{"id":154046,"date":"2019-09-18T04:00:56","date_gmt":"2019-09-18T07:00:56","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=154046"},"modified":"2019-09-17T23:11:35","modified_gmt":"2019-09-18T02:11:35","slug":"o-agrotoxico-que-matou-50-milhoes-de-abelhas-em-santa-catarina-em-um-so-mes","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/09\/18\/154046-o-agrotoxico-que-matou-50-milhoes-de-abelhas-em-santa-catarina-em-um-so-mes.html","title":{"rendered":"O agrot\u00f3xico que matou 50 milh\u00f5es de abelhas em Santa Catarina em um s\u00f3 m\u00eas"},"content":{"rendered":"\n
\"abelhas

Neste ano foram registradas mortes de abelhas causadas por agrot\u00f3xicos em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e S\u00e3o Paulo
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Uma investiga\u00e7\u00e3o em Santa Catarina revelou que cerca de 50 milh\u00f5es de abelhas morreram envenenadas por agrot\u00f3xicos em janeiro deste ano.<\/p>\n\n\n\n

Os testes – pagos com recursos do Minist\u00e9rio P\u00fablico estadual – mostraram que a principal causa foi o uso do inseticida fipronil, usado em lavouras de soja na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A subst\u00e2ncia foi proibida em pa\u00edses como Vietn\u00e3, Uruguai e \u00c1frica do Sul ap\u00f3s pesquisas comprovarem que ela \u00e9 letal para as abelhas.<\/p>\n\n\n\n

Santa Catarina \u00e9 o maior exportador de mel do Brasil e tem 99% de sua produ\u00e7\u00e3o certificada como org\u00e2nica. Os produtores temem que a mortandade gere d\u00favidas sobre a qualidade do mel catarinense e abale seus neg\u00f3cios.<\/p>\n\n\n\n

Ao inspecionar seus api\u00e1rios, em janeiro, produtores do Planalto Norte catarinense – regi\u00e3o onde as florestas nativas v\u00eam perdendo espa\u00e7o para o eucalipto – encontraram as abelhas dizimadas.<\/p>\n\n\n\n

Entre os dias 22 e 31 de janeiro, a Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agr\u00edcola de Santa Catarina), \u00f3rg\u00e3o do governo do Estado, coletou amostras de abelhas mortas nas duas cidades mais afetadas, Major Vieira e Rio Negrinho, e as enviou ao Minist\u00e9rio P\u00fablico. As amostras tamb\u00e9m foram mandadas a um laborat\u00f3rio em Piracicaba (SP).<\/p>\n\n\n\n

Os exames encontraram tr\u00eas agrot\u00f3xicos: o fungicida trifloxistrobina, o inseticida triflumuron, ambos fabricados pela Bayer, e, em maior quantidade, o inseticida fipronil, introduzido no pa\u00eds pela Basf \u2014 que deteve a patente do princ\u00edpio ativo at\u00e9 2008.<\/p>\n\n\n\n

As duas empresas afirmam que seus produtos, se utilizados conforme as orienta\u00e7\u00f5es, s\u00e3o seguros para o meio ambiente.<\/p>\n\n\n\n

A Cidasc n\u00e3o responsabilizou nenhum produtor e considerou que a contamina\u00e7\u00e3o foi acidental.<\/p>\n\n\n\n

“O impacto desses agrot\u00f3xicos \u00e9 que eles s\u00e3o letais para as abelhas, agem diretamente no sistema nervoso central. As que n\u00e3o morrem durante o voo retornam adoecidas e contaminam toda a colmeia”, explica o agr\u00f4nomo Rubens Onofre Nodari, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).<\/p>\n\n\n\n

Os tr\u00eas agrot\u00f3xicos encontrados no laudo s\u00e3o classificados pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade como classe dois, que significa “altamente t\u00f3xico”. A classifica\u00e7\u00e3o varia de um, “extremamente t\u00f3xico”, a quatro, “pouco t\u00f3xico”. Apesar disso, o Brasil os libera para uso em lavouras.<\/p>\n\n\n\n

