rendered":"\n
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Um mergulhador do ex\u00e9rcito italiano, Carabinieri, coleta rochas de um dos vulc\u00f5es rec\u00e9m-descobertos, Actea, em fevereiro de 2019. Ao estudar a qu\u00edmica das rochas, a equipe espera entender melhor quando erup\u00e7\u00f5es anteriores ocorreram e saber mais sobre a evolu\u00e7\u00e3o do sistema vulc\u00e2nico.
FOTO DE\u00a0OF EMANUELE LODOLO<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Quando o monte rochoso balan\u00e7ou em sua tela de computador a bordo da embarca\u00e7\u00e3o R\/V OGS Explora, o geof\u00edsico\u00a0Emanuele Lodolo\u00a0n\u00e3o conseguiu acreditar no que via. A apenas cerca de 6,4 quil\u00f4metros da costa da Sic\u00edlia, a equipe havia trope\u00e7ado em um vulc\u00e3o ainda desconhecido, que possu\u00eda um fluxo de lava solidificado ao longo de cerca de 4 quil\u00f4metros a oeste no leito do mar.<\/p>\n\n\n\n

“Ficamos muito surpresos, pois realmente est\u00e1vamos muito perto da costa”, diz Lodolo, pesquisador do Instituto Nacional de Oceanografia e Geof\u00edsica Experimental da It\u00e1lia.<\/p>\n\n\n\n

A estrutura, batizada de Actea, \u00e9 um dos seis vulc\u00f5es recentemente descobertos durante uma atividade de mapeamento da paisagem submarina do Canal da Sic\u00edlia, uma movimentada via naveg\u00e1vel na costa sudoeste da ilha. Embora Actea seja a estrutura localizada mais pr\u00f3ximo da costa, as demais foram todas encontradas no lado noroeste do canal, a 22,5 quil\u00f4metros da terra firme, relatam pesquisadores no peri\u00f3dico Marine Geology<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Os vulc\u00f5es n\u00e3o s\u00e3o especialmente altos, comparativamente falando, atingindo cerca de 15,8 a 106,6 metros de altura a partir do leito do mar. Mas, pelo fato de estarem localizados em um canal raso, seus topos n\u00e3o ficam em \u00e1guas muito profundas; o pico do Actea \u00e9 o mais superficial a apenas 33,5 metros de profundidade.<\/p>\n\n\n\n

As erup\u00e7\u00f5es desses vulc\u00f5es submarinos podem representar riscos \u00e0s embarca\u00e7\u00f5es que navegam pela regi\u00e3o e \u00e0s popula\u00e7\u00f5es pr\u00f3ximas. Lodolo adverte que mais estudos s\u00e3o necess\u00e1rios para entender melhor os poss\u00edveis riscos que as estruturas rec\u00e9m-encontradas oferecem, e outros ge\u00f3logos concordam que, se houver risco, provavelmente \u00e9 m\u00ednimo. Mas a revela\u00e7\u00e3o de que seis vulc\u00f5es se escondem sob uma regi\u00e3o de alto tr\u00e1fego mar\u00edtimo ressalta a import\u00e2ncia de explorar completamente o que est\u00e1 por baixo das ondas.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c0s vezes, quando voc\u00ea observa uma \u00e1rea relativamente desconhecida, n\u00e3o tem ideia do que pode encontrar”, diz\u00a0Jackie Caplan-Auerbach\u00a0da Universidade Western Washington, que estuda vulc\u00f5es submarinos. \u201cO oceano possui grandes mist\u00e9rios ainda n\u00e3o desvendados\u201d.<\/p>\n\n\n\n

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A peculiaridade geol\u00f3gica da It\u00e1lia<\/h3>\n\n\n\n

A presen\u00e7a de mais seis vulc\u00f5es pr\u00f3ximo \u00e0 It\u00e1lia talvez n\u00e3o seja t\u00e3o surpreendente, j\u00e1 que estruturas desse tipo salpicam a paisagem. A palavra “vulc\u00e3o” tem suas ra\u00edzes na fumegante ilha de\u00a0Vulcano, ao norte da Sic\u00edlia, um local onde o deus romano do fogo, Vulcano, supostamente fabricava armas.<\/p>\n\n\n\n

