{"id":154279,"date":"2019-09-23T17:00:07","date_gmt":"2019-09-23T20:00:07","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=154279"},"modified":"2019-09-29T23:51:56","modified_gmt":"2019-09-30T02:51:56","slug":"o-que-aconteceria-na-economia-global-se-todos-virassem-vegetarianos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/09\/23\/154279-o-que-aconteceria-na-economia-global-se-todos-virassem-vegetarianos.html","title":{"rendered":"O que aconteceria na economia global se todos virassem vegetarianos"},"content":{"rendered":"\n
\"Verduras\"\/

Estima-se que apenas 5% da popula\u00e7\u00e3o mundial seja vegetariana
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Para um fazendeiro que vive da produ\u00e7\u00e3o de gado e de galinhas, a possibilidade de um mundo em que todo mundo virasse vegetariano parece mais absurda do que realista.<\/p>\n\n\n\n

O mesmo deve pensar um empres\u00e1rio latino-americano que vende soja para alimentar porcos, ou mesmo as multinacionais que dominam o setor global de carnes, como Cargill, Tyson e JBS, ou at\u00e9 pa\u00edses em que a carne \u00e9 um importante motor econ\u00f4mico, como Brasil ou Argentina.<\/p>\n\n\n\n

O vegetarianismo \u00e9 uma tend\u00eancia crescente \u2013 alguns dos argumentos dos vegetarianos s\u00e3o de que a dieta melhora a sa\u00fade, combate as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e protege os animais.<\/p>\n\n\n\n

Mas a verdade \u00e9 que o consumo mundial de carne continua aumentando. Hoje, a produ\u00e7\u00e3o de carne \u00e9 quase cinco vezes maior do que era ano in\u00edcio dos anos 1960. Naquela \u00e9poca, eram produzidas 70 milh\u00f5es de toneladas por ano \u2013 em 2017, foram 330 milh\u00f5es de toneladas, segundo a Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para Alimenta\u00e7\u00e3o e Agricultura (FAO).<\/p>\n\n\n\n

E n\u00e3o apenas porque a popula\u00e7\u00e3o global tamb\u00e9m est\u00e1 aumentando, mas porque a classe m\u00e9dia cresceu em pa\u00edses como a China e outras economias emergentes.<\/p>\n\n\n\n

\"M\u00e3os

O vegetarianismo pode afetar as comunidades de baixa renda e o PIB dos pa\u00edses em desenvolvimento
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E os pa\u00edses que mais consomem s\u00e3o os Estados Unidos, Austr\u00e1lia, Nova Zel\u00e2ndia e Argentina.<\/p>\n\n\n\n

Nos \u00faltimos anos, por\u00e9m, a ideia de que consumir menos carne \u00e9 bom para a sa\u00fade e para o planeta ganhou for\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

De fato, a carne (e especialmente a bovina) \u00e9 uma das ind\u00fastrias que mais afetam o meio ambiente, porque requer grandes \u00e1reas de terra, usa muita \u00e1gua e emite grandes quantidades de gases de efeito estufa.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, na Amaz\u00f4nia, por exemplo, s\u00e3o frequentes os relatos de \u00e1reas gigantescas de floresta que s\u00e3o desmatadas e queimadas para depois virarem pastos.<\/p>\n\n\n\n

Mas quando consideramos como a economia global mudaria se f\u00f4ssemos todos vegetarianos, entramos no campo da futurologia. E a resposta para essa pergunta depende do cen\u00e1rio hipot\u00e9tico que imaginamos.<\/p>\n\n\n\n

\"F\u00e1brica
O consumo de carne e principalmente frango cresceu exponencialmente em todo o mundo<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Como poderia ser uma economia vegetariana?<\/h2>\n\n\n\n

“Uma economia vegetariana criaria novos tipos de emprego e mais alimentos \u00e0 base de plantas que substituem a carne”, defende Marco Springmann, pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, \u00e0 BBC News Mundo, servi\u00e7o em espanhol da BBC.<\/p>\n\n\n\n

“Os custos de sa\u00fade gerados pelo alto consumo de carne e os custos associados \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas seriam reduzidos.”<\/p>\n\n\n\n

Para alcan\u00e7ar essa economia vegetariana, explica Springmann, teria que haver uma transi\u00e7\u00e3o gradual, cujo curso dependeria das pol\u00edticas adotadas pelos pa\u00edses para estabelecer os incentivos que permitiriam essa transforma\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“Os efeitos econ\u00f4micos negativos poderiam ser mitigados por decis\u00f5es pol\u00edticas”, diz Springmann.<\/p>\n\n\n\n

De fato, os agricultores n\u00e3o poderiam ser abandonados \u00e0 pr\u00f3pria sorte, nem a ind\u00fastria de carne que gera empregos e contribui de forma substancial para o Produto Interno Bruto (PIB) dos pa\u00edses.<\/p>\n\n\n\n

“Vendedores e agricultores teriam que diversificar seu neg\u00f3cios”, explica ele.<\/p>\n\n\n\n

O mais realista, argumenta, seria que as pessoas se tornassem semi-vegetarianas, isto \u00e9, elas poderiam consumir menos carne, pois \u00e9 muito improv\u00e1vel que o mundo inteiro se torne vegetariano um dia.<\/p>\n\n\n\n

‘O mundo seria melhor’?<\/h2>\n\n\n\n

Os custos da mudan\u00e7a para um mundo vegetariano dependeria de quais s\u00e3o as suposi\u00e7\u00f5es que usamos para imaginar esse cen\u00e1rio, segundo Tim Benton, diretor do Departamento de Energia, Meio Ambiente e Recursos do centro de estudos brit\u00e2nico Chatham House.<\/p>\n\n\n\n