“O Brasil anda em marcha \u00e0 r\u00e9 em compara\u00e7\u00e3o ao resto do mundo. Subst\u00e2ncias que provocam mortes em animais e pessoas continuam no mercado. Sem contar que, somente neste ano, de janeiro a agosto, foram liberados 290 novos agrot\u00f3xicos. 40% desses venenos s\u00e3o proibidos em outros pa\u00edses”, diz a promotora Greicia Malheiros, que preside o F\u00f3rum de Combate aos Agrot\u00f3xicos e Transg\u00eanicos, \u00f3rg\u00e3o integrado por 80 institui\u00e7\u00f5es p\u00fablicas e privadas.<\/p>\n\n\n\n

Nos \u00faltimos tr\u00eas anos, foram liberados 1.587 agrot\u00f3xicos no pa\u00eds. De acordo com a Anvisa, 40% dessas subst\u00e2ncias est\u00e3o classificadas como extremamente ou altamente t\u00f3xicas.<\/p>\n\n\n\n

De 1990 at\u00e9 2016, o consumo nacional de agrot\u00f3xicos cresceu em 770%, segundo a Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para Alimenta\u00e7\u00e3o e Agricultura (FAO), sendo que a \u00e1rea agr\u00edcola do pa\u00eds cresceu somente 48%.<\/p>\n\n\n\n

Flora\u00e7\u00e3o da soja<\/h2>\n\n\n\n

O fipronil \u00e9 bastante utilizado nas lavouras para matar insetos como o bicudo e costuma ser pulverizado por avi\u00f5es monomotores, o que \u00e9 proibido. Ele tamb\u00e9m \u00e9 aplicado na terra, antes do plantio, e nas sementes.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a Cidasc, os venenos foram pulverizados durante o per\u00edodo de flora\u00e7\u00e3o da soja, quando h\u00e1 uma recomenda\u00e7\u00e3o para que os produtores utilizem o bom senso e n\u00e3o envenenem as flores, pois haver\u00e1 visita de polinizadores. N\u00e3o h\u00e1 proibi\u00e7\u00e3o ao uso, entretanto.<\/p>\n\n\n\n

O professor Nodari, da UFSC, diz que as primeiras abelhas a morrer s\u00e3o as “oper\u00e1rias mais experientes que saem de manh\u00e3 para vasculhar o territ\u00f3rio e procurar flores”.<\/p>\n\n\n\n

“Quando encontram n\u00e9ctar, elas voltam para a colmeia e com uma dan\u00e7a comunicam a dire\u00e7\u00e3o e a dist\u00e2ncia das flores. A flor de soja n\u00e3o \u00e9 a preferida das abelhas, mas, com o desmatamento e a monocultura, elas t\u00eam cada vez menos op\u00e7\u00f5es”, disse.<\/p>\n\n\n\n

Quase meio bilh\u00e3o de mortes<\/h2>\n\n\n\n

Segundo a Rep\u00f3rter Brasil e a Ag\u00eancia P\u00fablica, o fipronil e neonicotinoides (inseticidas derivados de nicotina) foram respons\u00e1veis pela morte de 400 milh\u00f5es de abelhas no Rio Grande do Sul, 45 milh\u00f5es no Mato Grosso do Sul e 7 milh\u00f5es em S\u00e3o Paulo entre o Natal de 2018 e fevereiro deste ano.<\/p>\n\n\n\n

Os laudos foram feitos pelas secretarias de Agricultura dos Estados com apoio de universidades. Os estudos mostraram que 80% das abelhas mortas tinham essas subst\u00e2ncias no organismo.<\/p>\n\n\n\n

“A quest\u00e3o pode ser ainda mais preocupante se considerarmos que, nesse c\u00e1lculo de quase meio bilh\u00e3o de abelhas mortas no Brasil em um curto per\u00edodo de tr\u00eas meses, as abelhas silvestres sequer entraram na conta”, disse o professor Nodari.<\/p>\n\n\n\n