O vulcanismo da It\u00e1lia se deve ao fato de o pa\u00eds estar pr\u00f3ximo a um ponto de colis\u00e3o entre v\u00e1rias\u00a0placas tect\u00f4nicas\u00a0\u2014 fragmentos da crosta terrestre e do manto superior envolvidos em um paralelo geol\u00f3gico ao \u201ccarrinho de bate-bate\u201d. Nos locais onde as placas colidem, uma geralmente mergulha por debaixo da outra, formando o que se conhece como zona de subduc\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Mas, na It\u00e1lia, a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 especialmente complexa. O pa\u00eds fica onde as placas euroasi\u00e1tica e africana colidem, e a pequena\u00a0microplaca do Adri\u00e1tico\u00a0est\u00e1 aninhada entre as duas, a leste da It\u00e1lia, onde discretamente gira no sentido anti-hor\u00e1rio. A situa\u00e7\u00e3o fica ainda mais complicada no sul da Sic\u00edlia. L\u00e1, o leito do mar est\u00e1 come\u00e7ando a se separar, formando o que se conhece por fratura, devido a uma discreta rota\u00e7\u00e3o no sentido hor\u00e1rio das regi\u00f5es situadas a sudeste da Sic\u00edlia.<\/p>\n\n\n\n

“As coisas est\u00e3o bem estranhas”, diz o vulcan\u00f3logo\u00a0Boris Behncke, do Instituto Nacional de Geof\u00edsica e Vulcanologia da It\u00e1lia, por mensagem direta do Twitter.<\/p>\n\n\n\n

Basicamente, a superf\u00edcie movedi\u00e7a est\u00e1 espremendo e puxando a regi\u00e3o de v\u00e1rias maneiras, provocando o surgimento de vulc\u00f5es tanto no mar quanto na costa. Embora a maior parte dos vulc\u00f5es submarinos do Canal da Sic\u00edlia esteja em sil\u00eancio desde o in\u00edcio dos registros escritos, um deles ganhou vida em 1831, formando a ilha de Ferdinandea, agora submersa, a cerca de 40 quil\u00f4metros da costa.<\/p>\n\n\n\n

Pequeninas b\u00fassolas<\/h3>\n\n\n\n

As estruturas rec\u00e9m-descobertas ficam mais perto da costa do que esses vulc\u00f5es submarinos anteriormente conhecidos, entre uma s\u00e9rie de falhas orientadas para o norte e para o sul, que os pesquisadores acreditam terem sido respons\u00e1veis por conduzir o magma expelido. Em duas viagens realizadas para fins de pesquisa em agosto de 2017 e fevereiro de 2018, a equipe estudou essas estruturas nos m\u00ednimos detalhes. Primeiro, eles mapearam as diferentes superf\u00edcies encontradas, criando mapas em 3D da topografia submarina \u2014 crateras, fluxos de lava, sinais de deslizamentos e outros aspectos.<\/p>\n\n\n\n

Em seguida, utilizaram an\u00e1lise magn\u00e9tica para confirmar se as estruturas eram realmente vulc\u00f5es e n\u00e3o apenas encostas submarinas. As rochas \u00edgneas, formadas a partir da cristaliza\u00e7\u00e3o de lava ou magma, cont\u00eam uma boa quantidade de minerais magn\u00e9ticos. Conforme as rochas esfriam, os minerais magn\u00e9ticos agem como pequenas agulhas de b\u00fassola, codificando a\u00a0orienta\u00e7\u00e3o do campo magn\u00e9tico da Terra, explica Caplan-Auerbach.<\/p>\n\n\n\n

“Eles meio que se curvam para o norte magn\u00e9tico e ent\u00e3o se solidificam no lugar”, diz ela.<\/p>\n\n\n\n

Isso significa que uma l\u00e2mina ou monte de rocha vulc\u00e2nica, onde todas essas min\u00fasculas b\u00fassolas se alinham, teria uma forte anomalia magn\u00e9tica \u2014 e foi exatamente o que a equipe observou ao analisar os l\u00f3bulos.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas tamb\u00e9m mapearam a subsuperf\u00edcie rasa em perfis s\u00edsmicos de alta resolu\u00e7\u00e3o, emitindo sons a uma frequ\u00eancia capaz de penetrar o leito do mar e repercutir, revelando diferentes camadas de sedimentos e rochas. Lodolo compara o sistema a tirar uma radiografia da Terra, recurso que lhes permite distinguir as delicadas estruturas abaixo da superf\u00edcie.<\/p>\n\n\n\n

