{"id":153553,"date":"2019-08-22T18:18:25","date_gmt":"2019-08-22T21:18:25","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=153553"},"modified":"2019-08-21T21:26:03","modified_gmt":"2019-08-22T00:26:03","slug":"incendios-florestais-estao-cada-vez-mais-intensos-ate-mesmo-para-animais-adaptados-ao-fogo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/08\/22\/153553-incendios-florestais-estao-cada-vez-mais-intensos-ate-mesmo-para-animais-adaptados-ao-fogo.html","title":{"rendered":"Inc\u00eandios florestais est\u00e3o cada vez mais intensos \u2014 at\u00e9 mesmo para animais adaptados ao fogo"},"content":{"rendered":"\n

PENSE NAS FLORESTAS de con\u00edferas do oeste norte-americano e voc\u00ea provavelmente imaginar\u00e1 \u00e1rvores altas, o ch\u00e3o da floresta coberto de folhas de pinheiro e pinhas, ursos-negros, on\u00e7as-pardas, sapos coaxando e p\u00e1ssaros-azuis-da-montanha. Inc\u00eandios florestais naturais tamb\u00e9m devem fazer parte do cen\u00e1rio imaginado. Ao longo de milh\u00f5es de anos, as florestas do oeste da Am\u00e9rica do Norte se adaptaram \u00e0s queimadas rotineiras causadas por raios, permitindo a manuten\u00e7\u00e3o de uma variedade de plantas antigas, de meia-idade e jovens, que sustentam uma enorme quantidade de esp\u00e9cies animais.<\/p>\n\n\n\n

Muitos dos animais que formam seus lares nessas florestas dependem do dist\u00farbio causado pelas chamas \u2014 ou pelo menos conseguem toler\u00e1-lo. Um deles \u00e9 o\u00a0pica-pau-de-dorso-preto, que h\u00e1 d\u00e9cadas \u00e9 considerado um \u00f3timo exemplo de uma esp\u00e9cie que requer \u00e1reas queimadas para sobreviver. Ele se alimenta principalmente das larvas de besouros que colonizam \u00e1rvores mortas e em decomposi\u00e7\u00e3o ap\u00f3s os inc\u00eandios florestais e abre buracos em \u00e1rvores mortas para fazer seus ninhos.<\/p>\n\n\n\n

E, embora essa esp\u00e9cie realmente dependa de \u00e1reas queimadas, o que ela realmente precisa \u00e9 de pirodiversidade \u2014 um mosaico de \u00e1reas queimadas e n\u00e3o queimadas. Em um\u00a0estudo\u00a0publicado em 6 de agosto na revista cient\u00edfica\u00a0The Condor<\/em>, os pesquisadores estudaram como os\u00a0habitats<\/em>\u00a0afetam a escolha dos locais de nidifica\u00e7\u00e3o dos pica-paus. Eles observaram que os pica-paus-de-dorso-preto preferem fazer ninhos ao longo do limite de \u00e1reas queimadas, a cerca de 500 metros de \u00e1reas com \u00e1rvores vivas e preservadas.<\/p>\n\n\n\n

“Estamos descobrindo que a pirodiversidade \u00e9 um componente realmente importante do\u00a0habitat<\/em>\u00a0dos animais silvestres ap\u00f3s um inc\u00eandio”, diz o autor principal do estudo,\u00a0Andrew Stillman, estudante de p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Connecticut. Embora os inc\u00eandios florestais estejam se tornando cada vez mais comuns, a pirodiversidade \u00e9 menor porque os inc\u00eandios est\u00e3o mais intensos e maiores do que costumavam ser, resultando em uma zona de queima mais homog\u00eanea. Stillman diz que compreender os impactos ecol\u00f3gicos desses novos tipos de inc\u00eandios florestais \u00e9 primordial para ajudar na recupera\u00e7\u00e3o dos animais ap\u00f3s as queimadas e ajudar os propriet\u00e1rios de terras a equilibrar as demandas da vida selvagem e dos seres humanos.<\/p>\n\n\n\n

Inc\u00eandios mais intensos que se propagam mais r\u00e1pido<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