\"avi\u00e3o
Pulveriza\u00e7\u00e3o de agrot\u00f3xicos por avi\u00f5es pode afetar abelhas que habitem florestas vizinhas \u00e0s planta\u00e7\u00f5es<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Sumi\u00e7o das abelhas<\/h2>\n\n\n\n

Outro fen\u00f4meno que tem preocupado bi\u00f3logos no Brasil e no exterior \u00e9 o desaparecimento de abelhas oper\u00e1rias, que deixam para tr\u00e1s a col\u00f4nia e sua rainha com muitas crias famintas.<\/p>\n\n\n\n

O sumi\u00e7o tem v\u00e1rios nomes populares, como doen\u00e7a de maio, colapso de outono e s\u00edndrome do \u00e1caro vampiro.<\/p>\n\n\n\n

Nos EUA, pesquisadores o chamam de CCD (Colony Collapse Disorder), uma desordem no sistema de navega\u00e7\u00e3o das abelhas provocada por agrot\u00f3xicos, que faz com que elas se percam.<\/p>\n\n\n\n

Os EUA t\u00eam amplas pesquisas sobre o assunto, porque perderam 50% das abelhas em meio s\u00e9culo, o que tem rela\u00e7\u00e3o direta com o fipronil e os neonicotinoides.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil, o CCD foi registrado pela primeira vez na regi\u00e3o de Altin\u00f3polis (SP) entre agosto e setembro de 2008. A regi\u00e3o tem intensa produ\u00e7\u00e3o de cana-de-a\u00e7\u00facar com uso de neonicotinoides e fipronil.<\/p>\n\n\n\n

Mel contaminado<\/h2>\n\n\n\n

De acordo com a Faasc (Federa\u00e7\u00e3o das Associa\u00e7\u00f5es de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina), a mortandade atingiu mais de 200 apicultores, cujo mel \u00e9 quase todo exportado para Alemanha e Estados Unidos. Apenas 10% da produ\u00e7\u00e3o ficam no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

O secret\u00e1rio adjunto de Agricultura e Pesca de Santa Catarina, Ricardo Miotto, afirma que o mel contaminado foi jogado fora e representa um percentual pequeno da produ\u00e7\u00e3o catarinense. “Temos 9,7 mil produtores e 315 mil colmeias em produ\u00e7\u00e3o. As 50 milh\u00f5es de abelhas afetadas corresponderiam a 1%”, disse.<\/p>\n\n\n\n

O presidente da Faasc, \u00canio Cesconetto, afirmou que os produtores t\u00eam receio de que esse epis\u00f3dio possa repercutir e cancelar o registro do mel como org\u00e2nico, o que afetaria as exporta\u00e7\u00f5es. Santa Catarina est\u00e1 negociando para exportar mel para o Canad\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o podemos correr o risco de exportar mel contaminado”, disse Cesconetto. Anualmente, s\u00e3o produzidas oito mil toneladas de mel em Santa Catarina.<\/p>\n\n\n\n

“Este epis\u00f3dio n\u00e3o afeta o mercado do mel catarinense, que \u00e9 considerado um dos melhores do mundo, visto que a quantidade n\u00e3o representa impacto na produ\u00e7\u00e3o estadual, por\u00e9m exp\u00f5e a problem\u00e1tica da utiliza\u00e7\u00e3o indiscriminada e feita de forma incorreta de agrot\u00f3xicos”, diz Ivanir Cella, chefe da divis\u00e3o de estudos ap\u00edcolas da Epagri, vice-presidente da Confedera\u00e7\u00e3o Brasileira de Apicultura e Meliponicultura e vice-presidente da Federa\u00e7\u00e3o das Associa\u00e7\u00f5es de apicultores e meliponicultores de Santa Catarina.<\/p>\n\n\n\n

Em 2011, 30% das colmeias de Santa Catarina foram perdidas. Na \u00e9poca, por\u00e9m, o motivo foi a prolifera\u00e7\u00e3o de doen\u00e7as causadas por fungos.<\/p>\n\n\n\n

