{"id":153851,"date":"2019-09-10T15:00:53","date_gmt":"2019-09-10T18:00:53","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=153851"},"modified":"2019-09-09T22:45:11","modified_gmt":"2019-09-10T01:45:11","slug":"as-plantas-nativas-que-desafiaram-a-urbanizacao-e-surgem-entre-o-concreto-e-o-asfalto-de-sao-paulo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/09\/10\/153851-as-plantas-nativas-que-desafiaram-a-urbanizacao-e-surgem-entre-o-concreto-e-o-asfalto-de-sao-paulo.html","title":{"rendered":"As plantas nativas que desafiaram a urbaniza\u00e7\u00e3o e surgem entre o concreto e o asfalto de S\u00e3o Paulo"},"content":{"rendered":"\n
\"Cip\u00c3\u00b3-cabeludo\"\/

A samambaia cip\u00f3-cabeludo foi a ep\u00edfita mais encontrada na pesquisa realizada em S\u00e3o Paulo
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

As ep\u00edfitas –\u00a0plantas\u00a0que vivem sobre outras, mas sem parasit\u00e1-las, como brom\u00e9lias, orqu\u00eddeas, samambaias e alguns cactos – s\u00e3o antes de tudo resistentes e teimosas. Embora tenham sido praticamente dizimadas com a expans\u00e3o e a urbaniza\u00e7\u00e3o da cidade de S\u00e3o Paulo, elas voltaram, desafiando o concreto e o asfalto.<\/p>\n\n\n\n

Hoje h\u00e1 uma m\u00e9dia de duas ep\u00edfitas em cada \u00e1rvore nativa ou plantada. Foi o que descobriu a bi\u00f3loga Andrea Vasconcellos Crespo, numa pesquisa que realizou para seu trabalho de inicia\u00e7\u00e3o cient\u00edfica apresentado na Universidade de S\u00e3o Paulo (USP).<\/p>\n\n\n\n

De acordo com ela, os estudos sobre a variedade de esp\u00e9cies e a distribui\u00e7\u00e3o de ep\u00edfitas no Brasil s\u00e3o escassos. Em cidades, mais ainda.<\/p>\n\n\n\n

“Levando em considera\u00e7\u00e3o a car\u00eancia de pesquisa sobre epifitismo em \u00e1reas urbanas, sobretudo no Estado de S\u00e3o Paulo, meu trabalho teve como objetivo realizar um levantamento daquelas que ocorrem na arboriza\u00e7\u00e3o da capital”, explica. “O objetivo era determinar as de maior ocorr\u00eancia, sua frequ\u00eancia, abund\u00e2ncia e outras caracter\u00edsticas da estrutura da comunidade.”<\/p>\n\n\n\n

Para isso, ela selecionou tr\u00eas bairros da zona oeste da cidade, um mais arborizado (Butant\u00e3), um m\u00e9dio (Pinheiros) e outro menos (Itaim Bibi). Escolhidas as \u00e1reas, Andrea fez o levantamento das esp\u00e9cies de \u00e1rvores, de rua em rua, concomitantemente ao das ep\u00edfitas sobre elas apoiadas. O n\u00famero variou de uma para outra, porque algumas ruas tinham um maior adensamento de plantas e, em outras, a dist\u00e2ncia entre elas era maior. “No total, analisei 300 \u00e1rvores, 100 em cada um dos bairros”, conta.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora encontrou 28 esp\u00e9cies de \u00e1rvores distribu\u00eddas nos tr\u00eas bairros. “Em n\u00fameros absolutos houve predomin\u00e2ncia de duas ex\u00f3ticas, a tipuana (Tipuana tipu<\/em>), origin\u00e1ria do norte da Argentina e Bol\u00edvia, com 69 indiv\u00edduos, e o alfeneiro (Ligustrum vulgare<\/em>), nativo da Europa, com 38, que foram plantadas em dois projetos de arboriza\u00e7\u00e3o de S\u00e3o Paulo em diferentes \u00e9pocas”, informa Andrea. “Essas duas esp\u00e9cies representaram 30% da riqueza de \u00e1rvores coletadas.”<\/p>\n\n\n\n

A nativa sibipiruna (Caesalpinia pluviosa<\/em>) tamb\u00e9m esteve bem representada, com 61 esp\u00e9cimes.<\/p>\n\n\n\n

\"Trepadeira\"\/
H\u00e1 uma m\u00e9dia de duas ep\u00edfitas em cada \u00e1rvore nativa ou plantada<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Dispersadas pelo vento<\/h2>\n\n\n\n

Quanto \u00e0s ep\u00edfitas, foram encontradas 29 esp\u00e9cies, sendo 15 ex\u00f3ticas, pertencentes a 19 g\u00eaneros de 10 diferentes fam\u00edlias. Apesar de mais da metade das encontradas serem de fora, elas estiveram presentes em apenas 35% das \u00e1rvores. No total, Andrea registrou 751 indiv\u00edduos nas 300 estudadas, o que d\u00e1 uma m\u00e9dia de pouco mais de dois em cada uma.<\/p>\n\n\n\n

