{"id":153744,"date":"2019-09-04T12:09:12","date_gmt":"2019-09-04T15:09:12","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=153744"},"modified":"2019-09-03T22:14:13","modified_gmt":"2019-09-04T01:14:13","slug":"amazonia-pode-ser-menos-resistente-ao-efeito-estufa-do-que-se-pensava","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/09\/04\/153744-amazonia-pode-ser-menos-resistente-ao-efeito-estufa-do-que-se-pensava.html","title":{"rendered":"Amaz\u00f4nia pode ser menos resistente ao efeito estufa do que se pensava"},"content":{"rendered":"\n
\"Torre

Torre do projeto Amazon-Face na Amaz\u00f4nia: fase de campo do estudo sofre com falta de recursos
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Um estudo publicado pela revista cient\u00edfica\u00a0Nature Geoscience,\u00a0\u00a0capa da edi\u00e7\u00e3o de setembro, indica\u00a0que a\u00a0Floresta Amaz\u00f4nica pode ser menos resistente \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas do que se pensava.<\/p>\n\n\n\n

Os autores do estudo conclu\u00edram que a quantidade de f\u00f3sforo presente no solo est\u00e1 ligada \u00e0 capacidade da floresta de absorver di\u00f3xido de carbono (CO2), um dos gases respons\u00e1veis pelo efeito estufa no planeta.<\/p>\n\n\n\n

Conforme o pesquisador David Lapola, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos 28 cientistas que assinam o estudo, com menos f\u00f3sforo dispon\u00edvel para as plantas, a capacidade de absor\u00e7\u00e3o do CO2, necess\u00e1rio para a realiza\u00e7\u00e3o da fotoss\u00edntese, pode ser limitada, em m\u00e9dia, a 50%. <\/p>\n\n\n\n

Na pr\u00e1tica, se a mata absorve menos CO2, tende a contribuir tamb\u00e9m em menor parcela para a redu\u00e7\u00e3o dos gases de efeito estufa no planeta. Al\u00e9m disso, o fen\u00f4meno lan\u00e7a d\u00favidas sobre hip\u00f3teses que sugerem que o aumento do g\u00e1s carb\u00f4nico na atmosfera seria, na realidade, ben\u00e9fico para as plantas, que absorvem CO2 para fazer a fotoss\u00edntese e, assim, poderiam se tornar mais vigorosas.<\/p>\n\n\n\n

Essas hip\u00f3teses consideram que, com mais vigor, as florestas se adaptariam melhor \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e se tornariam mais resistentes aos impactos do efeito estufa, como menos chuvas, temperaturas mais altas e a transforma\u00e7\u00e3o de parte das florestas \u00famidas em savanas.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, ao identificar que a baixa concentra\u00e7\u00e3o de f\u00f3sforo no solo pode limitar a capacidade de absor\u00e7\u00e3o de CO2, novas perguntas surgem na comunidade cient\u00edfica.<\/p>\n\n\n\n

“A maior parte dos resultados de impactos que as mudan\u00e7as do clima podem ter na floresta vem de simula\u00e7\u00f5es em modelos, feitas h\u00e1 quase 20 anos. Elas colocam que se o efeito de fertiliza\u00e7\u00e3o por g\u00e1s carb\u00f4nico existir e for forte o suficiente poderia contrabalancear o ciclo ruim de aumento de temperatura e redu\u00e7\u00e3o de chuva. A\u00ed, a floresta permaneceria mais ou menos do jeito que ela \u00e9”, explica Lapola.<\/p>\n\n\n\n

“O problema \u00e9 que essas simula\u00e7\u00f5es feitas l\u00e1 atr\u00e1s consideravam que o efeito de fertiliza\u00e7\u00e3o por CO2 era algo que n\u00e3o tinha limita\u00e7\u00e3o. Mas este estudo nosso mostra que pode haver uma limita\u00e7\u00e3o forte causada por nutrientes, o f\u00f3sforo \u00e9 o principal deles”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

Baixa concentra\u00e7\u00e3o de f\u00f3sforo<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A causa da baixa concentra\u00e7\u00e3o de f\u00f3sforo no solo amaz\u00f4nico \u00e9 um fen\u00f4meno natural, afirma o cientista. Diferentemente do ciclo do carbono e da \u00e1gua, que apresentam fases atmosf\u00e9ricas, isto \u00e9, evaporam e retornam depois ao solo, o f\u00f3sforo est\u00e1 nas rochas. Com a eros\u00e3o natural, as rochas ricas em nutrientes se desmancharam, e o mineral foi lavado pelas chuvas ao longo das eras geol\u00f3gicas. N\u00e3o h\u00e1 o que possa ser feito para reverter o quadro.<\/p>\n\n\n\n

“Esses solos foram t\u00e3o lavados pelas chuvas nas eras geol\u00f3gicas, que praticamente tudo o que existe do mineral na floresta est\u00e1 na vegeta\u00e7\u00e3o. Por isso, quando voc\u00ea vai a uma floresta assim, voc\u00ea v\u00ea uma camada muito densa de ra\u00edzes no meio da folhagem seca que caiu. At\u00e9 mesmo quando cai um galho de uma \u00e1rvore, n\u00e3o d\u00e1 nem 15 dias e j\u00e1 tem um monte de ra\u00edzes dentro desse galho. S\u00e3o as \u00e1rvores pegando o f\u00f3sforo que est\u00e1 dentro dessa biomassa, porque no solo n\u00e3o tem quase nada”, diz.<\/p>\n\n\n\n