Queda na produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola<\/h2>\n\n\n\n

Mortes de abelhas, principais polinizadoras da natureza, n\u00e3o afetam somente a cadeia do mel, diz o agr\u00f4nomo Rubens Onofre Nodari, da UFSC.<\/p>\n\n\n\n

“Sem a poliniza\u00e7\u00e3o das abelhas, a produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola sofreria uma redu\u00e7\u00e3o dram\u00e1tica, num diagn\u00f3stico conservador de 30% a 40%, mas h\u00e1 correntes de pesquisadores que falam em 73%, o que poderia gerar, inclusive, guerras por alimentos”, disse.<\/p>\n\n\n\n

Ainda n\u00e3o houve pesquisas sobre a redu\u00e7\u00e3o na produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola de Santa Catarina por causa da mortandade de abelhas. Mas sabe-se que, sem elas, n\u00e3o haveria ma\u00e7\u00e3s \u2014 importante cultura da regi\u00e3o serrana, respons\u00e1vel pela segunda maior produ\u00e7\u00e3o do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Em Sichuan, na China, as abelhas desapareceram. A poliniza\u00e7\u00e3o \u00e9 feita por trabalhadores, os “homens-abelhas”. Eles sobem em \u00e1rvores com uma pena de p\u00e1ssaro cheia de p\u00f3len para tocar as flores uma por vez.<\/p>\n\n\n\n

O desaparecimento das abelhas na regi\u00e3o, ocorrido h\u00e1 cerca de 20 anos, se deveu ao uso excessivo de agrot\u00f3xicos do tipo neonicotinoides.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o projeto Polinizadores do Brasil, 30% do valor anual da produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola no nosso pa\u00eds dependem de polinizadores. Caso o servi\u00e7o de poliniza\u00e7\u00e3o fosse pago, custaria em torno de US$ 12 bilh\u00f5es por ano.<\/p>\n\n\n\n

\"aplica\u00e7\u00e3o
A partir de 2020, Santa Catarina vai taxar agrot\u00f3xicos vendidos no Estado<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Fipronil entrou no Brasil em 1994<\/h2>\n\n\n\n

De acordo com Dayson Castilhos, doutor pelo Departamento de Ci\u00eancias Animais da Universidade Federal Rural do Semi-\u00c1rido com pesquisa sobre desaparecimento e morte de abelhas no Brasil, o fipronil foi descoberto em 1987 e comercializado a partir de 1993. No Brasil, conforme o Minist\u00e9rio do Meio Ambiente, foi regulamentado em 1994.<\/p>\n\n\n\n

“Inicialmente se pretendia que o fipronil fosse mais um herbicida, caracter\u00edstica da fam\u00edlia dos az\u00f3is, mas se mostrou um potente inseticida”, disse o pesquisador.<\/p>\n\n\n\n

Castilhou diz que o fipronil causa hiperexcita\u00e7\u00e3o neuronal nas abelhas, produzindo descargas el\u00e9tricas que levam \u00e0 paralisia e exaust\u00e3o celular dos insetos.<\/p>\n\n\n\n

Ele diz que a subst\u00e2ncia \u00e9 altamente t\u00f3xica aos insetos em m\u00ednimas quantidades. “Processo semelhante ocorre com os neonicotinoides, a nova gera\u00e7\u00e3o de agrot\u00f3xicos sint\u00e9ticos”, disse.<\/p>\n\n\n\n

Diante da comprova\u00e7\u00e3o dos malef\u00edcios do fipronil, o governo do Estado negocia internamente duas propostas que dever\u00e3o ser inclu\u00eddas no plano de gest\u00e3o at\u00e9 o fim do ano.<\/p>\n\n\n\n

A primeira \u00e9 limitar o uso do fipronil a sementes – o que pode fazer de Santa Catarina o primeiro Estado do Brasil a restringir o uso do produto.<\/p>\n\n\n\n