A ep\u00edfita encontrada em maior n\u00famero foi o cip\u00f3-cabeludo (Microgramma squamulosa<\/em>), que, apesar do nome popular, \u00e9 uma pequena samambaia nativa. “Achei 169 delas, ou seja, ela estava presente de 56% das \u00e1rvores”, conta a pesquisadora. “Em seguida vieram duas outras samambaias, a Pleopeltis pleopeltifolia<\/em> (118 ou 39%) e a Pleopeltis hirsutissima<\/em> (77 ou 25%).”<\/p>\n\n\n\n

Segundo Andrea, a surpresa nos resultados do trabalho ficou por conta de haver uma maior diversidade de ep\u00edfitas na cidade do que as pr\u00f3prias esp\u00e9cies de \u00e1rvores.<\/p>\n\n\n\n

“Esper\u00e1vamos encontrar pouca riqueza e pouca diversidade dessas plantas por estarem em \u00e1reas que, mesmo quando consideradas mais arborizadas, possuem um baixo adensamento, estando enfileiradas nas cal\u00e7adas a m\u00e9dias e grandes dist\u00e2ncias umas das outras”, diz. “Foi interessante ver tamb\u00e9m um n\u00famero relativamente alto de orqu\u00eddeas associada ao manejo humano.”<\/p>\n\n\n\n

Diante desses dados, pode-se perguntar: se as ep\u00edfitas foram praticamente erradicadas da cidade, junto com a mata nativa original, como agora elas est\u00e3o em toda parte? Para responder essa quest\u00e3o, primeiro deve-se considerar que elas provavelmente n\u00e3o sumiram completamente da cidade, porque a vegeta\u00e7\u00e3o local tamb\u00e9m n\u00e3o foi totalmente extinta.<\/p>\n\n\n\n

“Possivelmente, elas conseguiram se manter e se expandir gra\u00e7as a alguns pontos de dispers\u00e3o, como a cidade universit\u00e1ria (c\u00e2mpus da USP), que tem uma \u00e1rea de reserva, o Parque Ibirapuera e outros parques ou pra\u00e7as que possuem uma arboriza\u00e7\u00e3o um pouco mais condensada do que a das cal\u00e7adas”, explica Andrea. “Elas devem ter sido dispersas pelo vento ou por animais.”<\/p>\n\n\n\n

\"Brom\u00e9lia\"\/
Pesquisadora encontrou 29 esp\u00e9cies de ep\u00edfitas, sendo 15 ex\u00f3ticas, pertencentes a 19 g\u00eaneros de 10 diferentes fam\u00edlias<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Projeto de arboriza\u00e7\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

Al\u00e9m de mostrar a diversidade das ep\u00edfitas em S\u00e3o Paulo, a pesquisa de Andrea tamb\u00e9m pode ter aplica\u00e7\u00e3o pr\u00e1tica. “O trabalho foi feito em parte pensando na possibilidade de um novo projeto de arboriza\u00e7\u00e3o para a cidade e em estimular o desenvolvimento de esp\u00e9cies que originalmente a habitaram, buscando a recomposi\u00e7\u00e3o, ainda que de maneira \u00ednfima, de sua flora original”, explica.<\/p>\n\n\n\n

“Esse era um dos objetivos, porque com a flora nativa, espera-se tamb\u00e9m que haja uma maior possibilidade de aumento da diversidade e riqueza de ep\u00edfitas tamb\u00e9m nativas, ao inv\u00e9s de s\u00f3 priorizarmos plantas herb\u00e1ceas, que tamb\u00e9m possuem sua import\u00e2ncia na composi\u00e7\u00e3o dos espa\u00e7os verdes, mas n\u00e3o permitem um maior grau de complexidade desses microambientes dentro do per\u00edmetro urbano.”<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, diz a pesquisadora, as ep\u00edfitas possuem um papel ecol\u00f3gico importante, pois geram microclimas e microhabitats, abrigando parte da diversidade daquele ecossistema. “Elas tamb\u00e9m disponibilizam recursos como flores, frutos e n\u00e9ctar para insetos, p\u00e1ssaros e outros animais e, at\u00e9 armazenam e oferecem \u00e1gua, umidificando o ambiente do dossel, melhorando a qualidade do ar, o que traz benef\u00edcios para o ambiente urbano”, acrescenta.
<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

As ep\u00edfitas – plantas que vivem sobre outras, mas sem parasit\u00e1-las, como brom\u00e9lias, orqu\u00eddeas, samambaias e alguns cactos – s\u00e3o antes de tudo resistentes e teimosas. Embora tenham sido praticamente dizimadas com a expans\u00e3o e a urbaniza\u00e7\u00e3o da cidade de S\u00e3o Paulo, elas voltaram, desafiando o concreto e o asfalto. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":153852,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[482,1328,471,552],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153851"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=153851"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153851\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":153853,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/153851\/revisions\/153853"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/153852"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=153851"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=153851"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=153851"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}