De qualquer forma, “haveria custos econ\u00f4micos significativos”, diz ele. A redu\u00e7\u00e3o do setor de carnes afetaria o crescimento econ\u00f4mico, embora isso pudesse ser compensado pela produ\u00e7\u00e3o de outros produtos, explica.<\/p>\n\n\n\n

“Haveria um custo de transi\u00e7\u00e3o, mas, no final, ter\u00edamos pessoas mais saud\u00e1veis \u200b\u200be um planeta mais saud\u00e1vel”, diz Benton, assumindo que poderia haver avan\u00e7os tecnol\u00f3gicos e incentivos econ\u00f4micos para diminuir o consumo de carne.<\/p>\n\n\n\n

“A produ\u00e7\u00e3o em larga escala de prote\u00ednas animais foi apoiada com subs\u00eddios p\u00fablicos. Se esses subs\u00eddios fossem destinados \u00e0 produ\u00e7\u00e3o de prote\u00ednas vegetais, seria mais barato para as pessoas manterem dietas mais saud\u00e1veis”, diz Benton.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, embora, de maneira geral, seja aconselh\u00e1vel comer menos carne e produzi-la de uma maneira menos danosa, isso n\u00e3o significa que todos os pa\u00edses possam pagar, adverte Benton.<\/p>\n\n\n\n

\"Ind\u00edgenas
Grande parte das colheitas \u00e9 destinada \u00e0 alimenta\u00e7\u00e3o dos animais<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

‘Negativo para as comunidades agr\u00edcolas’<\/h2>\n\n\n\n

Para Andrew Jarvis, diretor de an\u00e1lise de pol\u00edticas do Centro Internacional de Agricultura Tropical e pesquisador do Programa de Pesquisa sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas, Agricultura e Seguran\u00e7a Alimentar, um vegetarianismo global criaria uma situa\u00e7\u00e3o dif\u00edcil para pa\u00edses mais pobres.<\/p>\n\n\n\n

“O pre\u00e7o da terra aumentaria e isso seria negativo para as comunidades agr\u00edcolas”, diz . “Provavelmente haveria mais migra\u00e7\u00e3o para as cidades e potencialmente aumentaria a pobreza no campo, pelo menos no curto prazo.”<\/p>\n\n\n\n

“Seria um grande problema para o Cone Sul”, diz Jarvis, que vive e trabalha na Col\u00f4mbia.<\/p>\n\n\n\n

O pesquisador, no entanto, projeta alguns efeitos positivos. “Se o consumo de carne for reduzido, mais colheitas poder\u00e3o ser destinadas a alimentar pessoas, e n\u00e3o animais”.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 melhor avan\u00e7ar para uma economia mais flex\u00edvel e n\u00e3o apenas vegetariana.”<\/p>\n\n\n\n

Segundo o Instituto de Carne dos Estados Unidos, a pecu\u00e1ria \u00e9 fundamental para alimentar a economia do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Somente a ind\u00fastria de carne bovina e o setor de aves no pa\u00eds s\u00e3o respons\u00e1veis \u200b\u200bpela gera\u00e7\u00e3o de mais de cinco milh\u00f5es de empregos, com sal\u00e1rios variando entre US$ 13,5 (R$ 56) e US$ 14,9 (R$ 62) por hora em f\u00e1bricas de embalagem e processadores.<\/p>\n\n\n\n

Se essa ind\u00fastria desaparecesse, portanto, as consequ\u00eancias econ\u00f4micas teriam enorme impacto.<\/p>\n\n\n\n

\"Boi
Pesquisadores consultados pela BBC s\u00e3o mais propensos \u00e0 id\u00e9ia de imaginar uma economia semi-vegetariana.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

‘Mundo estranho’<\/h2>\n\n\n\n

“\u00c9 estranho imaginar um mundo vegetariano quando o consumo de carne est\u00e1 crescendo”, diz Ryan Katz-Rosene, professor da Faculdade de Ci\u00eancias Sociais da Universidade de Ottawa, no Canad\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

“Fico relutante em pensar nessa situa\u00e7\u00e3o hipot\u00e9tica, porque n\u00e3o a vejo ocorrendo no futuro”, explica ele, argumentando que h\u00e1 muita confus\u00e3o no debate p\u00fablico sobre os efeitos do consumo de carne.<\/p>\n\n\n\n

“Algo mais concreto \u00e9 imaginar um futuro com uma dieta mais sustent\u00e1vel. 95% da popula\u00e7\u00e3o mundial n\u00e3o \u00e9 vegetariana”.<\/p>\n\n\n\n

Katz-Rosene argumenta que o setor pecu\u00e1rio, por um lado, contribui para a seguran\u00e7a alimentar das fam\u00edlias pobres, mas tamb\u00e9m apresenta desafios.<\/p>\n\n\n\n

O importante, ele ressalta, \u00e9 distinguir as diferentes maneiras de produzir carne. A produ\u00e7\u00e3o industrial n\u00e3o \u00e9 a mesma que a de uma fam\u00edlia que possui uma cabra que lhe permite sobreviver.<\/p>\n\n\n\n

Por outro lado, n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o f\u00e1cil mudar a prote\u00edna animal pela prote\u00edna vegetal, pois ela n\u00e3o \u00e9 rica de certos amino\u00e1cidos essenciais, vitamina B12 ou minerais como o ferro.<\/p>\n\n\n\n

Para que essa mudan\u00e7a funcionasse, os governos das \u00e1reas mais pobres teriam que fornecer suplementos alimentares para que a sa\u00fade das pessoas n\u00e3o fosse afetada. “N\u00e3o acho que isso aconte\u00e7a”, diz o pesquisador.<\/p>\n\n\n\n

“Um equil\u00edbrio \u00e9 necess\u00e1rio, mas n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil de alcan\u00e7ar.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte> BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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