Outra medida seria exigir dos agr\u00f4nomos que prescrevam uso de fipronil informa\u00e7\u00e3o sobre a geolocaliza\u00e7\u00e3o das lavouras, para que fique no banco de dados do Estado. Se a planta\u00e7\u00e3o estiver pr\u00f3xima a colmeias, ser\u00e1 emitido um alerta para que t\u00e9cnicos da Cidasc monitorem as abelhas.<\/p>\n\n\n\n

Taxa\u00e7\u00e3o de agrot\u00f3xicos<\/h2>\n\n\n\n

O governador de Santa Catarina, Carlos Mois\u00e9s, eleito pelo PSL com 71% dos votos, surpreendeu a todos por ir em sentido contr\u00e1rio ao do presidente Jair Bolsonaro e criar uma medida provis\u00f3ria para tributa\u00e7\u00e3o escalonada de agrot\u00f3xicos.<\/p>\n\n\n\n

A medida passar\u00e1 a valer em janeiro do ano que vem. Produtos altamente e extremamente t\u00f3xicos passar\u00e3o a ser tributados em 17%, conforme a al\u00edquota do ICMS.<\/p>\n\n\n\n

Produtos moderadamente t\u00f3xicos ter\u00e3o carga tribut\u00e1ria equivalente a 12%. Produtos pouco t\u00f3xicos, 7%. Improv\u00e1veis de causar dano agudo, 4,8%, e bioinsumos ter\u00e3o isen\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A Tributa\u00e7\u00e3o Verde, como foi batizada, \u00e9 in\u00e9dita no pa\u00eds e pretende incentivar uma agricultura saud\u00e1vel em Santa Catarina.<\/p>\n\n\n\n

“A tributa\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 ideol\u00f3gica, n\u00e3o serve para agradar direita ou esquerda. \u00c9 uma quest\u00e3o de seguran\u00e7a alimentar e sa\u00fade p\u00fablica. N\u00e3o \u00e9 l\u00f3gico que o governo incentive, onerando de tributos, produtos que comprovadamente causam danos \u00e0s pessoas e ao meio ambiente”, disse o governador.<\/p>\n\n\n\n

Pesquisas internacionais<\/h2>\n\n\n\n

Em 2012, o World Conservation Congress lan\u00e7ou a resolu\u00e7\u00e3o 127, que denunciava os neonicotinoides, o fipronil e outros inseticidas sist\u00eamicos como prov\u00e1veis causadores do CCD. Em 2013, a Uni\u00e3o Europeia baniu temporariamente os neonicotinoides clotianidina, imidaclopride e tiametoxam.<\/p>\n\n\n\n

Em abril de 2015, a revista Science publicou um estudo da Escola de Sa\u00fade p\u00fablica de Harvard, segundo o qual esses agrot\u00f3xicos s\u00e3o absorvidos pelas ra\u00edzes e folhas e distribu\u00eddos por toda a planta, incluindo seu p\u00f3len e n\u00e9ctar.<\/p>\n\n\n\n

A tese foi reiterada in\u00fameras vezes. Cientistas da Universidade de Sussex, no Reino Unido, tamb\u00e9m estudaram efeitos dos pesticidas quando a Uni\u00e3o Europeia baniu tr\u00eas neonicotinoides. Eles conclu\u00edram que, al\u00e9m dos danos \u00e0s abelhas, esses venenos podem estar ligados ao decl\u00ednio das borboletas, p\u00e1ssaros, de insetos aqu\u00e1ticos e possivelmente de morcegos.<\/p>\n\n\n\n

Inefici\u00eancia Brasileira<\/h2>\n\n\n\n

O rastreamento dos res\u00edduos no solo, na \u00e1gua e no ar \u00e9 extremamente limitado no Brasil e n\u00e3o h\u00e1 nenhuma informa\u00e7\u00e3o p\u00fablica que traga um diagn\u00f3stico realista sobre os impactos ambientais causados por inseticidas.<\/p>\n\n\n\n

