Nas regi\u00f5es atingidas pela seca na Som\u00e1lia, fam\u00edlias est\u00e3o abandonando suas casas e se deslocando para cidades ou territ\u00f3rios onde chegam as assist\u00eancias. Foto: European Union \u2013 Anouk Delafortrie.
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\nA Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para Alimenta\u00e7\u00e3o e Agricultura (FAO) informou no in\u00edcio de setembro (3) que a colheita de cereais deste ano na Som\u00e1lia \u00e9 a pior desde 2011. A organiza\u00e7\u00e3o atribui este resultado a padr\u00f5es clim\u00e1ticos inst\u00e1veis, ou \u201cchoques do clima\u201d.<\/p>\n\n\n\n
As chuvas atrasadas do per\u00edodo conhecido como \u201cGu\u201d \u2013 o pico da esta\u00e7\u00e3o de crescimento do cultivo, que vai de abril a junho \u2013 e o consequente ressecamento dos leitos dos rios fizeram cair os n\u00edveis da colheita em 70% em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 m\u00e9dia em algumas localidades, de acordo com o\u00a0\u00faltimo relat\u00f3rio de dados\u00a0da Unidade de An\u00e1lise de Seguran\u00e7a Alimentar e Nutri\u00e7\u00e3o da FAO para a Som\u00e1lia (FSNAU, sigla em ingl\u00eas).<\/p>\n\n\n\n
\u201cNa falta de assist\u00eancia humanit\u00e1ria, mais de 2,1 milh\u00f5es de pessoas enfrentar\u00e3o fome grave no m\u00eas de dezembro\u201d,\u00a0alertaram as Na\u00e7\u00f5es Unidas, citando a conclus\u00e3o do relat\u00f3rio \u201c2019 Post-Gu\u201d, que previu que este cen\u00e1rio iria alavancar o n\u00famero total de somalis expostos \u00e0 inseguran\u00e7a alimentar a 6,3 milh\u00f5es at\u00e9 o fim deste ano.<\/p>\n\n\n\n
Clima irregular e vulnerabilidade generalizada<\/h3>\n\n\n\n
O problema remete a 2018, quando as poucas chuvas de outubro-dezembro precederam a seca severa do in\u00edcio deste ano. Na sequ\u00eancia, chuvas imprevistas seguidas de secas durante abril e o come\u00e7o de maio resultaram em um d\u00e9ficit significativo da produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola e pecu\u00e1ria em julho, de cerca de 60% da produ\u00e7\u00e3o total de cereais da Som\u00e1lia, segundo a\u00a0an\u00e1lise mais recente da FAO sobre o pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
Esses \u201cchoques do clima\u201d, de acordo com a ONU, \u201csomados ao quadro de pobreza e vulnerabilidade do pa\u00eds s\u00e3o fatores-chave que empurraram milh\u00f5es de somalis em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 fome severa e \u00e0 m\u00e1 nutri\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n\n\n\n
Estima-se que cerca de 2,2 milh\u00f5es de pessoas estar\u00e3o expostas a uma severa inseguran\u00e7a alimentar, alcan\u00e7ando a fase 3 e a fase 4 da escala que vai at\u00e9 5 do\u00a0IPC\u00a0(Classifica\u00e7\u00e3o de Fase Integrada, um \u00edndice que calcula os n\u00edveis da inseguran\u00e7a alimentar). A fase 3 denota \u201csitua\u00e7\u00f5es de crise\u201d, indicando alta ou desnutri\u00e7\u00e3o acima da m\u00e9dia, e a fase 4 indica \u201cn\u00edveis emergenciais\u201d de grave desnutri\u00e7\u00e3o, com alta taxa de mortalidade.<\/p>\n\n\n\n
Este cen\u00e1rio \u00e9 40% mais grave do que o estimado pela FAO no come\u00e7o deste ano a respeito do n\u00famero de somalis em inseguran\u00e7a alimentar, totalizando uma estimativa de 2,6 milh\u00f5es de deslocados internos no pa\u00eds vivendo em assentamentos improvisados nos arredores de \u00e1reas urbanas e enfrentando a fome.<\/p>\n\n\n\n
\u201cSe a assist\u00eancia n\u00e3o aumentar, 1 milh\u00e3o de crian\u00e7as devem ficar gravemente malnutridas no pr\u00f3ximo ano, incluindo as 180 mil que j\u00e1 est\u00e3o neste quadro\u201d, disseram as Na\u00e7\u00f5es Unidas.<\/p>\n\n\n\n
Apesar de os \u201cchoques clim\u00e1ticos\u201d exacerbarem as necessidades, eles \u201cn\u00e3o precisam levar a uma cat\u00e1strofe de larga escala\u201d, disse o ministro para Assuntos Humanit\u00e1rios e Gest\u00e3o de Desastres do governo da Som\u00e1lia, Hamza Said Hamza. \u201cDevemos continuar a trabalhar coletivamente para fortalecer a capacidade da Som\u00e1lia em resistir a esses \u2018choques clim\u00e1ticos\u2019 e identificar solu\u00e7\u00f5es duradouras\u201d, apontou Hamza.<\/p>\n\n\n\n
Plano de resposta precisa ser aprimorado<\/h3>\n\n\n\n
Previs\u00f5es do tempo indicam uma probabilidade de precipita\u00e7\u00e3o entre 45% e 55% acima da m\u00e9dia para a pr\u00f3xima esta\u00e7\u00e3o de colheita \u2013 chamada \u201cDeyr\u201d, que vai de outubro a dezembro. Isto significa uma esta\u00e7\u00e3o \u00famida que \u201cser\u00e1 crucial para evitar uma deteriora\u00e7\u00e3o da situa\u00e7\u00e3o de seguran\u00e7a alimentar na Som\u00e1lia\u201d, reportaram as Na\u00e7\u00f5es Unidas.<\/p>\n\n\n\n
A comunidade humanit\u00e1ria internacional e o governo somali lan\u00e7aram conjuntamente um \u201cPlano de Resposta \u00e0 Seca\u201d (DIRP, na sigla em ingl\u00eas) que ir\u00e1 cobrir o per\u00edodo de junho a dezembro de 2019. Apesar disto, os 487 milh\u00f5es de d\u00f3lares de fundos recebidos at\u00e9 o momento representam menos da metade do que se avalia como o necess\u00e1rio.<\/p>\n\n\n\n
O coordenador humanit\u00e1rio da ONU para a Som\u00e1lia, George Conway, apela por recursos adicionais e uma resposta mais coletiva, apontando que \u201cos parceiros humanit\u00e1rios est\u00e3o prontos para responder \u00e0s necessidades, mas eles n\u00e3o podem agir sem os recursos suficientes\u201d.<\/p>\n\n\n\n
Fonte: ONU<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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