Conforme o pesquisador, j\u00e1 \u00e9 conhecido pelos cientistas que 60% do solo amaz\u00f4nico, especialmente nas regi\u00f5es leste, sul e central, apresentam a maior car\u00eancia da subst\u00e2ncia. Essas s\u00e3o justamente as regi\u00f5es mais afetadas pelo desmatamento nos \u00faltimos 30 anos e focos de queimadas registrados nas \u00faltimas semanas. <\/p>\n\n\n\n

Com os inc\u00eandios, parte do f\u00f3sforo at\u00e9 permanece nas cinzas, mas em poucos anos se dilui e n\u00e3o pode mais ser reaproveitado pela floresta, interrompendo o mecanismo de reciclagem natural.<\/p>\n\n\n\n

Na avalia\u00e7\u00e3o de Lapola, essas interfer\u00eancias humanas apenas pioram o quadro, porque hoje \u00e9 justamente na vegeta\u00e7\u00e3o onde se encontra a maior reserva amaz\u00f4nica de f\u00f3sforo.<\/p>\n\n\n\n

Fase de campo n\u00e3o tem recursos para prosseguir<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m assinam o artigo da Nature Geoscience<\/em> Katrin Fleischer, da Universidade T\u00e9cnica de Munique, pesquisadores da Universidade de Augsburg e do Instituto de Bioqu\u00edmica Max Planck, da Alemanha, al\u00e9m de institui\u00e7\u00f5es de Austr\u00e1lia, Estados Unidos, Fran\u00e7a, \u00c1ustria e Reino Unido.<\/p>\n\n\n\n

\"Pesquisadores<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Pesquisadores do projeto Amazon-Face, que testar\u00e1 emiss\u00e3o de grandes quantidades de CO2 na floresta para avaliar rea\u00e7\u00e3o \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas<\/p>\n\n\n\n

Os resultados do estudo foram obtidos por meio de simula\u00e7\u00f5es feitas em computador, considerando c\u00e1lculos de n\u00edveis de fotoss\u00edntese, ac\u00famulo de biomassa, inje\u00e7\u00e3o de diferentes n\u00edveis de g\u00e1s carb\u00f4nico e dados j\u00e1 dispon\u00edveis a respeito das condi\u00e7\u00f5es geol\u00f3gicas da \u00e1rea central da Amaz\u00f4nia. O pr\u00f3ximo passo \u00e9 testar em campo o que foi verificado nas simula\u00e7\u00f5es, dentro da floresta. Mas justamente a\u00ed est\u00e1 a dificuldade para os pesquisadores avan\u00e7arem, por falta de recursos.<\/p>\n\n\n\n

Desde 2014,\u00a0o projeto Amazon-Face, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz\u00f4nia (Inpa), com apoio de universidades brasileiras, europeias e americanas, tem como objetivo testar\u00a0como a vegeta\u00e7\u00e3o da Amaz\u00f4nia responde a altos n\u00edveis de CO2.<\/p>\n\n\n\n

Por meio de torres de 30 metros de altura numa \u00e1rea ao norte de Manaus, na Amaz\u00f4nia Central, os cientistas projetam borrifar o g\u00e1s e, assim, fertilizar as \u00e1rvores do entorno para avaliar se h\u00e1 aumento de biomassa. Com a nova descoberta relacionada \u00e0 escassez do f\u00f3sforo, o experimento tamb\u00e9m ajudar\u00e1 a identificar o quanto exatamente a car\u00eancia do mineral no solo local interfere na absor\u00e7\u00e3o de CO2.<\/p>\n\n\n\n

A pr\u00f3xima fase do estudo deve custar em torno de R$ 10 milh\u00f5es, mas n\u00e3o h\u00e1 sinaliza\u00e7\u00e3o de recursos para financiar o projeto, que v\u00eam sendo protelado desde 2016. Procurados pela DW Brasil para falar a respeito das verbas, o Minist\u00e9rio de Ci\u00eancia, Tecnologia e Inova\u00e7\u00e3o e o Inpa n\u00e3o responderam aos questionamentos.<\/p>\n\n\n\n

Como alternativa, os pesquisadores est\u00e3o trabalhando numa fase simplificada do estudo de campo para coletar as primeiras amostras. A partir deste m\u00eas, em vez das torres do Amazon-Face, eles usar\u00e3o oito c\u00e2maras, que funcionar\u00e3o como esp\u00e9cie de estufas, montadas na floresta sobre \u00e1rvores jovens, de at\u00e9 3 metros de altura, que no futuro ser\u00e3o a base da floresta.<\/p>\n\n\n\n

Dentro dessas c\u00e2maras, haver\u00e1 a aspers\u00e3o de CO2 durante cerca de um ano.\u00a0Segundo Lapola, os resultados s\u00e3o muito aguardados pela comunidade cient\u00edfica.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Estudo indica capacidade limitada da floresta de absorver CO2 devido a solo carente em f\u00f3sforo. Pesquisas anteriores sugeriam que maior concentra\u00e7\u00e3o de g\u00e1s estimularia fotoss\u00edntese e resili\u00eancia a mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":153745,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[32,677,340,802,46],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153744"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=153744"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153744\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":153746,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153744\/revisions\/153746"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/153745"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=153744"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=153744"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=153744"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}