O secret\u00e1rio de Santa Catarina, Ricardo Miotto confirma a falta de informa\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o sabemos a quantidade de fipronil necess\u00e1ria para matar as abelhas, se a morte \u00e9 repentina ou em longo prazo e se afeta mais animais. N\u00e3o temos pesquisas”, disse.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, h\u00e1 no Brasil um esfor\u00e7o para o levantamento de dados. Um exemplo \u00e9 o Bee Alert, a primeira plataforma de identifica\u00e7\u00e3o por geolocaliza\u00e7\u00e3o das ocorr\u00eancias de desaparecimento e morte de abelhas.<\/p>\n\n\n\n

Os dados coletados s\u00e3o fornecidos por apicultores, meliponicultores e pela comunidade cient\u00edfica, numa atividade colaborativa.<\/p>\n\n\n\n

Entre 2014 e 2017 foram monitoradas mortes de 770 milh\u00f5es de abelhas em 18 Estados brasileiros. Como nem todos os apicultores utilizam a plataforma, a proje\u00e7\u00e3o \u00e9 que tenham morrido um bilh\u00e3o e meio de abelhas nesse per\u00edodo.<\/p>\n\n\n\n

Em parceria com a Universidade Federal Rural do Semi-\u00c1rido, foram coletadas amostras e em 67% dos casos houve envenenamento por agrot\u00f3xicos, sendo que, das amostras envenenadas, 92% tinham fipronil do organismo.<\/p>\n\n\n\n

Bayer e Basf dizem que produtos s\u00e3o seguros<\/h2>\n\n\n\n

“A utiliza\u00e7\u00e3o de produtos de prote\u00e7\u00e3o de cultivos n\u00e3o prejudicar\u00e1 as abelhas se forem aplicados corretamente e de acordo com as instru\u00e7\u00f5es do r\u00f3tulo”, diz a Bayer.<\/p>\n\n\n\n

A empresa tamb\u00e9m informou que “ensina como o trabalhador rural pode agir quando encontrar uma colmeia na fazenda e como manej\u00e1-la a outro ambiente”. A Bayer diz que investe h\u00e1 mais de 25 anos em estudos e projetos que contribuam para a sa\u00fade das abelhas, e possui um centro dedicado exclusivamente \u00e0s pesquisas, o Bee Care Center.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 a Basf, que deteve a patente do princ\u00edpio ativo fipronil at\u00e9 2008, quando perdeu a exclusividade, diz ter um “compromisso com o gerenciamento respons\u00e1vel e \u00e9tico de todos os seus produtos, desde a descoberta do ingrediente ativo, passando pela distribui\u00e7\u00e3o, uso, descarte e reciclagem”.<\/p>\n\n\n\n

“O inseticida fipronil \u00e9 altamente eficiente em baixas dosagens e est\u00e1 registrado em mais de 70 pa\u00edses para o uso em cerca de 100 cultivos, sendo uma ferramenta importante para a agricultura, tratamento de sementes em culturas especializadas e controle de pragas em resid\u00eancias e empresas”.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a Basf, diversas empresas fabricam e comercializam produtos \u00e0 base de fipronil. “Se utilizados seguindo as boas pr\u00e1ticas agr\u00edcolas e as recomenda\u00e7\u00f5es da Basf na bula, entre elas a n\u00e3o aplica\u00e7\u00e3o foliar do inseticida, os produtos aprovados com o ingrediente ativo fipronil s\u00e3o seguros para os seres humanos e meio ambiente, incluindo os polinizadores”.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil, a Basf comercializa o fipronil em diversos produtos como o Regent 800WG, Standak, Blitz NA, Klap, Termidor 25 CE, Goliath Gel, Blitz Casa e Jardim e Tuit Florestal.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Uma investiga\u00e7\u00e3o em Santa Catarina revelou que cerca de 50 milh\u00f5es de abelhas morreram envenenadas por agrot\u00f3xicos em janeiro deste ano. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":154048,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[392,169,1251,1290,654],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154046"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=154046"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154046\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":154049,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154046\/revisions\/154049"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/154048"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=154046"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=154046"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=154046"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}