Os padr\u00f5es de queima florestal mudaram consideravelmente nos \u00faltimos anos. Al\u00e9m dos inc\u00eandios naturais, as florestas tamb\u00e9m precisam enfrentar inc\u00eandios iniciados pelo homem, de forma intencional e acidental. E devido a mais de um s\u00e9culo de pr\u00e1ticas que visam a evitar inc\u00eandios, muitas florestas agora cont\u00eam enormes reservas de combust\u00edvel n\u00e3o queimado. Isso significa que quando ocorrem inc\u00eandios, eles tendem a ser mais intensos e a durar mais, al\u00e9m de fazer com que a propaga\u00e7\u00e3o ocorra mais rapidamente.<\/p>\n\n\n\n

“Ser\u00e1 dif\u00edcil encontrar um cientista que diga que a supress\u00e3o de inc\u00eandios, do jeito que foi realizada, \u00e9 uma coisa boa”, diz\u00a0Gavin Jones, ecologista da vida selvagem da Universidade da Fl\u00f3rida, que n\u00e3o participou do estudo. Quando os inc\u00eandios florestais seguem o seu curso, a floresta se regenera naturalmente, proporcionando\u00a0habitat<\/em>\u00a0para esp\u00e9cies como pica-paus-de-dorso-preto e veados-mulas, que gostam de procurar alimento em meio \u00e0 rebrota de plantas ap\u00f3s um inc\u00eandio.<\/p>\n\n\n\n

Acrescente secas prolongadas e ver\u00f5es mais longos e mais quentes \u2014 ambos consequ\u00eancias das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas \u2014 e temos uma receita para um tipo de queimada muito diferente daquele ao qual o ecossistema se adaptou. At\u00e9 mesmo para esp\u00e9cies adaptadas ao fogo, como o pica-pau-de-dorso-preto, esses novos inc\u00eandios podem se tornar muito frequentes e muito severos \u2014 embora, pelo menos por enquanto, a sobreviv\u00eancia dos filhotes n\u00e3o pare\u00e7a estar sendo gravemente afetada, segundo o estudo.<\/p>\n\n\n\n

Cobertura florestal<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

Os pesquisadores acreditam que ao fazerem ninho pr\u00f3ximo ao limite da floresta queimada, os pica-paus-de-dorso-preto estejam garantindo a possibilidade de vigiar seus filhotes depois que eles aprendem a voar.<\/p>\n\n\n\n

Os pais usam as \u00e1reas queimadas porque podem encontrar, em madeiras mortas e queimadas, as larvas de besouros que tanto adoram comer. “Mas os filhotes, assim que saem do ninho, v\u00e3o direto a \u00e1reas [com queimadas] de baixa intensidade”, diz Stillman. Ele suspeita que a cobertura extra oferecida pelos densos doss\u00e9is florestais os ajuda a evitar a preda\u00e7\u00e3o por aves de rapina durante um dos per\u00edodos mais vulner\u00e1veis de suas vidas.<\/p>\n\n\n\n

Jones diz que essas descobertas \u201cconferem algumas nuances importantes ao conhecimento que temos sobre o habitat<\/em> do pica-pau-de-dorso-preto e nos oferecem a possibilidade de descobrir o que deve ser feito em \u00e1reas afetadas por inc\u00eandios para alcan\u00e7ar m\u00faltiplos objetivos, que \u00e0s vezes competem uns com os outros”.<\/p>\n\n\n\n

De fato, Stillman ressalta que os propriet\u00e1rios de terras podem usar essas informa\u00e7\u00f5es para equilibrar as necessidades de esp\u00e9cies adaptadas ao fogo, incluindo os pica-paus-de-dorso-preto, com atividades p\u00f3s-inc\u00eandio, como a extra\u00e7\u00e3o de madeiras n\u00e3o afetadas.<\/p>\n\n\n\n

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Pica-paus-de-dorso-preto preferem fazer ninhos em \u00e1reas florestais queimadas pr\u00f3ximo a \u00e1rvores n\u00e3o queimadas.FOTO DE\u00a0ROBERT ROYSE, MINDEN PICTURES<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"