Anatomia de um vulc\u00e3o<\/h3>\n\n\n\n

A partir dessas an\u00e1lises, a equipe deduziu que cinco dos vulc\u00f5es parecem ter entrado em erup\u00e7\u00e3o apenas uma vez por volta do \u00daltimo M\u00e1ximo Glacial, cerca de 20 mil anos atr\u00e1s. Eles provavelmente s\u00e3o um tipo de vulc\u00e3o conhecido como vulc\u00e3o monog\u00eanico, que normalmente se forma como um conjunto de cones, e cada cone entra em erup\u00e7\u00e3o apenas uma vez antes de ficar inativo. Atividade recente na regi\u00e3o geralmente significa o nascimento de um novo cone vulc\u00e2nico.<\/p>\n\n\n\n

\u201cDe vez em quando, surge uma \u00e1rea e um novo vulc\u00e3o \u00e9 formado”, explica\u00a0Bill Chadwick, ge\u00f3logo especializado em processos do leito do mar no Laborat\u00f3rio Ambiental Marinho do Pac\u00edfico da NOAA.<\/p>\n\n\n\n

No entanto Actea pode ter entrado em erup\u00e7\u00e3o novamente em uma data posterior, conforme evidenciado pelo fluxo de lava de 4 quil\u00f4metros de comprimento que a equipe encontrou solidificado perto de sua encosta. Atualmente, \u00e9 o maior fluxo j\u00e1 encontrado no noroeste do Canal da Sic\u00edlia, de acordo com Lodolo, que compara o tamanho do fluxo com o de fluxos expelidos por gigantes italianos, incluindo o Ves\u00favio e o Monte Etna.<\/p>\n\n\n\n

Actea e um de seus vizinhos vulc\u00e2nicos, chamado Climene, possuem outra caracter\u00edstica fascinante: bolhas saindo de suas crateras. Sem an\u00e1lise qu\u00edmica das bolhas, no entanto, \u00e9 dif\u00edcil identificar sua fonte, adverte Caplan-Auerbach. \u00c9 poss\u00edvel que elas sejam o resultado de atividade biog\u00eanica que libera g\u00e1s metano, mas tamb\u00e9m podem ser causadas pela atividade hidrot\u00e9rmica.<\/p>\n\n\n\n

Caso essa \u00faltima seja confirmada, “significa que eles n\u00e3o est\u00e3o totalmente inativos”, diz Chadwick, embora tal atividade n\u00e3o seja evid\u00eancia de uma erup\u00e7\u00e3o iminente, mas sinalize a presen\u00e7a de rochas quentes a grandes profundidades no interior das estruturas.<\/p>\n\n\n\n

Em seguida, Lodolo e sua equipe esperam estudar o g\u00e1s expelido desses sistemas para entender melhor sua origem. Eles tamb\u00e9m planejam estudar a qu\u00edmica das rochas para entender quando ocorreram erup\u00e7\u00f5es anteriores e saber mais sobre a evolu\u00e7\u00e3o desses vulc\u00f5es. Afinal, uma an\u00e1lise mais detalhada das estruturas poderia fornecer pistas sobre o vulcanismo na Sic\u00edlia e talvez em outras regi\u00f5es do mundo.<\/p>\n\n\n\n

“Examinar as intera\u00e7\u00f5es entre todos esses processos significa montar mais uma pe\u00e7a no quebra-cabe\u00e7a que \u00e9 o nosso planeta”, diz Caplan-Auerbach. “E quanto mais pe\u00e7as conseguimos montar, mais clara fica a imagem.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic – Maya Wei-Haas <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

\u00c0 espreita sob uma movimentada via naveg\u00e1vel, a descoberta destaca os in\u00fameros mist\u00e9rios ainda n\u00e3o desvendados nos oceanos. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":153416,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[1497,1271,371],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153415"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=153415"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153415\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":153417,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153415\/revisions\/153417"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/153416"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=153415"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=153415"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=153415"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}